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AINDA SOMOS PROVINCIA ULTRAMARINA DE PORTUGAL? TOPÓNIMOS COMEMORATIVOS E A PRESENÇA COLONIAL NAS RUAS DA CIDADE DO KUITO EM ANGOLA

Resumo

No passado recente, o mundo, com particular destaque ao continente africano, testemunhou uma massa de protestos, na maioria dos casos, de movimentos estudantis que, entre outras várias coisas, exigiam a remoção da herança colonial da paisagem, bem como a descolonização da educação. Durante quase meio século após a independência do regime colonial português, os nomes das ruas ainda celebram a grandeza dos chamados heróis da missão civilizatória portuguesa, enquanto para muitas figuras históricas nacionais o reconhecimento permanece uma ilusão. Este artigo foi desenvolvido a partir do sentimento de que os nomes de figuras coloniais que constituem o património cultural e a identidade colonial deveriam ser descomemorados nas ruas do centro da cidade do Kuito e noutros locais de Angola, uma vez que oferecem um acesso directo à memórias psicológicas insuportáveis do regime implacável que torturou nativos durante séculos. Argumentamos que ao preservar estes nomes, somos cúmplices diretos ou indiretos da história colonial de que eles eram “heróis” do povo africano que precisavam de ser salvos do seu modis vivendi incivilizado.” O artigo examina todos os nomes que rodeiam a área urbana do centro da cidade do município do Kuito e expõe o papel de contribuição de cada um para ver os motivos por detrás da sua preservação. E por último sugere a descolonização dos nomes para reflectir o valor cultural, político e etnográfico do povo angolano e africano em geral.

Palavras-chave:
colonial; topônimos comemorativos; Cidade do Kuito; Angola

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