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O estado do corpo imigrante e o corpo do Estado: negociações na interface1 1 Uma versão anterior, intitulada “Maternidade estudantil cabo-verdiana em Portugal: um olhar sobre a politização dos corpos individuais e comunitários” foi apresentada na conferência internacional FCT/CAPES “11 Políticas Públicas, vulnerabilidades e risco: tecnologias de cidadania e inclusão social nas sociedades contemporâneas”, 19 outubro 2011, Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE).Pesquisa financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Por meio de uma análise etnográfica das interfaces sociais entre agentes do Estado e estudantes cabo-verdianos em Portugal, observadas através da observação participante em consultas médicas, em trabalho social, no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e no serviço jurídico de apoio ao imigrante, este artigo pretende examinar as práticas disciplinares do Estado e as negociações e lutas de poder que ocorrem. Os casos etnográficos discutidos demonstram como a ideia de um Estado neutro e justo que trata todos os cidadãos em pé de igualdade é simultaneamente reproduzida e negada na prática, elucidando como o Estado constitui um símbolo de união de uma efetiva desunião. Os exemplos etnográficos também apontam para outras dimensões da prática do Estado, além dos micropoderes disciplinares, onde se cria espaço para flexibilidade e adaptação. E é nesse sentido que etnografias das interfaces entre Estado e cidadão servem para relativizar interpretações excessivamente sistemáticas da governamentalidade, ilustrando como os efeitos das práticas contraditórias do Estado são tão imprevisíveis como a ação humana.

Estado; Imigração; Cabo Verde; Governamentalidade


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