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Simon Rodríguez e a escuta a beira do vazio: leitura em chave ontológica da escola

Resumo

Simon Rodríguez cria em 1826 uma escola completamente original na cidade de Chuquisaca. Pela primeira vez na América, os meninos e as meninas que compõem as distintas castas são incluídos numa mesma sala de aula em qualidade de iguais. Ao longo de sua obra, Rodríguez faz referência a essa escola inédita no continente americano com o nome de educação popular. A escola criada por Rodríguez se caracteriza pelo desenvolvimento axiomático dum princípio igualitário. A diferença doutros projetos escolares latino-americanos da mesma época cujo propósito é, no melhor dos casos, gerar certas condições de igualdade entre a população escolar, a escola de Rodríguez parte da igualdade como sua condição de possibilidade. Neste trabalho, procura-se pensar um dos componentes dessa escola popular: o professor. Para alcançar o objetivo proposto, dividiu-se o artigo em três partes. Na primeira delas, desenvolveu-se uma análise das categorias ontológicas e metaontológicas do filósofo francês Alain Badiou. Nessa seção, apresentamse brevemente os conceitos de situação, estado da situação, vácuo e acontecimento. Na segunda parte do trabalho, mostra-se a reapropriação dessas categorias por parte de Alejandro Cerletti. O autor realiza uma leitura das categorias badiouanas em clave educativa. A última parte se propõe, a partir dessas categorias, fazer uma análise do conceito de professor implícito na escola de Rodríguez, com o propósito de mostrar que o professor popular é aquele que acompanha as crianças num processo de atenção centrado na escuta à borde do vácuo.

Palavras chaves
Simón Rodríguez; filosofía; educação popular; professor popular; vácuo

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