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Língua portuguesa esconde ciência nacional

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Língua portuguesa esconde ciência nacional

Por Sabine Righetti

Dados apresentados durante o II Seminário sobre o desempenho dos periódicos brasileiros no JCR 2010, realizado na sede da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), são publicados em reportagem na Folha de S. Paulo.

O Brasil é o 13º país na lista dos que mais publicam artigos científicos. Mas, quando o assunto é quantas vezes cada texto é citado por outros pesquisadores, o país vai mal.

Isso acontece, principalmente, por um motivo: 60% dos artigos publicados por aqui estão em português. E, diferentemente de países como a Espanha, boa parte dos cientistas daqui prefere publicar em revistas brasileiras.

A questão foi levantada em um evento da Fapesp, que discutiu o desempenho dos periódicos brasileiros. O interesse da Fapesp pelo assunto é claro: não adianta financiar as pesquisas se ninguém repercutir os resultados dos trabalhos.

"Precisamos pensar quais artigos devemos publicar só em português, só em inglês e quais devem estar nas duas línguas", disse Abel Packer, coordenador operacional do SciELO - base que reúne revistas científicas com acesso aberto na internet.

Pior nas humanas

Em áreas como linguística, letras, artes e ciências sociais aplicadas, a situação é pior. Além dos artigos majoritariamente em língua portuguesa, cerca de 65% dos resultados de pesquisas nessas disciplinas estão em livros - que também estão em português.

"Mas, em áreas como a linguística, pode não fazer tanto sentido publicar em outro idioma", diz Packer. Afirmou, ainda, o referido coordenador: "O ideal, claro, seria que todas as revistas tivessem, também, uma versão em inglês. Mas isso teria um custo muito alto". Hoje, o governo gasta cerca de R$ 5 milhões anuais com as revistas nacionais.

Mas para Luís Reynaldo Alleoni, editor da "Scientia Agrícola", da USP de Piracicaba, "passar as revistas brasileiras para a língua inglesa é um caminho sem volta".

O periódico está em inglês desde 2003. Com isso, as citações aumentaram e o número de artigos de cientistas estrangeiros passou de 5%, em 2002, para 11%, em 2010.

Parcerias também aumentam o impacto dos artigos. As citações dos estudos nacionais crescem 50% quando os trabalhos são feitos em colaboração internacional.

Para Rogério Meneghini, coordenador científico do SciELO, há uma espécie de "transferência do impacto" do artigo quando uma instituição brasileira publica um trabalho com outra estrangeira mais renomada.

"Mas, além de ter pouca colaboração entre países, o Brasil tem um número pequeno de artigos produzidos entre as próprias instituições nacionais", diz Meneghini. O SciELO recomenda, cada vez mais, que as revistas nacionais estejam em inglês. "Mas a escolha do idioma ainda é uma decisão editorial da revista", conclui Packer.

O efeito do português

O quadro, abaixo, apresentado durante o II Seminário sobre o desempenho dos periódicos brasileiros no JCR 2010, pelo professor Abel L. Parker, coordenador do Scielo, mostra, claramente, o problema da divulgação científica, quando do uso da língua portuguesa.

Análise Estatística de Dados Geológicos Multivariados

Nesse livro, o professor Paulo M. Barbosa Landim apresenta uma introdução aos métodos estatísticos multidimensionais aplicados na análise de dados geológicos.

Escrito a partir de sua vasta experiência como professor, a obra tem uma linguagem simples, sem complexas abordagens matemáticas – presumindo-se um conhecimento básico de estatística descritiva e conceitos simples de álgebra matricial –, sendo um agregador importante, principalmente para acadêmicos e iniciantes na área.

A análise de dados geológicos é, sem dúvida, algo muito complexo e grandioso. Isto porque, além da Natureza, com seus diversos fatores que interferem nos fenômenos geológicos, o avanço e a disponibilidade de ferramentas tecnológicas trazem um numeroso banco de informações, que, se não forem corretamente descritas, interpretadas e estimadas, podem comprometer todo um trabalho.

Os métodos multivariados se fazem necessários nesse aspecto, pois uma de suas principais funções é a redução da dimensão dos dados ao apresentar resultados. É imprescindível que o pesquisador lembre-se de que os dados obtidos, por via quantitativa, devem ter uma explicação lógica e coerente no contexto das Geociências, especialmente na área mineral, que necessita também ter aplicação econômica. O livro é indicado a pesquisadores em Geologia, acadêmicos, especialistas, profissionais do setor e interessados no assunto.

Paulo M. Barbosa Landim é geólogo e doutor, pela USP, com pós-doutorado na University of California e na Northwestern University. Tornou-se Professor Livre-Docente em 1970 e Professor Titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp - Rio Claro), de 1978 até 1998. Insatisfeito com a aposentadoria ocorrida em 1998, permanece dando aulas e orientando seus alunos de graduação e pós-graduação, como Professor Voluntário da Unesp. Por tudo isso e por uma sólida produção voltada especialmente à estratigrafia e à quantificação em Geologia, recebeu o título de Professor Emérito da Unesp.

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Anglo American mantém em alta suas operações de nióbio e fosfato no Brasil

Mineração Catalão e Copebrás seguem como importantes negócios e comemoram resultados positivos de 2010 e primeiro semestre de 2011

A Anglo American, por meio da Mineração Catalão, é uma das maiores produtoras de nióbio do mundo, com operações nos municípios de Catalão e Ouvidor (GO). A usina começou a operar em 1976, produzindo concentrado de pirocloro. Em 1977, entrou em operação a planta metalúrgica para produção de ferronióbio. Em 2008, a companhia inaugurou o Projeto Tailings, empreendimento que permitiu recuperar o nióbio contido no rejeito da produção de fosfato, e evidenciou o compromisso do Grupo Anglo American com o desenvolvimento sustentável.

A Mineração Catalão exporta nióbio para mais de 50 plantas siderúrgicas da Europa, América do Norte e Ásia. Com lucro operacional de US$ 67 milhões e vendas de 4 mil toneladas em 2010, a Anglo American realiza, agora, um estudo de viabilidade para expandir a capacidade de produção atual, na região de Catalão e Ouvidor.

Já no setor de produtos fosfatados, a mina da Copebrás, também do Grupo Anglo American, é uma das jazidas de fosfato mais atraentes do Brasil. A mina é a segunda maior produtora de rocha fosfática no Brasil, com capacidade anual de produção de 1,35 milhões de toneladas de concentrado de fosfato.

Fundada em 1955, a Copebrás é uma das maiores fabricantes de produtos fosfatados do Brasil, produzindo fertilizantes para a agricultura, fosfato bicálcico – DCP (usado em alimentação animal) e outros produtos fosfatados para fins industriais. A mina foi incorporada às operações da Copebrás em 1983 e, a partir daí, a empresa passou a contar com a sua própria fornecedora da principal matéria-prima para seus produtos.

A Copebrás possui operações em Catalão e Ouvidor (GO) e em Cubatão (SP). A Copebrás encerrou o primeiro semestre de 2011 com muitos motivos para comemorar. Além do desempenho financeiro superior ao previsto em budget, em linha com o bom momento que vive a agricultura brasileira, os números de produção também foram expressivos. Em Catalão, as plantas de Granulação e Fosfato Bicálcico Copefós (DCP) encerraram o semestre com a produção acima do previsto para o budget: a de DCP, por exemplo, superou em 12% a previsão. Em 2010, a empresa obteve lucro operacional de 81 milhões de dólares e produziu cerca de 1 milhão de toneladas.

Mineração brasileira salta para quarto lugar no ranking mundial

A indústria de mineração do Brasil galgou quatro posições no ranking mundial em 30 anos, tornando-se a quarta do mundo ao final da década passada, com valor de US$ 36,8 bilhões. O estudo, da United States Geological Survey (USGS), entidade americana, que é referência mundial do setor, foi reportado pela publicação especializada "Brasil Mineral".

O levantamento da USGS, divulgado recentemente com dados globais até 2009, não inclui informações dos chamados minerais energéticos – petróleo, gás e carvão.

Conforme o estudo, a indústria mineral brasileira, com valor de US$ 4,3 bilhões, estava em oitavo lugar em 1978. Ficava atrás da chilena, chinesa, australiana, canadense, sul-africana, americana e soviética e apenas à frente de Peru e Índia, entre as dez maiores do mundo.

Nas estatísticas de 1993 da USGS, a mineração brasileira triplicou seu valor e saltou para a sexta posição, tendo à frente Rússia, África do Sul, EUA, China e Austrália.

Na mais recente compilação de dados, o Brasil deixou para trás os EUA, Rússia e África do Sul, tendo à frente dois outros países integrantes dos Brics – China, na liderança, e Índia, em terceiro lugar. A indústria mineral australiana, na ponta no estudo de 1993, perdeu o posto para a chinesa.

Vale Inédita e Brasileira

A Vale deu início à operação da primeira planta-demonstração de ferro-gusa com uma nova tecnologia inteiramente brasileira, em Pindamonhangaba-SP. O método foi desenvolvido, após mais de 35 anos de pesquisa, pela Tecnored Desenvolvimento Tecnológico S.A., empresa da Vale em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a empresa Logos Tecnocom.

A tecnologia, chamada de Tecnored, traz uma série de vantagens em relação aos métodos tradicionais utilizados nas siderúrgicas. Uma delas é o custo da produção, que pode ser reduzido em 30%. Além disso, a produtividade aumenta e o impacto ambiental diminui. Uma planta industrial com Tecnored pode emitir 85% particulados a menos se comparada à de uma siderúrgica comum.

Como funciona a nova tecnologia

A Tecnored utiliza os chamados briquetes a frio no processo de produção do ferro-gusa. Eles são feitos de partículas finas de minério de ferro e um produto redutor (como diversos tipos de carvão) e têm o formato de pequenos travesseiros de 50 milímetros. Os briquetes dispensam a coqueria e a sinterização, processos necessários em uma siderúrgica.

Sem coqueria – local onde é preparado o carvão para uso no alto-forno – e sinterização – processo térmico que aglomera os finos de minério –, é possível reduzir o consumo de energia e as emissões de particulados e gás carbônico.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Jan 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 2011
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