Acessibilidade / Reportar erro

A Justiça Restaurativa: multidimensionalidade humana e seu convidado de honra

Resumos

O presente trabalho traz os postulados teóricos da Justiça Restaurativa em sua matriz originária, a partir de um objetivo de alternativa de sociabilidade e incluso neste processo uma juridicidade autóctone e emancipatória. Fazendo-se como um processo complexo de construção social democrática e dialogal, voltada ao presente e ao futuro, assim como também de resgatar os laços sociais e de solidariedade, pautado pelo princípios de coprodução e do contato - inter-relacionamento e interdependência. Assim, se analisa em que contexto jurídico, fatico e epistemológico se insere a necessidade de irrupção de dinâmicas alternativas de sociabilidade e de resolução de conflitos. Partindo-se ainda do pressuposto teórico que é prescindir do Estado, que deixa de ser o órgão central da estrutura social e regulatória, para se tornar, na melhor das hipóteses, contribuinte de uma dinâmica sócio e culturalmente construída de emancipação e sociabilidade.

Justiça Restaurativa; Justiça Comunitária; Cidadania Como Poder; Resolução Alternativa de Conflitos; Sociabilidade Emancipatória


This paper presents the theoretical postulates of Restorative Justice in its original matrix, from an objective alternative sociability and this process included an autochthonous legality and emancipatory. Making as a complex process of social democratic and dialogical construction, facing the present and future and also to rescue the social ties and solidarity, guided by the principles of co-production and contact - inter-relationship and inter-dependence. Thus, when analyzing the legal, factual and epistemological fits the need of eruption dynamics of sociality and alternative dispute resolution. Based on the theoretical assumption that still is disregard of the state, it ceases to be the central organ of the social structure and regulatory framework, to become, at best, contributing to a dynamic and culturally constructed social emancipation and sociability.

Restorative Justice; Community Justice; Citizenship and Power; Alternative Dispute Resolution; Emancipatory Sociability


  • ARENDT, H. On Violence New York: Schocken Books,1969.
  • ______. The human condition Chicago: University of Chicago Press, 1958.
  • BARATTA, A. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Freitas Bastos/ Instituto Carioca de Criminologia, 1999.
  • _______. La Niñez Cómo Arqueología del Futuro. In: UNICEF. Justicia y Derechos del Niño, n. 9. Santiago/Chile, 2007, p. 7-15.
  • BECKER, H. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Tradução de Maria Luiza Xavier Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
  • BOYES-WATSON, C. The value of citizen participation restorative/community justice: Lessons. Criminology and Public Policy 3(4), 2004.
  • BRAITHWAITE, J. Crime, shame and reintegration Cambridge, MA: Cambridge University Press, 1989.
  • ______. Emancipação e Esperança. In: SLAKMON, C. et al (Org.). Novas direções na governança da justiça e da segurança Brasília-DF: Ministério da Justiça, 2006b. p. 389-410.
  • ______. Entre proporcionalidade e a impunidade: confrontação-verdade-prevenção. In: SLAKMON, C. et al (Org.). Novas direções na governança da justiça e da segurança Brasília-DF: Ministério da Justiça, 2006a. p. 371-388.
  • BUBER, M. I and Thou (Classics ed.). New York: Scribner, 1986.
  • CHRISTIE, N. Conflict as property The British Journal of Criminology, 17, 1977. p. 1-15.
  • ELLIOTT, E.; GORDON, R. M. New directions in restorative justice: proactice, evaluation. Vancouver: Cullompton: Willan, 2005.
  • FOLLETT, M. P. The new state: group organization - the solution of popular government. University Park, PA: Pennsylvania State University Press, 1998.
  • GRAY, B.; LAUDERDALE, P. The great circle of justice: North American indigenous justice and contemporary restoration programs. Contemporary Justice Review, 10(2):215-225, 2007.
  • HULSMAN, L. Peines Perdues Le system penal en question. Paris: Le Centurion, 1993.
  • JACCOUD, M. Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa. In: Justiça Restaurativa Brasília: Ministério da Justiça / Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005. p. 163-188.
  • LAFER, C. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
  • LEAL, J; MACHADO, L. F. Acesso à justiça: perspectivas críticas a partir da justiça comunitária andina. Anais do Encontro Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Direito (CONPEDI), Belo Horizonte, 2011, p. 220-247.
  • MORRISON, B. Justiça Restaurativa nas Escolas. In: Justiça Restaurativa Brasília: Ministério da Justiça/ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2005, p. 295-319.
  • PALLAMOLLA, R. P. Justiça Restaurativa: da teoria à prática. São Paulo: IBCRIM, 2009.
  • RAMOS, A. G. The New Science of Organizations: a reconceptualization of the wealth of nations. Buffalo, NY: University of Toronto Press, 1981.
  • ROSS, R. Return to teaching: exploring aboriginal justice. Toronto: Penguin Books, 1996.
  • SALM, J. B. Co-produced restorative justice: the possibility of implementing restorative justice principles in South Brazil. Arizona State University, Tempe, AZ, 2009.
  • SALM, J. B.; STOUT, M. What restorative justice might learn from administrative theory. In: Contemporary Justice Review, v. 14, n. 2, p. 203-254, 2011.
  • SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000.
  • ______. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.
  • ______. Introdução a uma ciência pós-moderna Rio de Janeiro: Graal, 1989.
  • ______. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1990.
  • ______. Sociología jurídica crítica: para un nuevo sentido común en el Derecho. Madrid/España - Bogotá/Colombia: Editorial Trotta / ILSA, 2010.
  • ______. Um discurso sobre as ciências Porto: Edições Afrontamento, 1987.
  • SLAKMON, C.; OXHORN, P. Micro-justiça, desigualdade e cidadania democrática: a construção da sociedade civil através da justiça restaurativa no Brasil. In: SLAKMON, C. et al (Org.). Justiça Restaurativa Brasília: Ministério da Justiça/ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2005, p. 189-211.
  • ______. O poder da atuação dos cidadãos e a micro-governança da justiça no Brasil. In: SLAKMON, C. et al (Org.). Novas direções na governança da justiça e da segurança Brasília: Ministério da Justiça, 2006, p. 31-57.
  • WEBER, M. Economy and society: an outline of interpretive sociology. New York: Bedminster Press, 1968.
  • WHITAKER, G. Coproduction: citizen participation in service delivery. Public Administration Review, 40 (3), 1980, p. 240-246.
  • YOUNG, J. A sociedade Excludente: exclusão social, criminalidade e diferença na modernidade recente. Rio de Janeiro: ICC/Revan, 2002.
  • ZEHR, H. Avaliação e princípios da Justiça Restaurativa. In: Novas direções na governança da justiça e da segurança Brasília: Ministério da Justiça, 2006. p. 411-417.
  • ______. Changing Lenses: a new focus for crime and justice. Waterloo, Canada: Herald Press, 1990.
  • ______. The little book of restorative justice Intercourse, PA: Good Books, 2002.
  • ZEHR, H; TOEWS, B. (Ed.). Critical issues of restorative justice New York: Criminal Justice Press, 2004.
  • ______. Maneiras de conhecer para uma visão restaurativa de mundo. In: Novas direções na governança da justiça e da segurança Brasilia: Ministério da Justiça, 2006. p. 419-432.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Jul 2012

Histórico

  • Recebido
    14 Dez 2011
  • Aceito
    08 Abr 2012
  • Revisado
    07 Mar 2012
Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Jurídicas, Sala 216, 2º andar, Campus Universitário Trindade, CEP: 88036-970, Tel.: (48) 3233-0390 Ramal 209 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: sequencia@funjab.ufsc.br