RESUMO
Objetivo:
Identificar a prevalência e os fatores associados ao consumo de alimentos ultraprocessados em adolescentes brasileiros.
Métodos:
Estudo transversal de base populacional com adolescentes participantes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2015 (PeNSE-2015). Um questionário autoaplicável foi utilizado para a coleta de dados, e construiu-se uma variável representativa do consumo de alimentos ultraprocessados, sendo considerado excessivo o consumo superior a sete vezes na semana. Realizou-se análise descritiva e inferencial das características demográficas, socioeconômicas, comportamentais e ambientais potencialmente associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados. Um modelo de regressão de Poisson múltiplo foi ajustado para controle do confundimento.
Resultados:
A prevalência do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados nos 16.324 adolescentes estudados no Brasil foi de 75,4%. Identificaram-se nove fatores associados de forma independente a esse desfecho: idade inferior a 15 anos (RR 1,08; p<0,001), tempo diário sentado superior a quatro horas (RR 1,13; p<0,001), comer assistindo à TV ou estudando por mais de quatro dias na semana (RR 1,09; p<0,001), tempo diário de uso de TV superior a três horas (RR 1,08; p<0,001), frequência de desjejum inferior a quatro dias semanais (RR 1,03; p=0,001), possuir telefone celular (RR 1,12; p<0,001), escolaridade materna ausente (RR 0,88; p<0,001), estar matriculado em escola privada (RR 1,05; p=0,002) e localizada em zona urbana (RR 1,13; p=0,002).
Conclusões:
Os resultados expressam a característica multifatorial do consumo de alimentos ultraprocessados e sugerem a necessidade de elaboração e execução de políticas de saúde para orientar sobre os prejuízos do consumo desses alimentos e a importância da adoção de comportamentos saudáveis para esse grupo populacional no ambiente escolar e familiar.
Palavras-chave:
Adolescente; Consumo alimentar; Alimentos industrializados; Inquéritos epidemiológicos