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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Volume: 44, Número: 6, Publicado: 2022
  • A placenta e seu papel subestimado na prática clínica e na pesquisa Editorial

    Costa, Maria Laura
  • Sistemas de apoio e limitações na atenção ao aborto terapêutico pelo ginecologista-obstetra de hospitais públicos do Peru Original Article

    Matzumura, Juan; Gutierrez-Crespo, Hugo; Guevara, Enrique; Meza, Luis; Rosa, Mauricio La

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivo Identificar as barreiras para oferecer às mulheres e capacitar adequadamente os médicos sobre abortos terapêuticos nos hospitais públicos do Peru. Métodos Estudo descritivo transversal baseado em inquérito. Convidamos 400 especialistas em obstetrícia e ginecologia de 7 hospitais públicos acadêmicos de Lima e 8 de outras regiões do Peru. Juízes especialistas validaram a pesquisa. Resultados Coletamos os resultados da pesquisa de 160 participantes que atenderam aos critérios de inclusão. Destes, 63,7% afirmaram que o hospital onde trabalham não oferece treinamento sobre aborto. A maioria dos participantes considera que a posição do governo peruano em relação ao aborto terapêutico é indiferente ou deficiente. As principais limitações para fornecer abortos terapêuticos incluem a lei peruana (53,8%), políticas hospitalares (18,8%) e falta de especialistas (10,6%). Conclusão A maioria dos médicos pesquisados apoiava o aborto terapêutico e demonstrava interesse em aprimorar suas habilidades. No entanto, nem todos os hospitais oferecem treinamento e educação. O conhecimento limitado dos médicos sobre a lei e as políticas institucionais, além do medo de repercussões éticas, legais e religiosas, foram as principais barreiras para a realização do aborto.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Objective To identify the barriers to provide to women and adequately train physicians on therapeutic abortions in public hospitals in Peru. Methods Descriptive cross-sectional survey-based study. We invited 400 obstetrics and gynecology specialists from 7 academic public hospitals in Lima and 8 from other regions of Peru. Expert judges validated the survey. Results We collected survey results from 160 participants that met the inclusion criteria. Of those, 63.7% stated that the hospital where they work does not offer abortion training. Most of the participants consider that the position of the Peruvian government regarding therapeutic abortion is indifferent or deficient. The major limitations to provide therapeutic abortions included Peruvian law (53.8%), hospital policies (18.8%), and lack of experts (10.6%). Conclusion Most surveyed physicians supported therapeutic abortions and showed interest in improving their skills. However, not all hospitals offer training and education. The limited knowledge of the physicians regarding the law and institutional policies, as well as fear of ethical, legal, and religious repercussions, were the main barriers for providing abortions.
  • Mortes maternas por COVID-19 no Brasil: Aumento durante a segunda onda da pandemia Original Article

    Scheler, Carlos André; Discacciati, Michelle Garcia; Vale, Diama Bhadra; Lajos, Giuliane Jesus; Surita, Fernanda Garanhani; Teixeira, Julio Cesar

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivo Comparar as taxas de mortalidade por COVID-19 entre gestantes ou puérperas e não gestantes durante a primeira e segunda ondas da pandemia brasileira. Métodos Na presente avaliação dos dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), incluímos mulheres com síndrome respiratória aguda grave por COVID-19: 47.768 em 2020 (4.853 obstétricas versus 42.915 não obstétricas) e 66.689 em 2021 (5.208 obstétricas versus 61.481 não obstétricas) e estimamos a frequência de óbito intra-hospitalar. Resultados Identificamos 377 óbitos maternos em 2020 e 804 em 2021. A taxa de mortalidade por COVID-19 aumentou 2,0 vezes no grupo obstétrico (de 7,7 para 15,4%) e 1,6 vezes no grupo não obstétrico (de 13,9 para 22,9%) de 2020 a 2021 (odds ratio [OR]: 0,52; intervalo de confiança [IC] 95%: 0,47–0,58 em 2020 e OR: 0,61; IC95%: 0,56–0,66 em 2021; p <0,05). Em mulheres com comorbidades, a taxa de óbitos aumentou 1,7 vezes (de 13,3 para 23,3%) e 1,4 vezes (de 22,8 para 31,4%) para os grupos obstétricos e não obstétricos, respectivamente (OR: 0,52; IC95%: 0,44–0,61 em 2020 para OR: 0,66; IC95%: 0,59–0,73 em 2021; p <0,05). Em mulheres sem comorbidades, a taxa de mortalidade foi maior para as não obstétricas (2,4 vezes; de 6,6% para 15,7%) do que para mulheres obstétricas (1,8 vezes; de 5,5 para 10,1%; OR: 0,81; IC95%: 0,69–0,95 em 2020 e OR: 0,60; IC95%: 0,58–0,68 em 2021; p < 0,05). Conclusão Houve aumento das mortes maternas por COVID-19 em 2021 em relação a 2020, principalmente naquelas com comorbidades. As taxas de mortalidade foram ainda maiores em mulheres não grávidas, com ou sem comorbidades.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Objective To compare death rates by COVID-19 between pregnant or postpartum and nonpregnant women during the first and second waves of the Brazilian pandemic. Methods In the present population-based evaluation data from the Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe, in the Portuguese acronym), we included women with c (ARDS) by COVID-19: 47,768 in 2020 (4,853 obstetric versus 42,915 nonobstetric) and 66,689 in 2021 (5,208 obstetric versus 61,481 nonobstetric) and estimated the frequency of in-hospital death. Results We identified 377 maternal deaths in 2020 (first wave) and 804 in 2021 (second wave). The death rate increased 2.0-fold for the obstetric (7.7 to 15.4%) and 1.6-fold for the nonobstetric groups (13.9 to 22.9%) from 2020 to 2021 (odds ratio [OR]: 0.52; 95% confidence interval [CI]: 0.47–0.58 in 2020 and OR: 0.61; 95%CI: 0.56– 0.66 in 2021; p < 0.05). In women with comorbidities, the death rate increased 1.7-fold (13.3 to 23.3%) and 1.4-fold (22.8 to 31.4%) in the obstetric and nonobstetric groups, respectively (OR: 0.52; 95%CI: 0.44–0.61 in 2020 to OR: 0.66; 95%CI: 0.59–0.73 in 2021; p <0.05). In women without comorbidities, the mortality rate was higher for nonobstetric (2.4 times; 6.6 to 15.7%) than for obstetric women (1.8 times; 5.5 to 10.1%; OR: 0.81; 95%CI: 0.69–0.95 in 2020 and OR: 0.60; 95%CI: 0.58–0.68 in 2021; p <0.05). Conclusion There was an increase in maternal deaths from COVID-19 in 2021 compared with 2020, especially in patients with comorbidities. Death rates were even higher in nonpregnant women, with or without comorbidities.
  • Modelo prático de predição para insuficiência ovariana após radiação Original Article

    Gil, Gabriel Oliveira Bernardes; Asano, Cassiano; Andrade, Warne Pedro de; Gil, Maria Luísa Braga Vieira; Cândido, Eduardo Batista; Regalin, Marcos; Queiroz, Izabella Nobre; Cantídio, Farley Soares; Delfino, Darly Gomes Soares; Silva-Filho, Agnaldo Lopes

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivo O presente estudo teve como objetivo desenvolver um modelo matemático útil que prediz a idade na qual a insuficiência ovariana prematura pode ocorrer após a radioterapia externa (teleterapia). O diagnóstico de menopausa prematura ou precoce tem consequências físicas e psicológicas; portanto, as mulheres podem precisar de apoio e acompanhamento médico de longo prazo. Métodos Para correlacionar a dose de radiação ovariana com a função ovariana, foi usada a fórmula descrita por Wallace et al.: √g(z) = 10(2-0,15z), na qual “g(z)” e “z” representam a taxa de sobrevivência do oócito e a dose de radiação (em Gray), respectivamente. Ao simular diferentes idades e doses, observamos um padrão que poderia ser usado para simplificar a relação entre a dose de radiação e o tempo restante da função ovariana. Resultados Obtivemos uma função linear entre a dose de radiação ovariana e a perda da função ovariana (LOF, na sigla em inglês) que é a porcentagem de diminuição no tempo até a falência ovariana em relação ao tempo esperado para uma mulher da mesma idade sem exposição à radiação. Para pacientes<40 anos de idade e com doses de radiação ovariana < 5 Gy, a equação LOF = 2,70 + (11,08 × Dose) pode ser aplicada para estimar a redução no tempo até a insuficiência ovariana. Conclusão O presente estudo relata um método teórico viável para estimar a perda da função ovariana. Estes achados podem melhorar potencialmente o manejo e o aconselhamento de pacientes jovens submetidas à radioterapia durante seus anos reprodutivos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Objective The present study aimed to develop a useful mathematical model that predicts the age at which premature ovarian insufficiency might occur after teletherapy radiation. A diagnosis of premature or early menopause has physical and psychological consequences, so women may need support and long-term medical follow-up. Methods To correlate ovarian radiation dose with ovarian function, we used the formula described by Wallace et al.: √g(z) = 10(2-0,15z), where “g(z)” and “z” represent oocyte survival rate and the radiation dose (in Gray), respectively. By simulating different ages and doses, we observed a pattern that could be used to simplify the relationship between radiation dose and remaining time of ovarian function. Results We obtained a linear function between ovarian radiation dose and loss of ovarian function (LOF) that is the percentage of decrease in the time to the ovarian failure compared with the time expected for a woman at the same age without irradiation exposition. For patients <40 years old and with ovarian radiation doses < 5 Gy, the equation LOF = 2.70 + (11.08 × Dose) can be applied to estimate the decrease in time to premature ovarian insufficiency. Conclusion The present study reports a practicable theoretical method to estimate the loss of ovarian function. These findings can potentially improve the management and counseling of young women patients submitted to radiotherapy during their reproductive years.
  • Um mais um é melhor que dois: Uma abordagem pela prática da transferência de embrião único para todos os pacientes de FIV Original Article

    Peregrino, Pedro Felipe Magalhães; Bonetti, Tatiana Carvalho de Souza; Gomes, Alecsandra Prado; Martin, Hamilton de; Soares Júnior, José Maria; Baracat, Edmund Chada; Monteleone, Pedro Augusto Araújo

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivo Sabe-se que a transferência de embrião único (SET) é a melhor escolha para reduzir as gestações múltiplas e riscos associados. A prática da criopreservação de todos os embriões para transferência posterior tem sido cada vez mais utilizada para fertilização in vitro (FIV), em especial quando há risco de síndrome de hiperestimulação ovariana ou realização de teste genético pré-implantacional. Entretanto, sua utilização disseminada ainda é controversa. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de duas SET sequenciais em comparação com uma transferência de embrião dupla (DET) em ciclos de FIV onde todos os embriões foram criopreservados. Métodos Neste estudo retrospectivo foram revisados 5.156 ciclos de FIV realizados entre 2011 e 2019, e 506 ciclos usando oócitos próprios e criopreservação de todos os embriões com transferências eletivas subsequentes de embriões descongelados, foram selecionados para este estudo. Ciclos com transferência eletiva de embrião único (eSET, n = 209) compuseram nosso grupo de estudo e como grupo de controle incluímos os ciclos com transferência eletiva de dois embriões (eDET, n = 291). No grupo eSET, 57 casais que falharam na 1ª tentativa de eSET tiveram uma 2ª eFET e a taxa de gravidez em curso cumulativa foi estimada para o grupo eSET e comparada com o grupo eDET. Resultados Após a 1ª eFET, as taxas de gravidez em curso foram semelhantes entre os grupos (eSET: 35,4% versus eDET: 38,5%; p = 0,497), mas a taxa de gravidez em curso cumulativa estimada após a 2ª eFET no grupo eSET (eSET + SET) foi significativamente maior (48,8%) do que no grupo eDET (p <0,001). Além disso, as taxas de gestação múltipla foram expressivamente inferiores no grupo eSET + SET (2,7%) quando comparado ao grupo eDET (30,4%; p < 0,001). Conclusão Nosso estudo mostrou que a associação das estratégias de congelamento de todos os embriões com até duas eSETs sequenciais resultou em maiores taxas de sucesso do que uma DET com embriões descongelados, além de reduzir drasticamente a ocorrência de gestações múltiplas.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Objective It is known that the single embryo transfer (SET) is the best choice to reduce multiples and associated risks. The practice of cryopreserving all embryos for posterior transfer has been increasingly performed for in vitro fertilization (IVF) patients at the risk of ovarian hyperstimulation syndrome or preimplantation genetic testing for aneuploidy. However, its widespread practice is still controverse. The aim of this study was to evaluate how effective is the transfer of two sequential SET procedures compared with a double embryo transfer (DET) in freeze-only cycles. Methods This retrospective study reviewed 5,156 IVF cycles performed between 2011 and 2019, and 506 cycles using own oocytes and freeze-only policy with subsequent elective frozen-thawed embryo transfers (eFET) were selected for this study. Cycles having elective SET (eSET, n = 209) comprised our study group and as control group we included cycles performed with elective DET (eDET, n = 291). In the eSET group, 57 couples who had failed in the 1st eSET had a 2nd eFET, and the estimated cumulative ongoing pregnancy rate was calculated and compared with eDET. Results After the 1st eFET, the ongoing pregnancy rates were similar between groups (eSET: 35.4% versus eDET: 38.5%; p =0.497), but the estimated cumulative ongoing pregnancy rate after a 2nd eFET in the eSET group (eSET + SET) was significantly higher (48.8%) than in the eDET group (p < 0.001). Additionally, the eSET +SET group had a 2.7% rate of multiple gestations, which is significantly lower than the eDET group, with a 30.4% rate (p < 0.001). Conclusion Our study showed the association of freeze-only strategy with until up to two consecutive frozen-thawed eSETs resulted in higher success rates than a frozenthawed DET, while drastically reducing the rate of multiple pregnancies.
  • A obesidade agrava os sintomas climatéricos em mulheres na pós-menopausa? Original Article

    Costa, Juliene Gonçalves; Rodrigues, Raquel Moreira; Puga, Guilherme Morais; Cheik, Nádia Carla

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivo Verificar se há correlação entre o índice de massa corporal e os sintomas do climatério em mulheres na pós-menopausa. Métodos Participaram do estudo 109 mulheres na pós-menopausa, com idade média de 57± 8 anos, índice de massa corporal (IMC) médio de 30± 6kg/m2 e 8± 8 anos após a menopausa. Para a avaliação dos sintomas climatéricos, foram utilizados os questionários específicos para essa população: Índice de Kupperman-Blatt (IKB), Menopause Rating Scale (MRS), e Escala de Cervantes (EC). A análise dos dados foi realizada por meio do teste do chi-quadrado, análise de variância (analysis of variance, ANOVA, em inglês) com o teste post hoc de Bonferroni e regressão linear múltipla. O nível de significância adotado foi p<0,05. Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa Statistical Package for the Social Sciences (IBM SPSS Statistics for Windows, IBM Corp., Armonk, NY, Estados Unidos), versão 26.0. Resultados A regressão linear múltipla mostrou associação positiva (p < 0,01) entre os valores do IMC e os sintomas do climatério quando ajustados pela idade e pelo tempo após a menopausa nos 3 questionários utilizados (IKB: B = 0,432; CE: B = 304; e MRS: B = 302). Quanto às pontuações dos sintomas, as mulheres com obesidade apresentaram médias maiores (p < 0,05) quando comparadas às mulheres eutróficas (IKB = 28 ± 10 e 20 ± 10; e MRS = 20± 10 e 13 ±7). Na análise pelo chi-quadrado 28% das mulheres obesas apresentaram sintomas graves, e 46%, moderados, ao passo que apenas 1% e 46% das eutrópicas apresentavam esses mesmos sintomas. Conclusão Há uma associação entre IMC e sintomas climatéricos, e mulheres com sobrepeso ou obesidade apresentam sintomas mais intensos e moderados do que mulheres eutróficas.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Objective To determine if there is a correlation between body mass index (BMI) and climacteric symptoms in postmenopausal women. Methods The study sample was composed of 109 postmenopausal women with a mean age of 57 ± 8 years, mean body mass index (BMI) of 30 ± 6 kg/m2, and 8 ± 8 years after menopause. For the assessment of the climacteric symptoms, the Blatt-Kupperman Index (BKI), the Menopause Rating Scale (MRS), and the Cervantes Scale (CS) were used. Data analysis was performed through the Chi-squared test, analysis of variance (ANOVA) with the Bonferroni post hoc test, and multiple linear regression. The level of significance adopted was of p < 0.05. The statistical analyses were performed using the Statistical Package for the Social Sciences (IBM SPSS Statistics for Windows, IBM Corp., Armonk, NY, United States) software, version 26.0. Results The multiple linear regression showed a positive association (p<0.01) between BMI values and menopause symptoms when adjusted for age and time after menopause in the 3 questionnaires used (BKI: B = 0.432; CS: B = 304; and MRS: B = 302). Regarding symptom scores, the obese women had higher mean scores (p<0.05) when compared to eutrophic women (BKI = 28 ± 10 and 20 ± 10; and MRS = 20 ± 10 and 13±7, respectively). In the Chi-squared analysis, 28% of obese women had severe symptoms and 46% had moderate symptoms, while only 1% and 46% of eutrophic women had these same symptoms. Conclusion There is an association between BMI and climacteric symptoms, and overweight or obese women have more intense and moderate symptoms than eutrophic women.
  • Principais complicações durante a gestação e recomendações para o cuidado antenatal na doença falciforme: Revisão da literatura Review Article

    Figueira, Camilla Olivares; Surita, Fernanda Garanhani; Fertrin, Kleber; Nobrega, Guilherme de Moraes; Costa, Maria Laura

    Resumo em Português:

    Resumo Doença falciforme (DF) é a condição genética mais comum no mundo, com uma prevalência variável nos continentes. A substituição de um nucleotídeo muda um aminoácido na cadeia da β globina, e altera a estrutura normal da hemoglobina, que é então chamada de hemoglobina S, e pode ser herdada em homozigose (HbSS) ou heterozigose (HbSC, HbSβ), e leva a hemólise crônica, vaso-oclusão, inflamação, e ativação endotelial. Realizou-se uma revisão narrativa da literatura considerando doença falciforme e gestação, as complicações clínicas e obstétricas, o cuidado antenatal específico, e o seguimento para monitoramento materno e fetal. Gestantes com DF têm maior risco de desenvolver complicações clínicas e obstétricas, como crises dolorosas, complicações pulmonares, infecções, eventos tromboembólicos, préeclâmpsia, e morte materna. E seus recém-nascidos correm maior risco de desenvovler complicações neonatais: restrição de crescimento fetal, prematuridade e óbito fetal/ neonatal. Complicações graves podem ocorrer em qualquer genótipo da doença. Concluiu-se que DF é uma condição de alto risco que aumenta a morbimortalidade materna e perinatal. Um seguimento com abordagem multidisciplinar na gestação e puerpério é fundamental para o diagnóstico e o tratamento das complicações.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Sickle cell disease (SCD) is the most common monogenic disease worldwide, with a variable prevalence in each continent. A single nucleotide substitution leads to an amino-acid change in the β-globin chain, altering the normal structure of hemoglobin, which is then called hemoglobin S inherited in homozygosity (HbSS) or double heterozygosity (HbSC, HbSβ), and leads to chronic hemolysis, vaso-occlusion, inflammation, and endothelium activation. Pregnant women with SCD are at a higher risk of developing maternal and perinatal complications. We performed a narrative review of the literature considering SCD and pregnancy, the main clinical and obstetrical complications, the specific antenatal care, and the follow-up for maternal and fetal surveillance. Pregnant women with SCD are at a higher risk of developing clinical and obstetric complications such as pain episodes, pulmonary complications, infections, thromboembolic events, preeclampsia, and maternal death. Their newborns are also at an increased risk of developing neonatal complications: fetal growth restriction, preterm birth, stillbirth. Severe complications can occur in patients of any genotype. We concluded that SCD is a high-risk condition that increases maternal and perinatal morbidity and mortality. A multidisciplinary approach during pregnancy and the postpartum period is key to adequately diagnose and treat complications.
  • Vacinação para COVID-19 em pacientes oncológicos: Risco ou benefício? Review Article

    Laporte, Bruno Eduardo Pereira; Laporte, Estela Gelain Junges; Aarestrup, Paula Fonseca; Aarestrup, Matheus Fonseca; Aarestrup, Fernando Monteiro

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivo O objetivo do presente estudo é listar os ensaios clínicos publicados sobre as vacinas para coronavirus disease 2019 (COVID-19), descrever seus mecanismos de ação e descrever protocolos sobre segurança, status e priorização de pacientes oncológicos para vacinação. Métodos Trata-se de uma revisão sistemática com uma pesquisa bibliográfica limitada conduzida por um especialista em informação; bases de dados como PubMed e sites das principais organizações de câncer foram pesquisados. Os principais termos de pesquisa foram COVID-19, vacinação, câncer e câncer de mama e ginecológico. Resultados Pacientes com câncer infectados com o novo coronavírus têm alto risco de complicações e morte, mas ainda sabemos pouco sobre os riscos e benefícios da vacinação para COVID-19 nesses pacientes. Em um cenário ideal, todos os pacientes com câncer deveriam ter seu estado de imunização atualizado antes de iniciar o tratamento, mas nem sempre isso é possível. Conclusão Pacientes com câncer de mama ou ginecológico em tratamento ou no período pós-tratamento de 5 anos devem ser incluídos no grupo prioritário para vacinação contra severe acute respiratory syndrome coronavirus-2 (SARS-CoV-2.)

    Resumo em Inglês:

    Abstract Objective The aim of the present study is to list the published clinical trials on coronavirus disease 2019 (COVID-19) vaccines, to describe the mechanism of action of the identified vaccines, and to identify protocols regarding safety, status, and prioritization of cancer patients for vaccination. Methods This is a systematic review with a limited literature search conducted by an information specialist; key resources such as PubMed and websites of major cancer organizations were searched. The main search terms were COVID-19, vaccination, cancer, and breast and gynecological cancers. Results Cancer patients infected with the new coronavirus are at high risk of complications and death, but we still know little about the risks and benefits of vaccination for COVID-19 in these patients. In an ideal scenario, all cancer patients should have their immunization status updated before beginning treatment, but this is not always possible. Conclusion Patients with breast or gynecological cancers who are receiving treatment or are in the 5-year posttreatment period should be included in the priority group for severe acute respiratory syndrome coronavirus-2 (SARS-CoV-2) vaccination.
  • Gravidez em pacientes com hipertensão portal não cirrótica: Uma revisão da literatura Review Article

    Giri, Suprabhat; Sahoo, Shradhanjali

    Resumo em Português:

    Resumo A gravidez na hipertensão portal não cirrótica (HPNC) é uma condição incomum. Seu manejo é desafiador tanto para os obstetras quanto para os gastroenterologistas devido à falta de estudos mais extensos e diretrizes de prática clínica padrão. Esses pacientes apresentam risco aumentado de complicações da hipertensão portal (PTH) especialmente sangramento por varizes e têm maior incidência de desfechos maternos e fetais adversos. Portanto uma abordagem multidisciplinar é necessária para o manejo da gravidez na NCPH. Esta breve revisão descreve os diferentes aspectos da gravidez com HPNC enfatizando estratégias específicas para prevenção e manejo do PTH desde o período pré-concepcional até o pós-parto.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Pregnancy in non-cirrhotic portal hypertension (NCPH) is an uncommon condition. Its management is challenging both to the obstetricians as well as to the gastroenterologists due to the lack of more extensive studies and standard clinical practice guidelines. These patients are at increased risk of portal hypertension (PTH) complications, especially variceal bleeding, and with an increased incidence of adverse maternal and fetal outcomes. Hence, a multidisciplinary approach is required for management of pregnancy in NCPH. This short review describes the different aspects of pregnancy with NCPH, emphasizing specific strategies for preventing and managing PTH from the preconceptional period to postpartum.
  • A correlação entre clamídia trachomatis e infertilidade feminina: Uma revisão sistemática Review Article

    Passos, Laura Gazal; Terraciano, Paula; Wolf, Nicole; Oliveira, Fernanda dos Santos de; Almeida, Isabel de; Passos, Eduardo Pandolfi

    Resumo em Português:

    Resumo O impacto da infecção por Chlamydia trachomatis (CT) na fertilidade feminina ainda não está completamente estabelecido, uma vez que o nível de evidência associando esses fatores ainda é insignificante. Assim, o objetivo desta revisão é contribuir para uma melhor elucidação deste assunto. A base de dados eletrônica escolhida foi a Medline/PubMed, com a última pesquisa em 11 de maio de 2021. Utilizou-se como filtro a data de publicação, sendo selecionados os 5 anos anteriores. Foram usados os seguintes descritores: Chlamydia trachomatis E infertility; Chlamydia trachomatis E tubal alteration E infertility; Chlamydia E low pregnancy rates. Dos 322 estudos selecionados, 293 que não atenderam aos nossos critérios de elegibilidade foram excluídos. Posteriormente, retiramos sete estudos por não terem como foco principal a possível correlação entre infecção por CT e infertilidade feminina e três por tratarem de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em geral. Além disso, dois estudos concebidos como revisões também foram excluídos. Portanto, incluímos 17 estudos em nossa análise qualitativa. Os autores realizaram pesquisas individualmente e analisaram criteriosamente os estudos selecionados. Como obtivemos as informações necessárias para nosso estudo por meio da leitura dos textos, nenhum contato foi feito com os autores. Esta revisão sistemática corrobora a hipótese de que a infecção por CT potencializa a infertilidade feminina, pois 76,47% dos estudos incluídos encontraram correlação positiva entre eles. Concluímos que existe uma associação importante entre infecção por CT e infertilidade feminina. Portanto, tornar os procedimentos de triagem por CT parte da rotina de investigação de infertilidade é relevante e justificável.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The impact of Chlamydia trachomatis (CT) infection on female’s fertility is not completely established yet, since the level of evidence associating these factors is still weak. Hence, the goal of the present review is to contribute to a better elucidation of this matter. The electronic database chosen was the Medline/PubMed, with the last survey on May 11, 2021. Publication date was used as a filter, with the previous 5 years having been selected. The following describers were used: chlamydia trachomatis AND infertility; chlamydia trachomatis AND tubal alteration AND infertility; chlamydia AND low pregnancy rates. From the 322 studies screened, 293 that failed to meet our eligibility criteria were excluded. Subsequently, we removed seven studies for not having the possible correlation between CT infections and female infertility as its main focus, and three for being about sexually transmitted infections (STIs) in general. Moreover, two studies designed as reviews were also excluded. Ergo, we included 17 studies in our qualitative analysis. The authors conducted research individually and analyzed carefully the studies selected. As we retrieved the information needed for our study through reading the texts, no contact was made with the authors of the studies selected. This systematic review corroborates the hypothesis that CT infection potentiates female infertility, as 76.47% of the included studies found a positive correlation between them. We conclude that there is an important association between CT infection and female infertility. Ergo, making CT screening part of the infertility investigation routine is relevant and has a reasonable justification.
  • Más notícias em obstetrícia e ginecologia: Devemos falar sobre isso Review Article

    Ribeiro, Luísa Silva de Carvalho; D’Abreu, Bárbara Flecha; Santiago, Aline Evangelista; Cândido, Eduardo Batista; Romão, Gustavo Salata; Sá, Marcos Felipe Silva de; Silva Filho, Agnaldo Lopes da

    Resumo em Português:

    Resumo Dar más notícias é comum em obstetrícia e ginecologia. Porém, é difícil e poucos médicos recebem treinamento sobre como lidar com essa situação. Esta revisão narrativa tem como objetivo reunir, analisar e sintetizar parte do conhecimento sobre a área, com foco na obstetrícia. Dentre os 16 artigos selecionados, dois são estudos de intervenção randomizados e controlados, e a maioria dos estudos refere-se à obstetrícia. Os resultados encontrados ressaltaram que simulação, feedback/entrevistas, palestras e protocolos podem melhorar o desempenho dos médicos na comunicação de más notícias. Para os pacientes, o contexto e como as informações são transmitidas parecem ter maior impacto do que o conteúdo das notícias. Os obstetras e ginecologistas poderiam se beneficiar de cursos e protocolos específicos, dadas as particularidades da especialidade. Faltam evidências sobre a forma mais eficaz de realizar esse treinamento. Encontrar formas validadas de quantificar e classificar os resultados dos estudos na área, permitindo uma análise objetiva dos resultados, é um dos maiores desafios neste tema.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Breaking bad news is common in obstetrics and gynecology (ob-gyn). However, it is difficult, and few doctors receive training on how to deal with this situation. This narrative review aims to gather, analyze, and synthesize part of the knowledge on the area, focused on Ob-Gyn. Among the 16 selected articles, two are randomized controlled intervention studies, and most studies refer to obstetrics. The results found by us pointed out that simulation, feedback/debriefing, lectures, and protocols could improve doctors’ performance in communicating bad news. For patients, the context and how the information is transmitted seem to impact more than the content of the news. Ob-Gyn doctors could benefit from specific protocols and education, given the specialty’s particularities. There is a lack of evidence about the most effective way to conduct such training. Finding validated ways to quantify and classify studies’ results in the area, which would allow for the objective analysis of outcomes, is one of the biggest challenges concerning this topic.
  • A pandemia da COVID-19 afetou a epidemiologia de sífilis no Brasil? Letter To The Editor

    Pinheiro, Yago Tavares; Silva, Richardson Augusto Rosendo da
  • Human papillomavirus vaccination for adult women Febrasgo Position Statement

    Roteli-Martins, Cecília Maria; Magno, Valentino; Santos, André Luis Ferreira; Teixeira, Júlio César; Neves, Nilma Antas; Viviani Fialho, Susana Cristina Aidé
Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia Av. Brigadeiro Luís Antônio, 3421, sala 903 - Jardim Paulista, 01401-001 São Paulo SP - Brasil, Tel. (55 11) 5573-4919 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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