OBJETIVO: Caracterizar a clientela de um serviço comunitário de saúde mental e avaliar os fatores relacionados ao abandono de tratamento. MÉTODOS: Trata-se de um estudo do tipo prospectivo não-concorrente, com revisão de 295 prontuários médicos. Os pacientes com primeira consulta entre janeiro e dezembro de 1997 foram acompanhados por pelo menos quatro meses até abril de 1998. Foram considerados abandonos aqueles que, após indicação de pelo menos um retorno, não voltaram ao serviço por mais de quatro meses da data da última consulta. Variáveis sociodemográficas e clínicas foram comparadas para verificar fatores associados ao abandono de tratamento. A análise estatística incluiu Relative Hazard - RR com intervalo de 95% de confiança (IC) estimado pelo Modelo proporcional de Cox. RESULTADOS: A incidência acumulada de abandono de tratamento foi de 39,2%. A análise multivariada mostrou que uso de álcool ou drogas na admissão (RR = 1,72), não ter história de internação psiquiátrica anterior (RR = 1,88), residir fora das regionais de abrangência do serviço (RR = 1,95), não receber vale-transporte (RR = 3,68), vir ao serviço por demanda espontânea (RR = 2,12) e contar com menos de quatro consultas ambulatoriais (RR = 7,31) tratavam-se de fatores de risco independentes para a ocorrência de abandono de tratamento. CONCLUSÃO: Esses achados sugerem que os serviços psiquiátricos devem se atentar para a alta incidência de abandono de tratamento, principalmente entre os pacientes que não são egressos de internações psiquiátricas e com menores vínculos institucionais, indicando que esses grupos necessitam de abordagem e ações especiais que devem ser implementadas enquanto políticas públicas em serviços semelhantes.
Desistência do paciente; Serviços comunitários de saúde mental; Transtornos mentais; Psicoterapia; Psiquiatria comunitária
