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“Pra nós que somos negras, tudo é mais difícil”. Cartografia de uma mulher negra em sofrimento psíquico

“For us who are black, everything is more difficult”. Cartography of a black woman in psychological distress

Resumo

O estudo tem como objetivos: cartografar a trajetória de racismo estrutural e de sofrimento psíquico de uma mulher negra acompanhada por uma enfermaria psiquiátrica em um Hospital Geral; e refletir sobre a relação entre o racismo estrutural e sofrimento psíquico. O racismo é a operacionalização tecnológica, destinada ao exercício do biopoder, que coloca negros em posições inferiores, determinando desvantagens a partir da raça. A violência racista impõe o debate para o campo da saúde mental por sua influência no sofrimento psíquico. Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, com abordagem cartográfica, por meio da trajetória de uma usuária-cidadã-guia, utilizando-se da entrevista semiestruturada e do diário de campo cartográfico. A analise fez emergir as cenas: ser negra e como a sociedade nos vê; auto ódio; solidão da mulher negra, que demonstram como o sofrimento psíquico é influenciado pelo racismo estrutural que condicionam a existência do negro ao menor valor, à estigmatização e à desumanização. A subjetividade produzida internaliza sentimentos de inferioridade, de solidão, de auto-ódio e de não lugar. Torna-se urgente a problematização da questão racial na produção do cuidado em saúde mental, bem como uma reforma societária que proporcione a existência plena de direitos e de dignidade das pessoas negras.

Palavras-Chave:
Racismo; Saúde mental; População negra

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