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Validade e fidedignidade da Escala de Disfunções Cognitivas no Transtorno Bipolar (COBRA) em pacientes bipolares brasileiros

Resumo

Introdução:

No Brasil, não existem instrumentos válidos para medir a disfunção cognitiva subjetiva no transtorno bipolar. O presente estudo analisou as propriedades psicométricas da Escala de Disfunções Cognitivas no Transtorno Bipolar (COBRA) em uma amostra brasileira de pacientes bipolares. Adicionalmente, investigamos a relação entre a COBRA, medidas cognitivas objetivas e curso da doença.

Métodos:

A amostra total (n=150) incluiu 85 pacientes com transtorno bipolar e 65 controles saudáveis. As propriedades psicométricas da COBRA (consistência interna, validade concorrente, validade discriminativa, análise fatorial, curva ROC e fidedignidade) foram analisadas.

Resultados:

A COBRA apresentou estrutura de um fator com alta consistência interna (alfa de Cronbach=0,890). A validade concorrente ficou demonstrada pela forte correlação com o domínio cognitivo da FAST (r=0,811, p<0,001). Pacientes bipolares tiveram mais queixas cognitivas [média=14,69; desvio padrão (DP)=10,03] que os controles (média=6,78; DP=5,49; p<0,001), sugerindo a validade discriminativa do instrumento. Não houve correlação significativa entre a COBRA e medidas cognitivas objetivas. Além disso, escores mais altos na COBRA estiveram associados com sintomas residuais depressivos (r=0,448; p<0,001) e maníacos (r=0,376; p<0,001), número de episódios depressivos (r=0,306; p=0,011), número de episódios totais (r=0.256; p=0.038) e tentativas de suicídio (r=0,356; p=0,003).

Conclusão:

A COBRA é um instrumento válido para avaliar queixas cognitivas, e o uso combinado das medidas cognitivas subjetivas-objetivas possibilita a correta identificação das disfunções cognitivas no transtorno bipolar.

Descritores:
Transtorno bipolar; cognição; testes neuropsicológicos; queixas cognitivas

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