Acessibilidade / Reportar erro

Flexibilidade e incerteza em projetos de agronegócios: investindo numa planta de cogeração

A geração de energia a partir da biomassa tem se tornado uma fonte crescente de interesse em função das crescentes preocupações com a possível exaustão das reservas de combustíveis fósseis mundiais. Neste artigo, analisamos uma planta de produção de açúcar e etanol no Brasil, a qual possui tanto uma opção de expansão quanto uma de agregar uma unidade de cogeração, a qual permitiria a venda de energia excedente, gerada a partir da queima do bagaço da cana-de-açúcar, e a segunda opção é condicionada pela implementação da primeira. Modelamos os preços de açúcar, etanol e energia elétrica como processos de reversão à média geométrica e aplicamos a abordagem de opções reais para quantificar essas flexibilidades gerenciais, considerando que essas duas opções possuem diferentes ativos subjacentes. A opção de expansão de produção é função do valor esperado dos preços futuros de açúcar e etanol, enquanto a opção de investir numa planta de cogeração irá depender dos preços futuros de energia elétrica. Ambas as decisões são modeladas como opções americanas compostas sobre seus respectivos ativos subjacentes. O modelo é resolvido utilizando uma árvore binomial recombinante não censurada para reversão à média proposta por Bastian-Pinto, Brandão e Hahn (2010) usando o software DPL TM. Os resultados indicam que a flexibilidade de escolha do momento ótimo de investir em ambas as opções de expansão gera um valor significativo: o investimento na unidade de cogeração agrega um valor equivalente ao valor da expansão de produção de açúcar e etanol, e representam até 44% do VPL tradicional de R$ 195,9 milhões do projeto. Concluímos que, dado que somente a metade das usinas de processamento de cana-de-açúcar existentes hoje no Brasil tem unidades de cogeração instaladas, e em razão também da sempre crescente demanda por fontes limpas e renováveis de energia, isso pode indicar que existe um potencial significativo para investimento e desenvolvimento de unidades de cogeração de bioeletricidade, assim como do retrofit de usinas mais antigas, e que os incentivos do governo vêm sendo efetivos na contribuição a esse desenvolvimento.

Bioeletricidade; Cogeração; Opções reais; Flexibilidade; Reversão à média


Editora Mackenzie; Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua da Consolação, 896, Edifício Rev. Modesto Carvalhosa, Térreo - Coordenação da RAM, Consolação - São Paulo - SP - Brasil - cep 01302-907 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.adm@mackenzie.br