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Linfadenomegalia torácica como manifestação predominante de paracoccidioidomicose

IMAGENS EM DIP

Linfadenomegalia torácica como manifestação predominante de paracoccidioidomicose

Cláudia Yrlanda SimonI; Cleudson Nery de CastroI,II; Gustavo Adolfo Sierra RomeroI,II

IServiço de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Área de Clínica Médica do Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF

IINúcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília, Brasília, DF

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Prof. Gustavo Romero Núvleo de Medicina Tropical/UnB Campus Universitário Darcy Ribeiro Caixa Postal 04-517 70919-970 Brasília, DF, Brasil Tel: 55 61 3273-5008 Fax: 55 61 3273-2811 E-mail: gromero@unb.br

A paciente de 23 anos, procedente de Araxá, MG, informava aumento de linfonodos cervicais axilares e inguinais de dois meses de evolução. Associou-se ao quadro tosse com expectoração esbranquiçada e no último mês febre noturna e perda ponderal. Negava dispnéia, queixas urinárias ou gastrointestinais. Ao exame, apresentava-se em regular estado geral, hipocorada, febril e com murmúrio vesicular rude bilateral. Constataram-se linfonodos cervicais, supraclaviculares, poplíteos, axilares e inguinais móveis, endurecidos e dolorosos (1 a 4cm). Um linfonodo cervical tinha sido submetido à biópsia e diagnosticado como criptococose ganglionar no serviço que realizou o encaminhamento. O abdome era normal. À internação apresentava leucocitose, hemoglobina de 9,6g/dl, BAAR do escarro e PPD negativos, ecografia abdominal normal e radiografia do tórax com imagens hilares densas (Figura 1). A suspeita de paracoccidioidomicose conduziu à revisão da biópsia, cujo resultado definitivo demonstrou a infecção por Paracoccidiodes brasiliensis. A reação sorológica por imunodifusão dupla em gel (ID) revelou positividade para paracoccidiodomicose com reação negativa para histoplasmose. Recebeu alta hospitalar com prescrição de itraconazol, continuando o acompanhamento ambulatorial mensal. Teve evolução satisfatória, tornando-se assintomática um mês após a introdução do itraconazol, permanecendo com evidência de adenomegalia hilar até o terceiro mês de tratamento (Figura 2). A ausculta respiratória foi normal após seis meses e as adenomegalias desapareceram oito meses depois. Um ano após, finalizou o tratamento com desaparecimento completo dos sinais e sintomas, queda dos títulos de anticorpos na ID e melhora radiológica notável (Figura 3). Apresentou a primeira ID não reagente 33 meses após interrupção do tratamento, recebendo alta do acompanhamento ambulatorial um ano depois.




A peculiaridade da apresentação refere-se ao acometimento linfonodal mais importante e notável na região intratorácica quando comparado com o acometimento das outras cadeias, sem sinais de gravidade e de infiltrados pulmonares relevantes, em uma mulher pós-púbere cuja resposta ao tratamento foi excelente o que difere da apresentação da forma juvenil clássica.

REFERENCES

1. Blotta MHSL, Mamoni RL, Oliveira SJ, Nouer AS, Papaiordanou PMO, Goveia A, Camargo ZP. Endemic regions of paracoccidioidomycosis in Brazil: a clinical and epidemiological study of 584 cases in the Southeast region. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 61: 390-394, 1999.

2. Paniago AMM, Aguiar JIA, Aguiar ES, Cunha RV, Pereira GROL, Londero AT, Wanke B. Paracoccidiodomicose: estudo clínico e epidemiológico de 422 casos observados no Estado do Mato Grosso do Sul. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 36: 455-459, 2003.

3. Pereira RM, Bucaretchi F, Barison EM, Hessel G, Tresoldi AT. Paracoccidioidomycosis in children: clinical presentation, follow-up and outcome. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 46: 127-131, 2004.

Recebido para publicação em 9/5/2005

Aceito em 15/6/2005

Tel: 55 61 3273-5008

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    Núvleo de Medicina Tropical/UnB
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Set 2005
    • Data do Fascículo
      Out 2005
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