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Promoção do autocuidado de pessoas com hanseníase: intervenção educativa à luz da teoria de Orem

RESUMO

Objetivo:

Relatar a experiência da promoção do autocuidado de pessoas com hanseníase durante a realização de intervenções educativas à luz da teoria de Orem.

Método:

Relato de experiência de uma intervenção educativa. A análise foi realizada à luz da Teoria dos Sistemas de Enfermagem, de Orem, no sistema apoio-educação.

Resultados:

As orientações para o autocuidado levaram em consideração ações para prevenir o ressecamento nasal e promover a diminuição da sensibilidade, edema nas articulações, dor e ressecamento nas mãos e pés.

Considerações finais:

a intervenção educativa para promoção do autocuidado favoreceu o protagonismo da pessoa com hanseníase que passou a realizar os cuidados preventivos com continuidade e autonomia.

Palavras-chave:
Hanseníase; Autocuidado; Teoria de enfermagem; Atenção Primária à Saúde; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

To report the experience of promoting self-care for people with leprosy during educational interventions in the light of Orem’s theory.

Method:

Experience report of an educational intervention. The analysis was carried out in the light of Orem’s theory of nursing systems, in the support-education system.

Results:

The guidelines for self-care took into account actions to prevent nasal dryness; and promote decreased sensitivity, joint swelling, pain and dryness in the hands and feet.

Final considerations:

The educational intervention to promote self-care favored the protagonism of the person with leprosy who started to carry out preventive care with continuity and autonomy.

Keywords:
Leprosy; Self care; Nursing theory; Primary Health Care; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Informar la experiencia de promover el autocuidado de las personas con lepra durante las intervenciones educativas a la luz de la teoría de Orem.

Método:

Informe de experiencia de una intervención educativa. El análisis se realizó a la luz de la Teoría de los Sistemas de Enfermería de Orem, en el sistema de educación de apoyo.

Resultados:

Las pautas para el autocuidado tomaron en cuenta acciones para prevenir la sequedad nasal; y promueve la disminución de la sensibilidad, hinchazón en las articulaciones, dolor y sequedad en las manos y los pies.

Consideraciones finales:

Intervención educativa para promover el autocuidado favoreció el protagonismo de la persona con lepra que comenzó a realizar cuidados preventivos con continuidad y autonomía.

Palabras clave:
Lepra; Autocuidado; Teoría de enfermería; Atención Primaria de Salud; Enfermería

INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, ocasionada pela bactéria Mycobacterium leprae. Tem como característica ser um parasita intracelular obrigatório por ter afinidade com células cutâneas e do nervo periférico. O bacilo tem seu desenvolvimento lento, com período de incubação entre dois e cinco anos, podendo ocasionar incapacidade física e deformidades11. Vêloso DS, Melo CB, Sá TLB, Santos JP, Nascimento EF, Costa FAC. Perfil clínico epidemiológico da Hanseníase: uma revisão integrativa. REAS. 2018;10(1):1429-37. doi: https://doi.org/10.25248/REAS146_2018
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No Brasil, cerca de 23,3% das pessoas com hanseníase apresentam alguma incapacidade física, podendo ser classificada em grau I, quando associada à perda de sensibilidade, e grau II, na presença de malformações. Com isso, evidencia-se a importância dos profissionais de saúde no cuidado e prevenção de incapacidades22. Carvalho PS, Brito KKG, Santana EMF, Lima SM, Andrade SSCA, Nóbrega MM, et al. Autocuidado em hanseníase: comportamento de usuários atendidos na rede de atenção primária à saúde. Enferm Brasil. 2019;18(3):398-405. doi: https://doi.org/10.33233/eb.v18i3.2508
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Nesse contexto, o autocuidado para pessoas com hanseníase apresenta benefícios para melhoria da qualidade de vida nas necessidades físicas, psicossociais e socioeconômicas. Assim, leva-os a procurar medidas de prevenção e profilaxia com ações que diminuam os riscos de incapacidades físicas33. Silva PMF, Pereira LE, Ribeiro LL, Santos DCM, Nascimento RD, D’Azevedo SSP. Evaluation of the physical limitations, psychosocial aspects and quality of life of people affected by leprosy. Rev Pesqui Fundam Care Online. 2019;11(1):211-5. doi: https://doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i1.211-215
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Dessa forma, o autocuidado se torna imprescindível na vida dessas pessoas, tornando-se relevante trazer nesse relato a Teoria dos Sistemas de Enfermagem de Orem, que tem o seu conceito voltado ao autocuidado. A utilização dessa teoria permite que os enfermeiros assistam as pessoas afetadas pela hanseníase e utilizem estratégias de comunicação para que possam apreender e executar seus cuidados diários, sendo imprescindível prevenir as incapacidades advindas da doença e melhorar sua autoestima.

Dessa maneira, este trabalho se justifica pela importância da realização do autocuidado de pessoas com hanseníase, em domicílio, tendo como base a teoria de Orem, a qual serve como guia para qualificar a prática de enfermagem. Nesse sentido, o enfermeiro tem o papel de preparar as pessoas para receber informações adequadas para o cuidado de si, propiciando-lhes empoderamento para apreensão das informações adequadas de forma consciente, que repercutirão em sua qualidade de vida, em seus diferentes aspectos biológicos e cognitivos por meio da sensação de autonomia e bem-estar geral.

Assim, tem-se como objetivo relatar a experiência da promoção do autocuidado de pessoas com hanseníase durante a realização de intervenções educativas à luz da teoria de Orem.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido na disciplina de Bases Teóricas e Conceituais do Cuidado de Enfermagem, no Curso de Mestrado Acadêmico em Enfermagem, de um Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.

Adotou-se como referencial teórico a Teoria dos Sistemas de Enfermagem (TSE) de Dorothea Elizabeth Orem. A teórica afirma que o cuidar de si próprio traz benefícios positivos para o indivíduo, assim, no sistema apoio-educação, determina-se que os vínculos criados devem ser mantidos para a produção da enfermagem. Nesse sistema, a pessoa é capaz de desempenhar ou pode aprender a realizar as medidas exigidas pelo cuidado terapêutico externa ou internamente orientado. Assim, desenvolvendo todo o autocuidado, o papel do enfermeiro é promover o paciente como um agente do autocuidado44. Orem DE, Taylor SG, Renpenning KM. Nursing: concepts of practice. 6th ed. St. Louis (MI): Mosby; 2001..

Dentre as seis conjecturas atreladas ao autocuidado de Orem, iremos trabalhar com os pressupostos que partem das premissas: “os seres humanos precisam de educação em saúde deliberada e contínua sobre si mesmos e sobre o ambiente para desenvolverem habilidades práticas e intelectuais a fim de darem continuidade à manutenção de suas funções humanas essenciais”; e “O autocuidado e a promoção de cuidado dependentes requerem disponibilidade, aquisição, preparação e utilização de recursos determinantes para a necessidade e prestação de cuidado”44. Orem DE, Taylor SG, Renpenning KM. Nursing: concepts of practice. 6th ed. St. Louis (MI): Mosby; 2001..

Dessa forma, a teoria traz inúmeras contribuições à pessoa com hanseníase, que podem ser potencializadas por meio da utilização das intervenções educativas, proporcionando diversas informações que subsidiam a autonomia.

Esse relato traz menção às intervenções educativas que foram realizadas por meio de um “Bundle”. Este corresponde a um pacote que inclui de três a cinco cuidados baseados em evidências científicas que devem ser realizados em conjunto a fim de melhorar a condição de saúde, estando, em sua maioria, diretamente ligados à segurança do paciente55. Silva SG, Nascimento ERP, Salles RK. Bundle to prevent ventilator-associated pneumonia: a collective construction. Texto Contexto Enferm. 2012;21(4):837-44. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-07072012000400014
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O relato de experiência apresenta o acompanhamento de 10 pessoas em tratamento de hanseníase na classificação Multibacilar (MB) com forma clínica dimorfa e virchorwiana acompanhadas no Centro Dermatologia e/ou Estratégias Saúde da Família (ESF) de municípios do Cariri, no Ceará.

As intervenções educativas ocorreram no período de fevereiro a agosto de 2019, no âmbito domiciliar dos pacientes e atenderam aos seguintes critérios de inclusão: pessoas com idade igual ou superior a 18 anos; casos de hanseníase notificados que se encontravam no sexto mês de tratamento, pela possibilidade de acompanhá-los nesses últimos meses, e com grau de incapacidade de 0 a 1. Critério de exclusão: pessoas que após três tentativas de contato não foram encontrados durante o período da coleta de dados.

Para determinar o grau de incapacidade física, utilizou-se o teste da sensibilidade dos olhos, das mãos e dos pés por meio do conjunto de monofilamentos de Semmes-Weinstein (monofilamentos: 0.05g, 0.2g, 2g, 4g, 10g e 300g) nos pontos de avaliação de sensibilidade em mãos e pés e do fio dental (sem sabor) para os olhos. Considera-se grau 1 de incapacidade a ausência de resposta ao monofilamento igual ou mais pesado que 2g (cor violeta).

As intervenções para o autocuidado aconteceram no domicílio dos participantes, sendo três intervenções educativas presenciais, intercaladas por ligações telefônicas, totalizando seis intervenções. Estas tiveram em média 1 hora e 30 minutos e foram realizadas a partir das informações da cartilha do Autocuidado com a Face, Mãos e Pés66. Ministério da Saúde (BR). Comunicação e Educação em Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Autocuidado em hanseníase: face, mãos e pés. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2010 [cited 2020 Jan 10]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/autocuidado_hanseniase.pdf
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. As orientações para promoção do autocuidado ocorreram de acordo com os principais sintomas apresentados, conforme as suas necessidades, sendo estes: a) face: ressecamento nasal; b) mãos e pés: diminuição da sensibilidade, edema nas articulações, dor e ressecamento.

Para análise do autocuidado utilizou-se como referencial teórico a Teoria dos Sistemas de Enfermagem de Orem. Identificou-se o que a pessoa foi capaz de desempenhar em relação às medidas exigidas pelo cuidado terapêutico externa ou internamente orientado. Na perspectiva de ser um agente do seu autocuidado nas ações de a) alcançar autocuidado e b)controlar o exercício e o desenvolvimento do autocuidado44. Orem DE, Taylor SG, Renpenning KM. Nursing: concepts of practice. 6th ed. St. Louis (MI): Mosby; 2001..

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número de parecer 3.157.899 e a participação na pesquisa foi legitimada por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Descrição da experiência das orientações para promoção do autocuidado e prevenção de incapacidades

As orientações para promoção do autocuidado visando à prevenção das incapacidades físicas em decorrência da hanseníase tiveram como enfoque as necessidades das pessoas acompanhadas, levando em consideração as premissas da TSE, no sistema apoio-educação.

Quanto à premissa a respeito da necessidade da educação em saúde para o desenvolvimento de habilidades práticas e intelectuais, as orientações feitas levaram em consideração ações para prevenir o ressecamento nasal e promover a diminuição da sensibilidade, edema nas articulações, dor e ressecamento nas mãos e pés.

No que se refere à premissa sobre a necessidade da disponibilidade, aquisição, preparação e utilização dos recursos para alcance da promoção do autocuidado, as orientações foram acompanhadas da disponibilização de um kit que continha uma bacia, toalha, sabonete líquido, hidratante, serra de unha, lixa do pé, espelho e panfleto com as orientações. Vale ressaltar que esses materiais são recursos primordiais para o alcance da promoção do autocuidado e prevenção de incapacidades, sendo que muitas dessas pessoas não possuíam condições financeiras que possibilitassem a aquisição por conta própria.

Mediante o acompanhamento, com a realização das intervenções educativas, as práticas de autocuidado permitiram melhor interação na disponibilização de informações e encorajamento para o autocuidado. Nesse sentido, as intervenções educativas foram essenciais, conforme resultados positivos relatados a seguir: melhora no septo nasal (sem ressecamento); ausência de alterações nas mãos e pés (fissuras, ferimentos ou rachaduras); membros superiores e inferiores hidratados, bem cuidados; e a não evolução para o grau de incapacidade (Grau 2).

As intervenções educativas possibilitam compartilhar saberes e experiências, contribuindo para aquisição de conhecimento e promovendo a reflexão e a mudança de atitude quanto às práticas do autocuidado77. Freitas BHBM, Blanco e Silva F, Silva KF, Santos HCD, Silva SEG. Perception of adolescents about leprosy. J Nurs UFPE online. 2019 [cited 2020 Jan 10];13(2):292-7. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/237260/31431
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. Diante disso, as intervenções educativas permitiram o conhecimento sobre o autocuidado, por meio da repetição das orientações, colocando-as em prática, o que possibilitou a não evolução para as incapacidades físicas.

Além do aspecto biológico, durante o apoio ao autocuido, as pessoas afetadas pela hanseníase verbalizaram que as intervenções educativas contribuíram para o seu protagonismo no processo de cuidado e proporcionaram bem-estar físico e mental. A interação paciente-enfermeiro e as intervenções educativas, planejadas por meio de uma rotina diária de cuidado e acompanhamento, possibilitaram o diálogo, a troca de conhecimento, confiança e o vínculo. Em resposta, verificou-se por meio da avaliação do autocuidado que as pessoas afetadas pela hanseníase passaram a cuidar de si.

Promoção para o autocuidado: ressecamento nasal

As orientações a respeito dos cuidados que devem ser realizados com o nariz variam desde as ações de higienização, o intervalo de tempo e práticas para evitar lesões e feridas. Nessa ação, cabe ao enfermeiro e/ou a outro profissional de saúde fornecer essas informações. Em geral, no cotidiano, esses cuidados não são relatados pelos pacientes com hanseníase apesar da sua necessidade e importância para prevenção de incapacidades88. Lima MCV, Barbosa FR, Santos DCM, Nascimento RD, D'Azevedo SSP. Practices for self-care in Hansen's disease: face, hands and feet. Rev Gaúcha Enferm. 2018;39:e20180045. doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20180045
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Ao considerar a necessidade das orientações para promoção do autocuidado quanto ao ressecamento nasal, as pessoas com Hanseníase foram orientadas sobre o procedimento para higienização do nariz de 3 a 4 vezes ao dia. Foram informadas ainda a respeito da necessidade de evitar remover crostas e secreções da mucosa nasal pelo maior risco de provocar feridas.

Essas medidas de autocuidado na perspectiva de prevenir lesões traumáticas requer o comprometimento dos profissionais nos diferentes níveis de atenção à saúde com descrição e distribuição de materiais que reforcem essas práticas de cuidados e autocuidados nasais.

Promoção para o autocuidado e prevenção de incapacidades: diminuição da sensibilidade e ressecamento das mãos e pés

Um estudo de coorte realizado na Índia, com o objetivo de determinar a incidência de deformidades no momento do diagnóstico e durante o acompanhamento, indica que novas deformidades ocorrem mesmo após finalização do tratamento. Tais consequências demonstram a necessidade de um acompanhamento regular e a longo prazo dessas pessoas99. Rathod SP, Jagati A, Chowdhary P. Disabilities in leprosy: an open, retrospective anallyses of institutional records. An Bras Dermatol. 2020;95(1):52-6. doi: https://doi.org/10.1016/j.abd.2019.07.001
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No autocuidado com os pés e mãos, orientou-se quanto aos procedimentos e periodicidade da hidratação, lubrificação e autoinspeção diária, com atenção aos pequenos ferimentos ou áreas avermelhadas, a necessidade de usar calçados e meias adequadas e a importância de proteger as mãos nas atividades.

Essas ações são necessárias para prevenção de incapacidades e deformidades físicas. Para sua realização de maneira efetiva, têm-se a demanda que a enfermagem deve realizar intervenções gerais, comuns a vários grupos, e intervenções específicas, necessárias apenas a essa população1010. Oliveira MDS, Lima JOR, Garcia TR, Bachion MM. Useful terms for nursing practice in the care of people with leprosy. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):779-87. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0684
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. Nesse contexto, o acesso às informações em conjunto com a disponibilidade dos materiais e recursos proporciona a esses pacientes os meios adequados para desenvolver as habilidades necessárias à realização do autocuidado.

Promoção do autocuidado: edema de articulações e dor

Ressalta-se que durante o tratamento da hanseníase os pacientes podem desenvolver reações hansênicas ou estados reacionais, classificadas em tipo 1 e 2, que resultam em inflamação aguda causando edema, calor, rubor, dor, perda da função e, consequentemente, incapacidade física1111. Queiroz TA, Carvalho FPB, Simpson CA, Fernandes ACL, Figueirêdo DLA, Knackfuss MI. Clinical and epidemiological profile of patients with leprosy-related reactions. Rev Gaúcha Enferm. 2015;36(esp):185-91. doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.esp.57405
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-1212. Pinheiro MGC, Miranda FAN, Simpson CA, Carvalho FPB, Ataide CAV, Lira ALBC. Understanding “patient discharge in leprosy”: a concept analysis. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(4):e63290. doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.04.63290
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. Nesse sentido, as pessoas com hanseníase foram orientadas sobre o uso de corticoides, inflamatórios e analgésicos conforme prescrição médica.

As informações demonstradas neste relato de experiência enfatizam o papel fundamental da enfermagem para as ações voltadas às pessoas com hanseníase por meio da promoção do autocuidado e planejamento de práticas para prevenção de incapacidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A promoção do autocuidado de pessoas afetadas pela hanseníase, tendo como referencial a Teoria dos Sistemas de Enfermagem, no sistema apoio-educação, demonstrou ser essencial para prevenir ou evitar incapacidades físicas, além de evidenciar a importância da disponibilização e aquisição de recursos para o acesso às informações e materiais.

Observou-se que essa prática favorece o protagonismo do paciente no processo de cuidado e proporciona autonomia, bem-estar físico e mental. Dessa forma, esse relato divulga e incrementa a importância do acompanhamento sistematizado por meio de uma rotina diária de cuidados da enfermagem, proporcionando uma melhor compreensão sobre essa dimensão do cuidado.

Apesar das intervenções educativas terem ocorrido no domicílio dos pacientes, verificou-se limitações no que diz respeito à interrupção das práticas do autocuidado pelos pacientes por priorizarem outras atividades e devido à falta de tempo. Ainda, ressalta-se a necessidade de pesquisas originais ou outros métodos que possam proporcionar melhor compreensão sobre a dimensão do autocuidado apoiado dos pacientes com hanseníase.

Agradecimentos:

Às pessoas com Hanseníase que foram acompanhadas, pela disponibilidade, compromisso e acolhimento durante as visitas. Às Secretarias de Saúde, Enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde por disponibilizar os dados e facilitar o acesso as pessoas com Hanseníase. À Déborah Albuquerque Alves Moreira, discente do Curso de Mestrado Acadêmico em Enfermagem, da Universidade Regional do Cariri pelas contribuições e sugestões durante a revisão final do manuscrito. À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pela concessão de bolsas ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, na Universidade Regional do Cariri.

REFERENCES

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Editado por

Editor associado:

Rosana Maffacciolli

Editor-chefe:

Maria da Graça Oliveira Crossetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Dez 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    14 Jul 2020
  • Aceito
    26 Fev 2021
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