editorial
"Doenças Ósteo-Metabólicas na Clínica Diária"
Pedro Henrique S. Corrêa1
Marise Lazaretti-Castro2
1 Serviço de Endocrinologia
do Hospital das Clinicas da FMUSP, SP
e Presidente da SOBEMOM-SP
2 Disciplina de Endocrinologia
UNIFESP/EPM e Secretária, da
SOBEMOM-SP
O CONCEITO DE DOENÇAS ÓSTEO-METABÓLICAS foi introduzido por Albright, em meados deste século, mas foi principalmente nos últimos 15 anos que passou a fazer parte da rotina do clínico. A possibilidade de avaliação do metabolismo mineral e da estrutura óssea por novas metodologias de elevada precisão e acurácia, vem demonstrando que estas doenças são muito mais prevalentes do que se imaginava.
Uma série de variantes regionais fazem com que as doenças envolvidas no metabolismo ósteo-mineral se manifestem com características diferentes. Latitude, exposição ao sol, hábitos de vida e padrão alimentar, assim como as características raciais e genéticas, interferem neste metabolismo, trazendo peculiaridades para cada uma destas doenças. Por isto que reuniões, simpósios, e mesmo congressos sobre este tema têm atraído clínicos das mais variadas especialidades, cada um com uma ótica particular sobre o tema.
Sentindo a necessidade de aglutinar os profissionais interessados pelo tema, a SOBEMOM programou uma série de reuniões para discussão da fisiologia e fisiopatologia do metabolismo ósteo-mineral. Este suplemento apresenta alguns dos temas relevantes que foram apresentados nestas oportunidades.
Apesar de sua elevada incidência, a osteoporose não é a única doença do metabolismo ósseo e mineral. As dosagens de cálcio, solicitadas a uma freqüência cada vez maior, não raramente colocam o clínico diante da necessidade de fazer o diagnóstico diferencial tanto das hiper como das hipocalcemias. Fazendo interface com a hipocalcemia ou com uma fragilidade óssea aumentada, encontra-se a osteomalácea/raquitismo, doenças de prevalência não tão elevadas, mas que possibilitam a compreensão do complexo fenômeno da mineralização óssea.
O aumento da longevidade trouxe consigo a necessidade de prevenção das doenças decorrentes do envelhecimento. Os estudos demonstram que a prevenção da osteoporose é uma possibilidade, melhorando a qualidade de vida do paciente e reduzindo o impacto econômico que as fraturas osteoporóticas trazem para a sociedade. Esta prevenção baseia-se no conhecimento dos fatores que interferem na obtenção do pico de massa óssea.
A densitometria óssea é um marco no diagnóstico da osteoporose. É um método desenvolvido para medição da massa óssea, de elevada sensibilidade e precisão, mas sua interpretação deve ser feita à luz dos dados clínicos de cada caso. A expectativa é de que os novos marcadores bioquímicos de remodelação óssea nos tragam maiores informações sobre o desequilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea.
Grandes progressos foram obtidos no conhecimento do mecanismo de ação dos princípios ativos utilizados no tratamento e prevenção da osteoporose. Isto possibilita a melhor opção terapêutica para os diferentes casos de osteoporose. O interesse do médico em tratar esta doença tem feito com que o paciente adquira hábitos de vida mais saudáveis. Bons resultados são obtidos com o tratamento medicamentoso e com a mudança de hábitos, repercutindo na qualidade de vida do paciente.
Os artigos apresentados nesta revista trarão uma visão geral sobre variados aspectos das doenças ósteo-metabólicas, um tema que, certamente, fará cada vez mais parte do dia a dia do clínico.