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Relação fraterna: constituição do sujeito e formação do laço social

Relation fraternelle: constitution du sujet et formation du lien social

Relación fraterna: constitución del sujeto y formación del lazo social

Resumos

Apesar da importância do irmão na constituição do sujeito e na formação do laço social, somente por volta do ano 2000 os autores contemporâneos passaram a mostrar um interesse maior pelo estudo da relação fraterna. Grande parte desses estudos, entretanto, se dedica mais à competição e rivalidade do que à boa convivência e solidariedade. Em nossa revisão teórica, realizada na abordagem psicanalítica, de autores contemporâneos, fazemos um estudo da relação fraterna, em seus aspectos de solidariedade e de companheirismo. Constatamos a importância da boa convivência na fratria para a constituição do sujeito e do laço social. Ilustramos a discussão teórica com fragmentos de casos clínicos.

Função fraterna; Irmãos; Relação fraterna; Constituição do sujeito; Laço social


En dépit de l’importance de la fratrie dans la constitution du sujet et de la formation du lien social, ce n’est qu’autour de l’an 2000 que les auteurs contemporains ont manifesté un plus grand intérêt pour l’étude de la relation fraternelle. Ces études y sont toutefois soucieuses, pour la plupart d’entre elles, des rapports de compétition et de rivalité, plus que de ceux de convivance et de solidarité. Nous nous sommes attachés, quant à nous, dans notre révision théorique d’auteurs contemporains, relevant d’une approche psychanalytique, à réaliser une étude de la relation fraternelle, dans ses aspects de solidarité et de camaraderie. Nous y avons constaté l’importance de la bonne convivialté dans la fratrie pour la constitution du sujet et du lien social. Nous en avons illustré la discussion théorique par des fragments de cas cliniques.

Fonction fraternelle; Frère; Relation fraternelle; Constitution du sujet; Lien social


No obstante la importancia del hermano en la constitución del sujeto y en la formación del lazo social, solamente a partir del año 2000 los autores contemporáneos pasaron a demostrar un interés más grande por el estudio de la relación fraterna. Entretanto, gran parte de esos estudios se dedica más a la competición y rivalidad de que a la buena convivencia y solidariedad. En nuestra revisión teórica, realizada en el abordaje psicoanalítico de autores contemporáneos, hacemos un estudio de la relación fraterna en sus aspectos de solidariedad y de compañerismo. Constatamos la importancia de la buena convivencia en la fratría para la constitución del sujeto y del lazo social. Ilustramos la discusión teórica con fragmentos de casos clínicos.

Función fraterna; Hermano; Relación fraterna; Constitución del sujeto; Lazo social


Despite the relevance of siblings in the subject’s constitution and the establishment of social ties, it has been only since the year 2000 that contemporary authors begin to show interest in the study of sibling relationships. Most of these studies, however, focus primarily on competition rather than on good quality coexistence and solidarity. In our theoretical review of contemporary authors - based on a psychoanalytic approach -, we conduct a study on sibling relationships in their companionship and solidarity aspects. We attest for the relevance of good quality of siblings’ coexistence in both the constitution of the subject and the social ties. The theoretical discussion is illustrated by fragments of clinical cases.

Sibling relationships; Sibling; Brotherhood; Constitution of the subject; Social ties


Relação fraterna: constituição do sujeito e formação do laço social

Sibling relationships: Subjects' constitution, and the establishment of social ties

Relation fraternelle: constitution du sujet et formation du lien social

Relación fraterna: constitución del sujeto y formación del lazo social

Rebeca Goldsmid; Terezinha Féres-Carneiro

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

RESUMO

Apesar da importância do irmão na constituição do sujeito e na formação do laço social, somente por volta do ano 2000 os autores contemporâneos passaram a mostrar um interesse maior pelo estudo da relação fraterna. Grande parte desses estudos, entretanto, se dedica mais à competição e rivalidade do que à boa convivência e solidariedade. Em nossa revisão teórica, realizada na abordagem psicanalítica, de autores contemporâneos, fazemos um estudo da relação fraterna, em seus aspectos de solidariedade e de companheirismo. Constatamos a importância da boa convivência na fratria para a constituição do sujeito e do laço social. Ilustramos a discussão teórica com fragmentos de casos clínicos.

Palavras-chave: Função fraterna. Irmãos. Relação fraterna. Constituição do sujeito. Laço social.

ABSTRACT

Despite the relevance of siblings in the subject’s constitution and the establishment of social ties, it has been only since the year 2000 that contemporary authors begin to show interest in the study of sibling relationships. Most of these studies, however, focus primarily on competition rather than on good quality coexistence and solidarity. In our theoretical review of contemporary authors – based on a psychoanalytic approach –, we conduct a study on sibling relationships in their companionship and solidarity aspects. We attest for the relevance of good quality of siblings’ coexistence in both the constitution of the subject and the social ties. The theoretical discussion is illustrated by fragments of clinical cases.

Keywords: Sibling relationships. Sibling. Brotherhood. Constitution of the subject. Social ties.

RÉSUMÉ

En dépit de l’importance de la fratrie dans la constitution du sujet et de la formation du lien social, ce n’est qu’autour de l’an 2000 que les auteurs contemporains ont manifesté un plus grand intérêt pour l’étude de la relation fraternelle. Ces études y sont toutefois soucieuses, pour la plupart d’entre elles, des rapports de compétition et de rivalité, plus que de ceux de convivance et de solidarité. Nous nous sommes attachés, quant à nous, dans notre révision théorique d’auteurs contemporains, relevant d’une approche psychanalytique, à réaliser une étude de la relation fraternelle, dans ses aspects de solidarité et de camaraderie. Nous y avons constaté l’importance de la bonne convivialté dans la fratrie pour la constitution du sujet et du lien social. Nous en avons illustré la discussion théorique par des fragments de cas cliniques.

Mots-clés: Fonction fraternelle. Frère. Relation fraternelle. Constitution du sujet. Lien social.

RESUMEN

No obstante la importancia del hermano en la constitución del sujeto y en la formación del lazo social, solamente a partir del año 2000 los autores contemporáneos pasaron a demostrar un interés más grande por el estudio de la relación fraterna. Entretanto, gran parte de esos estudios se dedica más a la competición y rivalidad de que a la buena convivencia y solidariedad. En nuestra revisión teórica, realizada en el abordaje psicoanalítico de autores contemporáneos, hacemos un estudio de la relación fraterna en sus aspectos de solidariedad y de compañerismo. Constatamos la importancia de la buena convivencia en la fratría para la constitución del sujeto y del lazo social. Ilustramos la discusión teórica con fragmentos de casos clínicos.

Palabras clave: Función fraterna. Hermano. Relación fraterna. Constitución del sujeto.Lazo social.

O nascimento do segundo filho inaugura simultaneamente a fratria e o conflito intrageracional. A chegada do irmão é a chegada do “estrangeiro”, daquele que com sua presença perturba o equilíbrio constituído.

Uma analisanda relata durante uma sessão de análise:

Minha mãe contava que quando eu estava para nascer, os tios dela, que não tinham filhos e adoravam meu irmão como se fosse filho deles, disseram a ele que ele ia perder o lugar para mim. Ele não me aceitou, lembro que quando crianças e jovens ele não falava comigo. Até hoje nosso relacionamento é muito difícil. Ele foge o quanto pode de mim.

Não escolhemos nossos irmãos, mas com eles dividimos nossa carga genética, família, classe social, contexto histórico, experiências, vivências e lembranças por mais tempo do que provavelmente com qualquer outra pessoa. O relacionamento fraterno vai se constituir, por sua vez, em uma teia complexa de sentimentos e emoções ligados a elementos de caráter cognitivo, cultural e social, entrelaçados e difíceis de separar. Ele surge geralmente na primeira infância do indivíduo e desempenha um papel fundamental na determinação de suas características de identidade e personalidade. Rustin (2008) coloca que na contemporaneidade o aumento do tempo de expectativa de vida e a retração da assistência social enfatizam a importância dos irmãos para partilhar as responsabilidades emocionais, financeiras e práticas dos cuidados com os pais idosos que, em caso de falta de recurso, ficam marginalizados.

A fratria desloca o primogênito do lugar único e privilegiado que este, até então, ocupava na relação com seus pais. O irmão e a irmã desempenham um importante papel na constituição do sujeito, maior do que a disputa pelo amor materno/paterno pode sugerir. O ciúme tem importância na construção da personalidade: o outro permite a cada um dos irmãos se definir melhor, através da percepção do jogo das semelhanças e diferenças entre si.

Dois irmãos com três e dois anos estão passeando de carro com os pais, cada um sentado próximo a uma das janelas. No trajeto um exclama: “U. vê carro, V. não vê”. Em seguida, um pouco adiante, o outro diz: “V. vê neném, U. não vê”. Ambos estavam se referindo ao que cada um via pela janela junto à qual estava sentado. Consideramos que os irmãos estavam tomando conhecimento de si pela comparação, pela diferenciação com o irmão. A diferenciação entre os irmãos serve para atenuar sua rivalidade e aliviar o conflito interno associado à dimensão lateral, ocupando um lugar ímpar no desenvolvimento (Vivona, 2007).

Entre irmãos encontramos a rivalidade como o reflexo do que é inerente ao ser humano e na tentativa de compreensão do mundo atual, em que rivalidade e violência, que sempre existiram, parecem aumentar, observamos a continuidade ininterrupta de guerras fratricidas. A violência e as guerras talvez se manifestem como consequência do que pode ocorrer entre irmãos. Não é fácil para o homem renunciar à satisfação de sua inclinação agressiva. A rivalidade existente no ser humano se reflete no social.

Inúmeras vezes observamos que quanto mais próximos, “mais irmãos”, as rivalidades e hostilidades parecem aumentar. Assim, grupos diversos dentro de um mesmo partido político, de uma mesma religião, comunidades vizinhas e próximas em todos os aspectos, inclusive dentro de um mesmo país, podem vir a se considerar inimigos mortais. Estamos diante do que Freud (1921/1996, 1930/1996) denomina “narcisismo das pequenas diferenças”, em contraposição ao fato de que, segundo ele, quando as diferenças são grandes não nos espantamos com a dificuldade em superar a aversão ao outro.

Por outro lado, também tivemos oportunidade de observar, tanto no consultório como na vida social, famílias em que os irmãos são solidários, companheiros, cúmplices, mantendo uma relação de grande proximidade afetiva, relação essa que se estende à família mais ampla quando crescem, isto é, o intercâmbio afetivo amoroso entre tios e sobrinhos vai se refletir na amizade entre os primos. Rosen, Ackerman e Zosky (2002) demonstram que o fenômeno da “síndrome do ninho vazio”, que descreve a experiência de perda e crise de identidade dos pais quando todos os filhos deixam a casa, também pode ser encontrado entre irmãos. O último irmão remanescente experimentaria sentimentos de tristeza, de “ninho vazio”, quando todos os seus irmãos partissem. Concluem que quanto maior o grau de proximidade na relação entre os irmãos, maior parece ser esse efeito.

Alguns grupos e ONGs começam a surgir e a atuar com a intenção de apoio e solidariedade, numa tentativa de uma camada da sociedade se contrapor à violência atual (movimento “BASTA”, por exemplo) através da demanda de fraternidade. Vemos então a sociedade agir tendo como modelo o bom relacionamento entre irmãos, pois o que ocorre na família se repete na sociedade.

Neste trabalho, propomo-nos a fazer uma pesquisa teórica, na abordagem psicanalítica, a respeito do bom relacionamento entre irmãos. Consideraremos os irmãos filhos do mesmo casal, com o qual convivem, sem levar em conta os casos de gêmeos. Quando utilizarmos o termo irmão, estaremos nos referindo a qualquer dos gêneros.

Companheirismo fraterno e constituição do sujeito

Na bibliografia disponível a respeito da relação fraterna, encontramos em quantidade muito maior os estudos que focalizam e privilegiam a rivalidade entre irmãos do que os que se dedicam à sua boa convivência. Ocorre, porém, que o fato de, ao se considerar as relações entre irmãos, haver uma tendência a enfatizar mais a relação de inveja, ciúme, rivalidade, em detrimento de um possível bom relacionamento, faz com que não se dê a devida importância ao papel que a fratria, através da função fraterna, desempenha na estruturação familiar.

Kehl (2000) utiliza a expressão “função fraterna”, em primeiro lugar, para enfatizar o caráter necessário, para os humanos, da participação do semelhante no processo de tornar-se sujeito; em segundo, para retomar o debate sobre a ideia da fratria, até então, segundo a autora, relegada ao limbo pelos psicanalistas, banida das discussões e quase considerada maldita.

Losso (2001) define a função fraterna como uma das funções estruturantes da família, uma função de ajuda recíproca, de colaboração, de assistência em um nível de igualdade, de defesa dos direitos das gerações e de provisão de modelos de identificação entre os irmãos que, por pertencerem à mesma geração, funcionam como modelos de identificação diferentes do dos pais. A relação entre os irmãos implica em um contexto em que, através do jogo, pode-se elaborar a angústia e desenvolver a criatividade. Além do ensinar e aprender recíprocos, permite também a descarga moderada de agressividade. A possibilidade de exercer essas funções, com o consequente desenvolvimento de representações vinculares conscientes e inconscientes, implica em facilitar o estabelecimento de relações “suficientemente boas” com os pares na vida adulta. Para que os irmãos possam construir um vínculo “suficientemente bom”, é preciso haver uma complementaridade em seus papéis, além da relação de intimidade e certa coincidência em seus valores pessoais.

Um casal procurou atendimento por problemas com um filho adulto jovem que ainda depende deles. Para afastar o rapaz de uma situação de risco, a irmã do marido levou o sobrinho para sua casa. Durante uma sessão, o casal comenta a sorte que é o fato de o marido e sua irmã se darem tão bem, o que possibilitou essa solução. “Sabe, doutora, quantas brigas eu e minha irmã tivemos? Nenhuma, nunca. Bem, é verdade que uma vez eu tranquei ela no armário e outra vez ela jogou minhas coisas pela janela”. O cliente faz o relato rindo de uma forma que parece ser de carinho pela irmã e de quem está tendo boas recordações.

Ao oferecer a possibilidade de um “campo para o exercício” do controle das pulsões agressivas, a família favorece o desenvolvimento do laço fraterno. A autogestão no seio da fratria permite a descoberta essencial, a longo prazo, da administração dos sentimentos de ciúmes nas relações profissionais ou conjugais, uma vez que as relações fraternas são de uma grande riqueza e preparam para a vida social.

Uma cliente relata em uma sessão:

Eu me dou melhor com A. e B. (duas de suas irmãs), mas lá em casa é assim, de vez em quando a gente se estranha, fica sem falar uma com a outra, mas é pouco tempo, logo fica tudo bem, volta tudo ao normal, a gente se dá muito bem.

O vínculo entre os irmãos pode desempenhar um papel importante como sustentáculo do equilíbrio familiar, em situações de crise, tais como separação dos pais, doença, morte de um dos pais, de ambos, ou de outros. Essas vicissitudes na vida familiar não necessariamente acarretarão a instalação de uma patologia, na medida em que se encontre um “continente” para elas, “continente” esse que pode vir a ser o vínculo fraterno. Os irmãos, enquanto suporte familiar, podem também se encarregar do cuidado dos pais, quando estes dele necessitarem, em sua velhice.

Nos casos de ausência dos pais, as relações fraternas se constituem, frequentemente, nas únicas duradouras. Nessas circunstâncias, as relações fraternas devem ser protegidas e apoiadas. Os irmãos, quando estão por sua própria conta, como nos casos de guerra, catástrofes naturais ou abandono por parte dos pais, se encontram em situação de risco, uma vez que a relação fraterna é o máximo que lhes resta, embora não seja a mais adequada em comparação com os bons cuidados permanentes de um adulto. Essa situação, além de sobrecarregar, traz desafios à relação fraterna pelas tarefas exigidas, que deveriam pertencer à dinâmica de um relacionamento adulto-infantil (Solnit, 1983), embora os irmãos, enquanto grupo fraterno, possam se constituir em uma equipe de socorro com papéis diferenciados.

A fratria, especialmente na ausência das figuras parentais, possibilita o experimentar uma série de papéis e ações. Cada um pode ser alternadamente objeto de identificação e de diferenciação. Os irmãos aprendem uns com as experiências dos outros e essa relação identificatória cria um “cimento” fraternal (Meynckens-Fourez, 1999). Segundo a autora, a relação fraterna exerce pelo menos três funções: apego, suplência parental e aprendizagem dos papéis sociais e cognitivos.

Milevsky (2005) examina a relação entre o apoio que um irmão recebe dos outros irmãos e seu efeito compensatório em sua adaptação psicológica por ocasião da passagem para a idade adulta. O autor concluiu em seu estudo que o apoio fraterno estava associado a níveis mais baixos de depressão e sentimento de solidão enquanto os níveis de auto-estima e satisfação se mostravam mais elevados. O apoio fraterno compensava ainda o pouco apoio recebido dos pais e dos amigos.

O estudo a respeito das crianças do campo de concentração de Térézin, na então Checoslováquia, que haviam estabelecido entre si relações privilegiadas, exemplifica bem a importância que o apoio da relação fraterna pode assumir. A relação horizontal fraterna havia substituído, dentro do possível, a ausência da dimensão vertical da relação com os pais. As crianças em questão eram seres traumatizados, que em consequência do drama da perda de seus pais, haviam vivido em circunstâncias muito especiais. Elas formavam o grupo dos Órfãos de Térézin, constituído por seis crianças cujos pais haviam sido assassinados pelos nazistas. Embora não fossem biologicamente irmãs, assim foram consideradas pelo fato de terem sido forçadas a crescer juntas desde o seu nascimento, criadas na Ala de Crianças sem Mãe do referido campo de concentração. Quatro dessas crianças perderam a mãe imediatamente após o nascimento e duas, antes de completar um ano. Após a morte de suas mães, as crianças vagaram de um lugar para outro com substituição total dos adultos que as cercavam e que atendiam apenas a suas necessidades biológicas básicas. Elas desenvolveram uma relação de apego, umas com as outras, antes da aquisição da linguagem e antes de desenvolver a liberdade de escolha de companhia. Sem dispor de brinquedos, sua atividade social consistia, aparentemente, em brincar umas com as outras e elas nunca se apegaram a adultos (Bank & Kahn, 1982; Brusset, 1987).

Quando os aliados libertaram Térézin, em 1945, as crianças foram enviadas a um berçário terapêutico em Hampstead, na Inglaterra, onde Anna Freud e Sophie Dann as observaram. Por ocasião dessa mudança, suas idades variavam de três anos a três anos e dez meses. Foi considerada impressionante a total ausência de rivalidade e agressão entre os membros do grupo, assim como sua falta de confiança no adulto. A relação horizontal fraterna havia substituído, dentro do possível, a ausência da dimensão vertical da relação com os pais.

As experiências compartilhadas com os irmãos vão produzir as identificações horizontais, secundárias às identificações verticais representadas pelos ideais das figuras parentais, mas essenciais pela possibilidade de modelos diversificados dos destinos pulsionais necessários para a vida, para o que o traço unário, representado pelo nome do pai, é insuficiente. Estamos designando como circulação horizontal o tipo de vínculo social em que a transmissão de saber e de experiência se dá preferencialmente entre semelhantes, no caso em questão, os irmãos (Kehl, 2000). A circulação horizontal atualiza e modifica a linguagem para expressar as demandas emergentes que a sanção paterna não permite satisfazer. Na circulação horizontal, ainda, vão se produzir ou confessar as transgressões, praticadas não necessariamente contra a Lei, mas sim contra as interdições, às vezes arbitrárias, perpetradas pelos pais.

Em relação às identificações verticais, algumas vão representar o projeto materno, enquanto outras o paterno, além de que cada filho será marcado pela árvore genealógica de uma forma diferente, pois cada um receberá de forma pessoal o que lhe foi transmitido. Entre irmãos a transmissão ocorre por escolha, uma vez que o que os filhos dificilmente aceitam de seus pais – o peso da Lei – podem aceitar de seus pares, irmãos, primos e amigos. Em companhia uns dos outros, os irmãos vão poder aprender as coisas da vida e do mundo, adquirir elementos de linguagem, escutar histórias familiares, elaborar a angústia, desenvolver a criatividade através de jogos e brincadeiras, explorar domínios desconhecidos, entre os quais a sexualidade. A utilização do lúdico em sua interação facilita a transmissão, a herança, e atenua o efeito da coação (Eiguer, 2001).

A constatação da diferença entre os irmãos vai permitir que cada um se aproprie a seu modo do nome herdado do pai, relativizando e individualizando a “marca”, a força do traço unário que define cada um dos membros da fratria, uma vez que, em nossa cultura, o sobrenome paterno designa todos os irmãos, sujeitos distintos, igualando-os como se um só fossem. O sobrenome paterno torna-se assim, entre irmãos, o menos importante dos nomes do sujeito, pois não é ele que o individualiza. Como um único sobrenome não pode designar portadores tão distintos, o poder do pai biológico vai ficar em questão e a função fraterna vai suplementar a função paterna, na medida em que vai permitir separar a Lei da autoridade do pai real. Podemos pensar ainda em uma função fraterna sem a qual o sujeito não é capaz de se reconhecer fora do olhar especular da mãe e vê no outro uma ameaça constante (Kehl, 2000).

A importância marcante da comunhão de interesses e experiências partilhadas pelos irmãos aponta para uma maior aproximação de desenvolvimento entre eles e uma maior distância no desenvolvimento entre pais e filhos, que se refere a uma ampla gama de tolerâncias e capacidades, incluindo níveis de excitação, frustração, conflitos, assim como capacidade para regulação, antecipação, planejamento e adaptação. A proximidade no desenvolvimento entre irmãos os capacita a brincar, lutar, amar e competir de um modo geralmente protetor, pois as suas forças e fraquezas intelectuais, emocionais e físicas estão mais alinhadas entre eles do que estariam entre pais e filhos. Para que uma criança brinque, lute, ame e compita com um adulto, por sua vez, é necessário que este controle sua força e aja como um ego auxiliar para emprestar recursos do ego à criança, de modo a proporcionar-lhe a sensação de segurança, bem-estar e identificação com o adulto (Solnit, 1983).

A relação com o irmão oferece, na fase edípica, oportunidades para repetir vários aspectos do relacionamento fraterno com os pais e vice-versa. O irmão pode vir a ser um substituto para a figura parental pela reversão de passivo para ativo, pela elaboração e sublimação na fantasia e no jogo, substituto esse que pode se revelar mais maleável do que a figura parental, nas tentativas da criança de buscar soluções adaptativas para os conflitos edípicos. A criança que tem um irmão se depara com um diferente conjunto de triangulações em ambas as fases, pré-edípica e edípica. O amor e o ciúme entre irmãos são diferentes do conflito edípico entre pais e filhos. O irmão que negociou bem a rivalidade fraterna pode ter mais facilidade para manejar o conflito e a frustração edípicos. Um dos motivos para tal está relacionado ao fato de que o rival fraterno é literalmente menor do que a figura parental, o que pode vir a funcionar como um ensaio preparatório e um encorajamento para a criança enfrentar pai/mãe. Os pais podem temer, inclusive, que o complexo edípico não possa ser “resolvido” sem a ajuda de um irmão ou par como aliado. Nos casos de grande diferença de idade entre os irmãos, o mais velho pode representar uma alternativa ou um substituto parental menos conflituoso e oferecer oportunidades para a resolução do conflito edípico de uma forma construtiva e saudável. A crença de que os irmãos representam uma ajuda mútua para negociar o conflito edípico sugere que a escolha amorosa é sempre influenciada pelo relacionamento fraterno (Coles, 2003; Klein, 1981; Kris & Ritvo, 1983).

Coles (2003) considera útil, quando se atende um casal em crise, distinguir o que seria uma briga primitiva do berçário ainda não resolvida e uma briga que sustenta e mantém a zanga devido ao desapontamento pelo amor do pai/mãe do qual não se desistiu ou que não foi resolvido. Segundo a autora, levamos tanto self paterno como o self pai/filho para o casamento e nessas circunstâncias é preciso diferenciar entre “Isto é meu!”, significando “Este brinquedo é meu e não quero dividi-lo com você porque você tem sido horrível para mim” e “Isto é meu!”, significando “Eu preciso ter esta pessoa maravilhosa que entrou na minha vida porque dessa forma me sentirei completo” (p. 82).

A experiência fraterna vai promover ainda inúmeras oportunidades para elaborar e praticar a capacidade de empatia, aqui entendida, segundo Houaiss (2007), como o processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e com base em suas próprias suposições ou impressões tenta compreender o comportamento do outro. A capacidade básica para a empatia vai ser estabelecida, contudo, na interação entre a criança e as figuras parentais. Essa forma especial de sentir e conhecer os sentimentos e pensamentos de outra pessoa está intimamente entrelaçada com a habilidade da criança para internalizar e se identificar com as atitudes e expectativas parentais, processo este fundamental para que cada criança desenvolva sua própria e única personalidade. As relações e as experiências fraternas refletem e podem promover a qualidade e a intensidade desse aspecto da relação primária pai/mãe-filho. A vivência fraterna, principalmente quando positiva e facilitadora do desenvolvimento único de cada criança, pode se tornar um poderoso estágio em que as crianças, direta e indiretamente (através do outro), têm oportunidade de encenar seu mundo interno (Provence & Solnit, 1983).

O jogo compartilhado entre irmãos como protótipo de intercâmbio talvez seja o primeiro cenário de desdobramento fantasmático processado que convoca como participantes sujeitos que têm em comum os pais e algumas vivências, lugares, brincadeiras e rotinas, sendo o jogo um meio de desdobrar fantasias compartilhadas e estabelecer diferenças. O irmão, enquanto mais semelhante que os pais e por sua vez igualmente dependente desses mesmos pais, é objeto de intensos e mútuos investimentos. Essa intensidade de catexia e de relação (muitas vezes implicando em compartilhar com os irmãos um maior espaço de tempo e um maior número de atividades do que com os pais) outorga ao irmão um papel destacado na estruturação psíquica e no processo de subjetivação. As situações vivenciadas na relação com os pais geram nos irmãos, além dos sentimentos de ódio e vivências de rivalidade e exclusão, sentimentos amorosos. A vertente amorosa das relações fraternas cimenta a solidariedade e a complementaridade entre os irmãos. Inaugurada a partir das vivências compartilhadas na relação com os pais, ela pode ser transferida para a relação com os outros e para os grupos de convivência. A cooperação e a lealdade são privilegiadas na qualidade de produtos sem agressividade quando se amplia o meio social e o caminho exogâmico através da escola, das instituições e dos pares (Urribarri, 1999).

Fratria e construção do laço social

Moguillansky e Vorchheimer (2001) outorgam ao vínculo fraterno um lugar central como modelo dos sentimentos de pertencer, o que vai se refletir nas relações sociais entre pares, pois nos definimos como irmãos enquanto cidadãos do mesmo país, membros da mesma instituição. A raiz narcisista do sentimento de pertencer, vivenciado como ser parte de uma fratria, aparece na sabedoria popular do seguinte modo: se pertencemos ao mesmo somos o mesmo, temos os mesmos interesses, desejamos o mesmo, temos ideias semelhantes sobre o que constitui o bem comum.

Uma cliente relata durante a sessão:

Nós três (irmãos) somos do mesmo jeito. Vê só o que aconteceu no sábado. Eu e o X. (marido) fomos almoçar fora. Na hora da conta, eles haviam cobrado por uma coisa que não serviram e esqueceram de cobrar pelo serviço. Como a quantia era exatamente a mesma o X. pagou a nota alegando que era elas por elas. A gente (os três irmãos) faria diferente: a gente pagaria o que não cobrou e não aceitaria pagar o que não era devido. É uma questão de princípio. Meu pai era assim.

A experiência nos mostra o poderoso laço afetivo de pertencer a um mesmo grupo, em que as diferenças de idade e de sexo são atenuadas pela referência comum a um ideal de fraternidade que exclui a rivalidade, o ódio, o incesto, e possibilita vivenciar o Édipo e a castração de uma forma diferenciada. É preciso ter em conta, entretanto, que a manutenção rígida de um ideal igualitário entre os irmãos poderá atuar como formação reativa e, diante de qualquer desigualdade, desencadear uma luta fratricida, destruidora do grupo e de seus elementos, a menos que um elemento de fora, um “bode expiatório”, atraia para si o desvio da hostilidade. O caráter narcisista e a intensa ambivalência dos vínculos fraternos, portanto, fazem com que a união fraterna levada ao extremo, isto é, fidelidade absoluta aos objetos e leis do espaço familiar, possa adquirir valores tanático e endogâmico, o que explicaria a necessidade de sair e formar novos grupos sociais onde, entretanto, a rivalidade evitada no espaço familiar reaparecerá (Brusset, 1987).

Nunan (2007) relata que o termo “bode expiatório”, que designa os indivíduos que levam a culpa de algo mesmo quando inocentes, teria surgido de um costume entre os antigos hebreus: nos dias de expiação de culpas das tribos, o sacerdote transferia simbolicamente as culpas do povo para um bode, ao enumerá-las enquanto colocava suas mãos sobre a cabeça do animal. O bode era então abandonado no deserto, levando consigo os pecados da tribo. Ao encontrar um “bode expiatório”, o sujeito exime-se de sua responsabilidade pessoal. Consideramos que na fratria um dos irmãos pode ocupar ou ser colocado no lugar do “bode expiatório”. Precisamos ficar atentos, também, para que, em nome da fraternidade, não venhamos a excluir de forma paranóica as pequenas diferenças, ou nivelar por baixo a moralidade, ao inibir ou eliminar as tentativas de experiências éticas singulares (Costa, 2000).

A adolescência é, por si só, o período das grandes formações fraternas, seja por laços de sangue, seja por laços de amizade. O grupo vai funcionar tanto como reconhecimento dos traços de identificação – uma vez que o sujeito, ao sair da infância ainda não se sente seguro em relação a eles – e também como campo de novas identificações exogâmicas. Os irmãos vão poder inclusive produzir uma contracultura com seus signos distintivos e valores próprios, vedada à compreensão dos adultos, com seus pactos secretos, mas menos oposta a eles do que possa parecer. A fratria estabelece laços de cumplicidade que permitem em muitos casos “enganar o pai”. Os irmãos, unidos na conspiração, se permitem desafiar a proibição da autoridade, numa iniciativa de liberdade legitimada pelo grupo, possibilitando o enfraquecimento do poder de verdade absoluto que a palavra paterna tem na infância. Se os pais, temendo uma rebelião e a consequente transgressão, se tornam demasiado severos, tornam-se incoerentes em relação ao amor e ao entendimento que pregavam. É importante lembrar, porém, como justificativa para a reação paterna nesses casos, que a rebelião da horda e sua união em torno do assassinato do pai, faz parte de nosso modelo mítico (Eiguer, 2001; Kehl, 2000; Losso & Silvani, 2002).

Muitos contos míticos infantis mostram a coalizão contra os pais que revela a solidariedade e a complementaridade dos irmãos: os irmãos se reúnem para viver juntos, felizes e tranquilos, após passarem por aventuras perigosas, depois de deixarem a casa de seus pais. A união e o entendimento entre os irmãos permite a eles defender-se dos pais. Enquanto o conflito edípico confronta os filhos com a sua exclusão do casal parental sexuado, nesses relatos míticos o grupo fraterno abandona os pais malvados ou demasiado pobres e faz uma aliança igualitária e solidária.

A função fraterna não é exclusiva dos irmãos. Um pai, por exemplo, pode estar exercendo a função fraterna com seu filho ao jogarem uma partida de xadrez, uma vez que ambos estarão em situação de paridade nesse momento. Do mesmo modo, primos, amigos, podem estabelecer modelos intersubjetivos com características de vínculo fraterno, exercendo uma função fraterna. Essas situações assumem uma importância maior no caso de filhos únicos.

De qualquer forma, a vivência da relação fraterna deixará suas “marcas” no psiquismo individual. Os modelos vinculares daí decorrentes, tais como ambivalência, rivalidade, sentimentos amorosos, necessidade de reparar, impulso de domínio, sujeição ao irmão e outros, tendem a se repetir ao longo da vida nos vínculos com outros pares. Em geral, os irmãos têm um conhecimento recíproco, consciente, e em grande parte inconsciente, do funcionamento psíquico uns dos outros, por terem vivenciado juntos sentimentos e conflitos ao longo do tempo na intimidade da vida familiar. Em cada irmão perdurará uma “memória” desses acontecimentos familiares. Mesmo que, ao crescer, cada um dos irmãos siga um caminho diferente, a experiência da intimidade compartilhada deixará sua “marca” no inconsciente de cada um deles. O conhecimento da intimidade do outro irmão continuará sendo um legado e um ponto de referência para a própria identidade.

O vínculo fraterno contribui, assim, para a atmosfera de intimidade e manutenção da unidade familiar no sentido de perenidade dos vínculos. Intervém ativamente na transmissão do saber e da lei. Quando há afinidade, os irmãos podem amenizar a dureza das obrigações e os mais velhos podem direcionar os mais novos para o mundo. Se, porém, a rivalidade fraterna for exacerbada, esses afetos estruturantes vão ser reprimidos, cindidos ou se tornar inalcançáveis. A convivência feliz entre os irmãos vai depender enormemente do legado parental, ou seja, o amor ao transicional, o respeito ao outro e a capacidade de aprender (Eiguer, 2001).

Considerações finais

Os estudos sobre a relação pais/filhos são em muito maior número do que os que enfocam a relação fraterna. Dentre esses, por sua vez, as situações de competição, ciúme, ódio e rivalidade são enfatizadas. A literatura especializada a respeito da amizade e da solidariedade entre irmãos ainda é relativamente escassa e trata o nascimento do segundo filho, a chegada do irmão, como o surgimento de um estranho que invade, usurpa e transtorna a “harmonia familiar”, o que poderia trazer como consequência o despertar de sentimentos hostis e destrutivos.

O complexo fraterno é de fundamental importância, tanto na estruturação da vida psíquica individual do sujeito, como na de sua vida social. A dinâmica vincular surgida entre os irmãos é passível de vir a determinar, em grande parte, o destino de suas vidas e de seus descendentes. No âmbito social, as influências desse complexo podem se manifestar nas relações ambivalentes de crueldade/solidariedade entre os diversos povos, relações essas que resistem ao tempo e à história.

O fato de haver uma tendência a privilegiar a relação de inveja, ciúme e rivalidade entre irmãos não diminui a importância que a fratria, através da função fraterna, desempenha na estruturação familiar e social, pois os irmãos vão ser muito importantes uns para os outros na construção de suas personalidades. Através da percepção das diferenças e semelhanças, cada um vai poder se perceber enquanto sujeito. A família provê a experiência básica de viver em grupo e os irmãos, além de despertarem os sentimentos de ciúme e inveja, são também objeto de amor. Em alguns casos, principalmente se as figuras parentais faltam, ou são deficitárias no desempenho de seus papéis, eles podem se constituir em importantes objetos de identificação, numa rede de apoio uns para os outros. Podemos observar como isso funciona em casos de adoção, em que se dá preferência a que não se separem os irmãos a serem adotados. O vínculo fraterno vai se formar na continuidade do tempo, pois, ao longo de nossa vida, é provável que dividamos com nossos irmãos, por mais tempo do que com qualquer outra pessoa, a nossa história, nossas vivências, experiências e lembranças. A vida na fratria vai possibilitar ainda a cada um experimentar a socialização antes de vivenciá-la com o outro estranho, na pracinha, na creche ou na escola.

O fraterno incluirá a fraternidade, entendida como trama horizontal entre pares, por sua vez, semelhantes e diferentes. A questão do fraterno pode ser considerada em um sentido que excede o do vínculo de irmãos. Observamos, na contemporaneidade, o surgimento de grupos e ONGs que têm como objetivo dar apoio e solidariedade, numa tentativa de contrapor a fraternidade à violência vigente, segundo o modelo do bom relacionamento entre irmãos. Encontramos, entretanto, com mais facilidade, na literatura da área, assim como na nossa experiência clínica e na vida social, exemplos de competição, rivalidade, inimizade entre irmãos mais do que exemplos de amizade e solidariedade. Essa constatação nos faz pensar se o companheirismo entre irmãos, quando ocorre, é elogiado por não ser considerado normal (no sentido de norma, média), por ser o contrário do esperado. Perguntamo-nos se, nesse caso, os valores da fraternidade são deslocados para os amigos, “os irmãos escolhidos”. Concluímos, assim, que o vínculo de amizade representa a qualidade de fraterno, enquanto semelhante, e concordamos com Kancyper (2004), quando afirma que a amizade é uma relação de irmandade eleita.

Recebido em: 18/11/2010

Aceito em: 14/06/2011

Rebeca Goldsmid, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Psicanalista da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle. Endereço para correspondência: Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso 2500, bloco 2, apto 705. Barra da Tijuca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. CEP 22631-902. Endereço eletrônico: rebeca.goldsmid@gmail.com

Terezinha Féres-Carneiro, Professora Titular do Departamento de Psicologia da PUC-Rio. Endereço para correspondência: Rua General Góes Monteiro, 8, bloco D, apto. 2403. Botafogo. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. CEP 22290-080. Endereço eletrônico: teferca@puc-rio.br

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Nov 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 2011

Histórico

  • Recebido
    18 Nov 2010
  • Aceito
    14 Jun 2011
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