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Uso da epidemiologia para o fortalecimento da fonoaudiologia

A epidemiologia tradicionalmente é caracterizada como a ciência que estuda os fatores associados à saúde e a doença ou aos agravos na população; também é conhecida por potencialmente fornecer contribuições para a gestão da saúde no contexto coletivo.

Os conhecimentos relacionados aos pressupostos epidemiológicos, tais como a causalidade, associação, risco, chance, vieses, confundimento, validade interna, validade externa, sensibilidade, especificidade, valores preditivos, além das aplicações de testes estatísticos, amparados por modelos teóricos que permeiem a aplicação dos conceitos epidemiológicos fornecem importantes bases para a construção e fortalecimento de uma ciência que possui aspectos como reprodutibilidade, possibilidade de discussão para além do próprio eixo e permite que efetivamente se dê um salto de qualidade e credibilidade para além do autoreconhecimento e autoconstatação de necessidade e relevância.

É imperativo que objetivamente se demonstre quais são as populações mais vulneráveis aos distúrbios fonoaudiológicos, o impacto destes distúrbios em sua vida: seja na infância, na aprendizagem, na interação social, no trabalho, na alimentação ou mesmo na ocorrência de comorbidades ou morte; os custos e benefícios da reabilitação, bem como do aprimoramento fonoaudiológico, assim como custo-benefício destas intervenções.

Estas são atribuições que pesquisadores e cientistas devem empreender, em grupos de fonoaudiologia ou redes de colaboração com outros pesquisadores que incorporem estes saberes.

São potenciais fontes de contato com tais informações sites de universidades com reconhecida atuação na área como McGill e McMaster no Canadá, Rede Equator, com livros gratuitos online que costumam ser atualizados periodicamente como aquele publicado pelo Centro de Controle de Doenças (CDC)11. Center of Disease Control and Prevention. Principles of epidemiology in public health practice: an introduction to applied epidemiology and biostatistics. 3.ed. Atlanta: CDC; 2011. Disponível em URL https://www.cdc.gov/ophss/csels/dsepd/ss1978/index.html. Acessado em 08 nov 2017. e outro financiado pela Organização Mundial da Saúde22. Bonita R, Beaglehole R, Kjellström T. Causalidade em epidemiologia. In:____. Epidemiologia Básica. 2.ed. Genebra: OMS; 2010. Disponível em http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9788572888394_por.pdf. [acessado em 19 de outubro de 2017]., além de uma série de publicações de acesso gratuito do British Medical Journal que versa sobre epidemiologia para os não iniciados (disponível em http://www.bmj.com/about-bmj/resources-readers/publications/epidemiology-uninitiated/1-what-epidemiology). Há disponível uma certa gama de cursos a partir de plataformas online gratuitas como openLearn, Coursera, bem como vídeos do Youtube que explicam de forma didática e simplificada (mais comuns em inglês) os diversos conceitos e aplicações dos conhecimentos e apresentam exemplos clássicos da área33. Kleinbaum DG. ActivEpi web. Disponível em URL http://www.activepi.com/ [acessado em 19 de agosto de 2016].
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Não obstante, os clínicos devem usar o conhecimento epidemiológico para desenvolver as suas atividades com base nas evidências existentes e para tanto é fundamental que tenham conhecimento sobre leitura crítica de artigos científicos, identificação de desenhos de pesquisa, de vieses, erros sistemáticos, identificação de exposições e desfechos estudados, bem como validade interna e externa de estudos, grau de evidências e recomendações, entre outros.

Se gasta um tempo até obter uma formação com condição mínima de dar conta destes quesitos, mas é necessário começar, onde quer que se esteja atuando, na capital ou no interior, visto que cada vez mais há tecnologias online e acessos gratuitos para aprender essas habilidades.

Para tanto, há que se falar sobre isso e reconhecer que nosso conhecimento é incipiente sobre metodologia de pesquisa, nossos estudos carecem de aprimoramento e há que contar com apoio para efetivamente dar um salto de qualidade nos estudos que vem sendo desenvolvidos na área, a fim de que tenhamos reconhecimento para além dos pares.

Não é o único caminho a seguir, mas, sem dúvida, é um dos caminhos que necessariamente a Fonoaudiologia deve seguir.

Agradecimentos

Para Heather Beckius pela versão em inglês.

References

  • 1
    Center of Disease Control and Prevention. Principles of epidemiology in public health practice: an introduction to applied epidemiology and biostatistics. 3.ed. Atlanta: CDC; 2011. Disponível em URL https://www.cdc.gov/ophss/csels/dsepd/ss1978/index.html. Acessado em 08 nov 2017.
  • 2
    Bonita R, Beaglehole R, Kjellström T. Causalidade em epidemiologia. In:____. Epidemiologia Básica. 2.ed. Genebra: OMS; 2010. Disponível em http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9788572888394_por.pdf. [acessado em 19 de outubro de 2017].
  • 3
    Kleinbaum DG. ActivEpi web. Disponível em URL http://www.activepi.com/ [acessado em 19 de agosto de 2016].
    » http://www.activepi.com/
  • Fonte de auxílio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2018

Histórico

  • Recebido
    09 Nov 2017
  • Aceito
    12 Dez 2017
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