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Síndrome de hipersensibilidade à dapsona em uma adolescente durante tratamento de hanseníase

Menina, 12 anos, foi admitida referindo o uso de esquema de poliquimioterapia preconizado pela OMS para tratamento de hanseníase forma multicibacilar (dapsona, rifampicina e clofazimina) há 24 dias, apresentando icterícia, linfadenomegalia generalizada, hepatoesplenomegalia, conjuntivite, úlceras orais, exantema morbiliforme e edema de face, mãos e tornozelo. Os principais achados laboratoriais à admissão incluíam: hemoglobina, 8,4 g/dl; leucograma, 15.710 céls/mm³; contagem de plaquetas, 100.000 céls/mm³; RNI = 1,49; aumento dos níveis séricos da alanino e aspartato aminotransferases, gama-glutamil transpeptidase, fosfatase alcalina e bilirrubinas. Em seqüência, ocorreu piora do quadro, desenvolvendo dermatite esfoliativa, choque, edema generalizado, insuficiências renal e hepática, pancitopenia, sangramento intestinal, pneumonia, infecção urinária e bacteremia, necessitando de drogas adrenérgicas, antibióticos, infusão de líquidos e hemoderivados. Iniciou melhora no 10º dia de internação, recebendo alta hospitalar no 39º dia, tendo iniciado novo tratamento supervisionado para hanseníase com rifampicina e clofazimina, sem efeitos adversos. O caso relatado preenche os critérios para o diagnóstico de síndrome de hipersensibilidade à dapsona (febre, dermatite esfoliativa, linfadenopatia, anemia e acometimento hepático com necrose hepatocítica e colestase). Os médicos, principalmente em regiões com alta prevalência de hanseníase, devem estar atentos para esta grave, e provavelmente não tão rara, reação de hipersensibilidade à dapsona.


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