Acessibilidade / Reportar erro

O MERCADO DAS ESCOLINHAS DE FUTEBOL EM BELO HORIZONTE

THE MARKET FOR FOOTBALL SCHOOLS IN BELO HORIZONTE

EL MERCADO DE LAS ESCUELAS DE FÚTBOL EN BELO HORIZONTE

Resumo

Este estudo analisa a quantidade e a distribuição territorial das escolinhas de futebol em Belo Horizonte. O objetivo é examinar quantos estabelecimentos desse tipo existem na cidade, onde estão localizados e quais critérios seus proprietários empregam para essa decisão. Para isso, utilizamos dados quantitativos e qualitativos, baseados, respectivamente, em informações sobre a localização desses estabelecimentos e dados censitários, de um lado, e entrevistas semiestruturadas realizadas com proprietários de escolinhas de futebol da cidade, de outro. Nossa interpretação geral é a de que escolinhas de futebol se distribuem aleatoriamente pela cidade em razão de circunstâncias que impõem uma lógica oportunista na tomada de decisão acerca da abertura de um estabelecimento comercial desse tipo.

Palavras-chave
Esportes; Futebol; Instalações Esportivas e Recreacionais; Economia

Abstract

The study analyzes the quantity and geographical distribution of “football schools” in Belo Horizonte. The objective is to examine how many of these establishments exist in the city, where they are located and what criteria their owners use to make this decision. For this, we used quantitative and qualitative data, based on information about the location of these establishments and census data, on the one hand, and semi-structured interviews with owners of soccer schools in the city, on the other. Our general interpretation is that football schools are distributed randomly throughout the city due to circumstances impose an opportunistic logic on decision-making.

Keywords
Football; Soccer; Sports and Recreational Facilities; Economy

Resumen

Este estudio analiza la cantidad y la distribución territorial de las “escuelas de fútbol” en Belo Horizonte. El objetivo es examinar cuántos establecimientos de este tipo existen en la ciudad, dónde están ubicados y qué criterios utilizan sus propietarios para esta decisión. Para ello, se utilizaron datos cuantitativos y cualitativos, basados en información sobre la ubicación de estos establecimientos y datos censales, por un lado, y entrevistas semiestructuradas a propietarios de escuelas de fútbol de la ciudad, por otro. Nuestra interpretación general es que las escuelas de fútbol se distribuyen aleatoriamente por la ciudad debido a circunstancias que imponen una lógica de opotunismo en la toma de decisiones sobre la apertura de un establecimiento comercial de este tipo.

Palabras clave
Deportes; Fútbol; Instalaciones deportivas y recreativas; Economía

1 INTRODUÇÃO

Uma área de atuação profissional da educação física já tradicional são as chamadas “escolinhas esportivas”, modo como são popularmente nomeados os espaços agenciados por governos, organizações não governamentais ou empresas privadas que oferecem aulas ou treinamentos de diferentes modalidades esportivas, geralmente para crianças e jovens, mas eventualmente também para adultos. O surgimento dessas escolinhas esportivas remete às décadas de 1970 (Bertevello, 2005BERTEVELLO, Gilberto J. Academias de ginástica e condicionamento físico: desenvolvimento. In: Da COSTA, Lamartine Pereira (org.). Atlas do esporte, educação física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2005. p. 176-177.). Nessa época, na esteira do processo de desenvolvimento econômico do período, o mercado de consumo brasileiro se expandiu, o que incentivou uma crescente segmentação na oferta de diversos bens e serviços, incluindo os do lazer, dos esportes e das atividades físicas (Dias; Melo, 2009DIAS, Cleber; MELO, Victor Andrade de. Lazer e urbanização no Brasil: notas de uma história recente. Movimento, v. 15, n. 3, p. 249-271, 2009. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.4557
https://doi.org/10.22456/1982-8918.4557...
). Esse novo arranjo para a oferta comercial de serviços de ensino e de prática de esportes acabou por tomar parte relevante do espaço social antes ocupado por clubes de natureza associativa. Além disso, diante da acelerada urbanização que teve lugar na mesma época, espaços para prática de esportes tenderam a se tornar cada vez mais escassos nas grandes cidades (Ribeiro, 2021RIBEIRO, Raphael Rajão. A várzea e a metrópole: futebol amador, transformação urbana e política local em Belo Horizonte (1947-1989). Tese (Doutorado em História, Política e Bens Culturais) - Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2021.), o que incentivou a busca por alternativas. Nesse contexto, as escolinhas esportivas apareceram como uma das opções possíveis. O fenômeno de escassez de espaços para os esportes foi agravado por características estruturais da urbanização brasileira, marcada por uma aguda desigualdade social e econômica, assim como por uma precariedade do Estado de Bem-Estar Social, o que apenas fortaleceu o recurso a iniciativas privadas para a oferta de diversos serviços, tais como educação, segurança, saúde, lazer ou esportes (Rolnik; Klink, 2011ROLNIK, Raquel; KLINK, Jeroen. Crescimento econômico e desenvolvimento urbano: por que nossas cidades continuam tão precárias? Novos Estudos, n. 89, p. 89-109, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-33002011000100006
https://doi.org/10.1590/S0101-3300201100...
).

Atualmente, as escolinhas esportivas parecem ter consolidado sua posição no ecossistema desse setor no Brasil. Apesar da relativa importância, porém, não há muitos estudos ou dados sistematizados a respeito deste universo. Quantas escolinhas de esportes existem no Brasil? Quantos alunos estão envolvidos nas atividades promovidas ali e quantos profissionais de educação física encontram ocupação em tais lugares? Além disso, como estaria estruturada a organização dos estabelecimentos que ofertam tais atividades?

Sem a pretensão de tentar oferecer respostas a essas perguntas, que são muitas e complexas, este artigo apresenta uma análise acerca de um contexto mais particular desse universo mais geral: as escolinhas de futebol da cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O contexto das escolinhas de futebol de Belo Horizonte oferece uma pequena amostra, naturalmente bastante parcial, deste universo mais amplo das escolinhas de esportes. Circunscrevemos o estudo a Belo Horizonte apenas em razão das relativas facilidades de contato e acesso a proprietários de negócios nessa área.

Além de estar confinado a esse contexto particular, nosso estudo ainda se limita a analisar um tipo específico de escolinhas esportivas, que são aquelas de natureza privada e com fins lucrativos, sem levar em consideração, portanto, iniciativas desse tipo gerenciadas pelo Estado ou por organizações não governamentais. A motivação dessa seleção reside no nosso interesse em compreender o funcionamento social dos mercados esportivos, que são instâncias relevantes na oferta de oportunidades de práticas de esportes no Brasil depois que arranjos privados e comerciais se consolidaram como recursos privilegiados na tentativa de contornar a escassez de infraestrutura ou de serviços públicos universais, conforme destacamos antes. Em 2013, estimava-se que cerca de 83% dos gastos com esportes no Brasil tinham como fonte o orçamento privado das famílias em atividades recreativas de ensino e educação (PNUD, 2017PNUD - PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Movimento é vida: atividades físicas e esportivas para todas as pessoas. Brasília: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2017., p. 303).

Aspectos da gestão administrativa constituem outra dimensão específica ao qual este trabalho se limita. Haveria, é claro, outras dimensões possíveis que não apenas a gerencial a serem analisadas, tais como as pedagogias adotadas em tais espaços, o perfil dos frequentadores, as suas expectativas e motivações, entre uma série de outros tópicos, que vêm sendo analisados por outros trabalhos em contextos diversos, notadamente em “projetos sociais” organizados pelo Estado ou por organizações não-governamentais (Castro; Souza, 2011CASTRO, Suelen Barbosa Eiras de; SOUZA, Doralice Lange. Significados de um projeto social esportivo: um estudo a partir das perspectivas de profissionais, pais, crianças e adolescentes. Movimento, v. 17, n. 4, p. 145-163, 2011. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.22268
https://doi.org/10.22456/1982-8918.22268...
; Correa, 2008CORREA, Marcos Miranda. Projetos sociais em educação física, esporte e lazer: reflexões preliminares para uma gestão social. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 29, n. 3, p. 91-105, maio de 2008. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/212/215. Acesso em: 10 jan. 2024.
http://revista.cbce.org.br/index.php/RBC...
; Davies, 2006DAVIES, Julio. Iatismo e profissionalização: um estudo etnográfico do projeto Grael. Esporte e Sociedade, a. 2, n. 4, nov. 2006. Disponível em: https://periodicos.uff.br/esportesociedade/article/view/48010. Acesso em: 10 jan. 2024.
https://periodicos.uff.br/esportesocieda...
; Hecktheuer; Silva, 2011HECKTHEUER, Luiz Felipe Alcântara; SILVA, Méri Rosane Santos da. Projetos sociais esportivos: vulnerabilização e governo. Movimento, v. 17, n. 3, p. 115-132, 2011. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.18150
https://doi.org/10.22456/1982-8918.18150...
; Lazzari; Thomassim; Stigger, 2010LAZZARI, André; THOMASSIM, Luis E. C.; STIGGER, Marco Paulo. A socialização de crianças e adolescentes no contexto de um projeto social de tênis. Caderno de Educação Física, v. 9, n. 16, p. 51-64, 2010. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/3826/3134. Acesso em: 10 jan. 2024.
https://e-revista.unioeste.br/index.php/...
; Melo, 2005MELO, Marcelo de Paula. Esporte e juventude pobre: políticas públicas de lazer na Vila Olímpica da Maré. Campinas: Autores Associados, 2005.; Peres et al., 2005PERES, Fabio de Faria et al. Lazer, esporte e cultura na agenda local: a experiência de promoção da saúde em Manguinhos. Ciência e Saúde Coletiva, v. 10, n. 3, p. 757-769, jul.-set. 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000300032
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200500...
; Reckziegel; Stigger, 2005RECKZIEGEL, Ana Cecília de Carvalho; STIGGER, Marco Paulo. Dança de rua: opção pela dignidade e compromisso social. Movimento, v. 11, n. 2, p.59-73, 2005. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.2868
https://doi.org/10.22456/1982-8918.2868...
; Thomassim, 2007THOMASSIM, Luis Eduardo Cunha. Imagens da participação das crianças da periferia em projetos sociais esportivos. In: STIGGER, Marco Paulo; GONZÁLEZ, Fernado Jaime; MARTINS, Raquel Silveira (org.). Esporte na cidade: estudos etnográficos sobre sociabilidades esportivas em espaços urbanos. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2007. p. 97-115.; Vianna, 2009VIANNA, José Antônio. Esporte e camadas populares: a perspectiva de profissionalização. In: VOTRE, Sebastião et al. (org.) Mediação entre as ciências sociais e a educação física: a contribuição do pensamento de Hugo Lovisolo. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009. p. 89-114.; Zaluar, 1994ZALUAR, Alba. Cidadãos não vão ao paraíso: juventude e política social. São Paulo: Campinas: Escuta: Unicamp, 1994.). Todavia, nosso objetivo aqui está limitado a analisar algumas das principais características organizacionais, administrativas e econômicas dessas escolinhas de futebol, sem levar em consideração outros aspectos possíveis.

Embora o campo da gestão esportiva venha se desenvolvendo nos últimos anos no Brasil, com a fundação de uma associação acadêmica em 2009 (Associação Brasileira de Gestão do Esporte) e um periódico científico especialmente dedicado a este tema em 2016 (Revista de Gestão e Negócios do Esporte), o assunto ainda é consideravelmente negligenciado no âmbito da educação física. Tal negligência tem consequências potencialmente relevantes, pois conforme indica um estudo de Barros Filho e colaboradores (2013)BARROS FILHO, Marcos Antônio et al. Perfil do gestor esportivo brasileiro: uma revisão de literatura. Revista Intercontinental de Gestão Desportiva, v. 3, supl. 1, p. 44-52, 2013. Disponível em: http://revista.universo.edu.br/index.php?journal=gestaoesportiva&page=article&op=viewArticle&path%5B%5D=1069. Acesso em: 10 jan. 2024.
http://revista.universo.edu.br/index.php...
, a maioria dos gestores esportivos tem formação em Educação Física. Assim, a presença ainda tímida de temas relativos à gestão no âmbito da educação física pode cercear o acesso de profissionais dessa área a esses conhecimentos, dificultando suas possibilidades de explorar oportunidades de trabalho e renda no mercado dos esportes e das atividades físicas, o que pode também comprometer a eficácia e o alcance da oferta de serviços nesse setor, debilitando, assim, o potencial desse mercado de consumo.

2 MÉTODOS

Com esses propósitos, realizamos esse estudo por meio da combinação de uma análise espacial da distribuição das escolinhas de futebol de Belo Horizonte, associada a entrevistas semiestruturadas com cinco proprietários de escolinhas de futebol da cidade.

A fim de oferecer uma análise sumária do cenário geral desses estabelecimentos em Belo Horizonte, realizamos, de início, um levantamento das escolinhas de futebol existentes na cidade por meio do Google Maps. Basicamente, em outubro de 2022, por meio dessa conhecida ferramenta, buscamos pela expressão “escolinhas de futebol”, limitando a busca a cada uma das nove regiões de Belo Horizonte. Depois de inventariarmos os resultados obtidos nessas buscas, realizamos testes estatísticos através de uma correlação linear desses dados com informações relativas à população, renda, escolaridade e densidade demográfica de cada uma das regiões da cidade, conforme informações oficiais obtidas junto à PRODABEL (Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte), da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, relativos, sobretudo, ao censo de 2010, conforme analisaremos na próxima seção. O objetivo era avaliar se alguma dessas variáveis em particular poderia explicar diferenças na concentração regional de escolinhas de futebol na cidade.

A utilização do Google Maps para identificar as escolinhas de futebol existentes na cidade é um procedimento simples e informativo, mas que tem limitações também. Embora muitas atividades comerciais se ocupem em registrar os estabelecimentos nessa plataforma a fim de tentarem divulgar os seus negócios, não se pode assegurar que rigorosamente todas as escolinhas de futebol privadas o tenham feito. Assim, os dados que apresentamos a esse respeito devem ser lidos à luz dessa limitação potencial. Em favor do uso desses dados, porém, resta a constatação de que não há outras fontes de informação disponíveis acerca desse universo.

A seleção dos quatro critérios que foram correlacionados com o número de escolinhas de futebol, a saber, população, renda, escolaridade e densidade demográfica, baseou-se, fundamentalmente, na bibliografia especializada no assunto, que tem apontado para esses elementos como aspectos relevantes na explicação do acesso à prática esportiva, conforme mencionamos na próxima seção.

Quanto às entrevistas, estas foram realizadas presencial ou remotamente, ao longo dos meses de outubro e novembro de 2022, em locais indicados pelos participantes e em dias e horários sugeridos por eles próprios, a fim de atenuar eventuais inconveniências. Com o devido consentimento dos participantes, as entrevistas foram gravadas e tiveram duração aproximada de 30 minutos. A análise desse material, diferente de abordagens mais normativas de análises de conteúdo, ateve-se tão somente em tentar identificar categorias regulares e também peculiares na narrativa de cada um deles a respeito de suas trajetórias empresariais e o modo de funcionamento de seus negócios a partir de um roteiro previamente estabelecido. Dentre os assuntos abordados nessas entrevistas, baseados em um roteiro genérico e flexível, de modo a permitir, tanto quanto possível, uma conversa em tom ameno e informal, tratamos das circunstâncias e motivações para abertura do negócio, dos critérios para decisão quanto à localização, de alguns detalhes cotidianos sobre o funcionamento do empreendimento, dos seus desafios e dificuldades, dos meios de divulgação empregados, do número de funcionários e clientes e da estrutura de custos (tais como investimento inicial, tempo de retorno, principais despesas e valores médios de mensalidades e matrículas).

Uma das principais limitações do nosso universo amostral é o seu tamanho bastante reduzido. Esse universo tão pequeno limita as conclusões possíveis, que por isso mesmo devem ser realizadas com prudência. Todavia, acessar as percepções de empresários, bem como informações de seus negócios, pode ser uma tarefa difícil. Sem uma relação prévia com instituições universitárias, que eventualmente se mostram avessas ao ambiente empresarial, é compreensível que empresários mantenham uma postura de relativa desconfiança diante de esforços de investigação acadêmica. Assim, para constituição de nosso universo de interlocução, entramos em contato com empresários de escolinhas de futebol de diferentes regiões da cidade, a partir das próprias informações obtidas no levantamento no Google Maps, levando adiante entrevistas entre aqueles que responderam ao nosso contato e se dispuseram a participar. Para evitar quaisquer prejuízos a esses interlocutores, mantivemos suas identidades em sigilo, conforme cuidados éticos habituais em pesquisas desse tipo.

3 ESCOLINHAS DE FUTEBOL EM BELO HORIZONTE

Nosso levantamento identificou um total de 75 escolinhas de futebol em Belo Horizonte. Todavia, a distribuição desses estabelecimentos pela cidade não é homogênea. Considerando a organização administrativa adotada pela Prefeitura, que divide territorialmente a cidade em nove regiões (Figura 1), notamos que três delas – Nordeste, Oeste e Pampulha – concentram 53% desse total de escolinhas de futebol, conforme exibe a Figura 2.

Figura 1
Mapa de Belo Horizonte com suas regiões administrativas, conforme adotado pela Prefeitura Municipal da cidade
Figura 2
Número de escolinhas por região da cidade.

De início, poderíamos esperar que regiões com populações maiores concentrariam também maiores quantidades de escolinhas de futebol, uma vez que o contingente populacional, em teoria, oferece um mercado consumidor potencialmente maior (Dias, 2013DIAS, Cleber. Esporte e cidade: balanços e perspectivas. Tempo, v. 17, n. 34, p. 33-44, 2013. DOI: https://doi.org/10.5533/TEM-1980-542X-2013173404
https://doi.org/10.5533/TEM-1980-542X-20...
). A concentração regional de escolinhas de futebol, no entanto, não corresponde ao padrão de concentração populacional da cidade, isto é, as regiões com maior número de escolinhas não estão entre as regiões com maior população, conforme Tabela 1, que resume os principais dados quantitativos do nosso levantamento. As três regiões que concentram mais da metade das escolinhas de futebol (Nordeste, Oeste e Pampulha), contam apenas 34% da população da cidade, o que sugere já uma relativa desconexão entre a concentração regional de estabelecimentos desse tipo e os respectivos tamanhos da população. Com efeito, a correlação entre o número de escolinhas e o tamanho da população de cada região da cidade é fraca (R = 0,23), conforme exibe a Figura 3. De maneira geral, um coeficiente de correlação de Pearson menor que 0,5 indica uma correlação fraca (seja positiva ou negativa).

Tabela 1
Número de escolinhas, população, renda per capita, densidade demográfico e índice de educação do IDH por região de Belo Horizonte
Figura 3
Relação entre tamanho da população e número de escolinhas (R = 0,23)

Considerando as associações já fortemente estabelecidas pela bibliografia especializada entre a prática de esportes e a renda, tanto no Brasil, quanto em outros países (Boltanski, 2004BOLTANSKI, Luc. As classes sociais e o corpo. São Paulo: Paz e Terra, 2004.; Bourdieu, 2011BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. Rio de Janeiro: Zouk, 2011.; Dias; Ribeiro, 2022DIAS, Cleber; RIBEIRO, Wecisley. Brincadeira é coisa séria: cultura e economia política no Brasil contemporâneo. Belo Horizonte: Sarerê, 2022.; PNUD, 2017; Veal, 2016VEAL, Anthony J. Leisure, income inequality and the veblen effect: cross-national analysis of leisure time and sport and cultural activity. Leisure Studies, v. 35, n. 2, p. 215-240, 2016. DOI: https://doi.org/10.1080/02614367.2015.1036104
https://doi.org/10.1080/02614367.2015.10...
), avaliamos também esse aspecto com relação à concentração regional de escolinhas de futebol em Belo Horizonte. Nossa suposição inicial era que regiões com maiores rendas per capita concentrariam também maiores quantidades de escolinhas de futebol, uma vez que o poder de compra relativamente dilatado de seus habitantes poderia atrair empresários, visando especificamente ofertar serviços para esse público. Todavia, também nesse caso, a correlação entre o número de escolinhas de futebol e a renda per capita média de cada região é fraca (R = 0,13), conforme exibe a Figura 4.

Figura 4
Relação entre renda per capita e número de escolinhas (R = 0,13)

Realizamos um teste estatístico do mesmo tipo, confrontando o número de escolinhas de futebol com os indicadores médios de escolaridade obtidos através do Índice de Desenvolvimento Humano de cada região. A escolaridade, assim como a renda, é outro conhecido fator associado à prática de esportes (Dias; Ribeiro, 2022DIAS, Cleber; RIBEIRO, Wecisley. Brincadeira é coisa séria: cultura e economia política no Brasil contemporâneo. Belo Horizonte: Sarerê, 2022.; PNUD, 2017). Embora o resultado tenha sido um pouco maior do que aqueles encontrados para o tamanho da população e a renda, trata-se de uma correlação ainda fraca (R = 0,48), de modo que a concentração de escolinhas de futebol em certas regiões não parece ser explicada em razão de uma população mais escolarizada (Figura 5).

Figura 5
Relação entre IDH-Educação e número de escolinhas (R = 0,48)

Finalmente, considerando algumas indicações qualitativas que obtivemos com proprietários de escolinhas de futebol a respeito do funcionamento desses empreendimentos, que enfatizavam o elevado custo de acesso ao terreno para construção de campos e instalações como um aspecto crítico desse negócio, conforme detalharemos na próxima seção, avaliamos ainda a correlação entre o número de escolinhas de futebol e a densidade demográfica de cada região. Nossa suposição, nesse caso, deduzidas a partir de indicações qualitativas obtidas junto a alguns proprietários, era que regiões com mais escolinhas de futebol tendessem a ser também aquelas com menores densidades demográficas, uma vez que essas regiões estariam sujeitas, em teoria, a uma especulação imobiliária menos agressiva, tornando, assim, os preços dos terrenos para construção de campos e instalações mais acessíveis. Conforme palavras de um dos proprietários com quem conversamos, que administra uma escolinha de futebol na região Centro-Sul da cidade, referindo-se à competição imobiliária por terrenos em certas zonas da cidade, “em bons pontos [comerciais] você não tem uma área que dê para você montar um campo”. No entanto, o resultado estatístico que obtivemos a partir de dados quantitativos exibe uma fraca correlação (negativa), conforme Figura 6.

Figura 6
Relação entre densidade demográfica e número de escolinhas (R = -0,15)

Visto em perspectiva, tudo isso sugere certa aleatoriedade no modo como se distribuem as escolinhas de futebol pela cidade. A região da Pampulha, por exemplo, que apresenta o maior número de escolinhas, tem também a menor densidade demográfica da cidade, o que iria em favor das nossas suposições iniciais a respeito da influência do preço da terra. Além disso, reforçando a mesma suposição, a região Centro-Sul, que possui relativamente poucas escolinhas, tem uma elevada densidade demográfica (a maior da cidade).

Fosse assim, porém, a região Norte, que possui a segunda menor densidade demográfica da cidade, depois apenas da Pampulha, deveria também ter muitas escolinhas de futebol, o que não é o caso, entretanto. Ao contrário, a região Norte é a que conta o menor número de escolinhas de futebol. A região Oeste, por seu turno, que conta o segundo maior número de escolinhas, tem uma elevada densidade demográfica, contrariando, uma vez mais, a suposição inicial de que poderia haver algum tipo de relação entre a concentração regional de escolinhas e a disponibilidade de terrenos.

Raciocínios semelhantes poderiam ser feitos com relação à renda, à escolaridade ou ao tamanho da população de cada região, elementos todos considerados por nossas análises, como vimos, mas sempre incapazes de oferecer, afinal, uma explicação satisfatória para a concentração regional de escolinhas de futebol, que se distribuem de modo mais ou menos aleatório por diferentes partes da cidade. Essa dimensão aleatória é importante para compreender um aspecto saliente do modo como são criados e geridos negócios esportivos no segmento das escolinhas de futebol em Belo Horizonte, conforme detalharemos na próxima seção.

4 PONTO DE VISTA DOS EMPRESÁRIOS

Nossos interlocutores representam um leque mais ou menos diverso de atores possíveis no universo empresarial das escolinhas de futebol. Em primeiro lugar, o tempo em que estão envolvidos nesses negócios é variado. Há os que estejam atuando empresarialmente na área há mais de 20 anos, mas há também os que começaram há apenas seis meses. Em segundo lugar, o local de funcionamento de suas respectivas escolinhas de futebol também é variado. No caso do universo dos nossos interlocutores, seus empreendimentos encontravam-se nas regiões Oeste, Centro-Sul, Pampulha, Leste e Nordeste de Belo Horizonte. Além disso, as dimensões econômicas dos estabelecimentos de cada um deles também variam. Alguns têm negócios mais consolidados, com até 350 alunos e faturamento mensal na ordem dos 70 mil reais, enquanto outros lutam ainda para se estabelecer comercialmente, contando apenas duas dezenas de alunos, em uma escolinha de futebol que funciona em campo alugado por hora e com faturamento mensal modesto, que não excede os três mil reais (ver Tabela 2).

Tabela 2
Dados sobre mensalidade, número de alunos e faturamento médio mensal das escolinhas de futebol consideradas

Por outro lado, como elemento de mais regularidade no nosso universo de interlocutores, com a única exceção de uma mulher graduada em administração, todos os demais são homens e formados em educação física. Suas percepções a respeito das dificuldades que marcam a abertura e a manutenção de um negócio nessa área também são mais ou menos homogêneas. Todos apontam para a rotatividade e certa sazonalidade de alunos como elemento de dificuldade. Alguns proprietários indicam que até 50% do seu público pode evadir em meses de férias escolares, privando-os de parte significativa de suas receitas nesses períodos. As duas principais estratégias para contornar essa dificuldade são a oferta de planos de adesão mais longos (semestrais ou anuais) e disponibilidade de formas facilitadas de pagamento, tais como transferências bancárias.

Outra dificuldade apontada é a falta de informações prévias no início do negócio, que pode induzir a gastos desnecessários, como aquisição de equipamentos irrelevantes. A dificuldade econômica em suportar o negócio até que haja certa consolidação também é apontada como aspecto relevante, sobretudo no início da atividade. Segundo comentário de um dos nossos entrevistados, responsável por uma escolinha de futebol na região da Pampulha:

Eu cheguei a dar treino para um só aluno. Então eu fiquei durante um mês, dois meses, com quatro, cinco alunos. Essa fase inicial, até você ter a turma, é muito difícil. Para começar do zero você tem que ter uma estabilidade razoável por fora, se você já entrar dependendo fica muito difícil. Essa foi a minha dificuldade, o começo até ter a quantidade certa de alunos e horário que seja bom.

Acima de tudo, porém, a concorrência e os custos para aquisição e construção de um espaço para as atividades são os fatores mais enfatizados como dificuldades para esses negócios. Nesse sentido, mais que a disputa comercial com outras escolinhas de futebol, que também é apontada, mas com menos ênfase, menciona-se, sobretudo, a oferta de atividades semelhantes por parte de instituições de ensino privado, onde se encontra uma parte relevante do público consumidor dessas atividades. Além disso, as barreiras econômicas ligadas ao acesso ou aquisição de terrenos e infraestruturas físicas necessárias para o funcionamento de uma escolinha de futebol são apontadas como aspectos realmente nevrálgicos desse negócio. Não por acaso, segundo relato dos nossos interlocutores, muitos empresários que se envolvem nessa área constroem quadras de futebol para aluguel, que às vezes são apontadas então como negócios mais rentáveis que as próprias escolinhas.

Assim, segundo o ponto de vista desses atores, ter uma quadra para começar a escolinha de futebol é uma das principais barreiras de entrada para este mercado. De um lado, pode ser difícil iniciar uma escolinha de futebol junto a campos ou quadras já existentes, seja pela falta de laços com os proprietários desses espaços, seja pela concorrência de outras iniciativas que já se instalaram antes em tais locais. De outro lado, é economicamente difícil adquirir um terreno (seja por compra ou por locação) a fim de construir uma quadra para iniciar uma escolinha de futebol. Além do preço do terreno propriamente dito, que deve ainda estar em local considerado propício para este tipo de empreendimento, existem todos os custos de construção.

Alguns desses empresários estimam que a construção de uma escolinha de futebol “boa”, isto é, com pelo menos duas quadras, bares e vestiários, demanda um espaço de cerca de 1.200 metros quadrados, o que exigiria, aproximadamente, um investimento na ordem de 500 mil reais. Nesses termos, tratar-se-ia de um negócio já significativamente distante da capacidade de investimento da maioria dos profissionais de educação física, que conformam a maior parte dos que se envolvem nesse tipo de atividade, conforme mencionamos antes, e cujo perfil socioeconômico predominante ao concluírem o curso de graduação é de renda familiar média de até três salários mínimos (INEP, 2017INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes: Relatório Síntese de área (Educação Física, Licenciatura). Brasília: Ministério da Educação: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, 2017., p. 39; INEP, 2019INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes: Relatório Síntese de área (Educação Física, Bacharelado). Brasília: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior: Ministério da Educação, 2019., p. 41).

A importância econômica da infraestrutura física nesse tipo de empreendimento, portanto, parece explicar em grande medida as possibilidades ou impossibilidades de lucro com a exploração comercial de escolinhas de futebol. Aqueles que detêm a propriedade do terreno, da construção ou de acesso favorável ao aluguel de uma ou dessas duas condições, parecem reunir mais chances de serem economicamente exitosos em seus empreendimentos. Os proprietários do terreno e também da infraestrutura, assim como aqueles que alugam o terreno e constroem a infraestrutura, podem reter até 45% do faturamento, que pode atingir cifras de até 70 mil reais por mês ou mais, conforme mencionamos antes. Nesses casos, além das escolinhas de futebol propriamente ditas, pode haver também as receitas obtidas com o aluguel das quadras e com a venda de bebidas nos bares que tais locais geralmente possuem. Por outro lado, quem precisa alugar toda a infraestrutura, geralmente pagando pelas horas de utilização dos campos, tenderá a ter taxa de lucro menor, quase a despeito da quantidade de alunos que consiga captar para a sua escolinha de futebol.

Embora a estrutura de custos de uma escolinha de futebol envolva itens como aquisição de materiais esportivos ou contratação de trabalhadores (para a limpeza, para o trabalho administrativo ou para as aulas propriamente ditas), os preços da terra e da infraestrutura imobiliária condicionam enormemente o êxito e mesmo o modo de iniciação desses negócios. Segundo depoimento de um dos nossos interlocutores a esse respeito, proprietário de uma escolinha de futebol na região Nordeste da cidade, “normalmente quem tem quadra é porque recebeu do pai ou do tio, [isto é] de familiares que deixaram a área para a pessoa [como uma herança]”. Nesse contexto, torna-se comum que o principal critério para a escolha do local onde será aberta uma escolinha de futebol seja o resultado de uma oportunidade casual e aleatória. Tais circunstâncias fundiárias e econômicas, portanto, oferecem uma explicação para o modo de distribuição geográfica das escolinhas de futebol pela cidade. Menos que o resultado de um planejamento comercial meticuloso, que considerasse características e demandas do mercado consumidor, tais como rendas, tamanho da população e índice de escolaridade dos bairros, escolinhas de futebol parecem ser estruturadas em razão de oportunidades fortuitas que se apresentem a estes empreendedores.

Diante de tais circunstâncias, poderíamos dizer que se trata de um empreendedorismo de oportunidade no mercado de escolinhas de futebol de Belo Horizonte. Longe de ser uma iniciativa comercial e administrativamente irracional ou amadora, porém, como uma interpretação mais apressada poderia sugerir, este modo oportunista de empreender segue uma racionalidade própria, que está radicada justamente na lógica da oportunidade. Tal modo de condução de negócios parece algo frequente entre segmentos do setor de serviços que atraem empreendedores de perfil socioeconômico predominantemente popular (Pereira, 2014PEREIRA, Isabella Nunes. Efeituação situada: redes e empreendedorismo na Rocinha. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.), como parece ser o caso também dos esportes.

Para a maioria dos empreendedores do setor das escolinhas de futebol, egressos dos cursos de educação física, cujo perfil socioeconômico predominante é baixo, como vimos, a exploração de oportunidades casuais surgidas em algum momento da vida parece um dos principais expedientes disponíveis para contornar barreiras de acesso a esse mercado, especialmente a elevada demanda de capitais para aquisição de terrenos e construção de infraestrutura para o funcionamento de uma escolinha de futebol. Dessa forma, tais empreendedores viabilizam iniciativas empresariais que materializam parte de suas próprias ambições sociais, culturais e econômicas, tentando encontrar meios de subsistir trabalhando com uma paixão, o futebol, ao mesmo tempo em que buscam formas de escapar dos baixos rendimentos da educação física, tornando-se donos do próprio negócio, em conformidade a uma recorrente aspiração de trabalhadores pobres brasileiros (Espírito Santo, 2015ESPÍRITO SANTO, Wecisley Ribeiro do. Não ser empregado, não ter empregado: o trabalho com a família, para a família e suas variações. Anuário Antropológico, v. 40, n. 1, p. 257-278, 2015. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6807. Acesso em: 10 jan. 2024.
https://periodicos.unb.br/index.php/anua...
).

Em linhas gerais, profissionais de educação física convertidos em empresários do setor de escolinhas de futebol em razão de oportunidades que se lhes apresentaram, não parecem previamente dotados de capacidade significativa de investimento. Ao contrário, a narração de suas próprias trajetórias empresariais tende a enfatizar a acumulação de pequenas quantidades de capitais por meio do trabalho prolongado ao longo de alguns anos no âmbito da educação física, investidos depois para iniciar uma escolinha de futebol, que são geralmente negócios de pequeno porte.

De fato, grandes investidores não parecem especialmente interessados nesse tipo de empreendimento. Escolinhas de futebol mais estruturadas e ligadas a grandes clubes de futebol que têm surgido recentemente operam por sistema de franquias, não de investimento direto, além de não terem ainda presença significativa no cenário esportivo de Belo Horizonte. Assim, são pequenos empreendedores como estes que apresentamos neste estudo que atendem, por meio de suas iniciativas empresariais, parte da demanda por lazer e esporte, especialmente de crianças e jovens dos estratos médios, que constituem o público privilegiado destes serviços.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como eventuais possibilidades para estudos sobre o assunto no futuro, indicaríamos a reprodução do tipo de pesquisa que realizamos aqui em outras capitais ou regiões metropolitanas do Brasil, o que além de ampliar o repertório empírico disponível sobre o assunto, ofereceria ainda parâmetros para comparações. Além disso, pareceria interessante também ampliar o escopo das “escolinhas de futebol” ou mesmo de outras modalidades, ao mesmo tempo em que se assimilasse iniciativas agenciadas pelo Estado e por organizações não governamentais, que podem ter um papel importante nesse cenário.

COMO REFERENCIAR

  • DIAS, Cleber; MAGALHÃES, Marcelo de Freitas Pires; CASTILHO, Cesar Teixeira; PAROLINI, Pedro Lucas; LIMA, Marcelo Rochael de Melo. O mercado das escolinhas de futebol em Belo Horizonte. Movimento, v. 30, p. e30002. jan./dez. 2024. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.131964
  • FINANCIAMENTO

    O presente trabalho foi realizado sem o apoio de fontes financiadoras.
  • ÉTICA DE PESQUISA

    A pesquisa seguiu o Guia de Integridade em Pesquisa Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

REFERÊNCIAS

  • BARROS FILHO, Marcos Antônio et al. Perfil do gestor esportivo brasileiro: uma revisão de literatura. Revista Intercontinental de Gestão Desportiva, v. 3, supl. 1, p. 44-52, 2013. Disponível em: http://revista.universo.edu.br/index.php?journal=gestaoesportiva&page=article&op=viewArticle&path%5B%5D=1069. Acesso em: 10 jan. 2024.
    » http://revista.universo.edu.br/index.php?journal=gestaoesportiva&page=article&op=viewArticle&path%5B%5D=1069
  • BELO HORIZONTE. Prefeitura. Estatísticas e indicadores. Indicadores demográficos e socioeconômicos de Belo Horizonte. [Censo Municipal de Belo Horizonte], 2010. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/estatisticas-e-indicadores Acesso em: 10 ago. 2022.
    » https://prefeitura.pbh.gov.br/estatisticas-e-indicadores
  • BERTEVELLO, Gilberto J. Academias de ginástica e condicionamento físico: desenvolvimento. In: Da COSTA, Lamartine Pereira (org.). Atlas do esporte, educação física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil Rio de Janeiro: Shape, 2005. p. 176-177.
  • BOLTANSKI, Luc. As classes sociais e o corpo São Paulo: Paz e Terra, 2004.
  • BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. Rio de Janeiro: Zouk, 2011.
  • CASTRO, Suelen Barbosa Eiras de; SOUZA, Doralice Lange. Significados de um projeto social esportivo: um estudo a partir das perspectivas de profissionais, pais, crianças e adolescentes. Movimento, v. 17, n. 4, p. 145-163, 2011. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.22268
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.22268
  • CORREA, Marcos Miranda. Projetos sociais em educação física, esporte e lazer: reflexões preliminares para uma gestão social. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 29, n. 3, p. 91-105, maio de 2008. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/212/215 Acesso em: 10 jan. 2024.
    » http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/212/215
  • DAVIES, Julio. Iatismo e profissionalização: um estudo etnográfico do projeto Grael. Esporte e Sociedade, a. 2, n. 4, nov. 2006. Disponível em: https://periodicos.uff.br/esportesociedade/article/view/48010 Acesso em: 10 jan. 2024.
    » https://periodicos.uff.br/esportesociedade/article/view/48010
  • DIAS, Cleber. Esporte e cidade: balanços e perspectivas. Tempo, v. 17, n. 34, p. 33-44, 2013. DOI: https://doi.org/10.5533/TEM-1980-542X-2013173404
    » https://doi.org/10.5533/TEM-1980-542X-2013173404
  • DIAS, Cleber; MELO, Victor Andrade de. Lazer e urbanização no Brasil: notas de uma história recente. Movimento, v. 15, n. 3, p. 249-271, 2009. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.4557
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.4557
  • DIAS, Cleber; RIBEIRO, Wecisley. Brincadeira é coisa séria: cultura e economia política no Brasil contemporâneo. Belo Horizonte: Sarerê, 2022.
  • ESPÍRITO SANTO, Wecisley Ribeiro do. Não ser empregado, não ter empregado: o trabalho com a família, para a família e suas variações. Anuário Antropológico, v. 40, n. 1, p. 257-278, 2015. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6807 Acesso em: 10 jan. 2024.
    » https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6807
  • HECKTHEUER, Luiz Felipe Alcântara; SILVA, Méri Rosane Santos da. Projetos sociais esportivos: vulnerabilização e governo. Movimento, v. 17, n. 3, p. 115-132, 2011. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.18150
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.18150
  • INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes: Relatório Síntese de área (Educação Física, Licenciatura). Brasília: Ministério da Educação: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, 2017.
  • INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes: Relatório Síntese de área (Educação Física, Bacharelado). Brasília: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior: Ministério da Educação, 2019.
  • LAZZARI, André; THOMASSIM, Luis E. C.; STIGGER, Marco Paulo. A socialização de crianças e adolescentes no contexto de um projeto social de tênis. Caderno de Educação Física, v. 9, n. 16, p. 51-64, 2010. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/3826/3134 Acesso em: 10 jan. 2024.
    » https://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/3826/3134
  • MELO, Marcelo de Paula. Esporte e juventude pobre: políticas públicas de lazer na Vila Olímpica da Maré. Campinas: Autores Associados, 2005.
  • PEREIRA, Isabella Nunes. Efeituação situada: redes e empreendedorismo na Rocinha. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
  • PERES, Fabio de Faria et al. Lazer, esporte e cultura na agenda local: a experiência de promoção da saúde em Manguinhos. Ciência e Saúde Coletiva, v. 10, n. 3, p. 757-769, jul.-set. 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000300032
    » https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000300032
  • PNUD - PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Movimento é vida: atividades físicas e esportivas para todas as pessoas. Brasília: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2017.
  • RECKZIEGEL, Ana Cecília de Carvalho; STIGGER, Marco Paulo. Dança de rua: opção pela dignidade e compromisso social. Movimento, v. 11, n. 2, p.59-73, 2005. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.2868
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.2868
  • RIBEIRO, Raphael Rajão. A várzea e a metrópole: futebol amador, transformação urbana e política local em Belo Horizonte (1947-1989). Tese (Doutorado em História, Política e Bens Culturais) - Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2021.
  • ROLNIK, Raquel; KLINK, Jeroen. Crescimento econômico e desenvolvimento urbano: por que nossas cidades continuam tão precárias? Novos Estudos, n. 89, p. 89-109, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-33002011000100006
    » https://doi.org/10.1590/S0101-33002011000100006
  • THOMASSIM, Luis Eduardo Cunha. Imagens da participação das crianças da periferia em projetos sociais esportivos. In: STIGGER, Marco Paulo; GONZÁLEZ, Fernado Jaime; MARTINS, Raquel Silveira (org.). Esporte na cidade: estudos etnográficos sobre sociabilidades esportivas em espaços urbanos. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2007. p. 97-115.
  • VEAL, Anthony J. Leisure, income inequality and the veblen effect: cross-national analysis of leisure time and sport and cultural activity. Leisure Studies, v. 35, n. 2, p. 215-240, 2016. DOI: https://doi.org/10.1080/02614367.2015.1036104
    » https://doi.org/10.1080/02614367.2015.1036104
  • VIANNA, José Antônio. Esporte e camadas populares: a perspectiva de profissionalização. In: VOTRE, Sebastião et al. (org.) Mediação entre as ciências sociais e a educação física: a contribuição do pensamento de Hugo Lovisolo. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009. p. 89-114.
  • ZALUAR, Alba. Cidadãos não vão ao paraíso: juventude e política social. São Paulo: Campinas: Escuta: Unicamp, 1994.

Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    21 Jun 2023
  • Aceito
    13 Dez 2023
  • Publicado
    19 Fev 2024
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: movimento@ufrgs.br