Dieta enteral artesanal para crianças: uma revisão integrativa

Schmitz, Érica Patrícia Cunha Rosa; Silva, Eliziane Costa da; Lins Filho, Ozeas de Lima; Antunes, Margarida Maria de Castro; Brandt, Kátia Galeão

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Revista Paulista de Pediatria

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Sumário

Artigo de Revisão • Rev. paul. pediatr. 40 • 2022 • https://doi.org/10.1590/1984-0462/2022/40/2020419 copiar

Dieta enteral artesanal para crianças: uma revisão integrativa

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo:

Analisar as evidências científicas sobre o uso da dieta enteral artesanal em crianças, no que se refere a composição nutricional, satisfação familiar e desfechos em saúde.

Fontes de dados:

Foi realizado levantamento nas bases de dados PubMed, Scopus, Embase e Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando a estratégia de busca blenderized tube feeding OR blended tube feeding OR homemade OR pureed AND enteral nutrition AND enteral tube. Os artigos selecionados foram avaliados quanto à qualidade metodológica por meio de dois instrumentos: Critical Appraisal Skills Programme e classificação hierárquica das evidências.

Síntese dos dados:

Após análise, 11 artigos foram incluídos na revisão. A maioria dos estudos demonstrou melhora dos desfechos em saúde e maior satisfação familiar após a substituição da dieta enteral industrializada pela dieta enteral artesanal.

Conclusões:

Observou-se que foi possível garantir uma composição nutricional adequada na dieta enteral artesanal quando orientada e monitorada pela equipe de saúde. Adicionalmente, o seu uso esteve relacionado a desfechos positivos em saúde, como redução das internações hospitalares e redução dos sintomas gastrointestinais. A frequência de satisfação familiar foi elevada.%

Palavras-chave:
Alimentos formulados; Nutrição da criança; Nutrição enteral; Satisfação do paciente; Saúde da criança

Autor, ano	Amostra	Principais achados	CASP AHRQ
Batsis et al., 2020	23 crianças de 1 a 18 anos	A DEA foi bem tolerada. Os sintomas gastrointestinais como engasgos, náuseas e vômitos melhoraram na maioria das crianças.	A VI
Trollip et al., 2020	12 crianças de 1 a 14 anos	Melhorias na saúde geral, no bem-estar emocional e social e nos sintomas gastrointestinais após o uso da DEA.	A VI
Hron et al., 2019	70 crianças de 1 a 18 anos	Melhores resultados clínicos em crianças que receberam dietas artesanais ou industrializadas com alimentos reais. O total de visitas a emergências, de admissões e admissões por complicações respiratórias foi reduzido.	A IV
McClanahan et al., 2019	10 crianças de 2 a 8 anos	A PBEN foi bem tolerada, com melhora dos sintomas observados, e pode melhorar a saúde da microbiota em crianças com doenças crônicas em uso de uma via alternativa.	A IV
Gallagher et al., 2018	20 crianças de 1 a 16 anos	Os participantes precisaram de 50% a mais de calorias para manter seu IMC enquanto utilizavam a DEA. A diversidade bacteriana e a riqueza nas amostras de fezes aumentaram significativamente.	A IV
Johnson et al., 2018	433 pais de crianças alimentadas por sonda	Motivos para uso de dieta artesanal e/ou formulada com alimentos reais incluíram o desejo de fornecer alimentos integrais, refeições em família, ou o fato de não gostarem da dieta industrializada.	A VI
Orel et al., 2018	37 participantes de 2 a 26 anos	Após seis meses de intervenção, os escores Z para peso para a idade e para o IMC, bem como os per centuais de massa gorda e massa magra, foram maiores no grupo da dieta industrializada do que no grupo artesanal.	A IV
Epp et al., 2017	125 crianças com idade média de 5,4 anos	Dos pacientes, 89,6% utilizaram dieta artesanal para uma média de 71% da ingestão diária total de nutrição; 83% relataram que a dieta representava > 50% de sua necessidade energética.	A VI
Samela et al., 2016	10 crianças de 1 a 6 anos	Percentual de 90% das crianças obteve sucesso na transição para uma dieta formulada com alimentos reais. Também houve melhora nos seus padrões das fezes.	A IV
Klek et al., 2014	456 crianças, das quais 142 com média de 8,7 anos	A DEI permitiu ganho de peso e reduziu a incidência de complicações infecciosas, o número e o tempo de internações hospitalares.	A IV
Pentiuk et al., 2011	33 crianças com média de 34,2 meses	Percentual de 52% relatou redução de engasgos e vômitos e 57% das crianças reportaram aumento na ingestão oral após a introdução da DEA.	A IV

Autor, ano	Dieta artesanal n (%)	Dieta enteral industrializada com alimentos reais n (%)	Industrializada n (%)	Mista^* * Dieta industrializada+artesanal ou dieta artesanal+dieta industrializada com alimentos reais; n (%)
Batsis et al., 2020	15 (65,2)	4 (17,4)	––––	4 (17,4)^b b dieta artesanal+dieta industrializada com alimentos reais;
Trollip et al., 2020	4 (33,3)	––––	––––	8 (66,7)^a a dieta industrializada+artesanal;
Hron et al.,2019	11 (15,7)	14 (20,0)	28 (40,0)	17 (24,3)^a a dieta industrializada+artesanal;
McClanahan et al., 2019	––––	10 (100,0)	––––	––––
Gallagher et al., 2018	20 (100,0)	––––	––––	––––
Johnson et al., 2018	134 (31,2)	20 (4,6)	213 (49,5)	59 (13,7)^b b dieta artesanal+dieta industrializada com alimentos reais;
Orel et al., 2018	20 (54,0)	––––	17(46,0)	––––
Epp et al., 2017	84 (75,0)	1 (<1,0)	––––	27 (24,0)^b b dieta artesanal+dieta industrializada com alimentos reais;
Samela et al., 2016	––––	10 (100,0)	––––	––––
Klek et al., 2014³ 3 todos os participantes inicialmente utilizaram a dieta enteral artesanal e posteriormente fizeram a transição para a dieta enteral industrializada.	456 (100,0)	––––	456 (100,0)	––––
Pentiuk et al., 2011	33 (100,0)	––––	––––	––––

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[1] *Autora correspondente. E-mail: erica_rosa@live.com (E. P. C. R. Schmitz).