Acessibilidade / Reportar erro

Trepadeiras do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Rio de Janeiro, Brasil1 1 Parte da tese de Doutoradodo primeiro autor. Programa de Pós-Graduação em Botânica da Escola Nacional de Botânica, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Climbers of the Serra da Tiririca State Park, Rio de Janeiro, Brazil

RESUMO

As trepadeiras têm alta representatividade em várias formações vegetais, correspondendo a cerca de 25% da diversidade taxonômica das florestas tropicais. Ainda assim, elas são mal representadas em levantamentos florísticos. Estudos na floresta ombrófila densa são raros e o presente trabalho vem contribuir para o conhecimento da flora de trepadeiras dessa formação vegetal. Foram feitas coletas no Parque Estadual da Serra da Tiririca, localizado nos municípios de Niterói e Maricá, estado do Rio de Janeiro. O levantamento florístico registrou 38 famílias, 107 gêneros e 215 espécies. Leguminosae (com 29 espécies), Sapindaceae (23), Bignoniaceae (22), Malpighiaceae (19) e Apocynaceae (15) foram as famílias com maior número de espécies, totalizando 50,5% das espécies registradas. Houve um predomínio de trepadeiras lenhosas e de formas volúveis. O grande número de espécies encontradas é possivelmente resultado de um mosaico de vegetações em diferentes estádios sucessionais resultante do processo de uso e abandono da terra.

Palavras-chave:
diversidade; florística; Mata Atlântica

ABSTRACT

Climbers are highly represented in several vegetation types, corresponding to nearly 25% of tropical forest taxonomic diversity, but they are very poorly represented in floristic surveys. Studies of dense ombrophilous forests are rare and this work aims at contributing to the knowledge of climbers in this plant formation. The survey was undertaken in the Serra da Tiririca State Park, located between Niterói and Maricá municipalities, Rio de Janeiro state. The floristic survey listed 38 families, 107 genera, and 215 species. Leguminosae (with 29 species), Sapindaceae (23), Bignoniaceae (22), Malpighiaceae (19), and Apocynaceae (15) are the families better represented in number of species, accounting for 50.5 % of the total number of species reported. Woody, twining climbers predominated in the inventory. The high number of species found is possibly related to a mosaic of vegetation in different successional stages resulted from the process of use and abandonment of land.

Key words:
diversity; Atlantic rainforest; floristics

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 1
    Parte da tese de Doutoradodo primeiro autor. Programa de Pós-Graduação em Botânica da Escola Nacional de Botânica, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos taxonomistas André Amorim (Malpighiaceae), Elsie F. Guimarães (Trigoniaceae e Boraginaceae), Fábio França (Apocynaceae), Genise Somner (Sapindaceae), Haroldo C. Lima (Leguminosae), João Marcelo A. Braga (Menispermaceae), Jorge Fontella (Apocynaceae - Asclepiadoideae), Luiz José Soares Pinto (Euphorbiaceae), Mário Gomes (Rubiaceae), Michel Barros (Leguminosae - Senegalia), Pollyana Wendhausen Feteira (Malpighiaceae), Roberto L. Esteves (Asteraceae) e Robson Dalma Ribeiro (Leguminosae) pela identificação e/ou confirmação do material coletado. Aos revisores anônimos pelas sugestões na redação final do texto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • APG II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399-436.
  • Araújo, G. U. C. & Costa, C. G. 2006. Cambial variant in the stem of Serjania corrugata (Sapindaceae). IAWA Journal 27: 269-280.
  • Araújo, G. U. C. & Costa, C. G. 2007. Anatomia do caule de Serjania corrugata Radlk. (Sapindaceae). Acta Botanica Brasilica 21: 489-497.
  • Barbiére, E. B. & Coe-Neto, R. 1999. Spatial and temporal variation of rainfall of the east fluminense coast and Atlantic Serra do Mar, State of Rio de Janeiro, Brazil. In: Knoppers, B. A.; Bidone, E. D. & Abrão, J. J. (eds.). Environmental geochemistry of coastal lagoon systems, Rio de Janeiro, Brazil. Série Geoquímica Ambiental. Vol. 6. Universidade Federal Fluminense, Niterói. Pp. 47-56.
  • Barros, A. A. M. 2008. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói E Maricá, RJ, Brasil. Tese de Doutorado. Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 237p.
  • Barros, A. A. M. & Seoane, C. E. S. 1999. A problemática da conservação do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói / Maricá, RJ, Brasil. In: Vallejo, L. R. & Silva, M. T. C. (eds.). Os (des)caminhos do estado do Rio de Janeiro rumo ao século XXI. Anais... Instituto de Geociências da UFF, Niterói. Pp. 114-124.
  • Bernacci, L. C. & Leitão-Filho, H. F. 1996. Flora fanerogâmica da floresta da Fazenda São Vicente, Campinas, SP. Revista Brasileira de Botânica 19: 149-164.
  • Biodiversitas. 2005. Revisão da lista da flora brasileira ameaçada de extinção. <http://www.biodiversitas.org.br> Acessado em 02/01/2008.
    » http://www.biodiversitas.org.br
  • Brandes, A. F. N. 2007. Anatomia do lenho e dendrocronologia de lianas da família Leguminosae ocorrentes na Mata Atlântica. Dissertação de Mestrado. Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 94p.
  • Carlquist, S. 1991. Anatomy of vine and liana stems: a review and synthesis. In: Putz, F. E. & Mooney, H. A. (eds.). The biology of vines. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 53-72.
  • Engel, E. E.; Fonseca, R. C. B. & Oliveira, R. E. 1998. Ecologia de lianas e o manejo de fragmentos florestais. Série Técnica IPEF 12(32): 43-64.
  • Gentry, A. H. 1985. An ecotaxonomic survey of Panamanian lianas. In: D'Arcy, W. G. & Correa, A. M. D. (eds.). The botany and natural history of Panama. Missouri Botanical Garden, St. Louis. Pp. 29-42.
  • Gentry, A. H. 1991. The distribution and evolution of climbing plants. In: Putz, P. E. & Mooney, H. A. (eds.). The biology of vines. Cambrige University Press, Cambridge. Pp. 3-49.
  • Gentry, A. H. 1993. A field guide to the families and genera of woody plants of Northwest South America (Colombia, Equador, Peru) with supplementary notes on herbaceous taxa. Conservation International, Washington. 920p.
  • Hora, R. C. & Soares, J. J. 2002. Estrutura fitossociológica da comunidade de lianas em uma floresta estacional semidecidual na Fazenda Canchim, São Carlos, SP. Revista Brasileira de Botânica 25: 323-329.
  • International Plant Names Index. 2008. <http://ipni.org> Acessado em 01/2008.
    » http://ipni.org
  • Klein, V. L. G. 1996. Cucurbitaceae do estado do Rio de Janeiro: Subtribo Melothriinae E.G.O. Muell et F. Pax. Arquivos do Jardim Botânico Rio de Janeiro 34(2): 93-172.
  • Kottek, M.; Grieser, J.; Beck, C.; Rudolf, B. & Rubel, F. 2006. World map of the Köppen-Geiger climate classification updated. Meteorologische Zeitschrift 15: 259-263.
  • Leitão-Filho, H. 1995. A vegetação da Reserva de Santa Genebra. In: Morellato, P. & Leitão-Filho, H. (eds.). Ecologia e preservação de uma floresta tropical urbana, Reserva de Santa Genebra. Editora UNICAMP, Campinas. Pp 19-29.
  • Lima, H. C.; Lima, M. P. M.; Vaz, A. M. S. F. & Pessoa, S. V. A. 1997. Trepadeiras da Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In: Lima, H. C. & Guedes-Bruni, R. R. (eds.). Serra de Macaé de Cima: diversidade florística e composição em Mata Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp. 75-87.
  • Lombardi, J. A.; Temponi, L. G. & Leite, C. A. 1999. Mortality and diameter growth of lianas in semideciduous forest fragment in Southeasterm Brazil. Acta Botanica Brasilica 13: 159-165.
  • Magurran, A. E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press, Princeton. 179p.
  • Morellato, L. P. C. & Leitão-Filho, H. F. 1998. Levantamento florístico da comunidade de trepadeiras de uma floresta semidecídua no sudeste do Brasil. Boletim do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Série Botânica 103: 1-15.
  • Mueller-Dombois, D. & Ellenberg, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. Ed. John Wiley & Sons, New York. 547p.
  • Multiservice. 1995. Avaliação de 10 unidades de conservação ambiental na região metropolitana do Rio de Janeiro. Anexo. 28p.
  • New York Botanical Garden. 2008. <http://www.nybg.org> Acessado em 01/2008.
    » http://www.nybg.org
  • Oliveira, A. N.; Amaral, I. L.; Ramos, M. B. P. & Formiga, K. M. 2008. Floristic and ecological aspects of large lianas from three forest environments on terra firme in Central Amazonia. Acta Amazonica 38: 421-430.
  • Peixoto, A. L. & Gentry, A. H. 1990. Diversidade e composição florística na mata de tabuleiro na Reserva Florestal de Linhares (Espírito Santo, Brasil). Revista Brasileira de Botânica 13: 19-25.
  • Peñalosa, J. 1984. Basal branching and vegetative spread in two tropical rain forest lianas. Biotropica 16: 1-9.
  • Penha, H. M. 1999. A synthesis of geology of the east fluminense coast, state of Rio de Janeiro, Brazil. In: Knoppers, B. A.; Bidone, E. D. & Abrão, J. J. (eds.). Environmental geochemistry of coastal lagoon systems of Rio de Janeiro, Brazil. Vol. 6. Universidade Federal Fluminense, Niterói. Pp. 3-10.
  • Pontes, J. A. L. 1987. Serra da Tiririca, RJ. Necessidade de conservação (1ª Contribuição). Boletim da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza 22: 89-94.
  • Prance, G. T. 1994. A comparison of the efficacy of higher taxa and species numbers in the assessment of biodiversity in the Neotropics. Philosophical Transactions of the Royal Society London, B 345: 89-99.
  • Putz, F. E. 1984. The natural history of lianas on Barro Colorado Island, Panamá. Ecology 65: 1713-1724.
  • Rezende, A. A. & Ranga, N. T. 2005. Lianas da Estação Ecológica do Noroeste Paulista, São José do Rio Preto/Mirassol, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 19: 273-279.
  • Ribeiro, J. E. L. S.; Hopkins, M. J. G.; Vicentini, A.; Sothers, C. A.; Costa, M. A. S.; Brito, J. M.; Souza, M. A. D.; Martins, L. H.; Lohmann, L. G.; Assunção, P. A. C. L.; Pereira, E. C.; Silva, C. F.; Mesquita, M. R. & Procópio, L. C. 1999. Flora da Reserva Ducke. Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. INPA, Manaus. 816p.
  • Sá, C. F. C. 1996. Regeneração em área de floresta de restinga da Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, Saquarema - RJ. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 34: 177-192.
  • Sá, C. F. C. 2006. Estrutura, diversidade e conservação de angiospermas no Centro de Diversidade de Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 250p.
  • Schnell, R. 1970. Introdution a la phytogeographie des pays tropicaux. Les flores - Les strutures. Vol. 1. Ed. Gauthier-Villars, Paris. 499p.
  • Souza, V. C. & Lorenzi, H. 2008. Botânica sistemática. Guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II. 2º edição. Instituto Plantarum, Nova Odessa. 704p.
  • Stranghetti, V. & Ranga, N. T. 1998. Levantamento florístico das espécies vasculares de uma floresta estacional mesófila semidecídua da Estação Ecológica de São Paulo de Faria, SP. Revista Brasileira de Botânica 21: 289-298.
  • Tabanez, A. A. & Viana, V. M. 2000. Patch structure within Brazilian Atlantic Forest fragments and implications for conservation. Biotropica 32: 925-933.
  • Tibiriçá, Y. J. A.; Coelho, L. F. M. & Moura, L. C. 2006. Florística de lianas em um fragmento de floresta estacional semidecidual, Parque Estadual de Vassununga, Santa Rita do Passa Quatro, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 339-346.
  • Tropicos.org. 2008. Missouri Botanical Garden. <http://www.tropicos.org> Acessado em 01/2008.
    » http://www.tropicos.org
  • Udulutsch, R. G.; Assis, M. A. & Picchi, D. G. 2004. Florística de trepadeiras numa floresta estacional semidecídua, Rio Claro - Araras, estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 27: 125-134.
  • Vaz, A. M. S. F. 1992. Diversidade de plantas vasculares da floresta atlântica do Rio de Janeiro. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão 1: 77-82.
  • Vaz, A. M. S. F. & Vieira, C. M. 1994. Identificação de famílias com espécies trepadeiras. In: Lima, M. P. M. & Guedes-Bruni, R. R. (eds.). Reserva Ecológica de Macaé de Cima, Nova Friburgo, RJ. Aspectos florísticos das espécies vasculares. Vol. 1. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp. 75-82.
  • Veloso, H. P.; Rangel-Filho, A. L. R. & Lima, J. C. A. 1991. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro. 124p.
  • Weiser, V. L. 2001. Ecologia e sistemática de lianas em um hectare de cerrado stricto sensu da ARIE Cerrado Pé-de-Gigante, Santa Rita do Passa Quatro - SP. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto. 188p.
  • Zimback, C. R. L. 2003. Classificação de solos. Grupo de Estudos e Pesquisas Agrárias Georreferenciadas, FCA, UNESP, Botucatu. 13p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2009

Histórico

  • Recebido
    Out 2008
  • Aceito
    Jun 2009
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br