RESUMO
No início da década de 1870, os matos do Vale do Cotinguiba, principal região agroeconômica de Sergipe Del Rey, foram usados como cenários de resistência e de esperança para muitos escravizados e escravizadas que escaparam das propriedades onde residiam e passaram a se reunir em quilombos. Mesmo quando estavam posicionados em municípios mais distantes, os ranchos que compunham esses quilombos eram, em não raras ocasiões, acessados por uma pequena comunidade quilombola, que, estrategicamente, encontrou no descolamento contínuo, na dispersão e na interação, sobretudo com as comunidades das senzalas, os suprimentos, os meios e as condições necessárias para sobreviverem. Os sentidos desses deslocamentos, compreendidos a partir do conceito de comunidade volante proposto por Flávio Gomes e Maria Helena Pereira Toledo Machado, assim como a importância da rede de apoio que permeava os quilombos, serão aqui apresentados a partir da análise das experiências dos escravizados e escravizadas que integravam a comunidade quilombola do São José.
Palavras-chave:
quilombos volantes; comunidades de senzalas; resistência; Vale do Cotinguiba; Sergipe Del Rey