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Tratamento não operatório das lesões traumáticas de fígado e baço

Diretrizes

Medicina Baseada em Evidências

TRATAMENTO NÃO OPERATÓRIO DAS LESÕES TRAUMÁTICAS DE FÍGADO E BAÇO

O tratamento não operatório (TNO) das lesões esplênicas em crianças é realizado rotineiramente na maioria dos centros de trauma, e o seu uso justificado em decorrência do risco de sepse pós-esplenectomia e das complicações associadas as laparotomias não-terapêuticas. Mais recentemente, estes conceitos têm sido extrapolados para o tratamento de crianças portadoras das lesões hepáticas. Nos últimos sete anos, diversos trabalhos foram publicados, avaliando a eficácia do TNO das lesões traumáticas do fígado e baço em adultos. Entretanto, ainda não é bem estabelecido se a experiência positiva obtida no TNO de crianças portadoras de lesões hepáticas e esplênicas possa ser de maneira direta extrapolada para o tratamento de adultos. Desta forma, a Eastern Association for the Surgery of Trauma (EAST) realizou uma revisão de 119 trabalhos reunindo evidências para a utilização do TNO em pacientes adultos.

As diretrizes propostas são baseadas neste estudo realizado pela EAST. Nível I de evidência: Não há dados suficientes (nível I de evidência) para estabelecer uma conduta padrão para o TNO das lesões traumáticas do fígado e baço. Nível II de evidência: As recomendações listadas a seguir são baseadas em estudos prospectivos não comparativos, ou retrospectivos confiáveis: (1) existem dados relevantes sugerindo que o TNO deva ser realizado em pacientes portadores de lesões traumáticas do baço e fígado em pacientes hemodinamicamente estáveis; (2) o grau da lesão hepática ou esplênica (avaliada através de tomografia), estado neurológico do paciente e/ou a presença de lesões associadas, não são contra-indicações para a realização do TNO; (3) a tomografia computadorizada de abdome é o método mais indicado para a identificação e avaliação da gravidade das lesões esplênicas e hepáticas. Nível III de evidência: As seguintes recomendações são baseadas em séries de casos retrospectivos ou em revisão de banco de dados: (1) o estado clínico do paciente deve indicar a freqüência da realização de tomografias de controle; (2) a tomografia inicial deve ser realizada com o uso de contrastes via oral e via endovenosa, com a finalidade de facilitar o diagnóstico de lesões de vísceras ocas; (3) a permissão médica para o paciente reassumir as atividades habituais deve ser baseada na evidência da estabilização e cicatrização das lesões hepáticas e/ou esplênicas.

Comentário

As vantagens do TNO incluem a redução das taxas de laparotomias não-terapêuticas, com conseqüente diminuição da morbidade, dos custos e da utilização de sangue e hemoderivados. Em face da verdadeira epidemia de trauma, estudos prospectivos, multicêntricos, bem realizados e muito bem financiados, poderão fornecer grande quantidade de dados relevantes e contribuir para o tratamento otimizado das vítimas de traumas complexos.

RUY JORGE CRUZ JR

LUIZ FRANCISCO POLI DE FIGUEIREDO

Referência

Practice management guidelines for the non-operative management of blunt injury to the liver and spleen. Eastern Association for the Surgery of Trauma; 2000. Disponível em: URL: http://www.east.org.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2002
  • Data do Fascículo
    Mar 2002
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