O cuidado de enfermagem aos pais que vivenciaram o óbito fetal: revisão integrativa

Bezerra, Nycarla de Araújo; Santos, Cibelle Nayara Sena dos; Silva, Adrian Thaís Cardoso Santos Gomes da; Linhares, Francisca Márcia Pereira; Morais, Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos

doi:10.1590/0034-7167-2022-0811pt

Acessibilidade / Reportar erro

Brasil

Revista Brasileira de Enfermagem

Español English

Brasil

Español English

sumário « anterior atual seguinte »

Sumário

REVISÃO • Rev. Bras. Enferm. 77 (1) • 2024 • https://doi.org/10.1590/0034-7167-2022-0811pt copiar

O cuidado de enfermagem aos pais que vivenciaram o óbito fetal: revisão integrativa

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivos:

identificar evidências científicas acerca do cuidado de enfermagem aos pais que vivenciaram o luto diante do óbito fetal.

Métodos:

revisão integrativa de estudos originais realizada em seis bases de dados e classificados quanto ao nível de evidência.

Resultados:

a análise qualitativa dos nove estudos que compuseram a amostra envolveu categorias temáticas, explorando o impacto da perda perinatal nas famílias, a comunicação inadequada por parte dos profissionais de saúde e a importância de uma abordagem holística na assistência. Destaca-se a importância do papel do enfermeiro na contribuição positiva para a equipe, enfatizando a participação em capacitações e o fornecimento de informações essenciais.

Considerações Finais:

a vivência do luto impacta não apenas a dinâmica familiar, mas o meio social, evidenciando a urgência de uma abordagem mais empática e compreensiva. O cuidado deve ocorrer de forma holística, transcendendo a assistência técnica de enfermagem, com abordagem do contexto biopsicossocial dos pais.

Descritores:
Morte Fetal; Luto; Prática Profissional; Cuidados de Enfermagem; Revisão

Base de Dados	Estratégia
PUBMED Central (PMC)	P AND I AND Co P ALL FIELDS “Bereavement” OR “Bereavements” OR “Maternal Mourning” AND I ALL FIELDS “Professional Practice” OR “Practice, Professional” OR “Practices, Professional” OR “Professional Practices” OR “Nursing Care”OR “Nursing, Care” OR “Nursings, Care” OR “Nursing” AND Co ALL FIELDS “Fetal Death” OR “Death, Fetal” OR “Deaths, Fetal” OR “Demise, Fetal” OR “Fetal Deaths” OR “Fetal Demise” OR “Fetal Mummification” OR “Mummification Fetal”
MEDLINE	P AND I AND Co P ALL FIELDS “Bereavement” OR “Bereavements” OR “Maternal Mourning” AND I ALL FIELDS “Professional Practice” OR “Practice, Professional” OR “Practices, Professional” OR “Professional Practices” OR “Nursing Care”OR “Nursing, Care” OR “Nursings, Care” OR “Nursing” AND Co ALL FIELDS “Fetal Death” OR “Death, Fetal” OR “Deaths, Fetal” OR “Demise, Fetal” OR “Fetal Deaths” OR “Fetal Demise” OR “Fetal Mummification” OR “Mummification Fetal”
CINAHL	P AND I AND Co P ALL FIELDS “Bereavement” OR “Bereavements” OR “Maternal Mourning” AND I ALL FIELDS “Professional Practice” OR “Practice, Professional” OR “Practices, Professional” OR “Professional Practices” OR “Nursing Care”OR “Nursing, Care” OR “Nursings, Care” OR “Nursing” AND Co ALL FIELDS “Fetal Death” OR “Death, Fetal” OR “Deaths, Fetal” OR “Demise, Fetal” OR “Fetal Deaths” OR “Fetal Demise” OR “Fetal Mummification” OR “Mummification Fetal”
SCOPUS	P AND I AND Co P ALL FIELDS “Bereavement” OR “Bereavements” OR “Maternal Mourning” AND I ALL FIELDS “Professional Practice” OR “Practice, Professional” OR “Practices, Professional” OR “Professional Practices” OR “Nursing Care”OR “Nursing, Care” OR “Nursings, Care” OR “Nursing” AND Co ALL FIELDS “Fetal Death” OR “Death, Fetal” OR “Deaths, Fetal” OR “Demise, Fetal” OR “Fetal Deaths” OR “Fetal Demise” OR “Fetal Mummification” OR “Mummification Fetal”
BVS LILACS	P AND I AND Co P ALL FIELDS “Bereavement” OR “Bereavements” OR “Maternal Mourning” AND I ALL FIELDS “Professional Practice” OR “Practice, Professional” OR “Practices, Professional” OR “Professional Practices” OR “Nursing Care”OR “Nursing, Care” OR “Nursings, Care” OR “Nursing” AND Co ALL FIELDS “Fetal Death” OR “Death, Fetal” OR “Deaths, Fetal” OR “Demise, Fetal” OR “Fetal Deaths” OR “Fetal Demise” OR “Fetal Mummification” OR “Mummification Fetal”
Web of Science	P AND I AND Co P ALL FIELDS “Bereavement” OR “Bereavements” OR “Maternal Mourning” AND I ALL FIELDS “Professional Practice” OR “Practice, Professional” OR “Practices, Professional” OR “Professional Practices” OR “Nursing Care”OR “Nursing, Care” OR “Nursings, Care” OR “Nursing” AND Co ALL FIELDS “Fetal Death” OR “Death, Fetal” OR “Deaths, Fetal” OR “Demise, Fetal” OR “Fetal Deaths” OR “Fetal Demise” OR “Fetal Mummification” OR “Mummification Fetal”

Estudo e Autores	Ano/País	Objetivos	Desfechos	Nível de evidência
E1(¹⁵15 Jialu Q, Shiwen S, Mengwei W, Lu L, Sun Y, Xiaoyan Y. Preparing nurses and midwives to provide perinatal bereavement care: A systematic scoping review. Nurse Educ Today. 2021;103:e104962. https://doi.org/10.1016/j.nedt.2021.104962 https://doi.org/10.1016/j.nedt.2021.1049... ) Qian, J et al.	2021 China	Apresentar uma visão geral muito necessária e abrangente dos programas atuais de educação para o cuidado do luto perinatal, fornecendo assim uma base para o desenvolvimento e otimização de programas de educação, bem como identificando as necessidades de pesquisas futuras.	Foram apresentadas uma visão abrangente da situação atual dos programas de educação em cuidados ao luto perinatal, tanto no contexto universitário quanto hospitalar. Observou-se que a implementação desses programas tem efeitos positivos ao auxiliar enfermeiras e parteiras a se prepararem para o cuidado do luto perinatal.	I
E2(¹⁶16 Mills TA, Ayebare E, Mukhwana R, Mweteise J, Nabisere A, Nendela A, et al. Parents' experiences of care and support after stillbirth in rural and urban maternity facilities: a qualitative study in Kenya and Uganda. BJOG. 2020;128(1):101-09. https://doi.org/10.1111/1471-0528.16413 https://doi.org/10.1111/1471-0528.16413... ) Mills TA et al.	2020 Quênia/ Uganda	Explorar as experiências vividas pelos pais no período após a morte de seu bebê em unidades de saúde no Quênia e Uganda, para obter uma compreensão da resposta dos sistemas de saúde e das barreiras e facilitadores para um apoio eficaz.	Foi observado que os pais descreveram impactos devastadores e respostas profundas à morte do bebê. As interações com os profissionais de saúde foram influências importantes, porém, notou-se que a comunicação era deficiente. Barreiras ambientais e práticas de instalações sem apoio significaram que as necessidades frequentemente não eram atendidas.	V
E3(¹⁷17 Camacho-Ávila M, Fernández-Sola C, Jiménez-López FR, Molina JG, Fernández-Medina IM, Martínez-Artero L, et al. Experience of parents who have suffered a perinatal death in two Spanish hospitals: a qualitative study. BMC Pregnancy Childbirth. 2019;19(512). https://doi.org/10.1186/s12884-019-2666-z https://doi.org/10.1186/s12884-019-2666-... ) Ávila MC et al.	2019 Espanha	Descrever e compreender as experiências e percepções de pais que sofreram morte perinatal.	Os pais que enfrentam uma perda perinatal tendem a antecipar a morte do bebê, muitas vezes percebendo que “algo estava errado com a gravidez”. Também foi evidenciado que o choque de perder um bebê e a dor de dar à luz um bebê morto desencadeiam uma onda emocional nos pais, que sentem que “tiveram um filho” e precisam atribuir uma identidade para legitimar o luto.	IV
E4(¹⁸18 Christou A, Alam A, Hofiani SMS, Mubasher A, Rasooly MH, Rashidi MK, et al. ‘I should have seen her face at least once’: parent’s and healthcare providers’ experiences and practices of care after stillbirth in Kabul province, Afghanistan. J Perinatol. 2021;41(9):2182-95. https://doi.org/10.1038/s41372-020-00907-5 https://doi.org/10.1038/s41372-020-00907... ) Christou A et al	2021 Afeganistão	Explorar as experiências de pais enlutados e profissionais de saúde nos cuidados após o parto.	Comunicação e práticas inadequadas e insensíveis por parte dos profissionais de saúde, incluindo evitar ou retardar a revelação do óbito do feto.	IV
E5(¹⁹19 Kalu FA, Larkin P, Coughlan B. Development, validation and reliability testing of ‘Perinatal Bereavement Care Confidence Scale (PBCCS)’. Women Birth. 2020;33(4):311-9. https://doi.org/10.1016/j.wombi.2019.07.001 https://doi.org/10.1016/j.wombi.2019.07.... ) Kalu FA et al	2020 Irlanda	Desenvolver uma escala de confiança de cuidado de luto perinatal, validada e confiável.	Os hospitais não estavam equipados para separar as mulheres que tiveram natimortos e reconheceram que o apoio psicológico seria benéfico. No entanto, a ausência de pessoal treinado e restrições de recursos impediram o fornecimento desse apoio.	IV
E6(²⁰20 Fernández-Sola C, Camacho-Ávila M, Hernández-Padilla JM, Fernández-Medina IM, Jiménez-López FR, Hernández-Sánchez E, et al. Impact of Perinatal Death on the social and Family Context of the Parents. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(10):e3421. https://doi.org/10.3390/ijerph17103421 https://doi.org/10.3390/ijerph17103421... ) Fernández-Sola C et al	2020 Espanha	Explorar, descrever e compreender o impacto da morte perinatal na vida social e familiar dos pais.	O uso da Escala de Confiança em Cuidados de Luto Perinatal facilitará a identificação de necessidades e estratégias educacionais e de apoio para promover o conhecimento e as habilidades de apoio ao luto das parteiras, visando prestar cuidados aos pais que sofreram uma perda perinatal. Os resultados dessas avaliações fornecerão subsídios para as áreas de educação e treinamento em cuidados frente ao luto, que necessitam de melhorias para promover o conhecimento e as habilidades do apoio perinatal na prática das parteiras.	IV
E7(²¹21 Golan A, Leichtentritt RD. Meaning reconstruction among women following stillbirth: a loss fraught with ambiguity and doubt. Health Soc Work. 2016;41(3):147-54. https://doi.org/10.1093/hsw/hlw007 https://doi.org/10.1093/hsw/hlw007... ) Golan A; Leichtentritt DR.	2016 Israel	Examinar o próprio significado que as mulheres que vivenciaram a perda do filho atribuem à sua perda e à figura perdida.	A morte perinatal afeta a dinâmica familiar, incluindo o relacionamento de um casal, que pode ser fortalecido ou enfraquecido. É importante que as mulheres sejam informadas pelos profissionais sobre a perda de forma direta e respeitosa, evitando uma linguagem que minimize a perda e possa dificultar a tentativa de forjar um significado pessoal para ela.	V
E8(²²22 Martínez-Serrano P, Pedraz MA, Solís-Muñoz M, Palmar-Santos AM. The experience of mothers and fathers in cases of stillbirth in Spain: a qualitative study. Midwifery. 2019;77:37-44. https://doi.org/10.1016/j.midw.2019.06.013 https://doi.org/10.1016/j.midw.2019.06.0... ) Martínez PS et al.	2019 Espanha	Explorar a vivência de mães e pais quanto aos cuidados recebidos durante o parto em casos de natimortalidade.	Os profissionais de saúde e os educadores precisam conhecer o impacto dessa perda na dinâmica familiar, bem como no ambiente social e de trabalho, atentando não apenas às mães, mas também aos pais e irmãos.	IV
E9(²³23 Paris GF, Montigny F, Pelloso SM. Factors associated with the grief after stillbirth: a comparative study between Brazilian and Canadian women. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(4):546-53. https://doi.org/10.1590/S0080-623420160000500002 https://doi.org/10.1590/S0080-6234201600... ) Paris GF; Montigny F; Pelloso MS.	2016 Brasil/ Canadá	Verificar a associação entre o luto complicado e as características sociodemográficas, reprodutivas, mentais, de satisfação conjugal e apoio profissional em mulheres após óbito fetal.	Fornece uma visão sobre o processo de reconstrução de significado após o óbito fetal. Identifica o luto após essa perda como um luto privado de direitos. Para criar um significado para as perdas relacionadas ao parto, é preciso primeiro entender quem foi perdido. Os resultados deste estudo ainda indicam que o enfrentamento da perda pelas mulheres é um processo que ocorre a longo prazo.	V

Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: reben@abennacional.org.br

Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS

[1] Autor Correspondente: Nycarla de Araújo Bezerra, E-mail: nycarlaa@gmail.com