TRAJETÓRIAS E TRANSIÇÕES ENTRE JOVENS BRASILEIROS: Pode a expansão eludir as desigualdades?

GUIMARÃES, NADYA ARAUJO; BRITO, MURILLO MARSCHNER ALVES DE; COMIN, ALVARO AUGUSTO

doi:10.25091/s01013300202000030002

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Brasil

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Sumário

DOSSIÊ JUVENTUDE E TRABALHO • Novos estud. CEBRAP 39 (3) • Sep-Dec 2020 • https://doi.org/10.25091/s01013300202000030002 copiar

TRAJETÓRIAS E TRANSIÇÕES ENTRE JOVENS BRASILEIROS: Pode a expansão eludir as desigualdades?¹ 1 Agradecemos à Organização Internacional do Trabalho (ILO-Escritório do Brasil) pela autorização para uso, neste texto, de parte dos achados resultantes do contrato de serviço Cebrap-ILO nº 2100154/3501. Paulo Henrique da Silva nos apoiou no processamento dos dados. A quem nos acompanha em parceria neste dossiê, somos devedores pelas sugestões com que nos brindaram em nossas duas oficinas de debates. Somos igualmente gratos a quem realizou a avaliação anônima para a Novos Estudos Cebrap.

Youth in Brazil: Transitions and Trajectories. Can Economic Growth Mitigate Inequalities?

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Que podemos dizer sobre as desigualdades estruturais no Brasil quando as observamos pela lente das trajetórias ocupacionais dos jovens? Em contextos de crescimento econômico e de ampliação de direitos, que fatores se mostram relevantes para tornar desiguais os destinos dos jovens brasileiros? Neste artigo, buscamos responder a essas perguntas baseando-nos em dados longitudinais de um survey amostral retrospectivo realizado em 2013, com uma amostra representativa de 3.288 jovens em 160 municípios brasileiros.

PALAVRAS-CHAVE:
jovens; Brasil; mercado de trabalho; trajetórias; desigualdades

Tipos/classes de trajetória	% Simples	% Acumulado
1. Adolescentes em formação	28,4	28,4
2. Os recém-chegados: jovens com experiência recente e variada	23,9	52,3
3. Jovens em trânsito para o assalariamento	22	74,3
4. Jovens com inserção estável e estruturada	11,3	85,6
5. Jovens adultos com longa inserção e maior risco de desemprego	7,5	93,1
6. Jovens adultos com inserção recente e maior comando sobre circulação no mercado	6,9	100
	100

	Tipos / classes de trajetória
	1	2	3	4	5	6
Idade
Média	20,1	20,1	22,4	24,3	26,3	25,2
Mediana	18	19	22	25	27	26
Sexo
Feminino	58,8	51,2	45,4	43,2	47,9	38,5
Masculino	41,2	48,8	54,6	56,8	52,1	61,5
Raça
Não branco	60,6	66,8	62,7	60	70	66,4
Branco	39,4	33,2	37,3	40	30	33,6
Conjugalidade
Sim	28,3	22,6	34,4	44,6	60,1	49,8
Proporção de tempo casado/casada em relação à idade	0,07	0,04	0,06	0,10	0,14	0,11
Tem filho/a(s)
Sim	26,9	23	32,5	48,5	57,7	51,1
Proporção de tempo de nascimento do 1-º filho/filha em relação à idade	0,06	0,04	0,06	0,10	0,14	0,11
Classe família de origem
profissionais de nível superior	16,3	14,8	11,3	17,9	16,1	20,7
trabalhadores não manuais de rotina	9,2	9,3	9	6,6	3,3	7,9
trabalhadores manuais qualificados	39,7	47,7	46,9	46	44,5	41,8
trabalhadores manuais não qualificados e trabalhadores rurais	30,3	24,2	28	25,3	31,1	27,2
trabalhadores domésticos	4,5	4	4,8	4,2	4,9	2,4
Frequência escolar
Frequenta escola	57,3	43,4	25,4	21,9	11,5	15,9
Escolarização
Entrada ensino médio	60,7	67,2	69,3	69,4	61,9	65,5
Conclusão ensino médio	21,1	31,6	43,3	49,7	47,4	47,3
Entrada ensino superior	9,3	10,7	14,7	20,1	15,6	22
Proporção de tempo transcorrido desde a saída da escola em relação à idade	0,09	0,08	0,14	0,17	0,24	0,18
Experiência de trabalho
Sim	12,8	92,8	89,3	91,7	91,9	86,1
Proporção de tempo transcorrido desde o 1-º registro ocupacional em relação à idade	0,07	0,07	0,16	0,25	0,39	0,29
Proporção de meses como assalariado em relação ao total de meses desde o 1-º registro ocupacional	0,07	0,62	0,54	0,56	0,51	0,49

	Tipos / classes de trajetória
	1	2	3	4	5	6
Atributos individuais
sexo (masculino = 1)	-0,11	-0,01	0,05	0,05	0,01	0,07
idade	-0,29	-0,22	0,09	0,21	0,29	0,21
Raça (branco = 1)	0,04	-0,03	0,01	0,02	-0,04	-0,02
Raça (preto = 1)	-0,02	0,00	0,00	-0,03	0,04	0,03
Raça (pardo = 1)	-0,02	0,03	-0,01	0,00	0,01	0,00
Condição no domicílio (pessoa de referência ou cônjuge = 1)	-0,10	-0,13	0,01	0,09	0,18	0,10
Ciclo de vida
Conjugalidade	-0,08	-0,14	0,00	0,10	0,18	0,10
PRIMEIRO FILHO	-0,10	-0,13	-0,01	0,12	0,18	0,12
PAROU ESTUDO	-0,24	-0,14	0,10	0,14	0,21	0,14
1º registro de trabalho	-0,56	-0,14	0,19	0,29	0,36	0,25
Mercado de trabalho
Proporção de tempo como ASSALARIADO	-0,60	0,29	0,18	0,13	0,08	0,06
Proporção de tempo EM PROCURA ATIVA	-0,30	-0,06	0,20	0,09	0,15	0,07
Domicílio de origem
Escolarização dos pais	0,02	0,05	-0,02	-0,03	-0,07	0,00
Migrante	-0,10	0,04	0,02	0,02	0,04	0,01
Pai e mãe no domicílio de origem	-0,01	-0,01	0,01	0,01	0,01	-0,01

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[1] NADYA ARAUJO GUIMARÃES [https://orcid.org/0000-0002-6871-1920] é doutora em sociologia pela Universidad Nacional Autónoma de México e professora titular sênior do departamento e do programa de pós-graduação em sociologia da Universidade de São Paulo, além de pesquisadora do CNPq associada ao Cebrap. Neste artigo, foi corresponsável pela análise dos dados, pela formulação dos argumentos principais e pela redação final do texto.