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Sobre os obstáculos discursivos para a atenção integral e humanizada à saúde de pessoas transexuais1 1 Sou grato à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de doutorado sanduíche (processo BEX 8266/13-1) que possibilitou o desenvolvimento de parte da pesquisa relatada aqui. Uma versão preliminar desse trabalho foi apresentada no I Seminário Internacional Desfazendo Gênero, realizado em Natal em 2013. Agradeço as sugestões e críticas compartilhadas com Fátima Lima, Viviane V., Hailey Kaaz, André Guerreiro, Mariah Rafaela da Silva, Elizabeth Sara Lewis, Jorge Leite Jr. e Flávia Teixeira. Também sou grato aos/às participantes do grupo de pesquisa Research Workshop in Language and Literacy da King's College London pela leitura aguçada e crítica de meu trabalho, especialmente Ben Rampton, Guy Cook, Alexandra Georgakopoulou e Roxy Harris.

On the discursive obstacles for a comprehensive and humanized trans-specific healthcare

Acerca de los obstáculos discursivos para la atención integral y humanizada de la salud de personas transexuales

Este artigo problematiza alguns obstáculos discursivos para o cuidado integral e humanizado à saúde de pessoas transexuais no Processo Transexualizador brasileiro. Para tanto, faz-se o cotejamento das experiências de Agnes, uma participante da Clínica de Gênero da UCLA na década de 1950, e Vitória, atual usuária de um dos programas de transgenitalização brasileiros, com instâncias classificadoras. Argumenta-se que, embora estejam temporal e geograficamente distantes, Agnes e Vitória engajam-se em performances identitárias muito semelhantes balizadas por uma política narrativo-essencialista que patologiza e homogeneíza as transexualidades. Defende-se que tal política pode ser desafiada por microrresistências narrativo-performativas, i.e., histórias de vida que mostrem às instâncias classificadoras/diagnosticadoras in situ as multiplicidades que constituem nossa vida generificada e possam, enfim, produzir, performativamente, novos regimes identitários em consonância com a fragmentação que nos é constitutiva. Com isso, argumenta-se que a despatologização da transexualidade é central para a construção de relações intersubjetivas entre equipes médicas e usuários/as transexuais baseadas em confiança mútua, salientando, assim, seu potencial para a humanização do cuidado à saúde.

Processo Transexualizador; análise do discurso; humanização; integralidade; despatologização


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