Este artigo aborda o papel da narração no processo de negociação com a infertilidade, entendida como uma ruptura no curso vital projetado, e faz parte de uma investigação maior em que se indagou na Argentina sobre o recurso à reprodução assistida como resposta à infertilidade entre dois grupos de mulheres com dificuldades reprodutivas (eleitoras e não eleitoras de tratamentos procriativos). Recorrendo a uma metodologia qualitativa exploratória, a análise mostra que a narração é central para amortecer o caráter "inesperado" da infertilidade, reinscrever a mulher nos parâmetros hegemônicos do gênero feminino, tramitar os sentimentos de injustiça e negociar uma nova posição em face do entorno. Ao mostrar o importante papel da narração na construção social da infertilidade, este artigo procura trazer uma contribuição a um terreno escassamente explorado na Argentina.
narração; infertilidade; reprodução assistida; negociação; Argentina