Acessibilidade / Reportar erro

Estruturas de poder e instituições como determinantes da efetividade do tribunal de contas do estado de Pernambuco

Resumos

Este trabalho se constitui em um estudo sobre a efetividade de ações do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, num momento histórico em que as instituições públicas se voltam para a satisfação das necessidades do cidadão. O objetivo principal consiste em analisar como se caracterizam a efetividade formal e a desejada e identificar qual a relação destas com o ambiente institucional e com as estruturas de poder do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE). A pesquisa realizada é de natureza qualitativa e os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, tanto no âmbito do TCE-PE como no de órgãos representativos da sociedade civil organizada que com ele interagem. Os dados obtidos e a análise realizada com base na fundamentação teórica selecionada indicam que existe de fato uma "efetividade desejada" e que entre a efetividade formal e a desejada há lacunas que são explicadas pelas características do ambiente institucional e pelos arranjos de poder existentes, confirmando o pressuposto da pesquisa.


This work consists on a study about the responsiveness of the actions of the Audit Court of the State of Pernambuco in a historical moment characterised by the need of public institutions to fulfil the citizens' needs. The main objective is to analyse the characteristics of both formal and desired responsiveness, besides the relationships among responsiveness, the institutional environment and the power structures within the Audit Court of Pernambuco. This research holds a qualitative nature and its data were collected by means of open-ended interviews, made inside the Audit Court of Pernambuco ambit, as much as in civil society agencies which interacts with it. The results show that there is, in fact, a "desired responsiveness" and that there are gaps between it and the formal responsiveness. Such gaps can be explained by the characteristics of the institutional environment and the power structures in place, which confirms the research's hypothesis.


ARTIGOS / ARTICLES

Estruturas de poder e instituições como determinantes da efetividade do tribunal de contas do estado de Pernambuco

Elizabete de Abreu e Lima MoreiraI; Marcelo Milano Falcão VieiraII

IMestre em Administração pelo PROPAD/UFPE

IIProfessor do PROPAD/UFPE e EBAPE/FGV Nota: Os autores agradecem os comentários e sugestões dos avaliadores ad hoc da O & S pela sua valiosa contribuição. Salientamos, entretanto, que para efeito de possíveis críticas que o artigo venha a receber, que o conteúdo do texto é de responsabilidade dos autores

R ESUMO

Este trabalho se constitui em um estudo sobre a efetividade de ações do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, num momento histórico em que as instituições públicas se voltam para a satisfação das necessidades do cidadão. O objetivo principal consiste em analisar como se caracterizam a efetividade formal e a desejada e identificar qual a relação destas com o ambiente institucional e com as estruturas de poder do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE). A pesquisa realizada é de natureza qualitativa e os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, tanto no âmbito do TCE-PE como no de órgãos representativos da sociedade civil organizada que com ele interagem. Os dados obtidos e a análise realizada com base na fundamentação teórica selecionada indicam que existe de fato uma "efetividade desejada" e que entre a efetividade formal e a desejada há lacunas que são explicadas pelas características do ambiente institucional e pelos arranjos de poder existentes, confirmando o pressuposto da pesquisa.

A BSTRACT

This work consists on a study about the responsiveness of the actions of the Audit Court of the State of Pernambuco in a historical moment characterised by the need of public institutions to fulfil the citizens' needs. The main objective is to analyse the characteristics of both formal and desired responsiveness, besides the relationships among responsiveness, the institutional environment and the power structures within the Audit Court of Pernambuco. This research holds a qualitative nature and its data were collected by means of open-ended interviews, made inside the Audit Court of Pernambuco ambit, as much as in civil society agencies which interacts with it. The results show that there is, in fact, a "desired responsiveness" and that there are gaps between it and the formal responsiveness. Such gaps can be explained by the characteristics of the institutional environment and the power structures in place, which confirms the research's hypothesis.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text avaliable only in PDF.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, Ruy L. Memória do tribunal de contas do Estado de Pernambuco. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 1, n. 1, p. 17-22, jan./ jun. 1989.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1994.

______ . Lei de responsabilidade fiscal . Lei complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças púlicas voltadas para a responsabilidade fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 5 maio 2000.

CARVALHO, Cristina A. Poder, conflito e controle nas organizações modernas. Maceió: EDUFAL, 1998.

CASTRO, Flávio Régis Xavier de Moura. Os órgãos regionais de controle e a luta contra a corrupção. Fórum Administrativo, Belo Horizonte, v. 2, n. 3 , p. 296- 302, mar. 2002.

CLEGG, Stewart R. Frameworks of power. London : Sage, 1989.

______ . Modern organizations : organization studies in the postmodern world. London: Sage, 1990.

FAORO, Raymundo. Os donos do poder : a formação do patronato político brasileiro. Rio de Janeiro : Globo, 1984.

FERNANDES, Jorge Ulisses Jacob. O julgamento pelos Tribunais de Contas. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 6, n. 6, p. 33-35, jan./ dez. 1996.

FERREIRA, Luiz Pinto. Curso de direito constitucional. 3. ed. São Paulo : Saraiva, 1974. v. 1.

GASPAR, Malu. Quando o mau exemplo vem de cima. Veja, São Paulo, n. 1734, p. 36-39, jan. 2002.

HALL, Richard H. Organizações : estrutura e processos. Rio de Janeiro : Prentrice-Hall do Brasil, 1984.

LAMBERT, F. Tendências da reforma administrativa no Brasil. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 4, 1970.

MARANHÃO, Jarbas. Natureza jurídica e posição entre os poderes. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v.1, n. 1, p. 45-48, jan./jun. 1989.

______ . Origem, importância e competência do Tribunal de Contas : a constituição de 1988 e o Tribunal de Contas. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 2, n.2, p. 219-236, jan./dez. 1990.

MEDAUAR, Odete. O direito administrativo em evolução. São Paulo : Revista dos Tribunais, 1992.

MEYER, John W.; ROWAN, Brian. Institutionalized organizations : formal structures as myth and ceremony. American Journal of Sociology, n. 80, p. 340-363, 1977.

MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo : Atlas, 1996.

MOTTA, Fabrício M. Apontamentos sobre o ministério público junto aos Tribunais de Contas. Fórum Administrativo, Belo Horizonte, v. 2, n.1, p. 10-15, jan. 2002.

MOTTA, Fernando C. Prestes; CALDAS, Miguel P. Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo : Atlas, 1997.

NÓBREGA, Airton Rocha. O princípio constitucional da eficiência. Fórum Administrativo, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 24-25, jan. 2002.

O'DONNELL, Guilhermo. Horizontal accountability and new polyarchies. Notre Dame: Kellog Institute, 1998. (Working paper; n. 253).

OLIVEIRA, Antônio C. O tribunal de contas e a nova constituição. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, n. 1, p. 59-73, jan./jun. 1989.

PENTEADO, Silvia A. T. Participação na universidade : retrato em preto e branco. São Paulo : Uniceb, 1991.

PEREIRA, Maria J. L. de B. Faces da decisão: as mudanças de paradigmas e o poder da decisão. São Paulo : Makron Books, 1997.

PERFIL PESQUISAS TÉCNICAS. Relatório de pesquisa quantitativa : Custódia, Santa Cruz, Serra Talhada, Lajedo, Goiana e Joaquim Nabuco – Pernambuco. [S.l. : s.n.] 2001. Disponível em <http://elefante/enquete/relTCEPEpecidades.html>. Acesso em: 01 nov. 2001.

PERNAMBUCO. Constituição (1989). Constituição do Estado de Pernambuco : 1989. Recife : CEPE, 1989.

______ . Lei orgânica do TCE-PE : texto em vigor : n. 10.651, de 25 de novembro de 1991. Dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco e dá outras providências. [S.l.: s.n., 1991]. Disponível em <http://www.TCE-PE.pe.gov.br/normas/lei-org/lei.html>. Acesso em: 20 maio 2002.

______ . Regimento interno do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 4, n. 4, p. 172-195, dez. 1992/abr. 1993.

PFEFFER, Jeffrey; SALANCIK, Gerald R. The external control of organizations : a resource dependence perspective. New York : Harper & Row, 1978.

PINHO, José Antonio Gomes de. Reforma do aparelho do estado: limites do gerencialismo frente ao patrimonialismo. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 5, n. 12, p. 59-79, maio/ago. 1998.

RAMOS, Guerreiro. Administração e contexto brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro : FGV, 1983.

ROSEN, Michael, BAROUDI, Jack Computer-based technology and the emergence of new forms of managerial control. In: STURDY, Andrew, KNIGHTS, David, Willmott, Hugh (Eds.) Skill & consent: contemporary studies inthe labour process. London: Routledge, 1992.

SANDER, Benno. Administração da educação no Brasil: é hora da relevância. Educação Brasileira, Brasília, v.4, n.9, P. 8-27, 2. SEM., 1982.

SCOTT, W. Richard; MEYER, John W. The organization of societal sectors. In: MEYER, John. W.; SCOTT, W. Richard. (Ed.). Organizational environments : ritual and rationality. Beverly Hills : Sage, 1983. p. 129-53.

SELZNICK, Philip. A liderança na administração. Rio de Janeiro : FGV, 1971.

SROUR, Robert H. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro : Campus, 1998.

SUCHMAN, Mark C. Managing legitimacy : strategic and institutional approaches. Academy of Management Review, v. 20, n. 3, p. 571-610, 1995.

VIEIRA, Marcelo M. F.; CARVALHO, Cristina; LOPES, Fernando Dias. The organizational field structuring of the of museums and theaters in South of Brazil. In: THE EGOS COLLOQUIUM, 17., 2001, Lyon. Sub-theme 10: Construction and elaboration of organizational fields. Lyon : EGOS, 2001.

WEBER, Max. Economia y sociedad. Madrid : Fondo de Cultura Económica, 1993.

  • ALBUQUERQUE, Ruy L. Memória do tribunal de contas do Estado de Pernambuco. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 1, n. 1, p. 17-22, jan./ jun. 1989.
  • BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
  • ______ . Lei de responsabilidade fiscal . Lei complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças púlicas voltadas para a responsabilidade fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 5 maio 2000.
  • CARVALHO, Cristina A. Poder, conflito e controle nas organizaçőes modernas Maceió: EDUFAL, 1998.
  • CASTRO, Flávio Régis Xavier de Moura. Os órgăos regionais de controle e a luta contra a corrupçăo. Fórum Administrativo, Belo Horizonte, v. 2, n. 3 , p. 296- 302, mar. 2002.
  • CLEGG, Stewart R. Frameworks of power London : Sage, 1989.
  • ______ . Modern organizations : organization studies in the postmodern world. London: Sage, 1990.
  • FAORO, Raymundo. Os donos do poder : a formaçăo do patronato político brasileiro. Rio de Janeiro : Globo, 1984.
  • FERNANDES, Jorge Ulisses Jacob. O julgamento pelos Tribunais de Contas. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 6, n. 6, p. 33-35, jan./ dez. 1996.
  • FERREIRA, Luiz Pinto. Curso de direito constitucional. 3. ed. Săo Paulo : Saraiva, 1974. v. 1.
  • GASPAR, Malu. Quando o mau exemplo vem de cima. Veja, Săo Paulo, n. 1734, p. 36-39, jan. 2002.
  • HALL, Richard H. Organizaçőes : estrutura e processos. Rio de Janeiro : Prentrice-Hall do Brasil, 1984.
  • LAMBERT, F. Tendęncias da reforma administrativa no Brasil. Revista de Administraçăo Pública, Rio de Janeiro, v. 4, 1970.
  • MARANHĂO, Jarbas. Natureza jurídica e posiçăo entre os poderes. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v.1, n. 1, p. 45-48, jan./jun. 1989.
  • ______ . Origem, importância e competência do Tribunal de Contas : a constituição de 1988 e o Tribunal de Contas. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 2, n.2, p. 219-236, jan./dez. 1990.
  • MEDAUAR, Odete. O direito administrativo em evoluçăo. Săo Paulo : Revista dos Tribunais, 1992.
  • MEYER, John W.; ROWAN, Brian. Institutionalized organizations : formal structures as myth and ceremony. American Journal of Sociology, n. 80, p. 340-363, 1977.
  • MORGAN, Gareth. Imagens da organizaçăo. Săo Paulo : Atlas, 1996.
  • MOTTA, Fabrício M. Apontamentos sobre o ministério público junto aos Tribunais de Contas. Fórum Administrativo, Belo Horizonte, v. 2, n.1, p. 10-15, jan. 2002.
  • MOTTA, Fernando C. Prestes; CALDAS, Miguel P. Cultura organizacional e cultura brasileira. Săo Paulo : Atlas, 1997.
  • NÓBREGA, Airton Rocha. O princípio constitucional da eficięncia. Fórum Administrativo, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 24-25, jan. 2002.
  • O'DONNELL, Guilhermo. Horizontal accountability and new polyarchies. Notre Dame: Kellog Institute, 1998. (Working paper; n. 253).
  • OLIVEIRA, Antônio C. O tribunal de contas e a nova constituiçăo. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, n. 1, p. 59-73, jan./jun. 1989.
  • PENTEADO, Silvia A. T. Participaçăo na universidade : retrato em preto e branco. Săo Paulo : Uniceb, 1991.
  • PEREIRA, Maria J. L. de B. Faces da decisăo: as mudanças de paradigmas e o poder da decisăo. Săo Paulo : Makron Books, 1997.
  • PERNAMBUCO. Constituição (1989). Constituição do Estado de Pernambuco : 1989. Recife : CEPE, 1989.
  • ______ . Regimento interno do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Revista do Tribunal de Contas de Pernambuco, Recife, v. 4, n. 4, p. 172-195, dez. 1992/abr. 1993.
  • PFEFFER, Jeffrey; SALANCIK, Gerald R. The external control of organizations : a resource dependence perspective. New York : Harper & Row, 1978.
  • PINHO, José Antonio Gomes de. Reforma do aparelho do estado: limites do gerencialismo frente ao patrimonialismo. Organizaçőes & Sociedade, Salvador, v. 5, n. 12, p. 59-79, maio/ago. 1998.
  • RAMOS, Guerreiro. Administraçăo e contexto brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro : FGV, 1983.
  • ROSEN, Michael, BAROUDI, Jack Computer-based technology and the emergence of new forms of managerial control. In: STURDY, Andrew, KNIGHTS, David, Willmott, Hugh (Eds.) Skill & consent: contemporary studies inthe labour process. London: Routledge, 1992.
  • SANDER, Benno. Administraçăo da educaçăo no Brasil: é hora da relevância. Educaçăo Brasileira, Brasília, v.4, n.9, P. 8-27, 2. SEM., 1982.
  • SCOTT, W. Richard; MEYER, John W. The organization of societal sectors. In: MEYER, John. W.; SCOTT, W. Richard. (Ed.). Organizational environments : ritual and rationality. Beverly Hills : Sage, 1983. p. 129-53.
  • SELZNICK, Philip. A liderança na administraçăo Rio de Janeiro : FGV, 1971.
  • SROUR, Robert H. Poder, cultura e ética nas organizaçőes Rio de Janeiro : Campus, 1998.
  • SUCHMAN, Mark C. Managing legitimacy : strategic and institutional approaches. Academy of Management Review, v. 20, n. 3, p. 571-610, 1995.
  • VIEIRA, Marcelo M. F.; CARVALHO, Cristina; LOPES, Fernando Dias. The organizational field structuring of the of museums and theaters in South of Brazil. In: THE EGOS COLLOQUIUM, 17., 2001, Lyon. Sub-theme 10: Construction and elaboration of organizational fields. Lyon : EGOS, 2001.
  • WEBER, Max. Economia y sociedad. Madrid : Fondo de Cultura Económica, 1993.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Nov 2014
  • Data do Fascículo
    Abr 2003
Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia Av. Reitor Miguel Calmon, s/n 3o. sala 29, 41110-903 Salvador-BA Brasil, Tel.: (55 71) 3283-7344, Fax.:(55 71) 3283-7667 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: revistaoes@ufba.br