Gonzalez, Marcos

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Sumário

João Barbosa Rodrigues: lore and practices • Rodriguésia 73 • 2022 • https://doi.org/10.1590/2175-7860202273094 copiar

Allegory of the palma mater: an invented tradition

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Algumas ações realizadas pelo botânico João Barbosa Rodrigues, durante sua gestão à frente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1890-1909), indicam uma exaltação à Monarquia brasileira. No histórico da instituição publicado no Hortus Fluminensis (1894), Rodrigues enunciou uma cena em que o príncipe regente D. João VI, ao fundar solenemente o Jardim em 1809, teria plantado com suas próprias mãos uma palmeira imperial, espécime conhecido como palma mater. O momento era cercado de tensões políticas, em decorrência da súbita mudança na forma de governo com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Discute-se aqui se Rodrigues teria sido um nome de consenso para o cargo. Embora reconhecido no país e no exterior como um cientista brasileiro de relevo, havia se declarado um convicto monarquista. Nesse contexto, apresenta-se uma análise crítica do discurso envolvendo a palma mater. Os resultados sugerem que ele é historicamente inverossímil, conduzindo-nos à percepção de que se trata de uma ‘tradição inventada’ pelo novo diretor, expressa na forma de uma alegoria e com fins políticos. Outros estudos são necessários para compreender melhor quais eram os seus objetivos, quem eram seus interlocutores e que reações teria provocado com tal manifesto.

Palavras-chave:
monarquia brasileira; Primeira República; palmeira-imperial; João Barbosa Rodrigues; Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Year	Name	Reference
1808	Mention of an unnamed garden: “It will be of your particular incumbency [the foreman of the farm of the Rodrigo de Freitas Lagoon] to conserve all the lands in the best way [...], cultivating the most beneficial crops”	( Portugal 1808aPortugal (1808a) Decreto s/nº, de 12 de outubro de 1808 (cria o lugar de Feitor da Fazenda da Lagoa de Freitas e dá instruções a respeito). In: Simões JI (ed.) Colecção das leis do Brazil de 1808 [1891]. Vol. 1. Imprensa Nacional, Rio de Janeiro. Pp. 147-148.)
1808	Mention of an unnamed garden: “it would be convenient to use the large area of the Freitas Lagoon, now part of the territories of thee crown, it occurred to me to try to plant several trees from Asia”	( Coutinho 1808Coutinho RS (1808) Carta de d. Rodrigo de Souza Coutinho à d. Fernando José de Portugal [18 nov. 1808]. Informa que tendo de representar à SAR o partido que convinha tirar das terras da Lagoa Rodrigo de Freitas, resolveu pela tentativa de ensaiar uma plantação de várias árvores da Ásia. Arquivo Nacional, fundo A6 (Série Interior), IJJ¹ 758, fls. 31-31v.)
1808	Mention of an unnamed garden: “seeds [...] to be used at the Freitas Lagoon”	( Castro 1808Castro FJP (1808) Cartas (duas) ao conde de Linhares [20 e 29 nov. 1808] informando sobre sementes de cânhamo e outras plantas remetidas da Inglaterra, para que sejam usadas na Lagoa de Freitas. Arquivo Nacional, Registro de avisos e ofícios da Corte, Livro 1º da Corte, fundo A6 (Série Interior), caixa IJJ1 758. Rio de Janeiro.)
1809	Mention of an unnamed garden: “seeds of several plant species [...] for Your Excellency to use according to your wish at the Freitas Lagoon”	( Castro 1809aCastro FJP (1809a) Carta do Conde de Aguiar para o Conde de Linhares [30 mar. 1809], onde informa sobre o envio de sete saquinhos de sementes de diversas plantas, remetidas da Inglaterra, para que sejam usadas como desejar, na Lagoa de Freitas. Arquivo Nacional, fundo A6 (Série Interior), caixa IJJ¹ 155, f. 237v.)
1809	Mention of an unnamed garden: “the seed[...] was distributed to many places [...] not counting the ones I sent to Your Excellency for the Freitas Lagoon”	( Castro 1809bCastro FJP (1809b) Carta para o Conde de Linhares [11 abr. 1809] onde informa que as sementes de linho cânhamo vindas da Inglaterra foram distribuídas para diversas áreas, entre as quais: Rio Grande de São Pedro, Santa Catarina, Fazenda de Santa Cruz, chácara Real e Lagoa de Freitas. Arquivo Nacional, Registro de avisos e ofícios da Corte, Livro 1º da Corte, fundo A6 (Série Interior), caixa IJJ1 155, f.241.)
1811	Mention of an unnamed garden: “[...] a botanical garden to raise exotic plants in the farm of the Lagoon”	( Portugal 1811Portugal (1811) Alvará que cria a Real Junta de Fazenda dos Arsenais, Fabricas, e Fundição da Capitania do Rio de Janeiro e uma Contadoria dos mesmos Arsenais; bem como um estabelecimento de um jardim botânico da cultura em grandes plantas exóticas na fazenda da Lagoa [1 mar. 1811]: Codigo Brasiliense, ou collecção das leis, alvarás, decretos, cartas régias &c. promulgadas no Brasil desde a feliz chegada do principe regente Nosso Senhor a estes Estados. Vol. II (anos 1811-1816).)
1811	Mention of an unnamed garden: “two boxes of sugarcane from Caienne [...] for the farm of the regent prince and another for the Freitas Lagoon”	( Melo 1811Melo LJC (1811) Ofício de Luís José de Carvalho e Melo a Real Junta de Comércio [26 mar. 1811] acerca de dois caixotes de cana de açúcar de Caiena. Arquivo Nacional, fundo 7X (Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação), caixa 419, pct. 01.)
1811	“Garden of the Rodrigo de Freitas Lagoon”	( Rio de Janeiro 1811Rio de Janeiro (1811) Rio de Janeiro, 13 de julho. Gazeta do Rio de Janeiro. P. 4.)
1812	“Garden of the Rodrigo de Freitas Lagoon”: afterwards “the referred horto”	( Montenegro 1812 [1890]Montenegro CPM (1812 [1890]) Ofício nº 20 do Jardim Botânico de Olinda, de 11 de março de 1812, ao conde de Galveas. Revista do Instituto Archeologico e Geographico de Pernambuco 37: 92-93.)
1812	“Royal Garden of the Freitas Lagoon”	( Mendonça 1812Mendonça JGS (1812) Relação das plantas exóticas e de especiarias, cultivadas no Real Jardim da Lagoa de Freitas, e transportadas da Ilha de França pelo chefe de divisão Luiz d’Abreu, em 30 jul 1812. O Patriota: 19-23.)
1812	Mention of an unnamed garden: “some small living plants to be raised at the Real Quinta da Boa Vista and Freitas Lagoon”	( Mendonça 1812 [1961]Mendonça JGS (1812 [1961]) Officio de João Gomes Silveira Mendonça ao Conde de Aguiar [25 set. 1812] sobre o cravo. In: Arquivo Nacional (ed.) Flora Fluminensis de frei José Mariano da Conceição Vellozo - Documentos. Arquivo Nacional, Ministério da Justiça e Negócios Interiores, Rio de Janeiro. Pp. 289-290.)
1813	“Botanical Garden” [sic]	( Luccock 1820 [1975]Luccock J (1820 [1975]) Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil tomadas durante uma residência de dez anos nesse país, de 1808 a 1818. Itatiaia, Belo Horizonte. 435p.)
1813	Mention of an unnamed garden “ hortothat currently serves as nursery and seminary of such plants [at the Rodrigo de Freitas Lagoon]”	( Portugal 1813 [1837]Portugal (1813 [1837]) Resolução da Junta da Fazenda do Arsenal do Exercito, Fabricas e Fundições, de 2 de outubro de 1813. In: Araujo JPFN (ed.) Legislação brazileira, ou, Collecção chronologica das leis, decretos, resoluções de consulta, provisões, etc., etc., do Império do Brazil, desde o anno de 1808 até 1831 inclusive, contendo: além do que se acha publicado nas melhores collecções, para mais de duas mil peças ineditas (Coleção Nabuco). Vol. 2. Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve e Comp., Rio de Janeiro. Pp. 84-86.) para mais de duas mil peças ineditas (Coleção Nabuco
1815	“Botanical Garden of the Royal Gunpowder Factory at the Rodrigo de Freitas Lagoon”	( Figueiredo 1815aFigueiredo MM (1815a) Registro de ofício [14 abr. 1815] ao inspetor e diretor da Casa da Pólvora [João Gomes da Silveira e Mendonça] enviando-lhe várias sementes. Arquivo Nacional, fundo 7X (Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação), códice 162, vol. 1: 34-34v.)
1815	“Royal Botanical Garden”	( Figueiredo 1815bFigueiredo MM (1815b) Registro de ofício ao doutor Alexandre Antonio das Neves [17 abr. 1815] sobre a recepção das sementes e maquinas vindas no navio Sete de Março. Arquivo Nacional, fundo 7X (Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação), códice 162, vol. 1: 34v-35v.)
1816	“Botanic Garden” [sic]	( Clarke 1818Clarke A (1818) Narrative of a journey in the interior of China : and of a voyage to and from that country, in the years 1816 and 1817, containing an account of the most interesting transactions of Lord Amherst’s embassy to the court of Pekin and observations on the countries which it visited. Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown, London. 420p.)
1816	“Royal Garden, or whatever name it had in the past”	( Ellis 2013Ellis H (2013) A segunda embaixada britânica a caminho da China. In: França JMC (ed.) Viajantes estrangeiros no Rio de Janeiro joanino. EdUERJ/José Olympio, Rio de Janeiro. Pp. 81-97.)
1817	“Garden of exotic plants and trees”	( Aires de Casal 1817Aires de Casal M (1817) Corografia brasílica ou relação historico-geografica do reino do Brazil. Impressão Regia, Rio de Janeiro. 342p.)
1817	“ Jardin Royalof the Freitas Lagoon”	( Gestas 1817?Gestas AMJ (1817?) Carta s/d solicitando ao destinatário, le chevalier [d’ Araujo], que lhe envie alguns exemplares das plantas exóticas existentes no Jardim Real da Lagoa de Freitas. Arquivo Distrital de Braga, cód. ref. PT/UM-ADB/FAM/FAA-AAA/000658.)
1817	“a nursery for foreign vegetables called Botanical Garden”	( Spix & Martius 1981Spix JB & Martius CF (1981) Viagem pelo Brasil (1817-1820). Vol. 1. Itatiaia/Ed. da USP, Belo Horizonte, São Paulo. 348p.)
1818	“ Jardin Botanique” (Botanical Garden); “ Jardin des plantes” (Plant garden)	( Freycinet 1827Freycinet LCS (1827) Voyage autour du monde fait par ordre du Roi, exécuté sur les corvettes de S.M. l’Uranie et la physicienne pendant les années 1817, 1818, 1819 et 1820. Vol. I, part 1. Pillet Ainé, Paris. 711p.)
1818	“Royal Garden of the Freitas Lagoons”	( Castilho 1818Castilho AF (1818) A faustissima exaltação de sua magestade fidelissima o senhor D. João VI ao throno: poema dedicado ao mesmo senhor. Impressão Regia, Lisboa. 82p.)
1819	“botanical garden close to the Freitas Lagoon”	( Caldcleugh 1825Caldcleugh A (1825) Travels in South America, during the years, 1819-20-21: containing an account of the present state of Brazil, Buenos Aires and Chile. Vol. 1. John Murray, London. 373p.)
1819	“Royal Garden of the Rodrigo de Freitas Lagoon”	( Castilho 1819Castilho JF (1819) Reflexões sôbre a História Natural do Brazil, e sôbre o estabelecimento do Museu e Jardim Botanico em a cidade do Rio de Janeiro. In: Instrucção para os viajantes e empregados nas colonias, sôbre a maneira de colher, conservar, e remeter os objectos de historia natural, arranjada pela administracão do R. Museu de Historia Natural de Paris. Traduzida por ordem de Sua Magestade Fidelissima, expedida pelo Excellentissimo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Reino, do original francez impresso em 1818, augmentada, em notas, de muitas das instruções aos correspondentes da Academia R. das Sciencias de Lisboa, impressas em 1781; e precedida de algumas reflexões sôbre a historia natural do Brazil, e estabelecimento do Museu e Jardim Botanico em a Côrte do Rio de Janeiro. Imprensa Regia, Rio de Janeiro. Pp. 81-97.)
1819	“Garden of the Rodrigo de Freitas Lagoon”	( Portugal 1819Portugal (1819) Decreto de 11 de maio de 1819. Manda destinar lugar no Jardim da Lagoa de Rodrigo de Freitas para plantação de especiarias, anexa este estabelecimento ao Museu Real, ficando sob a inspecçaodo Ministro e Secretaria de Estado dos Negocios do Reino.)

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[1] Author for correspondence:
gonzalez@jbrj.gov.br