Acessibilidade / Reportar erro

A máscara laríngea supreme™ pode ser uma opção para a intubação endotraqueal em cirurgia laparoscópica?

Resumos

Justificativa e objetivo:

especialistas recomendam a intubação traqueal para o manejo das vias aéreas em procedimentos cirúrgicos laparoscópicos. A máscara laríngea (ML) pode ser uma boa opção à intubação endotraqueal. Nesta série de casos, o nosso objetivo foi analisar o uso damáscara laríngea SupremeTM (MLS) na prática cirúrgica laparoscópica.

Métodos:

o estudo foi conduzido com 60 pacientes, entre 18 e 60 anos, submetidos à cirurgia laparoscópica. Os valores de saturação periférica de O2 (SpO2) e dióxido de carbono no fim da expiração (EtCO2) foram registrados nos minutos um, 15, 30, 45 e 60. A frequência cardíaca e a pressão arterial média (PAM) dos pacientes também foram registradas. Consideramos o tempo de inserção da MLS; a taxa de aplicabilidade da sonda gástrica; a ocorrência de náusea, vômito, tosse e dor de garganta uma hora após a cirurgia.

Resultados:

a média inicial de EtCO2 foi menor do que aos 15, 30, 45 e 60 minutos (p < 0,0001) e a média de EtCO2 aos 15 minutos foi menor do que nos outros tempos registrados. Observamos que a frequência cardíaca média inicial foi maior do que as subsequentes à inserção da MLS e as anteriores e posteriores à remoção da MLS. A frequência cardíaca média após a inserção da MLS foi acentuadamente menor do que a anterior à remoção da MLS (p = 0,013). A PAM após a inserção da MLS foi menor do que a inicial e também menor do que as anteriores à remoção da MLS (p = 0,0001).

Conclusão:

a MLS pode ser uma opção adequada para intubação em procedimentos cirúrgicos laparoscópicos em um grupo seleto de pacientes.

Cirurgia; Videolaparoscópica; Equipamentos; Máscara laríngea; Intubação traqueal


Background and objectives:

In laparoscopic surgical procedures, experts recommend tracheal intubation for airway management. Laryngeal mask airway (LMA) can be a good alternative to intubation. In this case series, we aimed to examine the use of the SupremeTM LMA (SLMA) in laparoscopic surgical practice.

Methods:

We planned the study for sixty patients between the ages of 18 and 60, who would undergo laparoscopic surgery. We recorded one, 15, 30, 45, and 60-minute peripheral O2 saturation (SpO2) and end-tidal carbon dioxide (EtCO2) values, heart rate and mean arterial blood pressure (MAP). We observed the duration of SLMA insertion, the rate of gastric tube applicability, whether nausea, vomiting, and coughing developed, and whether there was postoperative1-hour sore throat.

Results:

The initial EtCO2 mean was lower than the EtCO2 means of 15, 30, 45, and 60 minutes (p < 0.0001) and the 15-minute EtCO2 mean was lower than other measured EtCO2 means. We observed the initial heart rate mean to be higher than the ones following the SLMA insertion, prior to the SLMA removal, and after the SLMA removal. The heart rate mean after the SLMA insertion was remarkably lower than the heart rate mean prior to the SLMA removal (p = 0.013).The MAP after the SLMA insertion was lower than the initial MAP means, as well as the MAP averages prior to after the removal of SLMA (p = 0.0001).

Conclusion:

SLMA can be a suitable alternative to intubation in laparoscopic surgical procedures in a group of selected patients.

Intubation; Intratracheal; Laryngeal Masks; Laparoscopy


Justificativa y objetivo:

expertos recomiendan la intubación traqueal para el manejo de las vías aéreas en procedimientos quirúrgicos laparoscópicos. La mascarilla laríngea (ML) puede ser una buena opción a la intubación endotraqueal. En esta serie de casos, nuestro objetivo fue analizar el uso de la mascarilla laríngea SupremeTM (MLS) en la práctica quirúrgica laparoscópica.

Métodos:

el estudio fue llevado a cabo con la participación de 60 pacientes de entre 18 y 60 anos, sometidos a la cirugía laparoscópica. Los valores de saturación periférica de O2 (SpO2) y de dióxido de carbono al final de la espiración (EtCO2), fueron registrados en los minutos 1, 15, 30, 45 y 60. La frecuencia cardíaca y la presión arterial promedio (PAP) de los pacientes también fueron registradas. Consideramos el tiempo de inserción de la MLS; así como la tasa de aplicabilidad de la sonda gástrica, el aparecimiento de nóusea, vómito, tos y dolor de garganta una hora después de la operación.

Resultados:

el promedio inicial de EtCO2 fue menor que a los 15, 30, 45 y 60 minutos (p < 0,0001) y el promedio de EtCO2 a los 15 minutos fue menor que en los otros tiempos registrados. Observamos que la frecuencia cardíaca promedio inicial fue mayor que las posteriores a la inserción de la MLS y a las anteriores, y posteriores a la retirada de la MLS. La frecuencia cardíaca promedio después de la inserción de la MLS fue acentuadamente menor que la anterior a la retirada de la MLS (p = 0,013). La PAP después de la inserción de la MLS fue menor que la inicial y también menor que las anteriores a la retirada de la MLS (p = 0,0001).

Conclusiones:

la MLS puede ser una opción adecuada para la intubación en los procedimientos quirúrgicos laparoscópicos en un grupo selecto de pacientes.

Cirugía; Laparoscópica; Equipos; Mascarilla laríngea; Intubación endotraqueal


Introdução

Para pacientes com risco de aspiração, a intubação endotraqueal ainda é aceita como padrão-ouro. Nos últimos anos, entretanto, dispositivos alternativos de ventilação como a máscara laríngea (ML) estão sendo usados nesse grupo de pacientes, tanto em procedimentos de rotina quanto na presença de vias aéreas difíceis.11. Fabregat-Lopez J, Garcia-Rojol B, Cook TM. A case series of the use of the ProSeal laryngeal mask airway in emergency lower abdominal surgery. Anaesthesia. 2008;63:967-71. A intubação endotraqueal também é sugerida para abrir as vias aéreas em procedi- mentos cirúrgicos laparoscópicos. Além disso, em alguns estudos prospectivos e retrospectivos, o uso da ML clássica é recomendado como uma alternativa.22. Lu PP, Brimacombe J, Yang C, Shyr M. ProSeal versus the Classic laryngeal mask airway for positive pressure ventilation during laparoscopic cholecystectomy. Br J Anaesth 2002;88:824-7.

ML vem sendo usada com sucesso desde 1981 no manejo de vias aéreas difíceis previstas e imprevistas.33. Singh M, Bharti R, Kapoor D. Repair of damaged supraglottic airway devices: a novel method. Scand J Trauma Resusc Emerg Med. 2010;17(18):33.,44. Sharma V, Verghese C, McKenna PJ. Prospective audit on the use of the LMA-Supreme for airway management of adult patients undergoing elective orthopaedic surgery in prone position. Br J Anaesth. 2010;105:228-32. Após o pri- meiro modelo clássico de ML, alguns pesquisadores desenvol- veram submodelos.55. Ali A, Canturk S, Turkmen A, Turgut N, Altan A. Comparison of the laryngeal mask airway Supreme and laryngeal mask airway Classic in adults. Eur J Anaesthesiol. 2009;26:1010-4. A máscara laríngea ProSeal (MLPS), ao contrário do modelo clássico, tem um tubo de drenagem que possibilita a passagem de sonda gástrica. A máscara laríngea Supreme™ (MLS) foi desenhada para combinar as caracte- rísticas desejadas da Fast-Track (ILMA) e MLPS. O fato de a MLS ter uma sonda semirrígida e forma anatômica elíptica permite que ela seja inserida rapidamente. Além disso, a MLS possui um tubo para a passagem de sonda gástrica. Quando colocada com precisão, fornece proteção contra regurgitação e evita distensão gástrica.22. Lu PP, Brimacombe J, Yang C, Shyr M. ProSeal versus the Classic laryngeal mask airway for positive pressure ventilation during laparoscopic cholecystectomy. Br J Anaesth 2002;88:824-7.,66. Verghese C, Ramaswamy B. LMA-Supreme-a new single-use LMA with gastric access: a report on its clinical efficacy. Br J Anaesth. 2008;101:405-10.,77. Seet E, Rajeev S, Firoz T et al. Safety and efficacy of laryngeal mask airway Supreme versus laryngeal mask airway ProSeal: a randomized controlled trial. Eur J Anaesthesiol. 2010;27:602-7. Neste estudo, o objetivo foi compartilhar nossas experiências relacionadas ao uso da MLS em cirurgia laparoscópica.

Métodos

Após obter a aprovação do Comitê de Ética local e o con- sentimento informado assinado pelos pacientes, conduzi- mos este estudo em um período de seis meses. Sessenta pacientes com estado ASA I, idades entre 18 e 40 anos e programados para cirurgia laparoscópica foram selecionados. Os critérios de exclusão foram pacientes com vias aéreas anormais, história de vias aéreas reativas, doenças cardía- cas e do trato respiratório graves, refluxo gastroesofágico, história de hérnia hiatal e aqueles que se recuperaram de infecções do trato respiratório nas últimas seis semanas. Os participantes foram submetidos a um período de jejum de 8 horas antes do estudo. A pré-medicação foi aplicada por via intravenosa padrão com o uso de midazolam (0,05 mg.kg−1). Na sala de operação, o monitoramento foi feito com pressão arterial sistêmica não invasiva, cardioscópio na derivação DII e oxímetro de pulso (SpO2). Realizamos indução padrão com 2 mg.kg−1 de propofol, 1 μg.kg−1 de fentanil e 0,5 mg.kg−1 de rocurônio. A MLS lubrifi cada (Laryngeal Mask Company Limited, Le Rocher, Victoria, Mahe, Seychelles), de número 3 ou 4, foi inserida por anestesiologista com mais de cinco anos de experiência. Nenhuma manipulação ou outro dispositivo digital foi utilizado enquanto a MLS estava sendo inserida. O manguito foi infl ado até o volume máximo e confi rmado que não havia nenhum vazamento de fl uxo de gás fresco. O tamanho da MLS foi determinado de acordo com o sexo e peso do paciente. Após a inserção, a ventilação foi avaliada observando-se a expansão do tórax e auscultando-se os pulmões com estetoscópio. Os valores da SpO2 nos minutos um, 15, 30, 45 e 60 após a inserção da MLS foram registrados. Os valores de dióxido de carbono ao fi nal da expiração (EtCO2) foram monitorados durante toda a operação com capnograma e registrados nos minutos um, 15, 30, 45 e 60 após a aplicação da MLS. Um tubo gástrico foi inserido em todos os pacientes. A manutenção da anestesia foi feita com uma mistura de sevofl urano a 2% e ar/O2 a40%. Administramos bolus adicionais de rocurônio (0,1 mg.kg−1), quando necessário. Não usamos óxido nitroso. A ventilação dos pacientes foi controlada para obter 8 mL.kg−1 de volume corrente, 12.min−1 de frequência respiratória e 1:2 de fl uxo inspiratório:expiratório. Mantivemos a pressão do manguito da MLS abaixo de 60 cm H2O, usando um manômetro digital. Registramos a frequência cardíaca e a PAM dos pacientes no momento da chegada ao centro cirúrgico, antes e durante a inserção e após a remoção da MLS. Para analgesia, administramos aos pacientes no pré-operatório 30 mg.kg−1 de paracetamol por via intravenosa. Depois de os pacientes retomarem a respiração espontânea, eles foram descurarizados com 0,01 mg.kg−1 de atropina e 0,03 mg.kg−1 de neostigmina. Quando a respiração foi normalizada, removemos a MLS. Registramos o tempo de inserção da MLS. Registramos também a taxa de aplicabilidade da sonda gástrica, a ocorrência de náuseas, vômitos, aspiração, tosse e se os pacientes sentiram dor de garganta uma hora após o procedimento.

Análise estatística

Usamos os métodos descritivos de estatística (média, desvio padrão, distribuição de frequência) para avaliar os dados. A análise de variância simples foi usada para medidas repetidas de múltiplos grupos e o teste de comparações múltiplas de Newman-Keuls para comparar subgrupos. Para significância estatística, consideramos p < 0,05.

Resultados

A idade média dos pacientes incluídos no estudo era de 25,9 ± 5,8 anos, peso médio de 60 ± 8 kg, tempo médio de cirurgia de 53,17 ± 12 minutos, e tempo de inserção da MLS de 11,93 ± 1,67 segundos (tabela 1). A tabela 2 mostra a lista dos pro- cedimentos cirúrgicos. A tabela 3 mostra a distribuição dos pacientes de acordo com o sexo e tamanho da MLS. Houve ocorrência de náuseas e vômitos em 11,7% dos pacientes. O tubo gástrico não pode ser colocado em 6,7% dos pacientes. Houve ocorrência de tosse e dores de garganta em 8,3% dos pacientes (tabela 4).

Tabela 1
Idade, Peso dos Pacientes, Tempos de Cirurgia e Inserção de Máscara Laríngea
Tabela 2
Procedimentos Cirúrgicos
Tabela 3
Número e Porcentagem de Pacientes de Acordo com o Gênero e o Tamanho da Máscara Laríngea
Tabela 4
Número e Porcentagem de Pacientes de Acordo com Incidência de Náusea e Vômito, Inserção de Sonda Gástrica, Dor de Garganta e Tosse

Não houve diferença estatisticamente significante nas médias dos valores de SpO2 nos minutos 1, 15, 30, 45 e 60 (tabela 5).

Tabela 5
Valores de SpO2 e EtCO2 nos Tempos Registrados

Houve diferença estatisticamente signifi cante nas médias de EtCO2 nos minutos 1, 15, 30, 45 e 60 (p < 0.05, Newman-Keuls). As médias de EtCO2 no primeiro minuto foram signifi -cativamente menores do que nos minutos 15, 30, 45 e 60 (p < 0.0001, Newman-Keuls) e estatisticamente bem menores aos 15 minutos do que aos 30, 45 e 60 minutos (p < 0.0001, Newman-Keuls). Não houve diferença estatisticamente signifi cativa entre os outros tempos (tabelas 5 e 6).

Tabela 6
Diferença Estatística entre os Valores de EtCO2 de Acordo com o Tempos Registrados

Houve diferença significativa entre a média inicial de frequência cardíaca e as médias após a inserção e antes da remoção da MLS. A média da frequência cardíaca inicial foi superior à média da taxa de pulso após a inserção, antes e após a remoção da NLS; enquanto a média da frequência cardíaca após a inserção da MLS foi estatisticamente muito menor do que a anterior a sua remoção. Não houve diferença estatisticamente signifi cante entre os outros tempos (valores de “p” nas tabelas 7 e 8).

Tabela 7
Média de Frequência Cardíaca e Pressão Arterial Média dos Pacientes
Tabela 8
Diferença Estatística entre os Valores de Frequência Cardíaca e Pressão Arterial Média de Acordo com os Tempos Registrados

Uma diferença acentuada foi observada na PAM inicial, após a inserção da MLS e antes e depois de se remover a MLS (p = 0.0001, Newman-Keuls). A PAM após a inserção da MLS foi estatisticamente muito menor do que a PAM inicial, antes da remoção e após a remoção da MLS (p = 0,0001). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os outros tempos (tabelas 7 e 8).

Não foi possível fornecer ventilação adequada em apenas um paciente; por isso, optamos pela intubação traqueal.

Discussão

A associação de hipoventilação, distensão gástrica e aspiração ao uso de ML não é mais frequente em cirurgias laparoscópi- cas do que em intubações endotraqueais.88. Ozdamar D, Güvenc BH, Toker K, Solak M, Ekingen G. Comparison of the effect of LMA and ETT on ventilation and intragastric pressure in pediatric laparoscopic procedures. Minerva Anestesiol. 2010;76:592-9 Em sua revisão da literatura, Viira e col.99. Viira D, Myles PS. The use of the laryngeal mask in gynaecological laparoscopy. Anaesth Intensive Care. 2004;32:560-3. descobriram que a incidência de aspi- ração e a frequência de morbidade grave associadas à ML são muito baixas. Em cirurgia laparoscópica, o risco de aspiração pode ser maior, dependendo da posição de Trendelenburg, da estimulação peritoneal durante a cirurgia e do aumento da pressão intra-abdominal resultante da pressão sobre a parede abdominal.88. Ozdamar D, Güvenc BH, Toker K, Solak M, Ekingen G. Comparison of the effect of LMA and ETT on ventilation and intragastric pressure in pediatric laparoscopic procedures. Minerva Anestesiol. 2010;76:592-9 Alguns autores relataram que, junto com o aumento da pressão intra-abdominal, a possibilidade de refluxo gastroesofágico também aumenta em cirurgia lapa- roscópica.88. Ozdamar D, Güvenc BH, Toker K, Solak M, Ekingen G. Comparison of the effect of LMA and ETT on ventilation and intragastric pressure in pediatric laparoscopic procedures. Minerva Anestesiol. 2010;76:592-9 Contudo, em laparoscopia ginecológica, estudos que investigam o risco de refluxo gastroesofágico com o uso de ventilação de pressão positiva via tubo traqueal e ML não encontraram evidência de que o risco de refluxo gastroeso- fágico aumentou com ML.1010. Ho BY, Skinner HJ, Mahajan RP. Gastro-oesophageal reflux during day case gynaecological laparoscopy under positive pressure ventilation: laryngeal mask vs. tracheal intubation. Anaesthesia. 1998;53:921-4.,1111. Skinner HJ, Ho BY, Mahajan RP. Gastro-oesophageal reflux with the laryngeal mask during day-case gynaecological laparoscopy. Br J Anaesth. 1998;80:675-6.

O uso de ML em casos de apendicectomia de emergência é controverso. A MLPS pode ser superior a outros dispositivos supraglóticos porque inclui um canal gástrico. A distensão gástrica observada em procedimentos cirúrgicos laparoscópicos que usam a MLPS não é maior do que a observada com tubo traqueal. O ponto mais importante a ser considerado quando se usa uma MLPS em apendicectomias é a experiência do profi ssional e a cuidadosa seleção dos casos. O risco de aspiração em apendicectomias sem fatores de risco adicionais é bastante baixo. Com base no fato de que a MLPS é menos invasiva do que a intubação e oferece melhor proteção do que a ML clássica, MLPS foi usada em apendicectomias com manejo seguro das vias aéreas.77. Seet E, Rajeev S, Firoz T et al. Safety and efficacy of laryngeal mask airway Supreme versus laryngeal mask airway ProSeal: a randomized controlled trial. Eur J Anaesthesiol. 2010;27:602-7. Nosso estudo foi planejado considerando o fato de que a MLS é mais adequada à estrutura anatômica do que a MLPS e ocasiona menos pressão de vazamento orofaríngeo.77. Seet E, Rajeev S, Firoz T et al. Safety and efficacy of laryngeal mask airway Supreme versus laryngeal mask airway ProSeal: a randomized controlled trial. Eur J Anaesthesiol. 2010;27:602-7. Selecionamos cuidadosamente os pacientes e, particularmente, não envolvemos no estudo pacientes com diagnósticos duvidosos. Após inserir a MLS, nos certifi camos de que todos os pacientes recebiam ventilação adequada.

Em colecistectomia laparoscópica, estudos sugerem a intubação endotraqueal - um dos procedimentos de cirurgia geral mais comumente aplicados - para o manejo das vias aé- reas. No entanto, um estudo retrospectivo e três prospectivos afirmam que a ML clássica é uma opção adequada. A MLPS, por sua vez, é tida como mais eficaz do que a ML clássica porque tem um tubo gástrico.1212. Lu PP, Brimacombe J,Yang1 C, Shyr M. ProSeal versus the Classic laryngeal mask airway for positive pressure ventilation during laparoscopic cholecystectomy. Br J Anaesth. 2002;88:824-7. Um estudo relatou que não houve distensão gástrica em colecistectomia laparoscópica com o uso de MLPS devidamente posicionada, o que fornece venti- lação com eficácia igual à do tubo endotraqueal.1313. Maltby JR, Beriault MT, Watson NC, Liepert D, Fick GH. The LMA ProSeal is an effective alternative to tracheal intubation for laparoscopic cholecystectomy. Canadian Journal of Anesthesia. 2002;49:857-62. Carron e col.1414. Carron M, Marchet A, Ori C. Supreme laryngeal mask airway for laparoscopic cholecystectomy in patient with severe pulmonary fibrosis. Br J Anaesth. 2009;103:778-9. descreveram um paciente com fibrose pulmonar grave submetido a uma colecistectomia laparoscópica eletiva; os autores garantiram o manejo das vias aéreas com MLS e re- lataram que houve menos resistência das vias aéreas.

Em vários estudos com pacientes submetidos à cirurgia la- paroscópica ginecológica os autores descobriram que a MLPS foi superior à ML clássica e à intubação endotraqueal.1515. Piper SN, Triem JG, Röhm KD, Maleck WH, Schöllhorn TA, Boldt J. ProSeal-laryngeal mask versus endotracheal intubation in patients undergoing gynaecologic laparoscopy. Anasthesiol Intensivmed Notfallmed Schmerzther. 2004;39:132-7.,1616. Natalini G, Lanza G, Rosano A, Dell'Agnolo P, Bernardini A. Standard laryngeal mask airway and LMA-ProSeal during laparoscopic surgery. J Clin Anesth. 2003;15:428-32. Além disso, Lee e col.1717. Lee AK, Tey JB, Lim Y, Sia AT. Comparison of the single-use LMA supreme with the reusable ProSeal LMA for anaesthesia in gynaecological laparoscopic surgery. Anaesth Intensive Care. 2009;37:815-9. compararam MLS e MLPS em cirurgia laparoscópica ginecológica e descobriram que, embora seus índices de complicações tenham sido semelhantes, houve menos pressão de vazamento orofaríngea com o uso de MLS em comparação com MLPS. Em um estudo que comparou MLS e intubação endotraqueal, os pesquisadores descobriram que o controle das vias aéreas foi obtido com a mesma eficácia em cirurgias laparoscópicas ginecológicas e que a MLS oca- sionou menos morbidade laringofaríngea.1818. Abdi W, Amathieu R, Adhoum A, et al. Sparing the larynx during gynecological laparoscopy: a randomized trial comparing the LMA Supreme and the ETT. Acta Anaesthesiol Scand. 2010;54:141-6. Em outro estudo, Yao e col.1919. Yac T, Yang XL, Zhang F, et al. The feasibility of Supreme laryngeal mask airway in gynecological laparoscopy surgery. Zhonghua Yi Xue Za Zhi. 2010;90:2048-51. relataram que em laparoscopia ginecológica MLS garante ventilação com a mesma segurança e eficácia que a intubação endotraqueal. Os autores também declaram que a MLS causa menos efeitos colaterais e resposta ao estresse. Ademais, além de prevenir o dano ao tecido mole associado à laringoscopia, evitar a intubação endotraqueal tem vanta- gens, como reduzir a resistência das vias aéreas e os riscos de intubação brônquica e esofágica.77. Seet E, Rajeev S, Firoz T et al. Safety and efficacy of laryngeal mask airway Supreme versus laryngeal mask airway ProSeal: a randomized controlled trial. Eur J Anaesthesiol. 2010;27:602-7. Em nosso estudo, os valores da PAM e dos batimentos cardíacos após a inserção da MLS foram consideravelmente inferiores aos valores iniciais. Não detectamos aumento da PAM e das taxas de pulso após as extubações. Relacionamos esse fato à falta de resposta ao estresse hemodinâmico associado à MLS.

Em cirurgia laparoscópica, como resultado do aumento da pressão intra-abdominal, o fechamento precoce das vias e o aumento do pico de pressão das vias aéreas podem ser observados. Nesse caso, um aumento de EtCO2 pode acontecer sem variação na SpO2.88. Ozdamar D, Güvenc BH, Toker K, Solak M, Ekingen G. Comparison of the effect of LMA and ETT on ventilation and intragastric pressure in pediatric laparoscopic procedures. Minerva Anestesiol. 2010;76:592-9 Nossos achados confi rmaram isso. Embora não tenha havido uma diferença considerável entre os valores da SpO2 em nossos pacientes, os valores de EtCO2 foram acentuadamente mais elevados aos 15, 30, 45 e 60 minutos do que os valores iniciais. Além disso, os valores de EtCO2 aos 30, 45 e 60 minutos foram signifi cativamente superiores àqueles registrados aos 15 minutos. Por essa razão, sugerimos que os valores de EtCO2 sejam cuidadosamente monitorados nos pacientes.

Em seu primeiro estudo, Eschertzhuber e col.2020. Eschertzhuber S, Brimacombe J, Hohlrieder M, Keller C. The laryngeal mask airway Supreme-a single use laryngeal mask airway with an oesophageal vent. A randomised, cross-over study with the laryngeal mask airway ProSeal in paralysed, anaesthetised patients. Anaesthesia. 2009;64:79-83. relataram uma taxa de sucesso de 92% para inserção de sonda gástrica com MLS. Natalini e col.1616. Natalini G, Lanza G, Rosano A, Dell'Agnolo P, Bernardini A. Standard laryngeal mask airway and LMA-ProSeal during laparoscopic surgery. J Clin Anesth. 2003;15:428-32. demonstraram que a inserção de sonda gástrica não garante a drenagem completa do conteúdo do estômago e que em 10% dos pacientes com MLPS a sonda gástrica é dobrada sem sintomas de vazamento orofarín- geo. Nosso objetivo era inserir uma sonda nasogástrica em todos os pacientes. Porém, isso não foi possível em quatro pacientes (6,7%).

A cirurgia laparoscópica é um alto fator de risco associado a náuseas e vômitos.2121. Wang B, He KH, Jiang MB, Liu C, Min S. Effect of prophylactic dexamethasone on nausea an vomiting after laparoscopic gynecological operation: meta-analysis. Middle East J Anesthesiol. 2011;21:397-402. Os pacientes submetidos à anestesia geral para colecistectomia laparoscópica apresentam alto risco de náuseas e vômitos, com incidência de até 75%.2222. Ryu JH, Jeon YT, Hwang JW, et al. Intravenous, oral, and the combination of intravenous and oral ramosetron for the prevention of nausea and vomiting after laparoscopic cholecystectomy: a randomized, double-blind, controlled trial. Clin Ther. 2011;33:1162-72. Em nosso estudo, as taxas de ocorrência de náuseas e vômitos foram consideravelmente menores. Por essa razão, a máscara laríngea Supreme™ pode ser preferível para esse grupo de pacientes.

A ocorrência de dor de garganta pós-intubação traqueal é comum, com uma incidência de 30-70%.2323. Turkstra TP, Smitheram AK, Alabdulhadi O, Youssef H, Jones PM. The Flex-TipTM tracheal tube does not reduce the incidence of postoperative sore throat: a randomized controlled trial. Can J Anaesth. 2011;58:1090-6. Em nosso estu- do, a incidência de dor de garganta foi significativamente baixa. Ressaltamos que essa condição é importante para o conforto do paciente.

Em conclusão, embora nosso estudo tenha limitação por causa da pequena amostra de pacientes heterogêneos, sugerimos que a MLS pode ser uma boa opção à intubação em grupos selecionados de pacientes para procedimentos cirúrgicos laparoscópicos feitos por profissionais experientes, quando devidamente colocada e com seu posicionamento estabilizado.

Referências

  • 1
    Fabregat-Lopez J, Garcia-Rojol B, Cook TM. A case series of the use of the ProSeal laryngeal mask airway in emergency lower abdominal surgery. Anaesthesia. 2008;63:967-71.
  • 2
    Lu PP, Brimacombe J, Yang C, Shyr M. ProSeal versus the Classic laryngeal mask airway for positive pressure ventilation during laparoscopic cholecystectomy. Br J Anaesth 2002;88:824-7.
  • 3
    Singh M, Bharti R, Kapoor D. Repair of damaged supraglottic airway devices: a novel method. Scand J Trauma Resusc Emerg Med. 2010;17(18):33.
  • 4
    Sharma V, Verghese C, McKenna PJ. Prospective audit on the use of the LMA-Supreme for airway management of adult patients undergoing elective orthopaedic surgery in prone position. Br J Anaesth. 2010;105:228-32.
  • 5
    Ali A, Canturk S, Turkmen A, Turgut N, Altan A. Comparison of the laryngeal mask airway Supreme and laryngeal mask airway Classic in adults. Eur J Anaesthesiol. 2009;26:1010-4.
  • 6
    Verghese C, Ramaswamy B. LMA-Supreme-a new single-use LMA with gastric access: a report on its clinical efficacy. Br J Anaesth. 2008;101:405-10.
  • 7
    Seet E, Rajeev S, Firoz T et al. Safety and efficacy of laryngeal mask airway Supreme versus laryngeal mask airway ProSeal: a randomized controlled trial. Eur J Anaesthesiol. 2010;27:602-7.
  • 8
    Ozdamar D, Güvenc BH, Toker K, Solak M, Ekingen G. Comparison of the effect of LMA and ETT on ventilation and intragastric pressure in pediatric laparoscopic procedures. Minerva Anestesiol. 2010;76:592-9
  • 9
    Viira D, Myles PS. The use of the laryngeal mask in gynaecological laparoscopy. Anaesth Intensive Care. 2004;32:560-3.
  • 10
    Ho BY, Skinner HJ, Mahajan RP. Gastro-oesophageal reflux during day case gynaecological laparoscopy under positive pressure ventilation: laryngeal mask vs. tracheal intubation. Anaesthesia. 1998;53:921-4.
  • 11
    Skinner HJ, Ho BY, Mahajan RP. Gastro-oesophageal reflux with the laryngeal mask during day-case gynaecological laparoscopy. Br J Anaesth. 1998;80:675-6.
  • 12
    Lu PP, Brimacombe J,Yang1 C, Shyr M. ProSeal versus the Classic laryngeal mask airway for positive pressure ventilation during laparoscopic cholecystectomy. Br J Anaesth. 2002;88:824-7.
  • 13
    Maltby JR, Beriault MT, Watson NC, Liepert D, Fick GH. The LMA ProSeal is an effective alternative to tracheal intubation for laparoscopic cholecystectomy. Canadian Journal of Anesthesia. 2002;49:857-62.
  • 14
    Carron M, Marchet A, Ori C. Supreme laryngeal mask airway for laparoscopic cholecystectomy in patient with severe pulmonary fibrosis. Br J Anaesth. 2009;103:778-9.
  • 15
    Piper SN, Triem JG, Röhm KD, Maleck WH, Schöllhorn TA, Boldt J. ProSeal-laryngeal mask versus endotracheal intubation in patients undergoing gynaecologic laparoscopy. Anasthesiol Intensivmed Notfallmed Schmerzther. 2004;39:132-7.
  • 16
    Natalini G, Lanza G, Rosano A, Dell'Agnolo P, Bernardini A. Standard laryngeal mask airway and LMA-ProSeal during laparoscopic surgery. J Clin Anesth. 2003;15:428-32.
  • 17
    Lee AK, Tey JB, Lim Y, Sia AT. Comparison of the single-use LMA supreme with the reusable ProSeal LMA for anaesthesia in gynaecological laparoscopic surgery. Anaesth Intensive Care. 2009;37:815-9.
  • 18
    Abdi W, Amathieu R, Adhoum A, et al. Sparing the larynx during gynecological laparoscopy: a randomized trial comparing the LMA Supreme and the ETT. Acta Anaesthesiol Scand. 2010;54:141-6.
  • 19
    Yac T, Yang XL, Zhang F, et al. The feasibility of Supreme laryngeal mask airway in gynecological laparoscopy surgery. Zhonghua Yi Xue Za Zhi. 2010;90:2048-51.
  • 20
    Eschertzhuber S, Brimacombe J, Hohlrieder M, Keller C. The laryngeal mask airway Supreme-a single use laryngeal mask airway with an oesophageal vent. A randomised, cross-over study with the laryngeal mask airway ProSeal in paralysed, anaesthetised patients. Anaesthesia. 2009;64:79-83.
  • 21
    Wang B, He KH, Jiang MB, Liu C, Min S. Effect of prophylactic dexamethasone on nausea an vomiting after laparoscopic gynecological operation: meta-analysis. Middle East J Anesthesiol. 2011;21:397-402.
  • 22
    Ryu JH, Jeon YT, Hwang JW, et al. Intravenous, oral, and the combination of intravenous and oral ramosetron for the prevention of nausea and vomiting after laparoscopic cholecystectomy: a randomized, double-blind, controlled trial. Clin Ther. 2011;33:1162-72.
  • 23
    Turkstra TP, Smitheram AK, Alabdulhadi O, Youssef H, Jones PM. The Flex-TipTM tracheal tube does not reduce the incidence of postoperative sore throat: a randomized controlled trial. Can J Anaesth. 2011;58:1090-6.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2014

Histórico

  • Recebido
    16 Out 2012
  • Aceito
    05 Dez 2012
Sociedade Brasileira de Anestesiologia R. Professor Alfredo Gomes, 36, 22251-080 Botafogo RJ Brasil, Tel: +55 21 2537-8100, Fax: +55 21 2537-8188 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: bjan@sbahq.org