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Processo de trabalho e sofrimento psíquico de médicos da atenção primária na pandemia do covid-19

Resumo

A organização e o processo de trabalho são espaços privilegiados para reconhecer as forças que levam ao sofrimento psíquico. Este artigo pretende analisar as percepções de médicos(as) da atenção primária à saúde, que atuam no Programa Mais Médicos, sobre as relações entre sofrimento psíquico e processo de trabalho, no contexto da pandemia do coronavirus. Esta pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso, utilizando métodos e técnicas qualitativas para a coleta, descrição e análise dos dados. Foi selecionada uma amostra intencional em conformidade com a técnica de saturação teórica. A coleta de informações foi realizada com ajuda de entrevistas semiestruturadas, seguindo um roteiro construído para atender aos objetivos desta pesquisa. A análise do discurso dos entrevistados articulou categorias de análise extraidas de cinco eixos temáticos que têm pontos de articulação entre si, com consensos e contradições que dão sentido às visões e posições dos atores no campo da saúde. Os resultados evidenciaram a pandemia como catástrofe sanitária e traumática, redimensionando o processo de trabalho e contribuindo para a sobrecarga, conflitos, medo, sentimento de desamparo e sofrimento psíquico. Inúmeras carências, problemas de infraestrutura, burocracia, interferências políticas, descompasso entre a formação e a prática também contribuiram para esse sofrimento.

Palavras-chave:
Trabalho; Sofrimento Psíquico; Pandemia; Atenção Primária à Saúde; Médicos

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