Linguagens padronizadas de enfermagem em ortopedia na perspectiva do <i>nursing role effectiveness model</i>

Silva, Marcos Barragan da; Engelman, Bruna; Figueiredo, Manoela Schmarczek; Almeida, Miriam de Abreu

doi:10.1590/1983-1447.2022.20210321.pt

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Revista Gaúcha de Enfermagem

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Sumário

Artigo Original • Rev. Gaúcha Enferm. 43 • 2022 • https://doi.org/10.1590/1983-1447.2022.20210321.pt copiar

Linguagens padronizadas de enfermagem em ortopedia na perspectiva do nursing role effectiveness model

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo

Analisar as Linguagens padronizadas de enfermagem em ortopedia na perspectiva do Nursing Role Effectiveness Model.

Método

Pesquisa com método misto realizado em um hospital do Sul do Brasil entre abril de 2016 a fevereiro de 2017. Os dados quantitativos foram coletados de 85 pacientes ortopédicos usando a NANDA-International, Classificação de Intervenções e Resultados de enfermagem, submetidos à análise estatística. Os dados qualitativos foram coletados por meio de entrevistas com 10 enfermeiros e foram analisadas mediante análise de conteúdo.

Resultados

Dor aguda (96%) foi diagnóstico de enfermagem prevalente. Prevenção de quedas (33,3%) foi a intervenção mais prescrita. Nível de Dor, Posicionamento do Corpo: autoiniciado e Mobilidade apresentaram aumento nos escores de resultado (p<0,001). Nas entrevistas os enfermeiros apontaram que os diagnósticos prioritários e as intervenções de enfermagem contribuíram para a melhoria dos resultados de mobilidade.

Conclusão

Os resultados revelaram que o foco das Linguagens padronizadas de enfermagem em ortopedia na perspectiva do Nursing Role Effectiveness Model reside no contexto da mobilidade, porém precisa de melhorias na acurácia diagnóstica e registro no prontuário do paciente.

Palavras-chave
Processo de enfermagem; Diagnóstico de enfermagem; Enfermagem ortopédica

Intervenções NIC para Dor Aguda	Cuidados de enfermagem	Taxa de prescrição de enfermagem
Intervenções NIC para Dor Aguda	Cuidados de enfermagem	1º Dia n=82	2º Dia n=82	3º Dia n=82	4º Dia n=58
Controle da Dor	Registrar a dor como quinto sinal vital	62 (76)	63 (77)	63 (77)	45 (78)
	Administrar analgesia após avaliação	49 (60)	49 (60)	48 (58)	37 (65)
	Avaliar a característica, localização e intensidade da dor utilizando escala categórica verbal	37 (45)	41 (50)	37 (45)	37 (65)
	Comunicar sinais de dor	29 (35)	29 (35)	29 (35)	21 (37)
	Reavaliar a dor de 30 minutos a 1 hora após manejo	25 (30)	26 (32)	26 (32)	20 (35)
	Comunicar alterações durante a infusão da analgesia	25 (30)	24 (29)	24 (29)	15 (26)
	Avaliar a intensidade da dor	20 (24)	20 (24)	19 (23)	11 (19)
	Implementar cuidados com crioterapia	15 (18)	15 (18)	15 (18)	13 (16)
Monitorização dos sinais vitais	Verificar sinais vitais	20 (24)	20 (24)	20 (24)	13 (23)
Posicionamento	Manter posição adequada ao procedimento	17 (21)	17 (21)	17 (21)	13 (23)
Intervenções NIC para Risco de Quedas	Cuidados de enfermagem	Taxa de prescrição de enfermagem
Intervenções NIC para Risco de Quedas	Cuidados de enfermagem	1º Dia n=(53)	2º Dia n=(53)	3º Dia n=(53)	4º Dia n=(39)
(6490) Prevenção de quedas	Manter a cama na posição mais baixa	36 (68)	35 (66)	34 (64)	26 (67)
	Implementar medidas preventivas de quedas	33 (62)	33 (62)	35 (66)	27 (69)
	Manter rodas da cama travadas	34 (64)	33 (62)	34 (64)	28 (72)
	Implementar cuidados de acordo com protocolo assistencial de quedas	32 (60)	31 (58)	32 (60)	25 (64)
(0840) Posicionamento	Manter campainha ao alcance do paciente	32 (60)	31 (58)	31 (58)	23 (59)
	Manter grades no leito elevadas	32 (60)	31 (58)	31 (58)	24 (61)
	Manter pertences próximos ao paciente	30 (57)	29 (55)	29 (55)	22 (56)
	Monitorar pulseira de sinalização de risco de quedas	23 (43)	22 (41)	22 (41)	18 (46)
	Ensinar o uso apropriado de muletas, andador, bengala, prótese	15 (28)	15 (28)	15 (28)	10 (26)
	Acompanhar paciente em seus deslocamentos	10 (19)	10 (19)	10 (19)	8 (20)
Intervenções NIC para Mobilidade Física Prejudicada	Cuidados de enfermagem	Taxa de prescrição de enfermagem
Intervenções NIC para Mobilidade Física Prejudicada	Cuidados de enfermagem	1º Dia n=46	2º Dia n=46	3º Dia n=46	4º Dia n=30
(0221) Ensino: atividade/exercicios prescritos.	Ensinar o uso apropriado de muletas, andador, bengala, prótese	21 (46)	20 (43)	19 (41)	14 (47)
(6680) Monitorização de sinais vitais	Verificar sinais vitais	20 (43)	20 (43)	20 (43)	15 (50)
(0840) Posicionamento	Utilizar cama com quadro balcânico e trapézio	19 (41)	17 (40)	17 (40)	12 (40)
	Manter campainha ao alcance do paciente	16 (35)	15 (33)	14 (30)	12 (40)
	Manter pertences próximos do paciente	10 (22)	10 (22)	9 (20)	8 (27)
(3540) Prevenção de ulceras de pressão (3520) Cuidados com ulceras de pressão	Implementar protocolo assistencial de prevenção e tratamento de ulcera por pressão	11 (24)	12 (26)	13 (28)	11 (37)
(3590) Supervisão da PELE	Inspecionar a pele em busca de pontos hiperemiados ou isquêmicos	11 (24)	11 (24)	10 (22)	7 (23)
(6490) Prevenção de quedas	Manter grades no leito elevadas	10 (22)	10 (22)	10 (22)	9 (30)
(0221) Terapia com exercícios: deambulação	Acompanhar paciente durante a deambulação	10 (22)	9 (19)	7 (15)	5 (23)
(1801)Assistência no autocuidado: banho/higiene	Auxiliar no banho de chuveiro	9 (19)	8 (17)	8 (17)	7 (23)

Resultados de Enfermagem	1º Dia (n=85)	2º Dia (n=85)	3º Dia (n=85)	4º Dia (n=58)	P
Nível de Dor	3.33 (± 0.12)^a	4.04 (± 0.11)^b	4.52 (± 0.08)^c	4.71 (± 0.09)^c	<0,001
Posicionamento do Corpo: Autoiniciado	2.15 (± 0.13)^a	3.85 (± 0.12)^b	4.49 (± 0.09)^c	4.66 (± 0.10)^c	<0,001
Mobilidade	2.05 (± 0.11)^a	3.51 (± 0.12)^b	4.25 (± 0.10)^c	4.53 (± 0.10)^d	<0,001

NREM	Resultados quantitativos	Resultados qualitativos
Estrutura	Dor aguda (96%); Risco de quedas (62%); Mobilidade Física Prejudicada (54%).	A maior característica é a dor no pós-operatório imediato, pois é uma cirurgia que causa bastante sofrimento. A Mobilidade física prejudicada, pois eu quero que esse paciente saia daqui caminhando então esse diagnóstico tem que ser o prioritário (E1). Primeiramente tu vai observar a dor e a mobilidade, que é um pouco restrita ao leito. Vai iniciar o treino de marcha com o andador, então vou ter que observar a relação da queda, se ele pode cair ou não (E5). Muita restrição de mobilidade, limitação de movimento, muitos são acamados, mobilidade prejudicada tanto no leito, quanto fora dele. O paciente precisa de ajuda para sair do leito, ir até o banheiro, realizar as mudança de decúbito, para fazer todos os movimentos. No primeiro momento eu avalio a mobilidade, por que implica no risco de queda. (E8).
Processo	Prevenção de quedas (33,3%); Controle da dor (27%); Posicionamento (17%).	Eu não vou fazer uma prescrição cheia de coisas de rotina. É importante destacar o que o paciente vai precisar em função da dor, pois eles não vêm com dor só na ferida operatória, eles vêm com dor por causa da restrição do movimento, do posicionamento cirúrgico. É importante identificar o CALOI (característica, localização e intensidade). Em função da mobilidade, estimular a saída do leito, conforme o protocolo nos libera. No segundo dia já pode sentar (E1). Eu tenho manejo da dor, orientação de como posicionar o paciente na cama, manter membros inferiores abduzidos, afastados, tem que ter o coxim de afastamento (E4). Se eu elenquei Risco de quedas eu tenho que colocar e monitorar a pulseirinha, não deixar esse paciente sair da cama sozinho, chamar a campainha, colocar os pertences mais próximo possível para ele não precisar levantar, auxiliá-lo a ir no banheiro, manter a cama baixa, elevar as grades (E5). A partir dos diagnósticos de enfermagem é que a gente vai buscar elaborar o plano de cuidados e buscara as atividades de enfermagem e as intervenções que vão ser mais adequadas para compor a prescrição de enfermagem e o plano de cuidados (E7). Normalmente o meu pensamento é mobilizar o paciente, de fazer o posicionamento correto, e dele entender que tem que manter esse posicionamento, o uso do coxim e entender pra que serve. A gente não tira o paciente do leito, mas supervisiona, o banho de leito, como acontece, a mobilização (E10).
Resultado	Nível de Dor (P<0,001) Posicionamento do Corpo: autoiniciado (P<0,001) Mobilidade (P<0,001)	Nós temos um primary e avaliamos este paciente. Antes de evoluir, eu visito, prescrevo, vejo o que melhorou ou piorou e, baseado na melhora ou piora, eu vou manter, encerrar, ou piorar aquele diagnóstico, com base no exame físico diário. É coisa bem de enfermeiro ver resultados (E8). Eu sempre penso muito nos cuidados e no resultado que eu quero ter com esse paciente. Na prática a gente coloca “melhorou” no diagnóstico ou já exclui. Se ele está com Mobilidade física prejudicada e consegue sair do leito, caminhar com o andador, caminhar com auxilio, eu até posso colocar que está melhorando, mas ele vai continuar com Mobilidade física prejudicada em casa, pois ele vai ficar com andador ou muleta por meses (E1). Tu consegues ver a progressão. A Mobilidade física prejudicada vai melhorando dia a dia. No primeiro dia sai do leito, supondo que ele consiga andar com andador. No segundo dia ele já vai treinando, e no terceiro já está quase com alta. A dor vai diminuindo, e eu vou avaliando conforme ele vai me referindo. Se fosse colocado em tópicos seria mais pontual, mais objetivo. É isso que eu quero, vamos supor, mobilidade parcialmente recuperada, mobilidade recuperada. Tem todo um estudo, pesquisa, mas na prática precisa ser jogo rápido (E4). A gente vai fazer a avaliação a cada 24h e se necessário faz uma avaliação antes, que seria a etapa da NOC, porque a gente não tem NOC no sistema, então a gente faz avaliação, mas não utilizando o livro, fazemos a avaliação a partir daquilo que a gente já tem (E7). Depois da cirurgia, a dor é cirúrgica, aí ela consegue ser mais controlada, porque antes da cirurgia a dor era constante, e depois eles conseguem caminhar melhor, então a mobilidade fica melhorada e a gente vai modificando os diagnósticos de enfermagem (E9).

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[1] Autor correspondente
Marcos Barragan da Silva E-mail: marcossbarragan@gmai.com