Acessibilidade / Reportar erro

Estudo pareado da cardiopatia chagásica no Rio Grande do Sul, Brasil: comportamento das alterações eletrocardiográficas em função da cor

Matched study of Chagas cardiopaty in southerm Brazil: ECG alterations according to skin color

Resumos

O trabalho analisa o comportamento das alterações eletrocardiográficas em 150 indivíduos de cor preta, naturais da área rural do sul do Rio Grande do Sul, pareados com outros tantos brancos do mesmo sexo, idade e procedência. O grupo tinha idade entre 9 e 78 anos, com média de 39,2 e era composto de 57 homens e 93 mulheres. Com referência à sorologia, 84 eram positivos e 66 negativos para a infecção pelo Trypanosoma cruzi. A prevalência de alterações eletrocardiográficas foi significativamente maior entre os pretos, tanto soropositivos quanto soronegativos. As alterações eletrocardiográficas consideradas sugestivas de miocardiopatia chagásica, predominaram significativamente entre os positivos pretos. E mesmo entre os pretos negativos as alterações foram mais numerosas e de maior gravidade com respeito aos negativos brancos. Na opinião dos autores a maior prevalência e severidade das alterações eletrocardiográficas entre os pretos, podem ser atribuídos a vários fatores entre os quais se destacariam: a pobreza e marginalidade das pessoas de cor que implicam trabalhos mais pesados e desgastantes; habitações triatomínica; alimentação mais pobre quantitativa e qualitativamente. Outro fator negativo seriam os valores mais elevados de pressão arterial encontrados entre os pretos que, associados a possíveis influências de ordem racial, podem contribuir e/ou criar condições de patologia miocárdica.

estudo pareado; cardiopatia chagásica; negros; populações rurais; Rio Grande do Sul


The pattern of ECG changes of 150 black individuals from rural areas of southern Rio Grande do Sul, Brazil, was compared with that of a group of 150 whites of similar age, sex and geographical residence. The mean age of the study group was 39.2 years (9-78 years), and 62% were women. 84 out of the 150 showed positive serological reactions to infection by Trypanosoma cruzi. The prevalence of ECG changes was significantly higher among the blacks, irrespective of their serological state. Those changes which were considered as suggestive of Chagas cardiopathy were more common among blacks with positive serological reactions. Blacks with seronegative reactions had more frequent ECG changes which were of increased severity, than those of whites with negative reactions. The increased prevalence and severity of ECG changes among black might be attributed to several factors, including: higher levels of poverty, leading to strenuous working conditions; poorer housing quality facilitating infestations by triatominae; inadequate feeding habits. In addition, the increased levels of arterial tension found among the blacks, might be associated with possible racial factors, in collaborating to increase the likelihood of myocardial lesions.

Chagas cardiopathy; Southern Brazil; skin color


ABSTRACTRESUMO

Estudo pareado da cardiopatia chagásica no Rio Grande do Sul, Brasil: comportamento das alterações eletrocardiográficas em função da cor

Giovanni Baruffa1

Alcino Alcantara Filho1

José Ósimo de Aquino Neto1

Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, Brasil

The pattern of ECG changes of 150 black individuals from rural areas of southern Rio Grande do Sul, Brazil, was compared with that of a group of 150 whites of similar age, sex and geographical residence. The mean age of the study group was 39.2 years (9-78 years), and 62% were women. 84 out of the 150 showed positive serological reactions to infection by Trypanosoma cruzi. The prevalence of ECG changes was significantly higher among the blacks, irrespective of their serological state. Those changes which were considered as suggestive of Chagas cardiopathy were more common among blacks with positive serological reactions. Blacks with seronegative reactions had more frequent ECG changes which were of increased severity, than those of whites with negative reactions. The increased prevalence and severity of ECG changes among black might be attributed to several factors, including: higher levels of poverty, leading to strenuous working conditions; poorer housing quality facilitating infestations by triatominae; inadequate feeding habits. In addition, the increased levels of arterial tension found among the blacks, might be associated with possible racial factors, in collaborating to increase the likelihood of myocardial lesions.

O trabalho analisa o comportamento das alterações eletrocardiográficas em 150 indivíduos de cor preta, naturais da área rural do sul do Rio Grande do Sul, pareados com outros tantos brancos do mesmo sexo, idade e procedência. O grupo tinha idade entre 9 e 78 anos, com média de 39,2 e era composto de 57 homens e 93 mulheres. Com referência à sorologia, 84 eram positivos e 66 negativos para a infecção pelo Trypanosoma cruzi. A prevalência de alterações eletrocardiográficas foi significativamente maior entre os pretos, tanto soropositivos quanto soronegativos. As alterações eletrocardiográficas consideradas sugestivas de miocardiopatia chagásica, predominaram significativamente entre os positivos pretos. E mesmo entre os pretos negativos as alterações foram mais numerosas e de maior gravidade com respeito aos negativos brancos. Na opinião dos autores a maior prevalência e severidade das alterações eletrocardiográficas entre os pretos, podem ser atribuídos a vários fatores entre os quais se destacariam: a pobreza e marginalidade das pessoas de cor que implicam trabalhos mais pesados e desgastantes; habitações triatomínica; alimentação mais pobre quantitativa e qualitativamente. Outro fator negativo seriam os valores mais elevados de pressão arterial encontrados entre os pretos que, associados a possíveis influências de ordem racial, podem contribuir e/ou criar condições de patologia miocárdica.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2009
  • Data do Fascículo
    Set 1987
Instituto Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde Av. Brasil, 4365 - Pavilhão Mourisco, Manguinhos, 21040-900 Rio de Janeiro RJ Brazil, Tel.: (55 21) 2562-1222, Fax: (55 21) 2562 1220 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: memorias@fiocruz.br