De julho de 1984 a setembro de 1986, 105 casos de leishmaniose cutânea foram estudados numa localidade situada na imediata vizinhança da área urbanizada da região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. A ocupação do sítio deu-se aproximadamente há 20 anos, mas os primeiros casos foram registrados somente seis meses antes do início de nosso estudo. Os casos eram quase que exclusivamente cutâneos, da forma clínica ulcerada com um e seis meses de evolução. O teste de Montenegro foi positivo em todos os casos e anticorpos antileishmania foram detectados por imunofluorescência indireta em 74,3% dos pacientes. A demonstração do parasito foi obtida em 69,5%. Animais domésticos infectados foram facilmente encontrados: 32% dos cães examinados e 30,8% dos equinos mostravam presença de leishmânia em lesões ulceradas. Parasitos isolados, tanto de casos humanos como de cães e equinos, foram imulogicamente caracterizados e identificados com L. b. braziliensis. Da população de flebotomíneos encontrados 73% eram de Lutzomyia intermedia capturados principalmente com iscas humanas e de animais domésticos. Nossas observações sugerem que esta é uma área de estabelecimento recente da infecção por L. b. braziliensis e que a transmissão ocorre provavelmente tanto no peridomicílio como no interior das habitações.
leishmaniose cutânea americana; surto; transmissão peridomiciliar