RESUMO
Vários estudos têm apontado para um tipo de capitalismo hierárquico na América Latina, caracterizado pela presença de corporações multinacionais, estatais, grupos multiempresariais diversificados, baixa qualificação da mão de obra e mercados de trabalho segmentados. A partir da perspectiva das redes proprietárias - que revelam atores e grupos com posições proeminentes na estrutura e propriedade das empresas - exploramos quem são os donos das grandes corporações brasileiras. Assim, este artigo propõe: 1) descrever a rede proprietária das maiores corporações brasileiras; 2) analisar a densidade, o grau médio, a modularidade e o número de componentes conectados nessa rede; 3) analisar medidas de centralidade de grau ponderado, intermediação e autovetor; 4) identificar e analisar subgrupos na rede e 5) relacionar a configuração da rede proprietária com o capitalismo hierárquico no contexto brasileiro. Os resultados indicam que acionistas financeiros, o Estado brasileiro (por meio de empresas estatais) e grupos compostos majoritariamente por grandes multinacionais, empresas financeiras, famílias e empresas estatais estão em posições proeminentes, confirmando que a estrutura de propriedade está fortemente atrelada a esses atores.
Palavras-Chave:
Controle corporativo; redes proprietárias; análise de redes; financeirização; corporações brasileiras