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Editorial

A última grande reforma do ensino universitário ocorreu em 1968, quando foi aprovada a Lei n 5540. Nestas três últimas décadas muitas águas rolaram nos Campi Universitários brasileiros, e alguns atores, muitos destes antigos, teimam em olhar o turbilhão caudaloso provocado pela queda destas águas da mesma janela de onde viram a nascente do rio.

Ninguém tem dúvida, só os dinossauros, que as universidades federais, e principalmente estas, estão cada vez mais distantes da Sociedade. A obsessão dos jovens em serem universitários e de estudarem em universidades públicas transformou-se em indiferença. Já não existem excedentes porque a procura pelas universidades públicas vem decrescendo, e as particulares, muitas destas, mesmo sem qualquer qualificação, vem aumentando, ano após ano, a largura de suas portas para receber os egressos do segundo grau, diga--se de passagem os estudantes mais pobres. O que é um pesadelo pode virar tormenta para as IFES, porque muitas universidades particulares, têm contratado a peso de ouro, ex-dirigentes aposentados das universidades federais, que conhecem muito bem o caminho das pedras para buscar recursos públicos.

O governo, devagar, vem implementando algumas reformas, sem que sequer a maioria dos professores da IFES se dê conta de quão profundas estas são. Acertadamente, através de alguns programas específicos, vem forçando a integração da pós-graduacão com a graduação. Através de outros, estimula os cursos a competirem por recursos, acabando com a famigerada distribuição histórica. O que aconteceu para que fosse possível a viabilização da pós-graduação brasileira, começa a se repetir agora com a graduacão, com a defasagem de quase 30 anos. Como governos também erram, não é hora de nos perdemos na critíca, nem nos debruçarmos na janela de 68 para vermos a chegada do século XXI. Após o regime militar, a democracia chegou aos Campi levando alguns atores da democratizacão a ministros. Agora, o importante é saber que novo passo devemos dar, não esquecendo que a conquista da democracia é realidade, para a construção da nova universidade do próximo milênio, sem perder de vista que o país vive sua maior desigualdade social, que o separa em pedaços bons e maus. É para acabar com estas diferenças que as IFES devem prioritariamente se voltar.

A Sociedade Brasileira de Química, constituída em sua ampla maioria de estudantes e professores universitários, joga na terra a semente da discussão, nos cursos de QUÍMICA, da nova reforma universitária que se anuncia. Comecemos pela Autonomia Universitária.

Angelo C. Pinto (UFRJ)

Jailson B. de Andrade (UFBA)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Set 2008
  • Data do Fascículo
    Abr 1997
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