O sujeito como centro da ação empreendedora: concepção e verificação empírica de um arcabouço conceitual-analítico

ARTIGOS

O sujeito como centro da ação empreendedora: concepção e verificação empírica de um arcabouço conceitual-analítico

Sérgio Carvalho Benício de Mello^I; André Luiz Maranhão de Souza Leão^II; Adriana Tenório Cordeiro^III

^IProf. PROPAD/UFPE

^IIProf. CPPA/Faculdade Boa Viagem (FBV)

^IIIProfª Universidade de Pernambuco

RESUMO

O fenômeno do empreendedorismo tem conquistado significativo espaço nos últimos anos na academia brasileira. Contudo, entendemos que, de forma geral, tem sido tratado de forma genérica. Parece-nos que um bom ponto de partida para sua compreensão seja o entendimento próprio das "partes" do fenômeno. Assim, é na ação empreendedora que nossa investigação tem foco. Revisitamos e criticamos o arcabouço de visão de Collins e Porras (1995) para sugerir o nosso próprio arcabouço, em que apresentamos o sujeito como centro da ação empreendedora. Para verificá-lo empiricamente, foi construído um corpus lingüístico de um dos mais bem-sucedidos empreendedores brasileiros. Para a análise dos dados, utilizamo-nos de uma lógica hierárquica inspirada na teoria de cadeias de meios-fim. Como resultado, as relações entre os níveis hierárquicos de nosso arcabouço conceitual foram, de fato, verificadas na história de práticas do nosso sujeito empreendedor. Apresentamos nosso arcabouço conceitual também como um arcabouço analítico para uma compreensão da ação empreendedora com foco no sujeito. Em relação ao sujeito investigado, vale refletirmos sobre os resultados obtidos em nossa investigação como forma de compreensão da própria prática de um conjunto de ações empreendedoras exitosas.

ABSTRACT

The phenomenon of entrepreneurship has gained significant terrain over the last few years in Brazilian academia. However, we should understand that, in general, it has been given generic treatment. It seems to us that a good starting point on the road to understanding it is a grasp of the "ingredients" of the phenomenon. Hence, it is in entrepreneurial action that we focus our study. We therefore revisit and critique the framework outlined by Collins and Porras (1995) to suggest our own framework in which we present the subject as the center of entrepreneurial action. For empirical verification, a linguistic corpus was constructed of one of the most successful Brazilian entrepreneurs. To analyze the data, we utilized a hierarchical logic inspired by means-end chains theory. As a result, the relationships among the hierarchical levels of our conceptual framework were indeed verified in the accounts of practices histories of our entrepreneurial subject. We thus present our conceptual framework as well as an analytical framework in order to understand entrepreneurial action with a focus on the subject. In regards to the subject studied, it is worth reflecting over the results obtained in our research as a way to understand the very practice of a set of successful entrepreneurial acts.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Edições 70, LDA, 1977.

BARTHES, R. Elements of semiology. New York: Hill and Wang, The Noonday Press [tradução do original francês, 1964], 1967.

BAUER, M.B.; AARTS, B. A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados qualitativos. In: Bauer, M.B., Gaskell, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes. 2002. p.39-63.

BERTAUX, D. Histoires de viés ou récits de pratiques? Méthodoligie de l’approche biographique em sociogie. Paris, Cordes, 1976.

BRITTO, F.; WEVER, L. Empreendedores brasileiros. São Paulo: Ed. Negócio, 2002.

CAMPBELL, D. T. Social Attitudes and Other Acquired Behavioral Dispositions. In: S. Koch (Ed.), Psychology: a study of a science. New York: McGraw-Hill, 1963, 94-172.

COLLINS, J.; PORRAS, J.L. Feitas para durar: práticas bem sucedidas de empresas visionárias. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1995.

DANJOU, I.. L’Entrepreneuriat: Un champ fertile à la recherche de son unité. Revue Française de Gestion, v.28, n.138, 2002. pp.109-125.

FESTINGER, L. A Theory os Social Comparison Processes. Human Relations, v.7, p.117-140, 1954.

GOFFMAN, E. The presentation of the self in everyday life. Garden City, N.Y.: Doubleday, 1959.

JONES, E. E.; GERARD, H. B. Foundations of Social Psychology. New York: Wiley, 1967.

KAMAKURA, W. A.; MAZZON, J. A. Value segmentation: a model for the measurement of values and value systemas. Journal of Consumer Research, v.18, p. 208-218, set, 1991.

KANAANE, R. Comportamento humano nas organizações: o homem rumo ao século XXI. São Paulo: Atlas, 1994.

KNUTSON, A. L. The individual, society, and health behavior. New York: Russell Sage Foundation, 1965.

LEÃO, A.L.M.S.; MELLO, S.C.B. de. Mensurando customer value através do método laddering: uma proposta de aplicação da técnica para o ambiente virtual. Anais do XXV Encontro Nacional da ANPAD. Salvador. 2001.

LEÃO, A.L.M.S.; MELLO, S.C.B. de. Conhecendo o valor do cliente virtual: uma análise utilizando a teoria de cadeias de meios-fim. Anais do XXVI Encontro Nacional da ANPAD. Salvador. 2002.

LEON, C. T.; SELMER, J. Value segmentation of the Hong Kong Chinese: perceived values of gender categories. Asia Pacific Advances in Consumer Research, v.1, p.171-177, 1994.

MERRIAM, S. B. Qualitative research and case study applications in education. San Francisco: Jossey-Bass. 1998.

MUNSON, J. M.; MCINTYRE, S. H. Personal Values: a cross-cultural assessment of self values attributed to a distant cultural stereotype. Advances in Consumer Research, v.5, p.160-166, 1978.

ROKEACH, M. Attitude change and behavioral change. Public Opinion Quartely. V.30. n.4, pp.529-50. 1966.

ROKEACH, M. Beliefs, attitudes and values: a theory of organization and change. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1968.

ROKEACH, M. From individual to institutional values: with special reference to the values If science. In: Rokeach, M. Understanding Human Values: individual and societal. New York: The Free Press, 1979.

ROKEACH, M. The nature of human values. New York: The Free Press, 1973.

ROKEACH, M., BALL-ROKEACH, S. J. Stability and change in American value priorities: 1968-1981. American Psychologist. V.44. n.5. p.775-84. 1989.

SARDINHA, T.B. Lingüística de corpus: histórico e problemática. D.E.L.T.A., Vol. 16, n. 2, 2000. pp.323-367

TEDESCHI, J. T.; SCHLENKER, B. R., Bonoma, T. V. Cognitive dissonance: private ratiocination or public spectcle? Amercican Psychologist. p.26, 685. 1971.

THOMAS, W. I.; ZNANIECKI, F. The polishp peasant in Europe and America. Boston: Badger, vol. 1, 1918.

WANG, Z.; RAO, C. P.; D’AURIA, A. A. A comparison of the Rokeach value survey (RVS) in China and the United States. Asia Pacific Advances in Consumer Research, v.1, p.185- 90, 1994.

WILLIAMS, R. M., Jr. American society: a sociological interpretation. New York: Knopf, 1951.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  22 Out 2014
• Data do Fascículo
  Jun 2007