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Quando indicar o tratamento endovascular na dissecação aórtica tipo B ?

À beira do leito

Medicina Baseada em Evidências

QUANDO INDICAR O TRATAMENTO ENDOVASCULAR NA DISSECAÇÃO AÓRTICA TIPO B ?

A dissecção aórtica é a patologia de maior mortalidade entre as que se manifestam por dor torácica. Classicamente, a dissecção tipo A (quando há o envolvimento da aorta ascendente) é tratada cirurgicamente, enquanto que na dissecção tipo B (quando a aorta ascendente não está comprometida) o tratamento cirúrgico só está indicado quando há dor persistente ou sinais de rotura. O tratamento cirúrgico convencional da dissecção tipo B cursa com altas taxas de mortalidade e morbidade decorrentes da toracotomia, colapso do pulmão, perdas sangüíneas substanciais durante a abertura da aorta, dificuldades técnicas relacionadas à sutura de uma parede aórtica friável e, principalmente, das alterações hemodinâmicas e teciduais induzidas pela isquemia e reperfusão de todos os órgãos intra-abdominais, medula espinhal e extremidades inferiores.

O desenvolvimento das endopróteses revestidas tem mudado os critérios de indicação do tratamento da dissecção tipo B. A experiência recém adquirida com esta nova modalidade terapêutica, endovascular, mostra ser este procedimento seguro, eficaz e de execução muito mais simples do que o tratamento convencional. Como conseqüência, o espectro de sua indicação para os pacientes com dissecção aórtica tipo B tem sido ampliado. Esta indicação deve ser fundamentada nos seguintes critérios clínicos e anatômicos principais.

Critérios Clínicos: dor recorrente; sinais ou sintomas sugestivos de rotura eminente; presença de fluxo pela luz falsa e/ou diâmetro aórtico maior que 40 mm, especialmente se houver fluxo pela luz falsa. Estes dois últimos, quando presentes, são preditores de desenvolvimento de aneurismas toracoabdominais, de difícil correção cirúrgica no seguimento tardio.

Critérios anatômicos: colos de "aterrisagem", proximal e distal ao orifício de entrada, menor que 30-32 mm; o implante da endoprótese não pode comprometer a origem de vasos importantes, incluindo os troncos supra-aórticos e os vasos esplâncnicos; o acesso arterial, especialmente do sistema ilíaco-femoral, deve ser compatível com o calibre do sistema de liberação da endoprótese de 20 French (6,3mm de diâmetro).

Deve ser ressaltado que, em condições especiais, pode-se ocluir a origem da artéria subclávia esquerda. Ao contrário do tratamento cirúrgico clássico, a ocorrência de paraplegia é rara com o tratamento endovascular.

JOSÉ AUGUSTO MARCONDES DE SOUZA

LUIZ FRANCISCO POLI DE FIGUEIREDO

Referências

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3. Palma JH, Souza JAM, Alves CMR, Carvalho AC, Buffolo E. Self-expandable aortic stent-grafts for treatment of descending aortic dissections Ann Thorac Surg 2002; 73:1138-41.

4. Alves CMR, Palma JH, Souza JAM, Carvalho ACC, Buffolo E. Endovascular treatment of thoracic disease: patient selection and a proposal of a risk score. Ann Thorac Surg 2002; 73:1143-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Set 2002
  • Data do Fascículo
    Jun 2002
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