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Uma ciência da tortura? Cientificismo e marcas de tortura numa delegacia de Belo Horizonte, Brasil

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar várias marcas de arquitetura registradas entre 2013-2015 na delegacia que um dia sediou o DOPS, o QG da polícia política na cidade de Belo Horizonte. Para compreender a importância destas marcas enquanto achados arqueológicos, propomos uma análise da ‘tortura científica’. Exploraremos a genealogia do termo e as práticas associadas a ele na segunda metade do século vinte. Embora posta em prática por várias instituições de diferentes países, foi a CIA que criou todo um programa de pesquisas para organizar corpos de conhecimento sobre práticas de tortura, produzindo documentos sobre ‘técnicas de interrogatório’ agora desclassificados. Primeiro, discutiremos algumas das práticas materializadas desenvolvidas em decorrência desses esforços. Depois discutiremos como elas ficam refletidas pelo manual de interrogatórios Kubark, editado pela CIA em 1963, em particular no referente às suas recomendações arquitetônicas. Finalmente, analisaremos o prédio que um dia sediou o DOPS, para mostrar as chamativas correspondências entre as suas recomendações arquitetônicas e as marcas registradas no prédio do DOPS.

Palavras-chave:
Tortura; Arqueologia da Repressão; Interrogatórios; Internamento; CIA

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