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Acesso público, autonomia financeira, agilidade editorial, novas indexações e homenagem aos pareceristas da RESR em 2019/2020

Public access, financial autonomy, agility in the editorial flow, new indexing bases and a tribute to the reviewers of the RESR in 2019/2020

As responsabilidades do editor-chefe englobam a implementação da política editorial, a supervisão do processo editorial e as relações do periódico com os autores, pareceristas, leitores, indexadores, agências de apoio a pesquisa, a comunidade científica e o público geral. Em particular, a transparência e o controle de qualidade são aspectos essenciais do processo editorial sob a responsabilidade do editor-chefe. (Scientific Electronic Library Online, 2018Scientific Electronic Library Online – ScIELO. (2018). Guia de boas práticas para o fortalecimento da ética na publicação científica. Recuperado em 13 de julho de 2020, de https://wp.scielo.org/wp-content/uploads/Guia-de-Boas-Praticas-para-o-Fortalecimento-da-Etica-na-Publicacao-Cientifica.pdf
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, p. 02).

A Revista de Economia e Sociologia Rural (RESR) tem passado por profundas modificações, mas os desafios enfrentados em 2019 e 2020 são, no mínimo, inusitados. Ainda bem que se pode contar com uma preciosa equipe de trabalho, um “conselho editorial” prestativo, os carregadores de piano do “comitê científico” e o voluntariado dos pareceristas ad hoc que aperfeiçoaram os 90 artigos publicados nestes últimos dois anos, quase o dobro do mínimo requerido pela Plataforma SciELO Brasil (Scientific Electronic Library Online, 2017Scientific Electronic Library Online – ScIELO. (2017). Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos na Coleção SciELO Brasil. Recuperado em 13 de julho de 2020, de http://www.scielo.br/avaliacao/Criterios_SciELO_Brasil_versao_revisada_atualizada_outubro_20171206.pdf
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).

E para coroar o trabalho destes últimos dois anos, pretende-se aqui fazer uma análise dos bastidores da RESR aos seus colaboradores, procurando-se apresentar as questões-chave por trás das recentes conquistas. Para tanto, é importante se reportar às metas da RESR que foram pactuadas no 57º Congresso da SOBER, em Ilhéus/BA, no ano 2019: (1) viabilizar o acesso on-line a 43 anos de acervo histórico da RESR em formato PDF editável (desde o volume 16 de 1978); (2) estabelecer a autonomia financeira; (3) agilizar o fluxo editorial; (4) melhorar a qualidade do fluxo editorial; e (5) incluir a revista em mais outra base de indexação. Assim, o texto, a seguir, analisa os avanços obtidos em cada uma dessas metas e, por fim, presta uma homenagem aos pareceristas da RESR que tornaram possível publicar os artigos dos anos de 2019 e 2020.

1. Como a RESR obteve página própria e resgatou o seu acervo

Em agosto de 2017, a RESR tinha um foco editorial voltado para a impressão gráfica e dispunha do acesso on-line exclusivamente por meio do portal SciELO, e este só abrangia os artigos publicados a partir de julho de 2002. Portanto, a RESR não tinha acesso on-line ao seu acervo em sua própria página. Ao mesmo tempo, a versão impressa não era disponibilizada aos sócios da Sociedade de Economia e Sociologia Rural (SOBER) nem aos colaboradores da RESR, mas somente aos seus poucos assinantes. Mesmo assim, a versão impressa era a maior identidade da RESR e era mantida pelo financiamento da SOBER e edital público do CNPq.

Entretanto, a SOBER e o CNPq tiveram seus orçamentos reduzidos e, em 2020, acabaram por não mais financiar a RESR. Percebendo a gravidade crescente da escassez de recursos, o conselho editorial da RESR – na reunião do 56º Congresso da SOBER, em Campinas/SP, em 2018 – autorizou o encerramento da versão impressa. Assim, o último número impresso foi v. 57, n. 1 da RESR, publicado em março de 2019. A partir de 2018, o desafio da RESR foi o de oportunizar o acesso público a todo o seu acervo em sua página, mesmo mantendo o acesso por meio do Portal SciELO.

Para tanto, contratou-se a plataforma PERIODIKOS, que possibilitou o acesso ao acervo da RESR em sua própria página. Inicialmente, cadastraram-se os 710 artigos (publicados entre 2002 e 2020) que estavam disponíveis na SciELO, tomando-se o cuidado de redirecionar o acesso ao PDF ao link oficial do DOI (Digital Object Identifier) para preservar a contagem de downloads dos artigos. Posteriormente, outros 755 artigos (publicados entre 1978 e 2002) foram digitalizados em formato pesquisável e incluídos no mesmo acervo da nova página da RESR (Revista de Economia e Sociologia Rural, 2020Revista de Economia e Sociologia Rural – RESR. (2020). Recuperado em 13 de julho de 2020, de https://www.revistasober.org/
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), a qual, portanto, disponibiliza 1.465 artigos, em formato PDF pesquisável e que foram publicados desde 1978.

2. Os bastidores da autonomia financeira da RESR

É importante salientar que a independência financeira da RESR em relação à SOBER não é decorrente somente da atual pandemia do Covid-19 que se abateu sobre o mundo em 2020 ou fruto da atual inoperância do Estado brasileiro, mas já vinha sendo gestada desde a Assembleia Geral do 54º Congresso da SOBER, em Maceió/AL, em 2016.

A primeira ação efetiva da busca da autonomia financeira foi aprovada na Assembleia Geral do 57º Congresso da SOBER, em Ilhéus/BA, em 2019, quando se definiu que todo artigo aprovado a partir de 1º de agosto de 2019 deveria contribuir com uma taxa de publicação no valor de R$ 600,00. Nesse mesmo ano, também se estabeleceu um novo contrato com a Editora CUBO para terceirizar a etapa de publicação. Desta forma, publicaram-se o v. 57, n. 3 e o v. 57, n. 4 de 2019 e o v. 58, n. 1 de 2020, o que se estenderia ainda nos dois números seguintes. Entretanto, a escassez de financiamento externo obrigou a SOBER e a RESR a publicar uma carta conjunta estabelecendo que, a partir de 13 de abril de 2020, toda e qualquer publicação deveria colaborar com uma taxa de tramitação (no valor de R$ 100,00) na submissão de um artigo para avaliação da Revista e, caso aprovado, colaborar com uma taxa de publicação.

Uma das mudanças decorrentes do processo de financiamento da publicação pelo próprio autor (não dependendo mais de subsídios para a publicação das edições) foi a instituição da publicação por fluxo contínuo a partir do v. 58, n. 1 de 2020. Neste caso, a periodicidade da RESR continuou sendo trimestral, no entanto, à medida que cada artigo passou a ser aprovado e editado, seguiu para ser publicado individualmente.

Para tanto, a partir de 2020, estabeleceu-se a paginação eletrônica (e-location), que permitiu desvincular a paginação de determinado artigo em relação aos demais do mesmo número. Para tanto, inseriu-se uma nota, na página inicial de todo artigo em fluxo contínuo, exemplificando como citar o artigo com base no modelo de referência bibliográfica APA (American Psychological Association).

Outra consequência imediata da cobrança pela taxa de tramitação, ou seja, a cobrança pela submissão, foi a redução de submissões de trabalhos ainda imaturos e frutos de disciplinas acadêmicas, o que melhorou muito a qualidade do fluxo editorial e a taxa de reprovação de submissões em decisão desk review pelo editor-chefe ou editor de área.

3. Um olhar sobre os gargalos do fluxo editorial da RESR

Para agilizar o fluxo editorial, uma ação implementada foi o de atualizar o sistema OJS para a versão 3.0 em junho de 2019, o que oportunizou uma visualização e gestão eletrônica da tramitação em uma versão muito mais “amigável”. Ainda nesse ano, em busca de melhorar ainda mais a gestão editorial, iniciou-se a migração para o sistema operacional ScholarOne, para aprimorar os sistemas de controle e continuar reduzindo o tempo de tramitação das submissões.

Outra inciativa para reduzir o tempo da tramitação foi, ao final de uma pré-avaliação positiva, o editor de área indicar mais do que três pareceristas vinculados ao tema, o que eleva a possibilidade de se encerrar a avaliação logo na primeira rodada.

Outra medida de controle foi estabelecer um teto máximo de tempo para cada etapa do fluxo editorial, que se encontra atualmente subdividido entre: (1) submissão (checagem normativa), (2) pré-avaliação (avaliação desk review), (3) tramitação (avaliação blind review) e (4) publicação (serviço terceirizado). Para tanto, espera-se não demorar mais do que 18 meses para publicar, seguindo as recomendações da SciELO (Scientific Electronic Library Online, 2017Scientific Electronic Library Online – ScIELO. (2017). Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos na Coleção SciELO Brasil. Recuperado em 13 de julho de 2020, de http://www.scielo.br/avaliacao/Criterios_SciELO_Brasil_versao_revisada_atualizada_outubro_20171206.pdf
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).

4. Melhoria da qualidade editorial da RESR

Desde janeiro de 2020, todos os atuais 20 componentes do comitê científico da RESR passaram a receber o status de editor de área e a assumir paulatinamente uma maior autonomia na administração do processo editorial da submissão sob seu encargo, tendo acesso a todos os dados. Com isso, obtêm-se agilidade e corresponsabilidade.

É importante registrar também que existe a experiência-piloto, desde janeiro de 2019, de se instituir a figura de um editor-adjunto das áreas de economia, administração e sociologia e desenvolvimento rural, o que torna mais rigorosa a avaliação desk review das submissões. Neste caso, ocorre uma divisão de trabalho entre o editor-chefe e os adjuntos, pois, enquanto o primeiro avalia a relevância temática, os adjuntos avaliam a relevância técnica da submissão. Essa dupla checagem de escopo reduz a demanda de pareceres ad hoc, priorizando-os para as submissões de elevada qualidade acadêmica e que corroboram o escopo da RESR.

Por fim, é importante salientar que a RESR propõe aos autores latinos que submetam o artigo de acordo com a sua língua nativa e traduzam depois de receber a carta de aceite, pois se prefere tramitar em português e traduzir a versão final para o inglês de forma profissional.

5. A inclusão da RESR em novas bases de indexação

A respeito de incluir a RESR em novas bases de indexação, considera-se uma meta que pode resultar em efetiva melhoria da indexação. Para tanto, já ocorreram as seguintes mudanças:

  1. a

    No ano de 2019, indexou-se a RESR no DOAJ (Directory of Open Access Journal), cujo link se encontra na página principal da Revista.

  2. b

    No primeiro trimestre de 2020, também se conseguiu indexar a RESR na base Researching Brazil, cujo link se encontra na página principal da Revista.

  3. c

    Visando à indexação com LATINDEX e WEB OF SCIENCE, alguns componentes do comitê científico realizaram cursos promovidos pela ABEC (Associação Brasileira de Editores Científicos, 2020Associação Brasileira de Editores Científicos – ABEC BRASIL. (2020). Recuperado em 13 de julho de 2020, de https://www.abecbrasil.org.br
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    ) em julho de 2020.

  4. d

    É importante registrar que a participação em outras bases de indexação é estratégica para melhorar as avaliações por citação da RESR.

6. Uma homenagem ao “parecerista desconhecido”

A Revista de Economia e Sociologia Rural apresenta aqui sua homenagem aos 196 pareceristas que fizeram avaliação às cegas dos 90 artigos científicos publicados pela RESR entre 2019 e 2020. No Quadro 1, estão relacionados os nomes dos pareceristas em ordem alfabética e por país ou região. Assim, observa-se que: 6% são de residentes no exterior; 42%, da região Sudeste; 31%, do Sul; 11%, do Nordeste; 9%, do Centro-Oeste; e 1%, do Norte.

Quadro 1
– Pareceristas que contribuíram com a RESR entre 2019 e 2020.

Assim, caro leitor, aproveite este espaço plural de debate interdisciplinar qualificado do mundo rural, ao mesmo tempo que se quer continuar contando com a crítica construtiva de seus leitores, autores e membros do conselho editorial e comitê científico, visando, a cada edição, aperfeiçoar o processo editorial.

Nota de agradecimento:

O editor agradece a leitura atenciosa e sugestões de melhoria deste texto aos colegas Paulo Eduardo Moruzzi Marques, Erlaine Binotto, Daniel Coronel, Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho e Norma Kiyota.

  • Como citar: Perondi, M. A. (2020). Acesso público, autonomia financeira, agilidade editorial, novas indexações e homenagem aos pareceristas da RESR em 2019/2020. Revista de Economia e Sociologia Rural, 58(4), eED5804. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2020.ED5804

Referências Bibliográficas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2020
  • Data do Fascículo
    2020
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