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O legado histórico do modelo Nightingale: seu estilo de pensamento e sua práxis

The historical legacy of the Nightingale model: its style of thinking and its praxis

El legado histórico del modelo Nightingale: su estilo de pensamiento y su praxis

Resumos

Este estudo resgata o legado histórico do modelo Nightingale evidenciando seu Estilo de Pensamento (Fleck, 1986) e sua Práxis (Vázquez, 1990), permitindo, desta forma, conhecer, refletir e agir no intuito de nos encaminharmos rumo à uma práxis transformadora da nossa formação e prática profissional. Para tal intento, nos valemos da análise de conteúdo apoiada em Bardin (1977), à luz da análise histórica.

Modelo Nightingale; estilo de pensamento; práxis; formação e prática profissional


This study recaptures the historical legacy of the Nightingale model, showing its style of thinking (Fleck, 1986) and its praxis (Vázquez, 1990) this allowing the reflection and the action directed towards a praxis which transforms our formation and professional practice. To do such, we use a content analysis supported by Bardin (1977) in the light of a historical analysis.

Nightingale Model; Style of Thinking; Praxis; Formation and Professional Practice


Este estudio rescata el legado histórico del modelo Nightingale y procura evidenciar su Estilo de Pensamiento (Fleck, 1986) y su Praxis (Vázquez, 1990), permitiendo de esa forma conocer, reflexionar y actuar con el intuito de que nos encaminemos rumbo a una praxis transformadora de nuestra formación y práctica profesional. Para tal intento, nos hacemos valer del análisis de contenido apoyado en/por Bardin (1977) a la luz del análisis histórico.

Modelo Nightingale; Estilo de Pensamiento; Praxis; Formación y Práctica Profesional


ARTIGOS

O legado histórico do modelo Nightingale: seu estilo de pensamento e sua práxis1 1 Trabalho orientado pela Profª Drª Edel Em - PPGE/UFSC e pela Profª Drª Enfª Maria Tereza Leopardi -PEN/UFSC. 2 Para Fleck, apud Löwy (1994: 17), as comunidades de pesquisadores são coletivos de pensamento e cada coletivo de pensamento elabora um estilo de pensamento, único, composto pelo conjunto de normas, saberes e práticas compartilhadas portal coletivo. No estilo de pensamento de um grupo existe um longo processo de socialização, consubstanciada pela intemalização de normas, valores, habilidades específicas, métodos, entre outras coisas. Uma fonte de inovação do conhecimento para Fleck diz respeito a interação entre coletivos de pensamento e a circulação da produção científica. Para ele, um fato científico produzido por um grupo de pensadores pode ser adotado por outro grupo de pensadores. Nesse caso, o fato é "traduzido" para o estilo de pensamento deste último. Conseqüentemente esta "tradução" modifica o fato, o que o torna em parte incomensurável com relação ao estilo do grupo que produziu o fato. Percorrer o trajeto histórico da Enfermagem à luz deste referencial nos possibilitará conhecer quais estilos de pensamento nortearam sua formação, seus estágios, sua prática, enfim, no intuito de entender melhor nosso coletivo de pensamento, suas influências e o rumo que queremos definir para o futuro. 3 Vazquez (1990, p. 245-247), coloca que, se a práxis é ação do homem sobre a matéria e criação de uma nova realidade humanizada, podemos falar de níveis diferentes da práxis, de acordo com o grau de penetração da consciência do sujeito ativo no processo prático e com o grau de criação ou humanização da matéria transformada evidenciado no produto de sua atividade prática. A práxis reiterativa se apresenta em conformidade com uma lei previamente traçada, e cuja execução se reproduz em múltiplos produtos que mostram características análogas. A práxis transformadora ou criadora, é cuja criação não se adapta plenamente a uma lei previamente traçada e culmina num produto novo e único. As distinções de nível não eliminam os vínculos mútuos entre uma e outra práxis, nem entre um nível e outro. A prática reiterativa tem parentesco com a espontânea, e a criadora com a reflexiva. Essa relação não é imutável, por isso, o espontâneo não está isento de elementos de criação, e o reflexivo pode estar a serviço de uma práxis reiterativa. O intuito neste trabalho é relacionar as atividades da formação profissional, particularmente o estágio na enfermagem, e depreender o tipo de práxis presente ao longo do período histórico de modo a possibilitar a visualização de ações, posturas, atitudes que se encaminhem para uma práxis transformadora do ensino e prática profissional de enfermagem.

The historical legacy of the Nightingale model: its style of thinking and its praxis

El legado histórico del modelo Nightingale: su estilo de pensamiento y su praxis

Vânia Marli Schubert Backes

Enfermeira. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria - RS. Membro do Grupo de Pesquisa PRAXIS - UFSC e GEPES - UFSM. Doutoranda do Curso de Filosofia da Enfermagem da UFSC - SC - Brasil

RESUMO

Este estudo resgata o legado histórico do modelo Nightingale evidenciando seu Estilo de Pensamento (Fleck, 1986) e sua Práxis (Vázquez, 1990), permitindo, desta forma, conhecer, refletir e agir no intuito de nos encaminharmos rumo à uma práxis transformadora da nossa formação e prática profissional. Para tal intento, nos valemos da análise de conteúdo apoiada em Bardin (1977), à luz da análise histórica.

Palavras-chave: Modelo Nightingale, estilo de pensamento, práxis, formação e prática profissional.

ABSTRACT

This study recaptures the historical legacy of the Nightingale model, showing its style of thinking (Fleck, 1986) and its praxis (Vázquez, 1990) this allowing the reflection and the action directed towards a praxis which transforms our formation and professional practice. To do such, we use a content analysis supported by Bardin (1977) in the light of a historical analysis.

Keywords: Nightingale Model, Style of Thinking, Praxis, Formation and Professional Practice.

RESUMEN

Este estudio rescata el legado histórico del modelo Nightingale y procura evidenciar su Estilo de Pensamiento (Fleck, 1986) y su Praxis (Vázquez, 1990), permitiendo de esa forma conocer, reflexionar y actuar con el intuito de que nos encaminemos rumbo a una praxis transformadora de nuestra formación y práctica profesional. Para tal intento, nos hacemos valer del análisis de contenido apoyado en/por Bardin (1977) a la luz del análisis histórico.

Palavras clave: Modelo Nightingale, Estilo de Pensamiento, Praxis, Formación y Práctica Profesional.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

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  • VAZQUEZ, Adolfo S. Filosofia da práxis. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
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    Para Fleck, apud Löwy (1994: 17), as comunidades de pesquisadores são coletivos de pensamento e cada coletivo de pensamento elabora um estilo de pensamento, único, composto pelo conjunto de normas, saberes e práticas compartilhadas portal coletivo. No estilo de pensamento de um grupo existe um longo processo de socialização, consubstanciada pela intemalização de normas, valores, habilidades específicas, métodos, entre outras coisas. Uma fonte de inovação do conhecimento para Fleck diz respeito a interação entre coletivos de pensamento e a circulação da produção científica. Para ele, um fato científico produzido por um grupo de pensadores pode ser adotado por outro grupo de pensadores. Nesse caso, o fato é "traduzido" para o estilo de pensamento deste último. Conseqüentemente esta "tradução" modifica o fato, o que o torna em parte incomensurável com relação ao estilo do grupo que produziu o fato. Percorrer o trajeto histórico da Enfermagem à luz deste referencial nos possibilitará conhecer quais estilos de pensamento nortearam sua formação, seus estágios, sua prática, enfim, no intuito de entender melhor nosso coletivo de pensamento, suas influências e o rumo que queremos definir para o futuro.
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    Vazquez (1990, p. 245-247), coloca que, se a práxis é ação do homem sobre a matéria e criação de uma nova realidade humanizada, podemos falar de níveis diferentes da práxis, de acordo com o grau de penetração da consciência do sujeito ativo no processo prático e com o grau de criação ou humanização da matéria transformada evidenciado no produto de sua atividade prática. A práxis reiterativa se apresenta em conformidade com uma lei previamente traçada, e cuja execução se reproduz em múltiplos produtos que mostram características análogas. A práxis transformadora ou criadora, é cuja criação não se adapta plenamente a uma lei previamente traçada e culmina num produto novo e único. As distinções de nível não eliminam os vínculos mútuos entre uma e outra práxis, nem entre um nível e outro. A prática reiterativa tem parentesco com a espontânea, e a criadora com a reflexiva. Essa relação não é imutável, por isso, o espontâneo não está isento de elementos de criação, e o reflexivo pode estar a serviço de uma práxis reiterativa. O intuito neste trabalho é relacionar as atividades da formação profissional, particularmente o estágio na enfermagem, e depreender o tipo de práxis presente ao longo do período histórico de modo a possibilitar a visualização de ações, posturas, atitudes que se encaminhem para uma práxis transformadora do ensino e prática profissional de enfermagem.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Set 2014
    • Data do Fascículo
      Jun 1999
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