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Gerenciando o contágio: Covid-19, saúde pública e comportamento reflexivo

RESUMO

Este artigo caracteriza uma pandemia como um tipo de contágio e descreve um contágio como um sistema de feedback reflexivo de dois níveis e duas direções. Nesse sistema, as opiniões de especialistas para gerenciar uma pandemia podem atuar como profecias autorrealizáveis devido à forma como influenciam a formação de crenças coletivas. No entanto, quando vários especialistas produzem várias opiniões de especialistas que atuam como profecias autorrealizáveis, isso pode fragmentar a resposta de uma sociedade a uma pandemia, piorando-a em vez de melhorá-la. Este artigo modela esse possível resultado distinguindo duas opiniões de especialistas concorrentes, apelando, respectivamente, para pessoas em situações de seguro de emprego/saúde do tipo bem comum e de pool comum, e argumenta que, para combater a fragmentação de opinião sobre como lidar com uma pandemia, as políticas de saúde pública precisam atender à natureza do raciocínio público. Argumenta que isso implica perguntar como as instituições deliberativas justas e legítimas podem funcionar de maneira “inclusiva e não coercitiva” que permita à sociedade reconciliar visões concorrentes sobre como combater crises em todo o sistema, como pandemias.

PALAVRAS-CHAVE:
COVID-19; contágio; profecia auto realizável; saúde pública; especialistas; bens de interesse social; pool de bens comuns; raciocínio público, estigmatização; não coercitivo; sociedade decente

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