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Válvula mecânica em carbono, de disco basculante, com revestimento de material biológico: princípios e desenvolvimento

Pivoting disc carbon mechanical valve covered with biological material: principles and development

INTRODUÇÃO: após estudo experimental de implante de material biológico e carbono em átrio esquerdo e aorta, foi desenvolvida uma nova prótese, primeira válvula de carbono feita inteiramente no País. A finalidade foi conseguir uma válvula de sistema mecânico durável, de boa aceitação orgânica para facilitar a cicatrização a partir do anel e isolar o máximo de material sintético da corrente sangüínea; o objetivo é conseguir menores índices de morbidade e mortalidade, alterando a história natural da prótese mecânica em relação a trombose, tromboembolismo, reoperações e menor uso de anticoagulante. MATERIAL E MÉTODOS: a válvula é do tipo disco basculante perfurado, fabricada em Carbolite (carbono polimérico endurecido). O anel apresenta haste com pino central para guiar e reter a movimentação do disco, batente e dois pinos para limitação do grau de abertura. O anel tem perfurações para fixação do material biológico (pericárdio e veia). O conjunto é colocado entre dois anéis lisos acoplados revestidos de Poliéster com aba de sutura externa. O batente tem aspecto denteado, formando plataformas onde se apoia o disco e entre os dentes existe continuidade do revestimento biológico. A prótese é toda revestida, exceto o pino, o disco, as plataformas do batente e a face interna do orifício menor. A prótese foi testada em duplicador de pulso em teste equivalente a dez anos, sem desgaste aparente com disco de carbono e poliacetal. Cada prótese, antes do implante, é testada individualmente durante cinco dias a 1.000 pulsações por minuto com pressão média de 12 cmHg. Então, é feita limpeza, esterilização, revestimento de material biológico processado em glicerina, montagem e esterilização final em formol ou gás ETO (conservação em glicerina). Existem 7 pacientes mitrais em observação com tempo médio de 7,8 meses (mínimo de 4 meses e máximo de 13 meses), sendo mantidos com anticoagulação oral. RESULTADOS INICIAIS: como o número de pacientes é pequeno, destacam-se apenas algumas observações iniciais: ausência de tromboembolismo, ausência de disfunção mecânica primária, ocorrência de dois acidentes hemorrágicos maiores e um episódio de trombose em paciente com dois meses de evolução, por anticoagulação inadequada, com reoperação e mantendo a mesma prótese com achado de depósito difuso de fibrina e boa evolução após dez meses. CONCLUSÕES: os resultados dos testes mecânicos do material e da válvula e os aspectos clínicos iniciais são favoráveis, devendo-se ampliar a casuística, com proteção anticoagulante mais efetiva e uniforme nos três primeiros meses. Após três meses, a presença do material biológico e as baixas doses de anticoagulante parecem ser eficientes no controle das complicações pós-operatórias da válvula mecânica, contra a trombose, o tromboembolismo e os acidentes hemorrágicos.

Próteses valvulares cardíacas


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