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O SI MESMO COMO UM OUTRO: IDENTIDADES EM NARRATIVAS VISUAIS DE APRENDIZES DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA

ONESELF AS ANOTHER: IDENTITIES IN VISUAL NARRATIVES OF PORTUGUESE AS A SECOND LANGUAGE LEARNERS

RESUMO

Neste estudo de natureza qualitativa, com base na hermenêutica ricoeuriana do si (RICOEUR, 1991RICOEUR, P. (1991). O si mesmo como um outro, Trad. Lucy Moreira César. Campinas: Papirus.), assim como nos trabalhos de Hall (2006)HALL, S. (1992). A identidade cultural na pós-modernidade, Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guaracira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP & A, 2006. e Norton (2016)NORTON, B. (2016). Identity and language learning: Back to the future .TESOL Quarterly, 50 (2), pp. 475-479., analiso a forma como o eu e o outro estão representados em narrativas de dez estudantes de diferentes nacionalidades aprendendo língua portuguesa como segunda língua em uma universidade pública em Portugal. Tendo em vista as multiplicidades de textos e culturas presentes na sociedade contemporânea em que conhecimentos são construídos e compartilhados por meio de diferentes semioses, inspirada pelo trabalho de Kalaja, Dufva e Alanen (2013)KALAJA, P.; DUFVA, H.; ALANEN, R. (2013). Experimenting with visual narratives. In: Barkhuizen, G. (Org.), Narrative Research in Applied Linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 105-131. e Melo-Pfeifer (2015)MELO-PFEIFER, S. (2015). Multilingual awareness and heritage language education: children’s multimodal representations of their multilingualism, Language Awareness, v. 24, n. 3, pp. 197-215., utilizo narrativas visuais em imagens desenhadas à mão livre pelos participantes como principal instrumento de coleta e geração de dados, tendo, como referencial para a análise dessas narrativas, as categorias da Gramática do Design Visual, adaptadas de Kress; van Leeuwen, (2006 [1996])KRESS, G.; van LEEUWEN, T. (1996). Reading images: the grammar of visual design. London, New York: Routledge, 2006. e Mota-Ribeiro (2011)MOTA-RIBEIRO, S. (2011). Do outro lado do espelho: imagens e discursos de gênero nos anúncios das revistas femininas: uma abordagem sociossemiótica visual feminista. Tese de Doutorado em Ciências da Comunicação. Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga.. As imagens analisadas sugerem que os participantes percebem a si mesmos ora como crianças, ora como seres híbridos, dotados de grandes orelhas, ou mesmo alienígenas, alijados do processo de interação e frustrados no desejo de reconhecimento diante do outro, representado por colegas, professores, parentes ou falantes nativos. A pesquisa traz importantes implicações para a educação de professores, revelando que é preciso acolher visões múltiplas e subjetivas de si e do outro, não apenas na sala de aula, mas na vida social da comunidade como um todo, na atestação e reconhecimento de cada um perante o outro, no sentido de fortalecer identidades na busca de mundos sociais mais justos (EARLY; NORTON, 2012EARLY, M.; NORTON, B. (2012). Language learner stories and imagined identities. Narrative Inquiry, 22 (1), pp. 194-201.), pois, como lembram Jewitt e Oyama (2001)JEWITT, C. ; OYAMA, R. (2001). Visual Meaning: A Social Semiotic Approach. In: Leeuwen, T. v.; Jewitt, C. (Orgs.), Handbook of Visual Analysis. London: Sage, pp. 134-156., a imagem não reflete a realidade, mas a constrói.

Palavras-chave:
identidades; alteridade; aprendizagem de segunda língua

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