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Oligarquias: definição e bibliografia

ARTIGOS

Oligarquias: definição e bibliografia

Edgard Carone

Professor do Departamento de Ciências Sociais da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas

Sílvio Romero, com sua verve e combatividade inconfundíveis, tratou muitas vezes do problema das oligarquias. O ódio que votava ao sistema dominante levou-o a atacar o castilhismo, os grupos preponderantes de São Paulo e os prepotentes homens do Norte. Sua obra política - infelizmente considerada como secundária - é exemplo de sua pertinácia: O castilhismo no Rio Grande do Sul; A geografia da politicagem (o norte e o sul do Brasil); O Brasil social (vistas sintéticas obtidas pelos processos de Le Play); O Brasil na primeira metade do século XX; Provocações e debates; Parlamentarismo e presidencialismo na República Brasileira (cartas ao conselheiro Rui Barbosa), etc., são alguns dos volumes em que tratou do assunto.

Em várias ocasiões, tenta, sociologicamente, classificar o fenômeno. Porém, é numa conferência feita em 1908 que êle dá sistematização à idéia: em As oligarquias e sua classificação,1 1 In: Provocações e debates, p. 401-16. A conferência é de 31 de maio de 1908. o autor tenta mostrar a situação real do País e a dos grupos que o dominam. Para êle, "com sua divisão da população nos 20 estados em dois grupos: a) o dos que governam, mandam, oprimem e dispõem para si e seus amigos ou apaniguados de todos os cargos, empregos e proventos das rendas públicas direta ou indiretamente, e b) o dos adversários, verdadeiros párias, que ou trabalham mal ou vivem da mendicidade ou da rapina".2 2 Ibidem, p. 405. Os primeiros caracterizam-se pela "implacável política-meio-de-vida", "empregomania e pendor para o gênero fácil e cômodo de vida das carreiras oficiais", pelas "obras públicas, quase todas de índole suntuaria", pelos "seus empréstimos repetidamente solicitados ao estrangeiro", pelas "suas roubalheiras crônicas na administração", pela "sua falsificação das eleições", pelo "desmantelo de todos os serviços públicos", etc.3 3 Ibidem, p. 405-6.

No entanto, os grupos dominantes ou oligarquias podem ser divididos, segundo êle, em quatro categorias distintas: a primeira é a que denomina de oikocracias, pois não "passam de reproduções do obsoleto familismo primitivo, mero comunarismo de família. Neste caso, a família e aderentes fazem o açambarcamento dos postos da governança, da administração e dos mais rendosos negócios... Nesta fórmula a família governamental, a tribo dirigente, assume feições de casa reinante". Em tal categoria incluem-se as oligarquias dos Nery, do do Amazonas; Euclides Malta, de Alagoas; os Acioli, do Ceará; os Lemos, do Pará; os Pedro Velho, do Rio Grande do Norte; e os Vicente Machado, da Paraíba do Norte.

A segunda categoria é a do pequeno grupo, "no qual o familismo não deixa de exercer influência, mas não tendo pessoal suficiente, não chega a alastrar por si só pela área completa do mando e o divide com alguns amigos e camaradas do peito. É uma espécie de hibridação a que se pode dar o nome de grupismo semifamilista e amigueiro". Dele fazem parte os Benedito Leite, do Maranhão; os Pires Ferreira e Anísio de Abreu, do Piauí; os Rosa e Silva, de Pernambuco; os Francisco Glicério, os Rodrigues Alves, os Bernardino de Campos, os Jorge Tibiriçá, de São Paulo, "exímios potentados presidenciáveis, os quais, não satisfeitos com o mandarem em sua terra, trepados nas trilhas de café e nos milhões emprestados, têm pelo cabresto a República"; os Afonso Pena, os Bias Fortes, os Francisco Sales, os João Pinheiro, de Minas Gerais, "que chegam para abrir concorrência a São Paulo, rivalizar com êle no mando supremo do desconsolado Brasil"; os Vicente Machado e Alencar Guimarães, do Paraná; os Lauro Müller e Hercílio, de Santa Catarina; os Generoso Ponce, de Mato Grosso.

O terceiro grupo caracteriza-se pela "subserviência matreira, como meio de sucessão no poder e a subseqüente traição, como meio de substituir grupo oligárquico a outro": é a "reprodução atávica do sistema dos Induwas africanos e por isso tem reinado preferentemente nas terras onde o mestiçamento dessa origem é mais intenso no País". É assim que na Bahia, Severino Vieira destrona Luís Viana, e é destronado por José Marcelino, "que o será infalivelmente por alguém"; no Estado do Rio de Janeiro, é Nilo Peçanha que trai Francisco Portela e é traído por Alfredo Backer, etc; em Goiás, os Bulhões são traídos por Xavier de Almeida; e, finalmente, no Espírito Santo, Moniz Freire é enganado por Henrique Coutinho "que há de mais tarde ter o mesmo destino".

A última - e quarta - espécie é a do castilhismo positivóide. Ela é sui generis, pois tem caráter semidoutrinário e de força, apoiando-se em três medidas: "dinheirama originada do contrabando das fronteiras, os recursos das tropas federais, e a tal ou qual prosperidade, produzida pelos colonos, de origem estrangeira".4 4 Ibidem, p. 412-6. Fizemos questão de reproduzir longamente a conferência, por ser este um dos primeiros estudos do assunto. Os grifos são do autor.

A classificação de Sílvio Romero, como vemos, é grandemente marcada por fatores subjetivos e por conceitos ambíguos: não que o familismo ou a ideologia, por exemplo, não possam influir. O que é fundamental para êle, porém, são aspectos, nuanças, não o problema estrutural. Daí sua separação entre a primeira e segunda categorias ser frágil, pois, na primeira, domina a família e, na segunda, temos a ampliação do domínio familiar para o dos amigos; dessa maneira, o autor amplia desmesuradamente os seus exemplos, incluindo São Paulo e Minas no segundo esquema. Já na quarta categoria, seu critério é ideológico. Assim, a mistura de valores metodológicos é um dos motivos que levam sua classificação a impasses.

Bem mais complexa é a posição de Valente de Andrade. Nome quase desconhecido das gerações atuais, escreveu, no entanto, um livro indispensável sobre o problema das oligarquias: Evolução política: a queda das oligarquias; ensaio de critica social, que foi publicado em 1913, em plena efervescência do governo Hermes da Fonseca. Como se sabe, um dos lemas dos hermistas durante a Campanha Civilista (1909-1910) era de lutar contra os Acioli, os Maltas, os Borges de Medeiros e todos aqueles que permaneciam insistente e despoticamente no domínio governamental de seu estado. Nesse momento, muitos desses oligarcas tinham caído.

A obra de Valente de Andrade é a de um evolucionista, imbuído também das teorias sociológicas francesas da época. Para êle, o fator econômico é o fundamento do político. Estudando a realidade brasileira, vê o mal das oligarquias, que se origina pela existência da política personalista do Império; assim, a falta de sentimento coletivo faz gerar o sistema. Para Valente, a eleição de Hermes da Fonseca e a ação do exército foram benéficas, pois destruíram todo esse processo dominante.

Quase nada se escreveu depois sobre o problema das oligarquias, a não ser obras esporádicas e dedicadas a casos particulares. As tentativas, porém, de classificação deste fenômeno histórico e sociológico limitam-se, infelizmente, pelo que eu saiba, aos dois ensaios anteriores. No entanto, a nossa historiografia possui um material rico e extenso, que permitirá estudos mais completos e modernos sobre o tema. Daí o interesse numa reformulação do problema, que nos levaria a conclusões novas.

O problema da oligarquia está intrinsecamente ligado à existência do coronelismo. Um oligarca é igual a um coronel, mas, entre eles, a diferença é de escala política. O coronel é o chefe local, o oligarca transpõe o seu poder para o estado. Porém, o conceito de oligarquia acaba estendendo-se, de maneira pouco precisa, para todas as formas de domínio, tanto no plano estadual, como no municipal. Wenceslau Escobar traduz esta corrente: "incontestavelmente uma das grandes falhas do regime presidencial (...) é a impossibilidade dos partidos se alternarem no poder pela vitória das normas. A facção ou partido que, de qualquer modo, toma as rédeas do governo de um estado perpetua-se indefinidamente no poder, porque, quando se sinta tão fraco que, pelos variados meios de corrupção e fraude eleitoral, não possa conseguir esse fim, perturba, em seu próprio interesse, a ordem social, pela prática de atos violentos contra a oposição, a fim de, sob o pretexto de manter a ordem pública, requisitar a força federal e esmagar os adversários"; "esta degenerescência do novo regime, que a sabedoria popular batizou com a denominação de oligarquias, tem prolifiçado abundantemente em todo o País, pois até já existem oligarquias municipais, pelo menos no meu estado (Rio Grande do Sul), onde alguns intendentes, isto é, os chefes do executivo dessas corporações tratam de se reeleger pela terceira e quarta vez. Ora, é bem de ver que, se esses cargos fossem espinhosos, tivessem mais ônus que benefícios, não haveria tanta pletora de patriotismo para exercê-los, convertendo-se em verdadeiras oligarquias de família".5 5 Escobar, Wenceslau. Discursos parlamentares, 1906-1908. p. 327-8.

Como vemos, a permanência no poder é o elemento primeiro do fenômeno. Porém, para nós, também é fundamental a indagação sobre a forma ou formas com que se mantém esta estrutura de poder.

Achamos que o problema liga-se às condições gerais de cada um dos estados. Daí, podermos dizer que, apesar das nuanças, as oligarquias dividem-se em duas categorias: a dos estados "mais adiantados, cujas relações de produção, grupos e exigências são mais complexos, e cujos conflitos são amortecidos pelo mecanismo do partido dominante: a orientação da Comissão Central dos PRs. representa papel moderador e de combate às formas de desvio. Nos estados menos ricos - a maioria - existem os PRs., mas o controle do grupo ou família é quase absoluto. O partido representa, nestas condições, vontade particular e não o equilíbrio de várias facções, o que conduz a formas políticas violentas e radicais".6 6 Carone, Edgard. A República velha, instituições e classes sociais, p. 271.

Assim, na primeira categoria, incluímos São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul; na segunda, enfeixam-se todos os outros estados.7 7 Para evitar a repetição do que já foi dito, enviamos a Carone, Edgard, ibidem, p. 271-84. O caso de São Paulo é típico, para exemplo da primeira tendência: os grupos de Campos Sales, Bernardino de Campos, Fernando Prestes, Rodrigues Alves, Jorge Tibiriçá, Rubião Júnior, Alfredo Ellis, Júlio de Mesquita, etc. dominam o o partido desde a proclamação da República; quando se dá a cisão de 1901, por exemplo, as alas de Júlio de Mesquita e Cincinato Braga saem do Partido Republicano Paulista e fundam nova agremiação política. Porém, o incidente não abala o partido dominante, que persiste em sua organização e domínio; a volta dos dissidentes ao PRP, em 1905, é outro fato que não exige complementação organizatória. O exemplo comprova a complexidade de um sistema mais rico, que não é abalado pela crise de uma de suas partes, pois, dentro da Comissão Central do PRP o equilíbrio dos grupos contrabalança todo desvio contrário às forças preponderantes.

Naturalmente poderíamos apontar muitos exemplos de cisões nos estados oligárquicos menos ricos e que não tenham levado a conseqüências graves: mas o comum são perturbações ou revoluções, resultados de uma política mais personalista. É que os atritos e interesses são mais violentos, conseqüência da limitação de condições econômicas e políticas em geral. O caso de Mato Grosso - revoluções de 1891, 1899, 1901, 1906, 1916 - é sintomático e mais objetivo. Porém poderíamos estender este exemplo para o Amazonas, Ceará, Santa Catarina, Goiás, Bahia ou qualquer outro estado, com exceção de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Apesar das diferenças existentes entre as duas categorias, certos traços são comuns ao fenômeno das oligarquias: formações de grupos mais ou menos impermeáveis; lealdade para com os chefes, companheiros e o partido; em certo grau, culto pela palavra empenhada; domínio sobre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; emprego de familiares e adeptos para melhor controle e segurança; a não-aceitação de neutralidade, obrigando todos a se definirem contra ou a favor.

A bibliografia que se segue8 8 A bibliografia foi feita sob orientação de Melânia Della Torre. é complemento indispensável para a ampliação do problema das oligarquias. Muitos trabalhos são parciais, são ataques a determinados oligarcas, com intencionalidade particular. Mas é por meio dela e de ensaios gerais que podemos compreender melhor este fenômeno fundamental da nossa formação política, que ainda persiste sob novas formas, como elemento predominante da estrutura de poder no Brasil.

Almeida, João Pio de. Borges de Medeiros. Porto Alegre, Júlio Dias Alteud, 1928. 335 p. fot.

Livro ditirâmbico sobre Borges de Medeiros, mas útil porque transcreve documentos, dados e fatos dispersos.

Borges e o movimento republicano; Borges e Júlio de Castilho; sua carreira; escolha para governador por Castilho; seus cinco governos; administração; programa político; fidelidade à política positivista; Rio Grande do Sul e a luta contra Prudente; apoio a Campos Sales; governo Carlos Barbosa; Borges e a candidatura

A. Bernardes; reação republicana; Revolução de 1923; pacificação e o Tratado das Pedras Altas; manifesto de Borges explicando seus governos (15-1-1923); manifesto de apoio do Partido Republicano Rio Grandense (15-10-1923); resumo das suas medidas econômicas.

Amazonas (estado). Movimentos revolucionários de 30 de dezembro de 1893. Manaus, "Amazonas", 1893. 319 p.

Relatos oficiais sobre o movimento militar para derrubar o governador Eduardo Gonçalves Ribeiro. A primeira tentativa foi em dezembro de 1892 e o movimento foi chefiado pelo Capitão José de Alencar Araripe: o movimento é descoberto e todos são presos. Com a vinda do General Bento José Fernandes Júnior, civis e militares oposicionistas reúnem-se e tomam o quartel do 36.º Batalhão e bombardeiam o palácio do governador. Porém, recuam devido à intervenção do comandante da flotilha naval do Amazonas.

O livro traz o relato sobre o fracasso revolucionário e os depoimentos dos inferiores que participam do primeiro movimento: relatos, manifestos, trocas de condições, etc, lançados e feitos durante e após o movimento de fevereiro de 1893. Nada no livro nos faz ligar os acontecimentos à política de Floriano Peixoto.

Andrade, Valente de. Evolução política: a queda das oligarquias; ensaio de crítica social. Pará, s.c.p., 1913. 315 p.

O autor é evolucionista e parte da idéia de que o fator econômico é o fundamento do político.

Estudando a realidade brasileira, êle vê o mal das oligarquias. Os políticos trouxeram para a República a política personalista do Império: daí a falta de sentimento coletivo gera as oligarquias. Contra isso, a ação do Exército (eleição de Hermes) foi benéfica.

Por sua vez, Pinheiro Machado representa a constante oligárquica.

Deste ponto de vista, o autor minúcia longamente o predomínio e queda de Antônio Lemos, o velho oligarca do Pará.

O livro é tentativa coerente na época de uma teoria sociológica das oligarquias. É básico para o estudo das oligarquias.

Aragão, Antônio Ferrão Moniz de. A Bahia e os seus governadores na República. Bahia, Imprensa Oficial, 1923. 695 p. il.

Livro parcial, porém necessário para o conhecimento da Bahia. O autor foi político e governador do seu estado (1916-1920).

Material sobre a política baiana e suas correntes, cisões e oposições. Através do livro assinalam-se esporadicamente os movimentos insurrecionais, de origem popular, que sempre são vistos pelo autor como instigados pelas oposições.

São longamente analisados todos os governos, a administração e os problemas sucessórios de cada um deles.

Astrimiro. pseudônimo de J. C. Portinho. O mandarinato político. Rio, s.c.p., 1896. 23 p.

Panfleto escrito por partidário de Francisco Rangel Pestana (candidato à senatoria pelo D. Federal, nas eleições de 13 de maio de 1896) contra Francisco Glicério.

Mostra o caráter autoritário de chefe do Partido Republicano Federal; sua participação nas negociatas das terras devolutas quando Ministro da Viação de Deodoro da Fonseca.

Barbosa, Francisco de Assis. João Pinheiro: documentário sobre a sua vida. Belo Horizonte, Arquivo Público Mineiro, 1966. 366 p.

O livro compõe-se de uma introdução de Assis Barbosa e dos escritos políticos, econômicos e epistolares de João Pinheiro.

De João Pinheiro define-se bem o seu conceito de "economismo"; compreende-se o seu sentido de educação técnica, devido à influência de escritores americanos; sente-se o seu desencanto pela política. Acompanham o volume os relatórios de seu governo.

Barreto, João. Estado do Rio: aspectos políticos e econômicos; o Sr. Nilo Peçanha. Rio, Jornal do Commercio, 1917. 266 p. fot.

Livro que relata fatos do Estado do Rio e episódios sobre ações de Nilo Peçanha: dualidade de governos em 1914 e o seu segundo governo; os governos do Estado do Rio e a sua ascensão.

Govêrno Alberto Torres e a cisão política; a razão da escolha de Quintino Bocaiúva para governador; sua administração estéril e a subida de Nilo; Nilo reforça o seu controle político; oligarquia Paulino de Souza no Império; Nilo ajuda Campos Sales a estruturar sua Política dos Governadores; medidas econômicas; Nilo sucede A. Pena e acaba com o Jardim de Infância; gênese de desacordo com Pinheiro Machado; caso da sucessão Oliveira Botelho; primeiras demarches; aparecimento dos nomes de Feliciano Sodré e Nilo Peçanha; a luta pela sucessão; dualidade de governo; luta no Senado e Câmara Federal; morte de P. Machado.

Belo, Júlio et alii. In memoriam: Estácio Coimbra. Rio de Janeiro, Jornal do Commercio, 1942. 166 p. il.

Coimbra era usineiro e representava as forças conservadoras e partidárias de Rosa e Silva em Pernambuco. Foi deputado federal, vice de Artur Bernardes e duas vezes governador do estado, tendo caído em 1930. Homenagens de Antônio Carlos, Afrânio de Melo Franco, Tavares de Lyra, Aníbal Freire, José Lins do Rêgo, Gilberto Freyre, José Maria Belo e outros.

Sua ligação com a aristocracia do açúcar; ligação com Rosa e Silva; volta a Pernambuco em 1913 e a rearticulação dos elementos de Rosa e Silva; início de sua vida política; seu último governo (1926-1930) e a reforma educacional Carneiro Leão.

Borba, Manoel. Sérgio Loreto e seu governo em Pernambuco. Rio de Janeiro, Annaes, 1926. 479 p. 23 cm.

É catilinária contra os desmandos, roubos, violências e assassinatos praticados por Sérgio Loreto, familiares e apaniguados. Esse era homem pobre e saiu riquíssimo do governo.

Intervenção federal na Bahia em 1920; como a intervenção de Epitácio em Pernambuco contradiz o que fizera na Bahia; parcialidade de Epitácio apoiando candidatura Lima Castro; provas de parcialidade de Epitácio em Pernambuco; como surge o nome de conciliação de Sérgio Loreto; seus cargos anteriores; como foge aos compromissos assumidos no caso de substituição do senador Estácio Coimbra; caso da renovação da bancada federal; rompimento de Borba com Lorêto; violências e assassinatos; jornais ameaçados e empastelados; negociatas nas construções de novas obras, serviço do porto, verbas estaduais, etc.

Brito, Lemos. Na Barricada: campanha de libertação da Bahia. Bahia, Baiana, 1920. 192 p. fot.

Discursos e artigos feitos durante a campanha governamental pró Paulo Fontes e contra J. J. Seabra (fins de 1919-1920).

Famoso artigo em que o autor defende o direito de revolução contra o governo constituído; Antônio Moniz, continuador da oligarquia Seabra; revolta no sertão em 1920 e seus chefes; intervenção federal na Bahia; termos do acordo de março de 1920.

Brito, Vitor de. Gaspar Martins e Júlio de Castilhos. Porto Alegre, Americana, 1908. 66 p. fot.

Apologias dos dois estadistas riograndenses.

Retrato moral de Castilhos; seu pensamento sobre a implantação violenta da República.

Camêu, Francolino. Políticos e estadistas contemporâneos: subsídios para a história política do Brasil: Washington Luís, Mello Viana, Artur Bernardes, Antônio Azeredo, Paulo Frontin, Lauro Muller, Lacerda Franco, João Lyra, Afonso de Camargo, Mendonça Martins. Rio de Janeiro, Globo, 1928. V. 3. ¡l.

Contribuição para as biografias de Washington Luís, Mello Viana, Artur Bernardes, Antônio Azeredo, Paulo de Frontin, Lauro Müller, Lacerda Franco e outros. Os quatro primeiros são estudos mais completos e acabados.

Vida política de W. Luís; sua ação na Secretaria de Justiça e Segurança, durante o governo de Jorge Tibiriçá; sua política de estabilidade cambial; o fim do estado de sítio em 1926; governo estadual de Mello Viana; biografia e carreira política de Artur Bernardes; sua luta contra Francisco Sales; vida e carreira política de Antônio Azeredo; sua ação no Congresso Constituinte; lutas em Mato Grosso em 1901; Lauro Müller e a Escola Militar da Praia Vermelha (1904).

O caso do Ceará e sua repercussão no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, s.c.p., s.d. 24 p.

Brochura sobre a repercussão dos acontecimentos do Ceará (1914) nos meios militares do Rio de Janeiro. Com a ameaça das tropas do padre Cícero sobre Fortaleza, o Clube Militar do Rio reúne-se: Hermes e o General Caetano de Faria tentam impedir manifestações pró Franco Rabelo. Afinal, o governo decreta o estado de sítio para o Ceará.

Chaves, Joaquim Ferreira (desembargador). Ao estado e ao Partido Republicano Federal do Rio Grande do Norte. Natal, Comercial, 1919. 27 p.

O autor foi companheiro de Pedro Velho, constituinte estadual, governador e senador do Rio Grande do Norte. Afasta-se do partido oficial quando entra em choque com Tavares de Lyra, que era do círculo familiar de Pedro Velho e Alberto Maranhão.

Como os dois são candidatos ao governo estadual, dá-se a cisão. Neste opúsculo, o autor mostra as ligações oligárquicas do grupo dominante: cita nominalmente os seus membros e os cargos que exerciam no executivo e legislativo; as reformas da Constituição estadual de 1898 e 1907 e suas finalidades.

Cintra, Assis. Bernardino de Campos e seu tempo. São Paulo, s.e., 1953. 165 p.

Rico material sobre a época e as lutas vividas por Bernardino de Campos: utilizando-se de fontes secundárias, o autor estuda aspectos e problemas que influíram ou foram influenciados pelo biografado. Luta de Bernardino para forçar o Partido Republicano Paulista a aderir ao abolicismo; papel do PRP na Proclamação da República; expansão dos clubes republicanos paulistas durante o Império; luta do PRP contra Deodoro da Fonseca, no Senado e Câmaras federais; conspiração e luta do PRP contra o governo estadual de Américo Brasiliense; centralização do PRP; fatos sobre o seu primeiro e segundo governo estadual.

Corrêa Filho, Virgílio. Joaquim Murtinho. Rio de Janeiro, Nacional, 1951. 195 p. il.

Biografia do médico, político e Ministro da Fazenda do governo Campos Sales. Por ter vivido desde jovem na capital federal e participado da Proclamação da República, Murtinho torna-se o elemento primordial da política matogrossense no plano federal. É dele que partem as escolhas de candidatos a governador ou os golpes para derrubá-los (Ponce em 1899; Totó Paes em 1906).

Suas atividades no plano federal: dados sobre o debate econômico do início da República e sua ação como Ministro da Fazenda; sua concepção do problema econômico.

No final, o autor transcreve cartas em que êle defende a Mate Laranjeira (que era propriedade de sua família), justificando o seu plano de entrega de parte das terras devolutas do estado a uma companhia inglesa, para sustar a expansão demográfica dos riograndenses no Sul do estado.

Dias, Artur. O Dr. Rodrigues Lima e sua administração. Bahia, Propaganda Republicana, 1896.

Propaganda do primeiro governador eleito da Bahia e de sua administração.

Apesar do tom encomiástico, para se criar a idéia de clima estável do seu governo, percebe-se vagamente a existência de oposição feroz à sua candidatura e governo: a grande abstenção eleitoral; a oposição às reformas da magistratura e à dos serviços municipais.

Fafe, Egas. Pseudônimo de M. Paes de Figueiredo Moraes. O governador de Pernambuco e a morte de José Maria. Recife, A Província, 1895. 197 p.

O autor é membro do Partido Autonomista (do Barão de Lucena), que se aliou a Barbosa Lima para derrubar definitivamente os republicanos históricos do poder. O que queriam é levar Barbosa Lima a lutar contra Floriano e a ajudar a revolta da esquadra (1893) e os revoltosos do Rio Grande do Sul.

O livro traz material sobre o governo efêmero do Barão de Contendas (1891); junta governativa que o derrubou; governo Barbosa Lima. Sobre este, detalhes de sua aliança com o Partido Republicano; seu rompimento; ligação com os autonomistas.

É parcial, porém um dos poucos documentos sobre esta época confusa e mal estudada. O retrato que faz de Barbosa Lima é de um histérico e medroso, caricatura inteiramente falsa.

Franco, Augusto. Dr. João Pinheiro: ensaio biográfico e politico. 2. ed., Belo Horizonte, Oficial, 1906. 127 p.

Possivelmente o primeiro livro sobre João Pinheiro, com informações seguras. É oficial: a primeira edição é lançada durante a candidatura João Pinheiro à governança do estado.

Um grande vulto da história de São Paulo: centenário do Dr. José Alves de Cerqueira Cesar. São Paulo, s.c.p., 1935. 40 p.

Longo artigo saído no O Estado de São Paulo comemorando o aniversário de nascimento de Cerqueira Cesar, sogro de Júlio de Mesquita, proemiente membro do Partido Republicano Paulista, um dos responsáveis pela queda do governo Américo Brasiliense e seu sucessor no governo do estado.

O folheto é apologia do biografado. Ao retratar as qualidades de Cerqueira Cesar, o autor pensou mais em fazer a apologia das "qualidades" do paulista do que em retratar objetivamente o seu personagem. Principalmente porque em 1935, logo depois da Revolução de 1932, a oligarquia pensava em glorificar o seu passado, para apresentar-se melhor no presente.

Dados sobre a vitória do PRP em Rio Claro, em 1876; golpe contra o Congresso Legislativo, em 1892, favorável a Américo Brasiliense.

Guedes Júnior D. Doutrina do engrossamento (o exemplar não contém a folha do rosto). 116 p.

Sátira contra os grupos predominantes na política brasileira. Diz que a oposição, que no passado fizera movimentos armados, hoje prefere aderir silenciosamente à situação. É que a doutrina do engrossamento caracteriza-se pela adulação, servilismo, etc.

Congresso federal é escola de resignação; definição de engrossamento.

A lenda dos assassinatos politicos em São Paulo. São Paulo, Rothschild, 1911. 205 p.

Defesa do governo do estado de São Paulo (na verdade, o Partido Republicano Paulista) contra as acusações de que fora parcial e violento nas eleições presidenciais de 1910: Rui Barbosa contra Hermes da Fonseca. Trata de documentação policial e jurídica dos casos havidos em Mogi-Mirim, Igarapava, São Carlos, Sorocaba, etc.: briga entre elementos situacionistas (pró Rui) e partidários de Rodolfo Miranda (pró Hermes).

Lyra, A. Tavares de. Carta aberta aos meus velhos correligionários e amigos do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro, s.e., 1919. 13 p.

Polêmica entre membros da oligarquia Pedro Velho-Adalberto Maranhão-Tavares de Lyra e o governador Ferreira Chaves: este sucedendo ao governo A. Maranhão (1915), acaba separando-se dos elementos do grupo.

Tavares Lyra afasta-se da política; tentativa de enquadrar o governador Ferreira Chaves dentro dos quadros oligárquicos do partido republicano; contramedidas do governador contra o grupo oligárquico.

Lyra, João. Política do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro, Jornal do Commercio, 1919. 17 p.

Artigos publicados no Jornal do Commercio, em 12 de maio de 1919, em que o autor defende-se das acusações feitas pelo desembargador Joaquim Ferreira Chaves.

Este, ao acusar a velha oligarquia, de Pedro Veiho-Alberto Maranhão, e a nova, de Tavares Lyra, diz que este último vai buscar, para substituí-lo no Senado, um irmão que saíra do estado aos 12 anos e que era um João-Ninguém. Este é João Lyra. Sua resposta, porém, nada significa. Simplesmente confirma a denúncia.

Mantua, Simão de. pseudônimo de Antônio Gomes Carmo. Cartas de um chinês do Brasil para a China publicadas na gazeta chinesa Tomh-Ha-Pao. São Paulo, Monteiro Lobato, 1923.

Apanhado caricato do Brasil e seus defeitos. O mineiro Carmo é crítico feroz da oligarquia e dos vícios da primeira República.

Neste livro mostra os erros sociais e políticos existentes e faz sátira dos pseudovalôres da classe dominante.

Mantua, Simão de. pseudônimo de Antônio Gomes do Carmo. Figurões vistos por dentro. São Paulo, Monteiro Lobato, 1921. 2 v., 18 cm.

Estudos humorísticos e críticos sobre personalidades da Primeira República: Pinheiro Machado, Borges de Medeiros, Bias Fortes, Nilo Peçanha, etc.

Dados esparsos e, às vezes, injustos sobre pequenos acidentes da vida pessoal e política desses personagens.

Martins Júnior. Resposta do Dr. Martins Júnior à mensagem do Sr. Barbosa Lima. Pernambuco, s.e., 1892. 58 p.

Barbosa Lima publicara manifesto explicando o rompimento com os republicanos históricos e defendendo sua posição no episódio. Esta é a resposta do chefe daqueles políticos a Barbosa Lima.

As razões da cisão limitam-se à luta de influências. O novo governador, eleito pelos históricos, procura libertar-se de exigências feitas pelo partido: empregos, comando da Guarda Nacional e da Força Policial, etc. Por sua vez, os deputados partidários boicotam leis do Executivo. A divergência aumenta quando da escolha de candidatos a deputado: Lima quer impor um nome para o primeiro lugar na lista. Não conseguindo, adia por quatro vezes as eleições. Afinal dá-se o rompimento em 16 de junho de 1892.

Martins Júnior, José Isidoro. Um capítulo de história política. Recife, s.c.p., 1898. 76 p.

Resposta de Martins Júnior ao Estado de Pernambuco, que o acusa de se ter afastado de José Mariano, de ter errado taticamente na direção do Partido Republicano de Pernambuco.

A resposta fornece dados sobre a atribulada política republicana em Pernambuco: o republicanismo histórico; Aníbal Falcão; gênese da candidatura Barbosa Lima; luta da Câmara contra Barbosa Lima.

Mattoso, Ernesto. O Dr. Augusto Montenegro: sua vida e seu governo. Paris, Tony Dossieux, s.d. 255 p. ¡I.

Biografia laudatoria de um dos oligarcas do Pará. Deputado federal de 1890 a 1900, Montenegro elege-se governador, quando o senador Justo Chermont diverge de Antônio Lemos. Este é realmente o chefe do Partido Republicano do Pará e quem dirige toda política paraense, sendo o maior oligarca do Pará.

Ascensão política de Montenegro; a sua escolha para governador; sua reeleição; atos do seu governo; empréstimo de 1901; administração; visitas de personalidades estrangeiras e nacionais ao estado.

Mello, Oliveira. Revolta de São Paulo: acontecimentos do dia 14 e 15 de dezembro de 1891. São Paulo, Messagero, 1892.16 p.

Resumo dos fatos passados na capital de São Paulo e que levaram a derrubada do governo Américo Brasiliense. O autor não relata a revolução no interior do estado.

Jornais de oposição ao governo Américo Brasiliense; reunião e manifesto dos acadêmicos de direito; o meeting contra o governador e o ataque ao Jornal A Federação; o contra-ataque da polícia aos jornais da oposição (O Estado de São Paulo e Correio Paulistano); Américo Brasiliense abandona o poder no dia 15; problema da posse de seu substituto; subida de Cerqueira Cesar e o empastelamento de A Federação; quem participa da revolução; criação da junta revolucionária.

Moreira, Artur Q. Collres. Gomes de Castro, Benedito Leite e Urbano Santos. Rio de Janeiro, Jornal do Commercio, 1939. 245 p.

Trata da política do Maranhão, dos fins do Império até 1918. É de minúcias exaustivas sobre fatos, políticos e suas tricas e futricas. Numa referência bibliográfica paupérrima é necessário destrinçar este amontoado de dados difusos, mas, muitas vezes supérfluos.

Motta Filho, Cândido. Uma grande vida. São Paulo, Política, 1931. 287 p.

Biografia de Bernardino de Campos, escrita por um admirador. O autor fêz sua carreira política à sombra de Prudente de Morais e do biografado.

Apesar de o livro ressentir-se da falta de conteúdo histórico, necessário para compreender as posições e atitudes do personagem, êle contribui com farto material inédito, retirado das lembranças do autor e do arquivo particular de Bernardino de Campos. As cartas de Glicério, Campos Sales, Prudente de Morais e outros são esclarecedoras de incidentes da história política de São Paulo e da União.

Além disso, fornece dados sobre a participação de São Paulo nas lutas armadas de 1893-99; sobre o Funding Loan e suas origens; sucessão Afonso Pena e transcrição longa dos discursos de B. de Campos.

Oliveira, Estevam de. Notas e epístolas: páginas esparsas da campanha civilista. Juiz de Fora, Brasil, 1911. 191 p.

O livro compõe-se de duas partes: histórico dos governos mineiros, da República à posse de Wenceslau Braz; e cartas a Bias Fortes, W. Braz e outros sobre a campanha civilista.

A primeira parte é excelente: mostra as correntes oligárquicas de Minas, seu funcionamento e divergências.

Todos os governos, a começar por Cesário Alvim, montaram máquina para esmagar qualquer veleidade da oposição; a lei eleitoral é promulgada para ajudar esta situação. E o boicote dos mineiros contra a candidatura David Campista (escolhido por Afonso Pena para sucedê-lo) explica-se simplesmente pelo fato de que as oligarquias mineiras não querem a ascensão de grupos novos no estado.

Pacetilha (pseudônimo). Carta aberta: um trecho da história política do Maranhão: 1890-1906. São Luís, s.c.p., s.d. 79 p.

Panfleto escrito para ser distribuído durante a viagem de Afonso Pena ao Norte do País. É catilinária contra o predomínio oligárquico de Benedito Leite no Maranhão.

Mostra que, mesmo não sendo governador, Leite era o chefe incontestável do estado: era o Legislativo e o Executivo, o homem das negociatas e dos empregos.

Partido Republicano de São Paulo. A cisão: 1901. São Paulo, Industrial de São Paulo, 1901. 365 p.

Material excelente para o estudo da dissidência paulista de 1901. Deve ser completado com os manifestos, que estão enfeixados em outro volume, ou consultados no O Estado de São Paulo.

Verdade eleitoral e burguesia oposicionista; as diversas causas (remotas e próximas) da cisão; política dos governadores, gênese da cisão; lançamento da candidatura Campos Sales à presidência da República; lançamento de Lauro Sodré pelo Partido Republicano Federal (1897); eleições federais de 1900 e a política dos governadores; apoio de Rodrigues Alves à política dos governadores; oligarquia e republicanos históricos; como Campos Sales foi escolhido governador de São Paulo; revolta da Escola Militar (1897); transformação do Partido Republicano Federal em Concentração (1899); sucessão estadual de Rodrigues Alves; Congresso Constituinte de São Paulo em 1901 e a minoria.

Peçanha, Celso. Nilo Peçanha e a revolução brasileira. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. 1969. 172 p. il.

O autor defede a tese de que Nilo é expressão de um movimento da classe média, que surge nos fins do Império e pretende contrabalançar o predomínio oligárquico das classes no poder.

Classe média e República; usina de açúcar na Província do Rio de Janeiro (1877); movimentos abolicionistas na Província do Rio; líderes republicanos da Província; fundação do Partido Republicano; conferências de Silva Jardim na província; primeiro governo de Nilo do Estado do Rio (1903-1906); medidas protecionistas estaduais (1904); assassinato de estudantes no Distrito Federal (1910); imperialismo inglês e concessões de estrada de ferro; segunda candidatura de Nilo ao governo do estado (1914); Nilo nega-se a ser novamente candidato ao governo do estado (1918); oligarquias e permanência no poder-, gênese da reação republicana; reação republicana, expressão da classe média; a campanha da reação; Nilo e a defesa dos implicados na revolução de 1922.

Pedrosa, Pedro da Cunha. Minhas próprias memórias: vida pública. Rio de Janeiro, Agir, 1963. 311 p.

O autor, nascido no interior da Paraíba, conta sua infância difícil e a carreira de estudos e a profissional. Apesar de estar ligado às primeiras agitações republicanas (Alvaro Machado e aos constituintes do estado), o autor só vai participar da política dominante a partir de 1902. Desta data até 1930, êle é o esteio da legalidade.

O livro mostra a cisão do governo Monsenhor Walfredo Leal; domínio oligárquico do senador Alvaro Machado; repercussões das "salvações do Norte" na Paraíba; o domínio Epitácio Pessoa.

Pereira, Batista. Pela redenção do Rio Grande. São Paulo, Acadêmica, 1923. 256 p. Conferências pronunciadas no Rio de Janeiro, Ouro Preto, Belo Horizonte, Santos e São Paulo. A primeira edição saiu sob o nome Rui Barbosa e o Rio Grande. Todas fazem parte da luta do autor pela reconstitucionalização do Rio Grande, na época da revolução de 1923.

No fim do volume lista de decretos, atos e leis de Borges de Medeiros, de 1896 a 1920, anulando leis orgânicas dos municípios; orçamentos municipais e atos de intendentes.

Pernambuco, Miguel et alii. 0 Partido Republicano Federal de Pernambuco aos seus correligionários e à Nação. Rio de Janeiro, s.c.p., 1895. 53 p.

Assinado também por Medeiros e Albuquerque, Cornélio da Fonseca e Pereira de Lira.

É ataque a José Mariano e José Maria. Dizem que a República acabou com o poder político pessoal e que ninguém pode-se eleger, a não ser democraticamente. Mostram, em seguida, a política temorista destes elementos que querem dominar, ou dominam realmente, a política no Recife. É fato ligado ao governo Barbosa Lima, apesar do manifesto ser confuso na limitação do tema e o objetivo.

Pessoa, Epitácio. Na política da Paraíba: 2.ª fase, 1912-1935. In: Obras completas de Epitácio Pessoa. Rio de Janeiro, INL, 1962. V. XV, il.

Trata do período áureo de Epitácio. Com a morte de Álvaro Machado (1911), seu sucessor Monsenhor Walfredo Leal, faz acordo com êle. O rompimento dá-se em 1915 e, daí por diante, o cetro do poder estadual pertence-lhe até 1930.

Cartas sobre os problemas administrativos e econômicos do estado; candidatura do Coronel Rêgo Barros (1911) e a "salvação militar" na Paraíba; acordo entre W. Leal e Epitácio: bases, divergências e rompimento; manifesto do rompimento; conceitos contraditórios de Epitácio sobre democracia e direção partidária; governos Castro Pinto e Camilo de Holanda; divergências com C. de Holanda.

Pessoa, Frota. O oligarca do Ceará: a crônica de um déspota. Rio de Janeiro, Jornal do Commercio, 1910. 250 p.

Reunião de representações, dados, fatos, entrevistas, etc, contra Antônio Pinto Nogueira Acioli, o oligarca mais representativo do Nordeste brasileiro. Tendo subido ao governo do Ceará em 1896, êle a domina até 1912, voltando enfraquecido ao poder em 1914, depois da queda de Franco Rabelo.

O livro reúne dados e provas sobre subsídios que Acioli recebe do Senado Federal, em 1896, porque já assumira o cargo de presidente do estado; negociata da compra de cinco pontes metálicas na França; mudança da Constituição estadual em 1905, para permitir sua reeleição em 1908; artigos e entrevistas em que ataca Acioli. Foi escrito e publicado de 1908 a dezembro de 1910.

Pimenta, Joaquim. Retalhos do passado: episódios que vivi e fatos que testemunhei. Rio de Janeiro, A. Coelho Branco Filho, 1949. 448 p.

Livro básico para o conhecimento político e social do Recife de 1909 a meados do ano de 1920. O autor, advogado, participou dos movimentos operários e políticos que vão do governo Dantas Barreto (1911-1915) ao de Sérgio Loreto (1922-1926). Ricas informações sobre greves, líderes operários, políticos pernambucanos.

Pinhão, Tavares. Bernardino de Campos. Ribeirão Preto, s/e., 1941. 134 p.

Livro episódico. Notas sobre a posse de Prudente de Morais, em 1894 (ajudado por Bernardino, que prepara tropas da Força Pública de São Paulo para garantir sua posse); reprodução de curioso retrato físico e psicológico, feito por Horácio de Carvalho; fatos a respeito da Proclamação da República em São Paulo e a ajuda que Bernardino dava aos negros fugidos.

Ponce Filho, Generoso. Generoso Ponce: um chefe. Rio de janeiro, Pongetti, 1952. 564 p. il.

Alentado volume sobre um dos chefes políticos mais importantes de Mato Grosso, dos fins do Império até a primeira década do século XX.

Generoso Ponce continua na República o predomínio liberal. Os Ponce são aliados e rivais - conforme as circunstâncias históricas - dos Correia de Melo e dos Murtinhos. Estes três "clãs" é que dominam o estado de Mato Grosso até hoje.

Proclamação da República em Mato Grosso; governos provisórios; revoluções de 1891, 1899, 1906; lutas e cisões políticas.

Rache, Pedro. Homens de Minas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1947. 226 p.

Livro sôbre João Pinheiro; traz episódios sobre Delfim Moreira, Wenceslau Braz e Artur Bernardes.

Observações a respeito da forma política da Primeira República; sentimento popular contra o "governo" em geral.

Rache, Pedro. Outros homens de Minas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1948, 246 p.

Episódios sobre Bias Fortes, Wenceslau Braz, Júlio Bueno Brandão, Antônio Carlos, Benedito Valadares, Olegário Maciel e Pedro Aleixo.

Episódio revelador sobre o controvertido golpe de 18 de agosto de 1931, contra Olegário Maciel; razões e atitudes de Minas em 1930; Valadares e a representação profissional, sua eleição; A. Carlos e a presidência da Câmara de Deputados; P. Aleixo na presidência da Câmara.

Revista brasileira de estudos políticos. Grupos políticos em Minas Gerais. Belo Horizonte, p. 225-34, jan. 1967.

Os primeiros partidos políticos republicanos em Minas e a posterior reformulação do Partido Republicano Mineiro (1897); dados folclóricos sobre denominações e apelidos dos grupos partidários municipais; falta de organização partidária brasileira.

Revista brasileira de estudos políticos. Meio século de política baiana. Belo Horizonte, (20): 105-24, jan. 1966.

Considerações sobre o poder do governador e seu poder de indicar seu sucessor; considerações sobre o coronel ismo.

Revista brasileira de estudos políticos. Vida e política de Francisco Sales. Belo Horizonte, (18): 113-32, jan. 1965.

Conferência pronunciada no IHG de Minas Gerais, em fevereiro de 1963.

O material consultado foram os livros de Daniel de Carvalho; por isso, não há nada além do que se encontra do referido autor.

Revista do Instituto Histórico de Mato Grosso. A república em Mato Grosso. Cuiabá, (19 e 23): 1-81 e 1-93.

Excelente história de Mato Grosso, de 1889 a 1906.

Propaganda republicana; a tardia Proclamação da República; papel de Generoso Ponce nestes acontecimentos; primeiro governo; forças locais e suas ligações com o plano federal; constituinte; os governos provisórios subseqüentes e a subida de Manuel Murtinho; Revolução de 1892 e deposição de M. Murtinho; luta armada de Ponce contra o novo governador; partidos estaduais; vitória de Ponce e volta dos Murtinhos; primeiro governador constitucional (Antônio Corrêa da Costa, 1895); incidente entre Ponce e o governador A. C. Costa; demissão deste (1898); apogeu do poderio de Generoso Ponce,- formação da dissidência (Murtinhos contra Ponce); eleições de 1899 e a revolta dos dissidentes; apoio federal aos Murtinhos; queda de G. Ponce; acordo feito entre dissidentes e Ponce; queda política de Ponce e extinção do Partido Republicano; governo de Pedro Alves de Barros e a ascensão de Totó Paes; extermínio de 1901; Totó Paes elege-se governador; seu domínio despótico; os Murtinhos afastam-se de Totó Paes e formam nova dissidência; coronelismo em M. Grosso; Totó Paes e o apoio federal; começo da revolta contra Totó; apoio maciço do povo à oposição; razões da Revolução de 1906; preparativos; o acordo da oposição com Totó Paes (9-5-1906); Totó Paes não cumpre o acordo; revolução; intervenção federal; morte de Totó Paes.

Romero, Sylvio. O Brasil social: vistas syntheticas obtidas pelos processos de Le Play. Rio de Janeiro, Jornal do Commercio, 1907. 43 p. 19 cm.

A primeira parte é trecho do discurso a Euclides da Cunha, quando este é recebido na Academia Brasileira de Letras; a segunda, carta a Edmond Demolins. Formam unidade porque tratam da situação social do Brasil no começo do século: formação social, predomínio oligárquico; elite com falsas idéias; predomínio do capitalismo estrangeiro.

Razões do domínio imperialista; formação histórica da aristocracia de origem portuguesa; classes sociais segundo Luiz Conty (1884); a República, incentivadora de oligarquia; capitalismo estrangeiro e garantias de aplicações; burguesia e reformas pela cúpula; operários estrangeiros e greves; pequena burguesia e horror às greves.

Rosa, Othelo. Júlio de Castilhos. Porto Alegre, Globo, 1928. 327 + 518 p. fot.

Biografia por um seu discípulo; é fundamental. A primeira parte trata de sua vida e época; a segunda contém escritos sobre a propaganda republicana, abolição, questão militar; mensagens governamentais, manifestos, escritos contra o governicho.

A ação do Partido Republicano Riograndense contra a Monarquia; Castilhos apoia a eleição de Deodoro para presidente; fundação do Partido e de A Federação; Castilhos e a questão militar e a Abolição; programa do PRR; governo Visconde de Pelotas; sua demisão e o Manifesto de Castilhos; governos Júlio Frota e Cândido Costa; primeira dissidência e eleições para a Constituinte federal; golpe de estado de Deodoro e a posição dúbia de Castilhos; sua queda e seu manifesto; o governicho; sua administração e atos políticos; planos revolucionários de derrubada do governicho; Revolução de 17 de junho de 1892 e a queda do governicho; subida de Castilhos e sua renúncia; Revolução de 1893-1895; Constituição estadual e ação de Castilhos; as modificações introduzidas pela Assembléia; administração Castilhos; textos de Castilhos.

Santiago, Suidulfo. Nilo Peçanha, uma época política. Niterói, Sete, s.d. 100 p.

É livro resumido, trazendo aspectos de sua atividade como político, homem de família, administrador. Medidas administrativas de seu primeiro governo no Estado do Rio; medidas adotadas para o equilíbrio orçamentário do estado; reação republicana e excursão ao Norte do País; carta a Antônio Azevedo onde defende os revolucionários de 1922; opinião de Barbosa Lima Sobrinho sobre Nilo e sua participação na Revolução de 1922.

Santos, José Maria dos. Bernardino de Campos e o Partido Republicano Paulista: subsídios para a história da República. Rio de Janeiro, José Olympio, 1960. 285 p.

Livro póstumo e inacabado. Infelizmente seu título não condiz com seu conteúdo.

A idéia central é que a República foi em grande parte possível devido a ação de Quintino Bocaiúva. Este, dirigindo O País, cria conscientemente um mal-estar entre os militares e os governantes imperiais (menos com o Imperador); na tradição latino-americana; proclamada a República, os positivistas imprimem um caráter autoritário ao governo Deodoro.

Rico material (pesquisado em livros e jornais) sobre a questão militar, lutas entre tendências civis e militares no início da República e posição e a apreciação crítica por Bernardino de Campos. Silva, Coronel José Faustino da. Ordem do dia n.º 23: histórico da renúncia e embarque do Dr. Antônio Pinto Nogueira Acioli. Ceará, IV região militar, 1812. 23 p.

Ordem do dia do coronel-inspetor interino. Relata os fatos dos dias 21 a 24 de janeiro de 1912, que resultaram na renúncia de Nogueira Acioli, o oligarca do Ceará.

Conta as tentativas de pacificação; atentado da força policial contra a manifestação infantil; assalto popular contra a força policial; tomada de Fortaleza; cerco do palácio governamental; renúncia do oligarca.

Sente-se no relatório a determinação das forças federais de não ajudar Acioli.

Soares, Martim. pseudônimo de Antônio Sales. O Babaquara: subsídios para a história da oligarquia do Ceará. Rio de Janeiro, s.c.p., 1912. 164 p.

Babaquara é o apelido dado a Nogueira Acioli, oligarca do Ceará, que governou este estado de 1896 a 1912. Quer dizer, toleirão, pateta; em compensação, os seus partidários chamavam-no de o Velho.

Escrito antes da candidatura Franco Rabel (1912), é um grito de alarme contra os abusos e a intolerância dessa oligarquia, que dominou de maneira absoluta o estado do Ceará. O que o autor faz é completar o trabalho de Frota Pessoa (O Oligarca do Ceará). Descrição detalhada do domínio aciolista sobre a magistratura, empregos e governo local.

Subiroff, Ivan. A oligarquia paulista. São Paulo, Nereu Rangel Pestana, 1919. v. 1, 333 p.

Reprodução dos artigos publicados no O Estado de São Paulo, durante o ano de 1919. O primeiro volume, o único aparecido, reproduz parte desta publicação.

O livro é material contundente sobre a influência capitalista alemã em São Paulo; participação de políticos paulistas (família Rodrigues Alves, Cardoso Melo Neto, membros de Bernardino de Campos) em empresas alemãs (a partir da Lei Delbruck, de 1912); formação dos trustes do papelão e cerâmica em São Paulo; exemplos de fatos econômicos ligados à política de São Paulo (1912 a 1919).

De outro lado o livro reproduz fatos e dados sobre o bolchevismo, com grande precisão e honestidade; documentação sobre movimentos operários de São Paulo.

Tamm, Paulo. João Pinheiro. Belo Horizonte, Brasil, 1947. 205 p.

Biografia analítica de João Pinheiro. O autor é conciso e traça com felicidade certos aspectos do seu meio e ação.

Problemas do bacharelismo; fundação do Partido Republicano Mineiro; fim do Império e sua falta de alicerces partidários e ideológicos; os dois governos de João Pinheiro; sentido de seu economismo.

Tourinho, João Gonçalves. História da sedição na Bahia: em 24 de novembro de 1891. Bahia. Tip. J. G. Tourinho, 1893. 541 p.

Coletânea de artigos, manifestos, cartas, discurso sobre a deposição do governador José Gonçalves da Silva. Nomeado por Deodoro em 1-10-1890, o governador permanece até 2-7 no posto. Depois é eleito governador pelo Congresso baiano.

Tendo apoiado o golpe de Deodoro (3 de novembro de 1891), cai quando Floriano sobe ao poder e depõe todos os governadores que apoiaram aquele golpe. Na Bahia é o deputado federal César Zama quem convoca comício para intimidar o governador. Há conflito, feridos, etc. e sua deposição.

O treze de novembro de 1899 na capital da Bahia: subsídios para a história. Bahia, Diário da Bahia, 1900. 439 p.

Coletânea de manifestos, artigos e fatos sobre o massacre popular dos dias 13 a 14 de dezembro de 1899. No dia 12 há eleição municipal no Salvador: a oposição vence, pois apesar da pressão havida a população urbana odiava Luís Viana (êle é apedrejado quando sai do governo). O governador revida e manda suas forças atirarem nos comerciantes, havendo mortos e feridos.

Caráter violento de Luís Viana; descrição dos massacres de 13 e 14; Manifestos do candidato escorraçado dos comerciantes e comerciários relatando os fatos; comércio fecha suas portas por quatro dias; resultado da eleição; recortes de jornais.

Viveiros, Jerônimo de. Benedito Leite: um verdadeiro republicano. 2. ed., DASP, Rio de Janeiro, 1960. 340 p.

Obra dedicada ao centenário de nascimento do político e governador do Maranhão. Positivista formado pela Faculdade de Direito de Recife, e depois promotor no seu estado, Leite começa sua vida política no início da República. Elemento de confiança do efêmero governador Porciúncula (1890), tem a sua oportunidade com a deposição do governador Lourenço de Sá (1892), ordenada por Floriano Peixoto. Desde então, dirigindo o novo Partido Federalista, êle ascende a deputado e senador federal e, mais tarde, em 1906, a governador de seu estado.

O livro é a sua apologia e o resumo de sua vida pública e privada.

Wolsey. pseudônimo de César Zama. A Bahia sob o regime republicano. Bahia, Gutenberg, 1900. 121 p.

César Zama foi político que se destaca na Bahia no início da República; torna-se elemento oposicionista e é responsável pelo movimento de 24 de novembro de 1891 no Salvador.

Seu livro é o histórico dos primeiros governos baianos. Crítica impiedosa ao domínio oligárquico e antipatizado de Luís Viana. A sua influência, que se faz sentir sobre o governo Rodrigues Lima (1892-1896), e aos roubos, que perpetra antes e durante o seu governo.

Dados sobre os dois governos provisórios; governo Rodrigues Lima; Canudos.

Infelizmente o livro, para não ferir suscetibilidades, deixa de citar nomes e fatos, subentendendo que o leitor tivesse conhecimento completo dos acontecimentos.

  • 1 In: Provocações e debates, p. 401-16. A conferência é de 31 de maio de 1908.
  • 5 Escobar, Wenceslau. Discursos parlamentares, 1906-1908. p. 327-8.
  • 6 Carone, Edgard. A República velha, instituições e classes sociais, p. 271.
  • 1
    In: Provocações e debates, p. 401-16. A conferência é de 31 de maio de 1908.
  • 2
    Ibidem, p. 405.
  • 3
    Ibidem, p. 405-6.
  • 4
    Ibidem, p. 412-6. Fizemos questão de reproduzir longamente a conferência, por ser este um dos primeiros estudos do assunto. Os grifos são do autor.
  • 5
    Escobar, Wenceslau.
    Discursos parlamentares, 1906-1908. p. 327-8.
  • 6
    Carone, Edgard.
    A República velha, instituições e classes sociais, p. 271.
  • 7
    Para evitar a repetição do que já foi dito, enviamos a Carone, Edgard, ibidem, p. 271-84.
  • 8
    A bibliografia foi feita sob orientação de Melânia Della Torre.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Maio 2015
    • Data do Fascículo
      Mar 1972
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