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POSICIONAMENTOS INTERACIONAIS DE SEXUALIDADE E DE GÊNERO: O CASO DE UM BLOG DE ALUNAS/OS DE UM INSTITUTO FEDERAL

INTERACTIONAL POSITIONINGS OF SEXUALITY AND GENDER: THE CASE OF A STUDENT BLOG AT A FEDERAL INSTITUTE

RESUMO

Neste artigo, procuro expor alguns apontamentos sobre os posicionamentos interacionais de sexualidade e de gênero observados em um dos artigos de opinião no blog Integra, criado por alunas/os de um Instituto Federal de Minas Gerais, bem como identificar as ordens de indexicalidade de sexualidade e de gênero presentes nesse blog. O escopo teórico valeu-se das concepções de atos de fala performativos discutida por Austin ([1962] 1990)AUSTIN, J. L. (1962). Quando dizer é fazer. Trad: Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990., Derrida (1973)DERRIDA, Jacques. (1973) Gramatologia. Trad. Miriam Schnaiderman e Renato J. Ribeiro. Perspectiva. e Butler (2003)BUTLER, J. (2003). Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidadeTradução de Renato Aguiar Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 2003.; de letramentos digitais, propostos por Davies; Merchant (2009), e de conceituações de sexualidade e gênero pelas teorias queer (BUTLER, 2003BUTLER, J. (2003). Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidadeTradução de Renato Aguiar Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 2003.; LOURO, 2004LOURO, G. L. (2004). Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer Belo Horizonte: Autêntica .). Nesse sentido, realizei uma pesquisa de cunho etnográfico virtual (HINE, 2004HINE, C. (2004). Etnografía virtual Coleccíón Nuevas Tecnologías y Sociedad Barcelona, Editorial UOC.) e os instrumentos de geração de dados consiste em um dos artigos de opinião encontrados no blog, que exporemos neste artigo. O instrumental analítico se embasa em posicionamentos interacionais propostos por Goffman ([1979], 1998)GOFFMAN, E. (1979) Footing. In: Ribeiro, Branca Telles; Garcez, Pedro N. (eds.) Sociolinguística interacional: antropologia, linguística e sociologia em análise do discurso. São Paulo: Loyola. 1998, 70-97. e nas ordens de indexicalidade de Blommaert (2008BLOMMAERT, J. (2006). Social linguistics scales London: Working Papers Urban Language & Literacies., 2010BLOMMAERT, J. (2010). The sociolinguistics of globalization Cambridge: Cambridge University Press .). Foram utilizadas como categorias de análise as cinco pistas indexicais definidas por Wortham (2001)WORTHAM, S. (2001). Narratives in action New York: Teacher College Press., os dêiticos (ILARI e GERALDI, 2006ILARI, R.; GERALDI, J. W. (2006). Semântica. 11 ed. São Paulo: Ática.) e as modalizações sugeridas por Bronckart (2007)BRONCKART, J.-P. (1999). Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo Trad. Anna Raquel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 2007.. Observei que os posicionamentos interacionais encontrados nos textos são de um blogueiro do interior, que se afirma gay e ciente de sua sexualidade. Em relação às ordens de indexicalidade, constatei que o blogueiro aponta para padrões estratificados de significados referentes a normas e convenções socioculturais em detrimento de outras, como o conservadorismo das cidades interioranas, a web como espaço favorável ao relacionamento gay e a ditadura do físico belo nos relacionamentos homoafetivos.

Palavras-chave:
linguagem como performance; teorias queer; sexualidade e gênero; ordens de indexicalidade; posicionamentos interacionais.

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