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Comparação dos casos mais contrastantes: método pioneiro central na era da globalização

A comparison of the most different cases: a pioneer method in the era of globalization

Resumos

Este artigo trata da metodologia comparativa centrada nos casos mais contrastantes e mostra a utilidade crescente deste método no mundo atual, marcado pela escalada da globalização. O método dos casos mais diferentes foi desenvolvido nos anos sessenta, época em que se privilegiavam as abordagens estrutural-funcionalistas, que tendiam a mostrar a unicidade ou, pelo menos, a uniformidade das trajetórias de mudança ou de desenvolvimento das sociedades humanas. Esse método demonstrou, em contrapartida, a utilidade de uma ferramenta metodológica que se debruça sobre a pluralidade das formas sociais, tais como as do religioso, do comércio, da conquista, do trabalho, etc. Esse artigo busca situar as abordagens comparativas em termos de casos mais diferentes no contexto dos debates metodológicos contemporâneos sobre o comparatismo. Em seguida, propõe uma definição da globalização e dos mecanismos que explicam a transformação das condições da comparação em um mundo globalizado. Conclui-se, enfim, por uma avaliação das virtudes e dos limites das abordagens comparativas dos casos mais diferentes em um contexto de globalização.

Metodologia; Comparação; Globalização; Mecanismos


This article deals with comparative methodology, focused on the most different cases, and exposes the increasing usefulness of this method in today's world, which is characterized by the rise of globalization. The "most different cases" method was developed in the sixties, when structural-functionalist approaches were privileged because they tended to show unicity or, at least, the uniformity of the trajectories of change or the development of the human societies. It was this method that demonstrated the usefulness of a methodological tool that emphasizes the plurality of social forms, such as religion, trade, conquest, labor, etc... This paper intends to define the comparative approaches, as regards the most different cases, within the context of the contemporary methodological debates on comparativism. The article then proposes a definition of globalization and the mechanisms that explain the changes in the conditions of comparison in a globalized world. In the end, it concludes with an assessment of the merits and limitations of the comparative approaches of the most different cases within the context of globalization.

Methodology; Comparison; Globalization; Mechanisms


DOSSIÊ

Comparação dos casos mais contrastantes: método pioneiro central na era da globalização1 1 Agradeço a todos os participantes da jornada "Travail, précarisation et protection sociale dans les Amériques" [Université Paris Dauphine, 19 de janeiro de 2009] pelos comentários a uma versão preliminar deste artigo, particularmente a Donna Kesselman e Christian Azaïs. * * Tradução de Patrícia Chittoni Ramos Reuillard (UFRGS).

A comparison of the most different cases: a pioneer method in the era of globalization

Olivier Giraud

Centro Marc Bloc CNRS (Centre national de la recherche scientifique), Berlim

RESUMO

Este artigo trata da metodologia comparativa centrada nos casos mais contrastantes e mostra a utilidade crescente deste método no mundo atual, marcado pela escalada da globalização. O método dos casos mais diferentes foi desenvolvido nos anos sessenta, época em que se privilegiavam as abordagens estrutural-funcionalistas, que tendiam a mostrar a unicidade ou, pelo menos, a uniformidade das trajetórias de mudança ou de desenvolvimento das sociedades humanas. Esse método demonstrou, em contrapartida, a utilidade de uma ferramenta metodológica que se debruça sobre a pluralidade das formas sociais, tais como as do religioso, do comércio, da conquista, do trabalho, etc.

Esse artigo busca situar as abordagens comparativas em termos de casos mais diferentes no contexto dos debates metodológicos contemporâneos sobre o comparatismo. Em seguida, propõe uma definição da globalização e dos mecanismos que explicam a transformação das condições da comparação em um mundo globalizado. Conclui-se, enfim, por uma avaliação das virtudes e dos limites das abordagens comparativas dos casos mais diferentes em um contexto de globalização.

Palavras-chave: Metodologia. Comparação. Globalização. Mecanismos.

ABSTRACT

This article deals with comparative methodology, focused on the most different cases, and exposes the increasing usefulness of this method in today's world, which is characterized by the rise of globalization. The "most different cases" method was developed in the sixties, when structural-functionalist approaches were privileged because they tended to show unicity or, at least, the uniformity of the trajectories of change or the development of the human societies. It was this method that demonstrated the usefulness of a methodological tool that emphasizes the plurality of social forms, such as religion, trade, conquest, labor, etc...

This paper intends to define the comparative approaches, as regards the most different cases, within the context of the contemporary methodological debates on comparativism. The article then proposes a definition of globalization and the mechanisms that explain the changes in the conditions of comparison in a globalized world. In the end, it concludes with an assessment of the merits and limitations of the comparative approaches of the most different cases within the context of globalization.

Keywords: Methodology. Comparison. Globalization. Mechanisms.

No fundo, o que Kalidjaga e Lyusi têm em comum é o que os planetas e os pêndulos têm em comum: considerados à luz mais crua, são suas próprias diferenças que os ligam entre si". Essa frase extraída da formidável pequena obra de Clifford Geertz, Observando o Islã2 2 Islam Observed - Religious Development in Morocco and Indonésia (1971 [1968]). , ilustra perfeitamente o espírito das abordagens comparativas centradas nos casos mais contrastantes. Os dois líderes espirituais encarnam as formas específicas de relação com o religioso dessas duas sociedades, o Marrocos e a Indonésia, as mais diferentes entre si no vasto mundo muçulmano. Mesmo que esses personagens sejam separados por tudo - o conteúdo de sua doutrina, sua posição social, sua relação com o político, os modos de exercício de sua função, etc. -, eles se inscrevem em um mesmo fenômeno, sua ação tange a uma mesma gramática e constroi variantes da religiosidade muçulmana e de sua relação com os modos de vida do século. Construindo cada um à sua maneira os limites opostos de um mesmo espaço, esses dois homens trabalham a mesma força.

Entendido desse modo, o método comparativo centrado nos casos mais contrastados encontra-se no cerne do método em si mesmo. Comparar é criar ou utilizar categorias no sentido de classes, é encontrar diferenças pertinentes entre casos, ou assimilá-los, reduzi-los a universais (PASSERON, 1995). A estratégia comparativa centrada nos casos mais contrastantes explora os limites desse método: o que têm os casos X e Y realmente em comum? Em que aspecto o pertencimento ao mundo muçulmano torna a comparação entre a Indonésia e o Marrocos - por outro lado, separados por tudo - realmente interessante? O que poderia unir o federalismo suíço e o federalismo indiano? De que modo o mercado de trabalho canadense e o mercado de trabalho brasileiro podem ser correlacionados? Nesses diferentes exemplos, o interesse da comparação se deve ao confronto entre casos diferentes dentro de uma mesma categoria analítica. Essa operação provoca uma tensão na própria unidade da categoria "religiosidade muçulmana", "federalismo", ou "mercado de trabalho", que só pode ser resolvida através da reconstrução da própria categoria e da verificação de que mecanismos comensuráveis funcionam nessa categoria que admite uma grande diversidade. É justamente o trabalho de interrogação sobre os mecanismos mesmos de funcionamento dos fenômenos a serem estudados que constitui a força das abordagens centradas nos casos mais diferentes.

Ao longo desta contribuição, defenderei o interesse desse método comparativo na era da globalização. Tal método foi pioneiro, nos anos 1950/1960, época em que predominavam as comparações internacionais estrutural-funcionalistas que consideravam uma via única ou, em todo caso, uma via privilegiada do desenvolvimento das sociedades humanas (LICHBAC, 1997). Nesse contexto bem particular, esse método ousava afirmar o caráter crucial da diversidade, da pluralidade das culturas e, de modo mais amplo, das manifestações do social. Hoje em dia, quando estão sendo questionadas as grandes estruturas do social, mesmo as mais fundamentais, a riqueza do aporte dos trabalhos em termos de casos mais diferentes assume progressivamente um lugar central no campo do comparatismo contemporâneo.

Para refletir de modo útil sobre esse instrumento metodológico que é a comparação dos casos mais diferentes, parece necessário proceder em três etapas sucessivas. Em primeiro lugar, proponho situar a comparação dos casos mais contrastantes nas diversas famílias de abordagens comparativas. Essa primeira reflexão metodológica permitirá, principalmente, resgatar as regras da comparação em Ciências Sociais. Em segundo lugar, a globalização exerce uma influência sobre as condições nas quais se exerce a comparação internacional, participa das dinâmicas contemporâneas de questionamento das grandes estruturas do social e questiona, portanto, as "variáveis", as "dimensões" analíticas sobre as quais repousam as Ciências Sociais há décadas, sobretudo as comparações internacionais. Nisso, a globalização certamente constitui um desafio maior para as abordagens comparadas. Como conclusão, será então possível avaliar melhor as virtudes - mas também os limites - das abordagens em termos de casos mais diferentes, nesse contexto.

Situar as abordagens dos casos mais diferentes na família dos comparatismos

Há tantos usos da comparação quantas recomendações metodológicas sobre ela. Façamos um esforço para elencar os modos disponíveis de discriminar entre si as abordagens comparativas, antes de focalizar a problemática do método aqui escolhido, a comparação dos casos mais diferentes. Assim, poderemos ressituar melhor o lugar dessas abordagens no universo complexo das abordagens comparadas.

Na literatura, encontram-se pelo menos quatro modos dominantes de discriminar as abordagens comparativas. Primeiramente, pode-se distinguir as abordagens centradas nos casos das abordagens centradas nas variáveis. Em segundo lugar, as abordagens indutivas podem ser diferenciadas das dedutivas. Em terceiro lugar, é possível opor os métodos comparativos em função de seus usos. Em quarto lugar - e sem dúvida essa lista poderia ser ampliada -, diferenciam-se as abordagens centradas nos casos mais similares daquelas centradas nos casos mais diferentes.

A oposição entre as abordagens centradas nos casos e as abordagens centradas nas variáveis é, sem dúvida, a mais difundida atualmente (RAGIN, 1987; LECA, 1991). Distingue-se então uma lógica aprofundada, intensiva, qualitativa, mas que trabalha apenas com um pequeno número de casos, analisados à luz de um grande número de variáveis: trata-se da lógica centrada nos casos. Essa primeira lógica se opõe a uma segunda, agora centrada em poucas variáveis testadas em um grande número de casos, frequentemente com o auxílio de dados estatísticos.

Essa primeira oposição é bastante coerente com a segunda, aquela que distingue os métodos indutivos dos dedutivos. De fato, os trabalhos comparativos centrados nos casos se prestam pouco à análise dedutiva, que tem vocação generalizante. Em contrapartida, a análise fina e detalhada de um grande número de variáveis possibilitada pelo conhecimento aprofundado dos casos permite descobrir relações inesperadas, muitas vezes contextualizadas, entre variáveis, em uma lógica cientifica indutiva. Já a lógica centrada nas variáveis permite testar uma ou mais hipóteses de pesquisa à luz de um grande número de casos. O método dedutivo que busca a generalização se aplica então de modo útil (DOGAN; PELASSY, 1982).

A terceira modalidade de classificação das abordagens comparativas é aquela que as distingue em função de seus usos. Esse modo de classificação, com frequência chamado de "comparação das comparações" (WEST, 2003; GIRAUD, 2005; LALLEMENT, 2007), é sem dúvida, aquele que apresenta menos unidade, mas também é o que permite um distanciamento crítico dos métodos empregados e da problemática da comparação dentre os mais úteis. Distingue-se então uma série de famílias de trabalhos e de usos da comparação. Por exemplo, os estudos de casos, embora possam constituir aportes consideráveis à construção teórica, têm a qualidade principal de aperfeiçoar o conhecimento sobre os países, objetos, fenômenos analisados. A contribuição descritiva guia, em grande parte, o método comparativo adotado. Muitas vezes, essas abordagens também têm o objetivo - que coincide com a estratégia comparativa centrada nos casos - de compreender a lógica interna, a coerência dos modelos nacionais. Essas abordagens são então, acima de tudo, idiossincráticas (MAURICE; SELLIER; SILVESTRE, 1982). Mesmo que o caso já tenha sido evocado, deve-se retomálo, e certas pesquisas têm a vocação principal de contribuir para a elaboração teórica. Em Ciência Política, um grande número de trabalhos trata da análise do papel das instituições na explicação da mudança social. A escolha dos casos, das variáveis pertinentes e das teorias de referência é então determinada por essa lógica de elaboração científica (STREECK; THELEN, 2007). A seguir, existe um uso da comparação que se difunde cada vez mais em Ciências Sociais e cuja fortuna pode ser explicada pela orientação da "demanda social" ou da "encomenda pública" (frequentemente privada ou de natureza supranacional; basta lembrar o papel da União Européia ou da OCDE, por exemplo). Trata-se das comparações centradas nos problemas (PETERS; STEFFEN, 2005). Esse uso da comparação apresenta várias virtudes pragmáticas. Como acontece com bastante frequência na encomenda de trabalhos comparativos, busca-se compreender como diferentes sistemas sociais enfrentaram este ou aquele problema emergente - os sistemas de saúde diante dos desafios da AIDS, as finanças públicas e a internacionalização dos mercados financeiros, ou as agriculturas nacionais em face do surgimento dos transgênicos. Entretanto, esses trabalhos não têm apenas uma virtude "aplicada" que seria suficiente para lhes retirar toda a nobreza. Eles têm (por vezes) a virtude complementar de decompor os elementos constitutivos do problema analisado em uma série de questões - a decisão política, a vistoria, a implantação, a delegação de tarefas públicas a grupos privados etc. - que necessitam do aporte de um arcabouço teórico. Assim, essas abordagens apresentam a qualidade decisiva de interrogar a própria natureza do problema estudado. Em que aspecto a AIDs é um problema para os sistemas de saúde? O que é importante na relação entre a liberalização dos mercados financeiros e o funcionamento das finanças públicas? Quais são as dimensões problemáticas desses problemas?

Enfim, terminemos essa enumeração com a diferença entre as abordagens em termos de casos mais diferentes e de casos mais similares. A maioria dos trabalhos comparativos em Ciências Sociais privilegia uma abordagem em termos de casos mais similares. A estratégia de pesquisa escolhida consiste, com frequência intuitivamente, em selecionar casos considerados comparáveis porque possuem um grande número de características comuns, como no lado esquerdo do quadro 1, a seguir. Em contrapartida, os casos selecionados têm uma variação surpreendente na variável dependente, ou variável a ser explicada. Essas comparações seguidamente resultam de encomendas públicas. Busca-se conhecer as razões do índice de criminalidade menor do Canadá em relação aos Estados Unidos, ou da superioridade do sistema alemão de inovação sobre o sistema francês. Essas pesquisas, com frequência centradas nos casos, permitem uma análise aprofundada das configurações nacionais. Espera-se descobrir, seguindo uma análise indutiva, uma variável (ou, na maioria das vezes, um conjunto de variáveis) que apresente uma diferença e que possa explicar a variação da variável dependente. Em nosso exemplo (quadro 1), dois países com estruturas econômicas e formas de mercado de trabalho largamente similares apresentam índices de desemprego muito desiguais. A investigação permite que se descubra que, provavelmente, as estratégias de luta contra o desemprego, aplicadas pelo Estado, explicam uma boa parte da variação.


O método de pesquisa em termos de casos mais diferentes procede de uma lógica bem específica. Em primeiro lugar, essa abordagem é centrada na pertinência dos casos quanto a dois fenômenos que fazem sentido se tomados em conjunto. Em nosso exemplo, o interesse não é mais apenas no desemprego e em suas causas potencias, mas em uma problemática já construída, a dos vínculos entre abertura às trocas econômicas internacionais - comércio e investimentos - e desemprego. A seleção dos casos incide, aliás, precisamente sobre esse critério. Selecionam-se casos que apresentam um nível particularmente elevado de abertura econômica. A Dinamarca e os Países Baixos seriam bons exemplos. A situação do desemprego nesses países não é forçosamente um elemento determinante. Em compensação, a fim de submeter a um teste a variável "abertura ao comércio internacional", serão escolhidos casos que apresentam um grande número de diferenças estruturais em sua economia e seu mercado de trabalho. Assim, ao invés de escolher a Dinamarca e os Países Baixos, que apresentam muitas características comuns3 3 Apagamos voluntariamente as diferenças entre esses países e que se relacionam sobretudo à tradição social-democrata do Estado social na Dinamarca em relação a uma tradição mais conservadora nessa matéria nos Países Baixos. (pertencimento à União Europeia, forte tradição sindical, nível alto de qualificação da mão-de-obra etc.), se dará preferência ao confronto do funcionamento da variável "grande abertura da economia" da Dinamarca com o de Singapura ou da Coreia do Sul. É provável que a visualização de condições tão contrastantes dos efeitos de um alto nível de abertura da economia desvele mecanismos inesperados e particularmente instrutivos sobre os vínculos entre as variáveis consideradas.

O melhor exemplo de tal pesquisa é, sem dúvida, aquela levada a cabo por Clifford Geertz em Observando o Islã (GEERTZ, 1971). Nessa obra fundadora, Geertz levanta a questão do devir do fenômeno religioso em países muçulmanos em vias de modernização (construção de um Estado moderno, desenvolvimento econômico, transformação das estruturas sociais, etc.) na segunda metade do século XX, após sua independência. Para trabalhar nos limites, como permite o método dos casos mais diferentes, Geertz seleciona os casos mais contrastantes entre si no mundo muçulmano: o Marrocos, situado no norte da África e na extremidade ocidental das terras do Islã, e a Indonésia, situada no sudeste da Ásia e na extremidade oriental desse mundo. A época e as formas de conversão ao Islã, as modalidades de incorporação desse ensinamento religioso na cultura autóctone, as estruturas da sociedade, as formas de colonização a que foram submetidos... tudo separa esses dois universos. E, evidentemente, as formas religiosas são também muito contrastantes.

Theda Skocpol e Margaret Somers, em seu artigo clássico de contextualização das formas de comparações em Sociologia histórica (SKOCPOL; SOMERS, 1980), também citam a obra de James Lang, Conquest and Commerce (LANG, 1975). Nessa obra, Lang se interessa pela diversidade das estratégias dos países europeus que se instalaram em solo americano. Optando pela Inglaterra e Espanha em detrimento de Portugal e França, o autor escolhe os casos mais contrastantes do ponto de vista das categorias que lhe interessam. Com efeito, opõe os projetos de presença europeia na América por motivo de conquista, de controle e de exploração política, à presença europeia na América por razões comerciais. O perfil da presença espanhola corresponde claramente ao primeiro projeto, ao passo que o perfil da presença inglesa pertence ao segundo. As presenças portuguesa e francesa não se apresentam, em relação a essas duas categorias, tão claramente contrastantes e, por isso, não são verdadeiramente representativas da diversidade das situações em questão.

A estratégia comparativa dos casos mais contrastantes tem o objetivo simultâneo de isolar casos representativos de uma diversidade de situações e trabalhar com casos que apresentem configurações claras, que propiciem a aplicação de testes de modo convincente. A seleção desses casos "extremos" - por exemplo, o Marrocos e a Indonésia - tange, acima de tudo, a um método de economia de recursos. Os autores esperam que casos tão contrastantes possam revelar fatores causais ou configurações de fatores bem particulares, que permitam assim "neutralizar" ao máximo o efeito das variáveis atinentes ao fenômeno a ser explicado. A Indonésia e o Marrocos são, com efeito, dois países muçulmanos; porém, por trás desse ponto em comum, perfila-se um grande número de diferenças que poderão assumir seu lugar em relação ao pertencimento comum inicial. Nesse caso, as diferenças aqui são desejadas de modo particular porque podem encerrar mecanismos causais inesperados. O contexto geopolítico, o nível de desenvolvimento, a herança histórica e institucional da potência colonial, as tradições culturais e políticas do país poderão potencialmente emergir como elementos essenciais na explicação das diferenças de trajetórias desses países.

No fundo, esses trabalhos permitem ilustrar a pluralidade, a diversidade das situações sociais e dos contextos culturais. Nisso, são representativos do interesse marcado pela pluralidade do social que Clifford Geertz manifesta em sua obra (CEFAÏ, 2007). Neste caso, encarar a pluralidade permite igualmente abarcar a complexidade dos mecanismos de base do funcionamento de um fenômeno a ser explicado ou, pelo menos, estudado.

A comparação diante da globalização

Em que a globalização deveria constituir um obstáculo para a comparação internacional? Não se poderia ver a comparação, ao contrário, como uma oportunidade maior de renovação dos trabalhos comparativos? A fim de considerar claramente essas hipóteses, convém retomar uma definição, mesmo sumária, da globalização em si mesma.

Ainda que a realidade da globalização tenha sido contestada por numerosos autores (FLIGSTEIN, 1997; HIRST, THOMPSON, 1996), definições precisas da globalização impuseram-se progressivamente, em função de uma série de fenômenos ou de mecanismos. Para David Held, "a globalização remete a esses processos espaciais e temporais de mudança que fundamentam as mutações da organização das questões humanas, relacionando e estendendo a atividade humana entre as regiões e os continentes" (HELD et al, 1999, p. 15). A globalização se manifesta de acordo com um mecanismo principal: alimentada por uma "erosão das imposições de espaço e de tempo sobre as formas das interações sociais, a globalização abre a possibilidade de novos modos de organização transnacionais, como redes globais de produção, redes terroristas ou regimes globais de regulação" (HELD; MCGREW, 2002, p. 7). Jean-François Bayart opta, por sua vez, pela definição simples e eficaz de Robert Ropertson: "A globalização, como conceito, remete à compressão do mundo e, ao mesmo tempo, à consciência do mundo enquanto totalidade" (BAYART, 2004, p. 20).

Uwe Schimank evoca, mais exaustivamente um processo que se decompõe em quatro mecanismos precisos (SCHIMANK, 2004). A "globalização das interações", isto é, de todo tipo de contatos - privados, profissionais ou outros -, entre indivíduos, organizações e movimentos, é o primeiro desses mecanismos. Deve-se ressaltar que os fluxos são hoje em dia muito mais diversificados do que outrora: por exemplo, turistas chineses se precipitam hoje nas cidades europeias, grandes empresas ocidentais são compradas - como a IBM, por um concorrente chinês, ou a siderúrgica Arcelor, por um concorrente indiano -, o que supõe a transferência de executivos desses "países do Sul" para grandes cidades do Norte. Em segundo lugar, a globalização das "cadeias de consequências" remete a um grande aumento das interdependências entre sistemas sociais, situados inclusive a distâncias geográficas consideráveis ou pertencentes a setores diferentes: o meio ambiente, o trabalho e a proteção social estão, por exemplo, potencialmente ligados por fortes cadeias de interdependência, que se estendem por todo o planeta. A terceira dinâmica da globalização é a que remete à "globalização das orientações culturais". Essa forma de globalização concerne não somente a valores políticos - os direitos humanos ou as novas formas de religiosidade -, mas também a práticas e outras orientações culturais, tais como os fast-foods americanos ou o cinema de Bollywood. Este exemplo não é anedótico, mas uma nova referência à multiplicação dos fluxos, característica da globalização. Enfim, a última dimensão é a da "globalização da consciência" ou, mais exatamente, da consciência da globalização. Os atores políticos, econômicos e sociais estão cada vez mais conscientes das importantes transformações de natureza nas interações, interdependências, identidades e pertencimentos evocados e também do potencial político dessas interdependências. Esse mecanismo remete à ideia de uma cena política global sobre a qual se constroi, senão uma opinião ou uma consciência política global, pelo menos um espaço global de apresentação, de confronto, de cotejo de relatos, de interpretações do mundo, que têm vocação global.

Esses quatro mecanismos pertinentes poderiam ser reformulados da seguinte maneira. A globalização supõe

• um crescimento em intensidade e em extensão das trocas entre zonas e culturas do mundo;

• uma multiplicação dos fluxos de trocas;

• um forte aumento das interdependências;

• uma dinâmica de globalização das culturas que assume a forma de um aumento dos interconhecimentos e das interpenetrações recíprocas das culturas;

• o nascimento e o fortalecimento de uma consciência política da existência de uma cena global de confronto de relatos de alcance global.

A partir dessa definição, quais podem ser as consequências do movimento de globalização sobre o método comparativo? Podem ser pelo menos três, mas correlacionadas. Em primeiro lugar, a globalização recoloca com vigor o problema da independência dos casos, ou problema de Galton. Em segundo, a globalização levanta a questão da manutenção da esfera nacional como uma esfera pertinente da comparação internacional. Em terceiro e último lugar, a globalização levanta a questão das escalas da análise comparada.

Primeiramente, o problema de Galton (BRAUN; GILARDI, 2006): pouco discutido em Ciências Sociais, remete entretanto à importante questão da autocorrelação ou da independência dos casos. Criticando os trabalhos de um antropólogo que trabalhara sobre a instituição do matrimônio em 350 culturas do mundo, Francis Galton mostrou que não se podia comparar entre si casos submetidos a uma influência recíproca, pois não se controlaria mais a unidade - ou a independência - dos casos estudados. É o mesmo que comparar o domínio das novas tecnologias demonstrado pelos executivos de uma mesma empresa, desconsiderando que todos eles se beneficiaram das mesmas formações por meio de sua empresa. Os problemas que surgem são então aqueles de correlações "ecológicas" no sentido original do termo: as correlações se devem ao pertencimento de todos os atores analisados ao mesmo meio (PRZEWORSKI; TEUNE, 1970).

Assim, a globalização, por ampliar as interdependências entre os países e a divulgação dos modelos de políticas ou de gestão de setores inteiros, ou por favorecer a difusão de modelos culturais entre as sociedades, aumenta a intensidade do problema da independência dos casos. Se as unidades nacionais são submetidas a influências políticas recíprocas, por exemplo, no âmbito de organizações regionais como a União Europeia, então a comparação entre elas é muito difícil. A regionalização, como uma das manifestações da globalização, reforça o pertencimento dos diferentes países do mundo a um "meio" comum, e atenua cada vez mais a independência dos casos.

Em segundo lugar, a globalização leva ao questionamento da pertinência da esfera nacional como esfera "natural" da comparação internacional. A esfera nacional pareceu evidente, por muito tempo, porque cumpre uma tripla função (GIRAUD, 2005). Ela serve, em primeiro lugar, de quadro de referência à formulação dos problemas públicos. Na maior parte dos países, as instituições, empresas - principalmente a imprensa e os meios de comunicação - e os atores coletivos - partidos, sindicatos, associações - que preenchem essa função de formulação dos problemas públicos se inscrevem prioritariamente na esfera nacional. A esfera nacional é também a esfera privilegiada de tratamento dos problemas públicos. Partindo de instituições púbicas, nacionais ou descentralizadas, ou de grupos privados de toda natureza, a ação pública, definida na esfera nacional, realiza-se igualmente nesse âmbito. De fato, todas as grandes instituições de socialização política estão tradicionalmente inscritas na esfera nacional. A escola, a família, mas também os partidos, os símbolos públicos, o discurso sobre a história, o movimento operário, as classes sociais, asseguram o essencial dessa função de formação dos cidadãos, dos indivíduos que participam da vida política, através dos pertencimentos coletivos.

A globalização age sobre cada uma dessas funções. Em primeiro lugar, debates transnacionais são cada vez mais importantes. São conduzidos por organizações internacionais (OCDE, Banco Mundial, União Européia etc.), mas também por atores ou organizações transnacionais (grupos privados internacionais, associações internacionais, como Greenpeace ou Amnesty International, ou redes religiosas - nesse sentido, a globalidade da Igreja Católica é um elemento bem antigo de grande modernidade). Desse ponto de vista, os problemas públicos, seus modos de formulação, os indicadores que permitem fazer diagnósticos, as receitas e instrumentos de ação pública etc., difundem-se hoje em dia de maneira mais marcada do que outrora. Formulação e tratamento dos problemas públicos encontram-se assim envolvidos nesse movimento de internacionalização. A socialização dos atores também. Os modelos sociais, as referências culturais não se constroem e não se difundem mais somente na esfera nacional, mas são objeto de trocas e de difusões em todo o planeta (ASSAYAG, 2005). Esses modelos remetem a imagens estereotipadas: o yuppie, seu Blackberry e seu terno sob medida; o devoto muçulmano barbudo, vestido com um djelabba e calçando tênis; o militante altermundialista e a cultura musical, festiva e política que o acompanha; a jovem vestida com acessórios de moda das grandes marcas; o esportista que sonha com contratos publicitários e transferências etc. Entretanto, essas imagens também veiculam referências profissionais, culturais, religiosas, formas de socialização; indicam trajetórias de vida; inscrevem os indivíduos em esferas sociais que tendem a emancipálos largamente das instituições e quadros nacionais. As instituições nacionais de socialização são, enfim, aquelas que parecem enfrentar hoje - justamente devido a seu caráter nacional? - as maiores crises. A sociologia da desinstitucionalização (DUBET, 2003) indica claramente isso, assim como a da crise das identidades (DUBAR, 2000). As identidades de classes, de grupos profissionais ou ligadas a status se desfazem cada vez mais. A inscrição nacional dessas afiliações sociais é especialmente invocada.

Em terceiro lugar, as transformações em questão intervêm em escalas diversas. Por escala, não se entende aqui, ainda que isso esteja em parte correlacionado, as focais de análise do social. As escalas são primeiramente compreendidas como continentes - com frequência territoriais, mas também por setor ou por problema - nos quais o social se inscreve. Seja por meios organizacionais ou discursivos, o social se manifesta de fato em esferas que o fazem existir e que ele contribui para constituir. Os processos em andamento são, assim, eminentemente interativos. As instituições constituem, desse modo, esferas de interações que influenciam os atores sociais; ao mesmo tempo, essas instituições, sua ação, seu próprio perímetro de ação, dependem igualmente das formas das interações ou redes sociais que se constroem em seu interior.

A globalização submete essas escalas, esses espaços de ação social ou de ação pública a uma abertura, na maioria das vezes, para cima... Os espaços nacionais se abrem às ideias, às influências, às trocas internacionais. Porém essa abertura intervém, acima de tudo, por intermédio de atores transmissores da internacionalização, da globalização. Os atores, graças às suas culturas, migrações, pertencimentos a redes, a sistemas, a organizações etc., ou então graças às referências que veiculam, são os vetores essenciais da globalização. Presentes em todos os níveis da vida coletiva, do micro ao global, os atores, devido a suas inscrições a afiliações multiníveis, são os artesãos essenciais da interpenetração das escalas. A globalização exprime bem a interpenetração entre local e global e frequentemente é retomada na literatura. Sem dificuldade, poderíamos declinar a mesma ideia de interpenetração entre local, global e regional ou nacional entre si.

Assim, a imagem que surge da recomposição dos quadros de comparação das esferas nacionais e das escalas de análise está de acordo com aquela do mundo em migalhas, evocada por Daniel Cefaï (2007) a partir dos últimos trabalhos de Clifford Geertz (2000). As grandes estruturas do social se decompõem diante de nossos olhos. As afiliações e culturas coletivas - institucionais, profissionais, de classes, de gênero etc. -, as fronteiras nacionais, e também as escalas nas quais o social toma forma são igualmente desestabilizadas pelas transformações profundas que afetam o mundo contemporâneo.

Esse mundo em migalhas seria, no entanto, um mundo em que as comparações, principalmente as comparações internacionais, tornaram-se impossíveis?

Conclusão

O pluralismo das formas sociais, que Clifford Geertz afirmava de modo pioneiro já nos anos 1960, é hoje uma evidência. Desde os anos pós-guerra, marcados pela crença na uniformidade das funções, das estruturas e das organizações do social, ele mostrou o vigor da pluralidade que povoa as categorias abrangentes, como o Islã, o "religioso", ou o fato colonial... Através do método comparativo inovador que aplicava aos casos do Marrocos e da Indonésia em Islam Observed, Geertz nos convidava a questionar os pertencimentos a universos naturalizados e também a interrogar o funcionamento mecânico ligado a certas noções e conceitos. Esse trabalho de leitura aprofundada dos casos permite ainda mostrar que eles formam sistemas próprios e coerentes. Para Geertz, os casos são, com certeza, entidades idiossincráticas, mas sempre é possível correlacioná-los uns aos outros. Comparando os destinos dos religiosos, assim como os planetas e os pesos dos pêndulos, redescobrem-se e repensam-se os vínculos que fundamentam os pertencimentos. Assim, a diferença é não somente ilustrativa e descritiva da diversidade do mundo social, mas também heurística. Estendendo uma categoria a suas fronteiras externas, seus limites, descobrem-se os mecanismos, frequentemente inesperados, que embasam a coerência dos diferentes casos. Os dispositivos comparativos que desmembram os casos em uma série de variáveis e de pertencimentos em cascata, cujo sentido nem sempre se domina, ou ainda as assimilações rápidas de universais a mecanismos sociais - o Islã assimilado a uma forma de religiosidade precisa, por exemplo - sofrem uma crítica não explícita, mas pouco velada.

A globalização prejudica a independência dos casos, a pertinência das esferas nacionais, e mistura as escalas como esferas de aparecimento do social. Ela subverte, assim, as condições de exercício da comparação internacional. De fato, nesse nível surgem os fenômenos sociais cujos determinantes são locais, nacionais, globais; nesse nível, se apreendem as disposições, as composições mais diversas entre as ordens sociais; nesse nível, enfim, os atores - do trabalho, da pesquisa, do atendimento, da criação, da performance esportiva, ou as vítimas da exclusão social etc. - estão na fase da ação social e ativam, compõem eles mesmos as disposições, a interpenetração entre as escalas aqui evocadas. É verdade que essa forma de construção dos objetos de pesquisa apresenta uma série de vantagens, mas nem por isso esgota o conjunto dos objetos ou as temáticas pertinentes de pesquisa.

O método dos casos mais diferentes surge, nesse contexto, como um método de pesquisa que apresenta três vantagens de fundo. Primeiramente, ele permite abarcar a diversidade das organizações sociais e até mesmo das formas do social. Método qualitativo, indutivo, centrado nos casos, liga-se sem dúvida à família das abordagens comparativas idiossincráticas. Em segundo lugar, esse método permite interrogar em profundidade os mecanismos relacionados a noções frequentemente naturalizadas, como a religião, mas poderia se aplicar à concorrência econômica, ao contrato, às formas de inovação, à educação como investimento produtivo etc. Permitindo reconstruir as dimensões, os perímetros, as implicações dessas noções a partir de configurações nacionais bem distintas, a abordagem dos casos mais diferentes cria oportunidades particularmente ricas para descobrir os mecanismos pertinentes do funcionamento dos fenômenos estudados. Enfim, em terceiro e último lugar, o método dos casos mais contrastantes possibilita uma análise aprofundada dos casos, principalmente da questão dos cotejos entre as estruturas e os atores que fomentam, que são os vetores dessas estruturas. Nisso, em uma perspectiva coerente com os trabalhos em termos de regulação em Sociologia (REYNAUD, 199BB) ou em Ciência Política (MAYNTZ; SCHARPF, 1995; JOBERT, 1998), as comparações em termos de casos mais contrastantes permitem entender o caráter multiescalar dos fenômenos sociais. Se a inscrição em um único continente social - o bairro, a profissão, a etnia, a circunscrição administrativa, o pólo de emprego etc. - revela-se cada vez menos suficiente para justificar ou explicar formas de interações sociais, então a focalização da análise nos atores deve se relacionar a quadros cada vez mais diferenciados. A análise das lógicas contemporâneas da pluralidade das ordens sociais (quando elas existem) passa assim pelo estudo dos laços que unem o percurso do singular em esferas coletivas. O trabalho nos limites abre então o campo da pesquisa, libera espaços, deixa entrar uma luz mais viva e permite finalmente ver melhor.

Referências

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Recebido: 27/01/2009

Aceite final: 27/02/2009

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  • *
    Tradução de Patrícia Chittoni Ramos Reuillard (UFRGS).
  • 1
    Agradeço a todos os participantes da jornada "Travail, précarisation et protection sociale dans les Amériques" [Université Paris Dauphine, 19 de janeiro de 2009] pelos comentários a uma versão preliminar deste artigo, particularmente a Donna Kesselman e Christian Azaïs.
  • 2
    Islam Observed - Religious Development in Morocco and Indonésia (1971 [1968]).
  • 3
    Apagamos voluntariamente as diferenças entre esses países e que se relacionam sobretudo à tradição social-democrata do Estado social na Dinamarca em relação a uma tradição mais conservadora nessa matéria nos Países Baixos.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Ago 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 2009

    Histórico

    • Aceito
      27 Fev 2009
    • Recebido
      27 Jan 2009
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