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Perspectivas da utilização da qualidade da luz como uma avançada ferramenta ecofisiológica para o manejo de plantas daninhas

O atual conhecimento sobre os efeitos da qualidade da luz representa uma nova era da compreensão dos processos envolvidos na percepção e ajuste das plantas em função dos recursos disponíveis no ambiente. As consequências mais importantes da diminuição da qualidade de luz, que se relaciona principalmente com a diminuição da relação vermelho/vermelho-extremo, que ocorrem nas interações entre culturas e plantas daninhas são o aumento da estatura e da relação parte aérea/raiz. Essas alterações são tentativas de antecipar os efeitos da concorrência futura por quantidade de luz, água ou nutrientes. Embora vários conhecimentos básicos relacionados com a qualidade da luz tenham sido desenvolvidos há muito tempo, poucas aplicações da sinalização fotomorfogênica têm sido implementadas em processos relacionados com a agricultura e, principalmente, com o manejo de plantas daninhas. Os objetivos deste trabalho foram: descrever a diminuição da qualidade da luz como um fator desencadeante da competição interespecífica; analisar como a qualidade da luz pode ser usada para predizer o início da interferência das plantas daninhas; reavaliar os períodos críticos de interferência; e discutir o potencial de desenvolvimento de cultivares mais competitivas com as plantas daninhas. O conhecimento dos fatores envolvidos na qualidade da luz pode ser utilizado para identificação de uma relação da radiação vermelho/vermelho-distante que indique o início da competição interespecífica e possa ser usada com um nível de dano referencial, indicando quando o controle das plantas daninhas deve ser iniciado. Os efeitos da baixa qualidade de luz podem limitar o desenvolvimento das culturas, sobretudo em situações de lavouras com elevados níveis potenciais de rendimento de grãos. Nessas situações, o período crítico para controle de plantas daninhas deve ser considerado antes de se iniciarem os efeitos da limitação dos recursos de água, nutrientes e quantidade de luz, que representa o tradicional período crítico de competição. A existência de variabilidade de genótipos das culturas à qualidade da luz e a identificação de mutantes insensíveis aos efeitos da baixa qualidade da luz indicam que essa característica pode ser selecionada ou transformada para o desenvolvimento de cultivares com maior capacidade de competição com as plantas daninhas. Os conhecimentos relacionados com a qualidade da luz representam uma nova possibilidade de compreender a biologia da competição interespecífica e poderão ser utilizados no desenvolvimento de novas tecnologias para o manejo de plantas daninhas.

interações cultura-planta daninha; nível de dano econômico; período crítico de competição; relação vermelho; resposta de fuga ao sombreamento


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