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Comendo com(o) Caipora: Encontros que “encantam” o sertão na Bahia1 1 A pesquisa de campo etnográfica, que me permitiu elaborar este artigo, foi financiada pelo Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet, Argentina) e levada adiante entre os anos de 2015 e 2020. Agradeço aos dois pareceristas anônimos por suas sugestões aguçadas que muito me ajudaram a melhorar o artigo, bem como à Sonia Sarra e minha então orientadora Florencia Tola por seus comentários à primeira versão do mesmo.

Eating with (as) Caipora: Meetings that “enchant” the sertão in Bahia

Comiendo con (como) Caipora: Encuentros que “encantan” el sertão en Bahia

Resumo

Na caatinga da Bahia, os encontros cinegéticos entre Caipora, a “mãe-das-caças”, e caçadores têm como relação privilegiada uma diplomacia cosmopolítica (prestar atenção, doar, respeitar, negociar, ser advertido). No entanto, um encontro solitário com Caipora exprime relações sociais que implicam tanto uma diferença como uma luta de perspectivas. Ou seja, na primeira (diferença), a comensalidade, iniciada pelos sedutores e enganadores sons (“ariar”) que afetam o sujeito (“idear”), é tomada como captura, pelos nativos, e como familiarização, por Caipora, pois ao comer com ela, a pessoa “se encanta”, desaparece “das vistas” da humanidade como a conhecemos e vira-Caipora; na segunda (luta), há uma disputa entre dois sujeitos para ocupar o ponto de vista, posto que a posição dêitica do “eu” não está dada de antemão, gozará dela quem for capaz de amedrontar o outro, que se tornará o “tu” neste encontro.

Palavras-chave:
Caipora; Caatinga; Virar-outro; Captura; Metafísica

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