O estudo define e discute os conceitos de dado (data) e tomado (capta) em pesquisas cuja base empírica é constituída de quantidades (escalas, questionários, experimentos) e qualidades (descrições e entrevistas). Argumenta-se que dados são essencialmente diferentes de tomados e que a diferença encontra-se nas ligações lógicas entre evidência e interpretação. As ligações lógicas são definidas em termos de tropos de linguagem: similaridade (relações de causalidade), metáfora (relações de representação) metonímia (relações observáveis) e sinédoque (relações imagináveis). Tais ligações delimitam contextos nos quais quantidades e qualidades funcionam como partes móveis de um mesmo todo, sendo, portanto, instâncias reversíveis. Ressalte-se, contudo, que quantidades e qualidades apresentam especificidades lógicas de escolha e de julgamento que devem ser consideradas pelos pesquisadores. O exame das relações lógicas e comunicantes entre evidência e interpretação parece ser um recurso importante na sustentação de julgamentos em qualquer modalidade de pesquisa.
metodologia; epistemologia; fenomenologia-semiótica