RESUMO
Objetivo:
As fístulas traqueoinominadas (TIF) são complicações raras e frequentemente letais das traqueostomias (TQT). Controle imediato do sangramento e tratamento cirúrgico são essenciais para evitar a morte. Este trabalho relata o tratamento endovascular bem-sucedido de uma TIF em um pré-escolar e revisa a literatura a respeito da epidemiologia, profilaxia, diagnóstico e tratamento de TIF em pacientes pediátricos.
Descrição do caso:
Uma criança de 3 anos de idade, com encefalopatia, restrita ao leito e traqueostomizada havia dois anos foi internada para tratar um episódio de traqueíte. A criança usava uma cânula plástica balonada continuamente inflada com baixa pressão. A paciente apresentou dois episódios autolimitados de sangramento pela traqueostomia em um intervalo de 48 horas. Um novo episódio foi sugestivo de sangramento arterial e assumiu-se o diagnóstico provisório de TIF, confirmado através de angiotomografia, atingindo a bifurcação da artéria inominada e a parede direita da traqueia. A paciente foi imediatamente tratada pela inserção endovascular de um enxerto de politetrafluoroetileno (PTFE)/nitinol em “Y”. No seguimento, não foram encontradas recorrência de TIF, sequelas neurológicas ou isquemia do braço direito.
Comentários:
Deve-se suspeitar de TIF sempre que houver um sangramento significativo pelo traqueoestoma. Técnicas endovasculares possibilitam o rápido controle do sangramento com baixa morbidade, mas estão limitadas a poucos relatos de caso e pacientes pediátricos, sendo todos em adolescentes. O seguimento a longo prazo é necessário para avaliar se ocorrem complicações vasculares dos stents com o crescimento.
Palavras-chave:
Traqueostomia; Tronco braquiocefálico; Hemorragia; Técnicas endovasculares